quinta-feira, abril 11, 2024

Musk é a Desobediência Civil







O ministro do STF, Alexandre de Moraes, disse que “liberdade de expressão não é liberdade de agressão” em resposta às provocações do bilionário e dono do X (antigo Twitter),  Elon Musk. Comecei a ler uma das biografias dele (ele falando de negócios e tomando sorvete e escorrendo no queixo) e lembrei de um texto de Henry Thoreau, A Desobediência Civil, que para o autor, era importante e primordial. O modo americano nesta época, foi marcado com a construção do oeste americano e a ideia que muitas famílias europeias trouxeram, que a América representava a liberdade. 

Murray Rotthbard - economista e escritor libertário norte-americano - em seu livro Esquerda e Direita, vai dizer que quem libertou os EUA dos britânicos foram os libertários. Seus planos eram fazer uma nação diferente sem exércitos e sem um poder central e se tivesse que ter, deveria ser um poder moderador. Mas, vieram os conservadores e tomaram o poder, hoje os EUA é um império no mundo se metendo na política externa, fazendo guerras para ganharem dinheiro e o governo se meter na educação, em assuntos que não deveriam se meter.   Da terra da liberdade se tornou a terra da escravidao financeira. Elon Musk que nasceu na África do Sul - no idos tempos do apartheid - gostou de ser americano e se adaptou bastante com a nacionalidade que lhe deram. E a cada provocação de Musk, lembro que as américas foram muito influenciadas pelas revoluções e modo de rebelião franceses. Só ler Os Miseráveis de Victor Hugo. 

Não adianta Moraes se espernear, seus decretos são monocráticos e nada tem a ver com a democracia em si. Na sua fala que “liberdade de expressão não é liberdade de agressão” não é uma frase coerente, é uma falácia e um modo de frase retórica. O poder moderador seria levar a cada um o processo que lhe cabe, não precisa estudar direito para saber, só estudar o básico. Se houve tentativa de um golpe de estado, que identifiquem quem quebrou as coisas e prendam. Até onde sabemos, a Constituição não tem nenhum artigo que indique “crime de opinião”, mesmo que essas opiniões sejam contrárias às suas. E, como dizem, se prender por causa de dizer que as urnas eletrônicas foram fraudadas, a “carapuça” sempre vai servir e a carapuça serviu. Mas, eu não penso que as urnas foram fraudadas, mesmo porque, quem defende estuprador, mija na rua, maltrata animais, não respeita vagas de estacionamentos e nem filas preferenciais, pode votar num partido como o PT e até no PL. 

Ora, regimes democráticos modernos foram  construídos em cima de ideais liberais (pelo menos, no liberalismo clássico) de fraternidade, igualdade e liberdade. Musk só defendeu seu escritório aqui no Brasil como um bom empresário, porque a empresa é dele e ele defenderá os interesses dessa empresa. Não acredito que “os ideais são mais importantes do que o dinheiro” - nisso sou bastante cético - e nem acredito que ele possa se importar com a nação brasileira. O importante é uma questão: a abertura do caminho de uma contestação, o que está acontecendo e o porque as redes sociais estão bloqueando algumas falas políticas sem nem ao menos, dar uma satisfação. 

Em regimes democráticos a desobediência civil tende a ser legítima como forma de protesto, como uma lembrança de uma etimologia de “democracia” que é o governo das comunidades, das grandes multidões. 




terça-feira, abril 09, 2024

Elon Musk e a liberdade

 



“Muitas vezes o próprio poder é uma facção.”

(HUGO, Victor, Os Miseráveis)




Nessa briga entre o bilionário Elon Musk e o ministro do STF, Alexandre de Moraes, não tem nenhum herói. Costumo ver esse tipo de briga política como uma briga para medir o poder do outro, e além disso, sempre quando eu vejo brigas políticas sou cético. Meu ceticismo político é tão grande, que não tenho lado político. Uns podem me dizer: “Ah, mas você não é libertário?”, respondo que sou, por outro lado, meu libertarianismo é apenas uma arma ultra-liberal para desafiar o status quo e como  tratam a grande maioria. Eu sei que é uma grande utopia nesse momento. e eu sei que as grandes ideologias libertárias, estão muito longe de acontecer. 

Musk pode estar fazendo um teste para ver até onde pode chegar, ou pode ser que tenha (e deve ter) provas que o judiciário brasileiro tenha ameaçado redes sociais a fazerem o que quiser. Seria, usando uma metáfora bem forte, um pai está batendo na família e não quer que a vizinhança saiba. A questão é (fazendo uma análise bastante rigorosa) que ninguém gosta de ser contrariado. Musk já puniu vários jornalistas que não disseram o que ele gosta, assim como o governo brasileiro perseguiu e ainda persegue aqueles que dizem a verdade. A humanidade nunca gostou muito da verdade, pois, como disse meu pai, você dizer a verdade acaba perdendo até o diálogo com a família. O que seria a verdade? Uns dizem que a verdade é relativa, que depende de valores para existirem. Outros dizem que a verdade é a realidade e pode ser considerada universal. 

Tendo a concordar com Nietzsche quando ele diz que não existem fatos eternos e nem verdades absolutas, porque verdades são ordens morais que lutamos como verdades. Essas verdades não são absolutas porque são regras humanas, nada tem a ver com realidades puras e simples independente da nossa consciência. E os fatos mudam a todo momento no mundo, porque a Terra começou com um tipo de geologia e tem outro, havia um ecossistema, hoje tem outro. A vida começou com células unicelulares e hoje é tão complexa que não sabemos nem como funciona. Então, as mudanças sempre acontecem independente se você gosta ou não. Ou seja, as redes sociais são a mudança da comunicação que a humanidade colocou como libertação de as pessoas aprenderem a dialogar, mesmo que essas mesmas pessoas digam besteiras. 

Musk é um libertário como eu e como várias pessoas influentes são - e arrisco dizer  que a grande maioria do Vale do Silício é - e esta “cagando” para qualquer governo e para qualquer medida que tolhe a liberdade de dizer o que quiser. Afinal, todo mundo tem o direito de pensar e acreditar o que quiser e expressar isso, porque se expressar não é o ato em si mesmo e o crime é o ato de fazer aquilo que disse. A intenção que é expressada só pode ser detectada se for expressada, caso contrário, como poderemos saber? Como a justiça poderia descobrir? 


sexta-feira, abril 05, 2024

Victor Hugo e a miséria humana

 



“Muitas vezes o próprio poder é uma facção.”

(HUGO, Victor, Os Miseráveis)





A arte da escrita é uma arte para poucos, mas, diferente do que o senso comum pensa, não seria uma arte desnecessária. Cristo percebeu isso quando ao invés de ensinar as coisas como elas são, ensinava através de parábolas para a grande maioria. O próprio dizia que não se deveria jogar pérolas aos porcos, pois, os porcos iriam destruí-las. Os Miseráveis de Victor Hugo mostra a miséria de uma França pós-revolução, mas, mais do que isso, mostra que o ser humano perde alguns princípios morais quando está com fome. O que vale é a sobrevivência  de quem consegue um mísero pedaço de pão, ou algo com que possa sobreviver. Foi isso que levou Jean Valjean a roubar um pão para alimentar seus sobrinhos e ser preso nas galés, logo ao ser solto, parou em uma casa do arcebispo e rouba talheres, mas, o arcebispo livrar ele da cadeia. 

A questão foi que existem a classe dos conquistadores e a classe dos conquistados. A miséria sempre é a desigualdade entre aqueles que são reféns da falta de um ensino de verdade, de boas condutas que o levam a ter pensamentos mesquinhos e que não desenvolvem sentimentos nobres. Talvez, Hugo tenha escrito esse livro em que Valjean se arrepende mostrando um lado humanista e mostrando que nem sempre o meio contamina os nossos valores. Pois, no começo da história, ele, realmente, não queria fazer aquilo e foi forçado por causa das crianças. Há uma redenção diante do erro ou, como diz a grande maioria, o pecado. O pecado é um erro com o divino, a divindade que tem dentro de nós mesmos, que nos liga ao Eterno. 

Daí eu refleti algo que eu estava conversando com minha noiva, porque estávamos conversando como as pessoas podem ser maldosas com frases como “lugar de louco é no CAPs” (um comentário sobre escolaridade de autistas), ou “os deficientes deveriam se inscrever é na AACD” (comentário sobre as bolsas de universidades para PCDs). Eu expliquei que tinha uma explicação filosófica e uma explicação espiritualista, porque a filosofia dizia que a sociedade nos molda com os valores que nos dão ao longo da vida. Por outro lado, há uma explicação espiritualista, que nascemos com um propósito e esse propósito é ouvido com a intuição. A Alma fala com você sempre e cai te indicando o caminho. A escolha é sua. Talvez, Victor Hugo colocou essas escolhas a Valjean para mostrar que as pessoas podem ter tendência a fazer mal ou não, mesmo que esse mal não exista fisicamente. 

O erro da filosofia contemporânea é deixar de fora discussões metafísicas, muito porém, todos que negaram a metafísica tiveram a sua. Porque a filosofia começa com uma indagação metafísica da origem da realidade e não esquecemos, que a água em Tales ou os elementos nos filósofos físicos posteriores, podem ser símbolos. Tudo é húmido e precisamos de ar e calor para viver. Assim como existem as condutas morais que nos tornam humanos, como não cobiçar algo de alguém, como ter uma sexualidade saudável sem luxúria, como não matar o outro etc. Mas, a meu ver, há algo dentro de nós que nos mostra o caminho que devemos trilhar diante de tantas coisas na vida e ser pessoas honestas sem serem conformadas, sem nenhuma capacidade de serem pessoas ignorantes que são escravas da mesquinharia e solidão. 

Talvez, isso supera nossa condição humana de sempre querer uma jaula. Como disse uma vez, o ser humano é o único animal do mundo gosta de prisões. 

no mais, bom livro 


terça-feira, abril 02, 2024

PCDs só servem para consumir



 Terceira edição da pesquisa Oldiversity mostra que marcas investem em acessibilidade para clientes com deficiência, mas discriminam profissionais com deficiência na contratação de funcionários.(Blog: Vencer Limites)



Particularmente, não gosto do termo inclusão por várias razões que poderíamos escrever um livro sobre. Mas, essa matéria do blog Vencer Limites - que gosto bastante - fala de uma coisa que eu não canso de escrever em varios textos ao longo de anos. Só digitar: Amauri Nolasco Sanches Jr e cotas de empresas longo aparece algum texto e não é por menos, desde 2004 até 2018, fiquei mandando currículo direto para empresas e nada de nenhum emprego, só alguns trabalhos de jornalismo pela web. Então, quando li essa reportagem, nada me surpreendeu. No outro artigo chamado: “Lugar de deficiente é na AACD?”, mostro que sempre quando falamos de deficiência - num modo bastante sério - ninguém dará a mínima atenção. Por que? Como a deficiência mostra a fragilidade humana e que não somos seres especiais - a questão de sermos a “imagem e semelhança de Deus” é um modo de explicar nosso espírito - e sim, animais como todos que habitam nosso planeta. 

Voltando a ideia de inclusão, a questão de incluir algo ou alguém tem a ver com o fato desse alguém (no caso, as pessoas com deficiência) estar ou não dentro de uma sociedade. Não nascemos fora de uma sociedade. O que lutamos e isso tem muito mais a ver com equidade, é a igualdade de oportunidades que muitas pessoas como eu não tem. Não adianta acessibilizar um aeroporto, se o mínimo de pessoas vão usar e a maioria não tem nem calçadas para sair. Não adianta tirar os impostos das cadeiras de rodas e outros aparelhos, se não há fiscalização das fábricas que continuam vendendo cadeiras caras. Não adianta tirar o IPVA ou outros impostos do carro, se não temos dinheiro nem para comprar uma cadeira de rodas boa. E não adianta temos cotas para trabalhar, se temos que lutar hora porque temos que fazer entrevista e dinâmica com pessoas que não tem deficiência, hora temos que pagar universidades porque não há facilidade de entrar numa universidade pública (e nem um transporte de verdade). Fora que o nosso próprio segmento - desorganizado e com tantas estrelas e pouca constelação -  não tem nem organização e muito menos prioridades. Como querem chamar atenção social e política?

Eu concordo com Aristóteles, somos animais políticos porque somos animais sociais e o termo grego “politikon”, era exatamente o termo de pessoas interessadas pela sua polis (cidade-estado). Sera que pessoas com deficiência podem ser políticas, já que somos humanos como qualquer um? E isso nos remete a uma outra questão: a deficiência não poderia nos definir porque a deficiência é uma condição que, porventura, fazemos tratamento, podemos superar ou não ela (não estou me referindo ao “exemplo de superação”). E ai que esta, quem vai dizer se podemos ou não superar nossas deficiência? Mas, por outro lado, o que esperar de pessoas que dizem coisas do tipo: “deficientes tem que se inscrever na AACD” ou “lugar de louco é no CAPs”? Não sejamos inocentes e nem bobos, na essência, quase todo mundo tem os mesmos preconceitos que levaram o nazismo. Crianças com tendência de terem Síndrome de Down são abortadas no estrangeiro, ou em alguns Estados dos EUA, a família tem o direito de fazer operações do útero de mulheres com deficiência. 

Essa pesquisa mostra que donos de empresas podem ter estudado - a grande parcela não tem qualificação em administração -  mas não aprenderam, que é além do estudo. Eu tenho a plena certeza que muitos querem consumir. Afinal, todas as empresas que mandei currículo (principalmente, o Santander) me mandavam suas propagandas sem vergonha e nenhuma proposta de emprego, um patrocínio para meus vídeos, nenhuma proposta de parceria. Somos, ainda, a escória social que muitos deficientes aceitam para se mostrar. Toda propaganda de cadeira de rodas está lá um comentário: “qual o preço” como se o indivíduo pudesse comprar, sendo que muitas vezes, nem sabe onde é a loja. Eu, estou pensando seriamente em parar de consumir certos produtos, pois, se não me dão emprego, não tenho dinheiro para comprar a sua quinquilharia.


quarta-feira, março 27, 2024

ÉTICA BRASILEIRA: POLÍTICA, FUTEBOL E POVO

 






Não se sabe o porquê, os povos têm fascínio pela mentira. 

Léo da Silva Alves




O Brasil foi fundado por pessoas que queriam enriquecer e depois ir embora para onde vieram e, isso, está em qualquer livro de história. A parte da colonização ibérica - diferente da colonização inglesa e francesa - sempre teve um ar de não pertencimento no lugar onde estavam. Sempre foi um período “provisório” e a qualquer momento, poderiam voltar com mais posses. O grande problema é que nem sempre isso acontecia, pois, ou os homens ficavam por causa de nativas locais (como também aconteceu com colonizações das outras nações) ou morriam picados por algum animal peçonhento. Sobre as nativas locais, poderíamos dizer que isso incomodou e muito a metrópole e os governadores locais (os donos das capitanias) e famílias e mulheres portuguesas eram trazidas. 

O Brasil foi criado sempre com mitos e uma forma de ver a realidade através de formas subjetivas, nunca gostou de pessoas que fossem contra suas ideias. Mataram, torturaram e condenaram - ao longo de toda nossa história - porque pensavam diferente ou que tinham religiões diferentes. Parece que não tinha nenhuma lógica uma pessoa não ser cristã, deveria (para ser civilizada) aceitar Jesus como seu salvador. Um parênteses muito importante, porque Jesus não obrigou ninguém a se converter e seguir ele, não faz nenhum sentido. Mas, o cristianismno catolico (apostolico romano), foi calcado nas entranhas no império romano e herdou sua gênese dominadora. Portugal, além de ser uma nação ainda medieval e feudal quando encontrou o Brasil, era católico ao ponto de expulsar os judeus do seu território (Espinosa que o diga). Era uma nação que não queria comprar mais as especiarias asiáticas (leia-se indianas) nos mercadores da Itália. 

Não só a Espanha, mas Portugal também não queria mais ser explorada e desenvolveu a “vantagem”. O pensamento vantajoso seria se destacar sobre as outras nações e ter mais colônias onde se poderia ter recursos sem ao menos pagar por isso. O Brasil - como outras colônias portuguesas - não era uma colônia de ser uma extensão do território portugues, mas um território que a nação lusitana poderia buscar recursos para seus gastos. Dentro dessa história toda, poderíamos dizer que o Brasil sempre foi uma nação disputada pelo estrangeiro e Portugal sempre teve que defender sua “galinha dos ovos de ouro”. 

O que interessa aqui é a questão: e a construção da ética e da moral dentro do Brasil? O “jeitinho brasileiro” nasce como uma solução por causa da distância entre as colônias e a capital (ou metrópole) que não poderia fiscalizar tudo. Nasce o “santo do pau oco” porque se escondia ouro dentro de estátuas de santos que não eram fiscalizadas, ou que existiam a lei muito mais amena para quem tinha mais posses. Sempre foi uma cultura patrimonialista. Aliás, por meio de meus estudos, cheguei a conclusão que a construção ética dentro do Brasil não existe porque não se teve uma educação e por causa do patrimonialismo. Por que os que eram menos do que você teriam que ter estudo? Por que os donos de engenho deveriam estudar já que tudo aqui era mato? Além disso, no tempo dos jesuítas, filhos dos engenhos estudavam com os jesuítas e se tornaram padres. 

Quando houve a reforma do Marquês de Pombal - que alas conservadoras não gostam - onde os jesuítas foram expulsos das colônias - porque o marquês era iluminista - os senhores de engenho foram convencidos e mandarem os filhos para a Europa (nesse tempo os EUA não era uma nação rica e poderosa). A moda era ou o filho ser médico, ou advogado. O “doutô” foi a base de muito tempo como se devesse chamar um filho do engenho - que, a meu ver, seria facilmente identificado como feudo - onde se esqueceu que uma sociedade sem nenhuma escolaridade, é uma sociedade perigosa. Um exemplo claro foi a revolução francesa onde o povo foi manipulado, onde países do terceiro mundo são usados e abusados. A sociedade não adquire um senso crítico e começa a apoiar líderes populistas como vimos sempre. 

Por incrível que pareça, a primeira universidade na América do Sul foi em Lima no século quinze, sendo que, em todas as colônias da Nova Inglaterra (EUA) foram construídas escolas e universidades. Sendo que, um dos pilares da era moderna foi democratizar o ensino e a alfabetização, como modo de dar ao povo, o esclarecimento. Ai eu concordo com Sócrates e Platão, o conhecimento te liberta das amarras narrativas e das amarras ideológicas. Aqui querem que o povo esteja amarrado nas narrativas ideológicas, pois, na essência, o brasileiro gosta de bajulação, principalmente, quando ganha um status mais elevado. Quando os produtores rurais perderam o glamour de serem a elite principal, começaram a financiar boicotes e guerras para não terem que perder os bajuladores. Hoje tem uma bancada ridícula no congresso. A nossa elite sempre foi considerada rastaquera (parece culta, mas são ignorantes). 

Daí precisando definir o que seria ética. Ética é um termo derivado do grego ETHOS que podemos traduzir como caráter - em sua origem indo-europeia, ETHOS era a moradia de um homem, ou seja, casa - e como caráter temos uma coisa íntima que não nos deixa fazer coisas que a sociedade não aceita. Mas, como sempre digo, entre os gregos e nós modernos está Roma. Eles traduziram ETHOS como MORES que derivou o termo moral, porque havia uma certa admiração dos romanos com os gregos, mas o termo foi definido como costume somente. Se para o grego ser um helaide era uma questão de cultura, ser um romano é propagar a cultura deles e impor Roma ao mundo conhecido. Entre paideia (ensinando meninos) dos gregos - que era o ensino da cultura helênica - está o educare (ensino da realidade) que era ensinar o que os romanos tinham construído como cultura. 

Na filosofia - que é minha área - a ética se torna uma ferramenta para estudar a moral. Ética e moral parecem iguais - e alguns dicionários cometem esse erro - porém, sabemos as diferenças que podemos atribuir a cada termo.  Moral são os costumes de cada sociedade dentro de uma construção dentro de uma doutrina, que poderá ser entre religiões ou pactos de culturas diversas. Assim como a ética pode determinar através do caráter de cada indivíduo, se essa moral não viola sua individualidade. Ou melhor, por falta de um estudo mais crítico, o Brasil tende a impor uma moral que já foi superada em muitos lugares. Aí poderemos chegar até a vantagem e o jeitinho, onde foi construído um ideário onde teríamos uma moral. A dúvida seria: teríamos uma ética? Teríamos uma moral ou depende do patrimônio do julgado?

Com a ideia da vantagem, se ficou um povo malandro que quer progredir em cima dos outros. E aí a ética se perpetua como um meio para a individualidade, mas, a individualidade não pode ser confundida com o problema vantajoso de sobressair acima do outro. Quando achamos que só porque é um jogador (que violentou uma mulher que tem o direito de dizer não) ou uma pessoa famosa (que fãs defendem com bastante vigor). Mas, temos que responder a questão: o que é ética? O que poderíamos dizer do que seria uma ética brasileira?

A ética brasileira tem dois aspectos: primeiro, tem a frase “para meus amigos tudo, para meus inimigos a lei” mostrando que o brasileiro não gosta de opiniões contrárias. Concordando ou não, pessoas tem empatias com quem pensa igual porque querem agrupar o máximo possível aqueles que podem medir forças para argumentar a favor daquilo. A questão foi desenvolvida por causa da noção da ideia moderna da democracia: a maioria ganha. A rigor, se pensarmos mais a fundo, nem sempre o que a maioria pensa é certo ou deveríamos aceitar, porque não está contido a equidade. Ai que esta, inclusão é, antes de tudo, não uma igualdade - mesmo o porque, cada pessoa tem uma necessidade específica - mas uma equidade que desbrava em uma questão: somos uma espécie só. Segundo, com a individualidade do enriquecimento rápido e a fuga para a Europa (que nunca acontecia), o brasileiro construiu uma sociedade mesquinha que só torce pela sua vitória. Isso ficou muito claro quando muitos ex-liberais aderiram ao anarcocapitalismo  (que ao meu ver, continua liberais anti impostos), porque aquilo é “meu” e eu faço o que quiser e sabemos que, sem uma sociedade, não se tem um lucro. 

O caso de milhares de políticos, jogadores e a sociedade, mostra o reflexo desse pequeno estudo sobre uma sociedade doente e, perigosamente, ignorante de senso crítico.


segunda-feira, março 25, 2024

1883 - sangue e América




 Povos livres, lembrai-vos desta máxima: A liberdade pode ser conquistada, mas nunca recuperada.

Jean-Jacques Rousseau

Com toda certeza, os povos europeus que vieram para a América - seja qualquer ponto do continente americano - procurando liberdade das guerras e batalhas que tinham em todo momento. Diferente do Brasil - que foi uma nação de extração e não uma colônia - os Estados Unidos foram colonizados por famílias irlandesas, escocesas que fugiram de seus países e da dominação inglesa. É depois disso que acontece o seriado 1883 na plataforma de streams Paramont Pictures. Alias, o seriado aconteceu logo após a guerra civil americana - por causa da abolição da escravatura - onde veteranos de guerra tinham que levar uma diligência de carruagem  para Oregon de alemães. O seriado é sobre a existência de seres humanos de lado opostos, mas que existem no mundo como seres que sofrem, pensam e podem sentir sua existência. 

Filósofos não afirmam nada e logo perguntam <e se?>, para sobrepor aquilo que estão mostrando. Ao que parece, a cerne do problema da narrativa se passa no convívio do diferente, além claro, da questão de um mundo plural e moral. Os bandidos eram mortos por causa dos colonos, porém, muitos se rebelaram e foram mortos por causa que iam em direções diferentes. Ou seja, o ser humano na ignorância é infantilizado porque não podem fazer escolhas, os alemães não sabiam fazer escolhas porque tinham aqueles para dizer que aquilo não pode ou pode. Isso é mais do que lógico. povos com mais liberdade tendem a tomar as decisões muito mais tranquilamente. Elza - filha de um ex-capitão e de uma dona de casa - sempre teve essa liberdade e sempre mostrou respeito pelos pais e mais velhos. 

A questão não é a série em si - que veio de uma outra chamada  YellowStone - mas, o que seria a liberdade? Somos libertos realmente?  Com a promessa da “terra da liberdade” muitas pessoas desbravaram as américas, digamos assim, para encontrar ouro e riquezas e essas riquezas eram a própria liberdade. Aqui no Brasil, foi colonizado por membros da nobreza que não eram sucedidos em seus territórios. A urbanização que vimos no século dezenove, era uma urbanização graças a revolução industrial que aconteceu no século dezoito. Antes disso, a Europa - na sua essência - era ainda feudal em muitos lugares e com a guerra, a pobreza era extrema. Poderemos ver isso em Victor Hugo com o livro Os Miseráveis (que vou fazer um texto sobre). Haviam favelas em Dublin, e se recuarmos muito tempo atrás, tinham favelas até mesmo na Atena clássica. Parece que as classes - que foi Adam Smith que começou a falar - existiam muito antes do capitalismo e continua existindo. 

Nem sempre as pessoas podem refletir sobre a liberdade, trabalham toda a semana e nos finais de semana tendem a cair no divertimento.  A meu ver - diante do que eu vi na vida - as pessoas tem medo de ficar consigo mesmo e descobrir algo dentro de si que não vai aguentar, e tem uma outra coisa, as pessoas não conseguem ficar sozinhas. O grande mal do nosso tempo é, sem dúvida nenhuma, a solidão. Por que as pessoas se sentem sozinhas? Há no pensamento socrático - depois adotado por outros filósofos - que deveríamos, ates de tudo, conhecer a nós mesmos. É, inclusive (para quem estuda um pensamento mais metafísico místico), um pensamento de conhecer nossa origem divina. Conhecer os deuses e o universo tem a ver com nossa origem divina (alma/espírito) e nossa origem biológica (primata/mamífera). Ora, mesmo que biologicamente, poderíamos dizer que somos animais gregários (aceitamos clãs), não tem nenhuma base lógica, temos que seguir um Estado ao ponto de saber que eles podem nos ferrar, mas, temos que aceitar que eles ditem o que deveríamos fazer. 

Rothbard - grande defensor das ideias libertárias - disse que quem libertou os Estados Unidos da Gran Bretanha foram os libertários, de onde vem a ideia que a liberdade era a essência da América, mas, os conservadores tomaram para si o governo. Exércitos foram criados. Instituições de regulações. Todas as coisas que os norte-americanos (favoráveis a liberdade) queriam abolir.  Resultado? Em vários filmes e seriados sobre o Oeste americano, poderemos ver e refletir sobre a ideia o que aconteceu. Ou melhor, a liberdade tende a fazer as pessoas obedecerem certos conceitos morais porque elas acreditam que aquilo é certo, não achar que devemos doutrinar as pessoas a seguir aquilo que elas não querem seguir. Do mesmo modo poderemos ver no próprio seriado - que eu já expus antes - onde a liberdade não teve nada a ver em desrespeitar os mais velhos.


terça-feira, março 19, 2024

Webcomunistas não sabem o que ceticismo filosófico




Os grandes intelectuais são céticos.

Friedrich Nietzsch


Me parece que muitos webcomunistas não aprenderam que sem o ceticismo - que começou com Pirro de Élis - a filosofia não tem nenhum sentido. Desde da sua origem, já que Tales indagava a origem das coisas através dos elementos, houve um ceticismo diante da explicação homérica. Para Tales, não bastaria dizer que todas as coisas vieram do nada e que do nada veio o Caos (um abismo infinito), onde Titãs, deuses e tudo veio, houve um momento de ceticismo. Talvez, vendo insetos saírem das águas e vendo animais (como os anfíbios), concluiu que tudo veio das águas e que a água é originária de tudo. indagação sobre a origem das coisas e questionamento sobre a questão do discurso alheio. Ou seja, a filosofia como instrumento que questiona a realidade, como ficou bem claro, quando Platão escreveu sobre o teorema da Caverna. 

O ceticismo foi criado por Pirro de Élis depois da morte de Platão, mas poderia ver um tipo de ceticismo platônico já em alguns diálogos. A dúvida socrática põe em questão que nem todo mundo sabe, verdadeiramente, aquilo que diz saber. Eu não posso escrever sobre certas doenças porque não tenho conhecimento médico clínico, eu assumi minha condição de ignorância dessa matéria. Assim como é muito estranho que quem não estudou filosofia - se denominar como marxista é uma vergonha para a memória de Marx - tenha dito (como o Ian Neves que é um historiador e não um filósofo) que alunos de filosofia são chatos. Pedro Ivo do canal @ateuinforma foi um pouco mais que Ian, disse que a filosofia não indaga e que o ceticismo não faz parte da filosofia. Ora, se o ceticismo não é uma matéria da filosofia, o que poderíamos chamar o método de Descartes em tempos modernos? 

Caímos na nova modalidade que a internet criou: o achismo. O achismo (que é uma gíria) tem a ver com o modo subjetivo que as pessoas colocam um assunto importante sem embasamento, ou seja, poderíamos trocar o modo de achismo com opinião (que Platão  chamava de doxa). Ian Neves não sabe que alunos de filosofia (aliás, filósofos são chatos) são chatos porque devem ser chatos por causa da indagação e por causa da natureza cética da filosofia. Embora ache - coisa que nem o Henry Bugalho disse - que esse modo de ficar dizendo que isso não é filosofia por causa que não citei a página 18, parágrafo 5 da Crítica da Razão Pura de Kant, um exagero uspiano que sabemos que o modo de fazer filosofia é uspiano. A 80 anos a USP (Universidade de São Paulo), criou o departamento de filosofia e o francês que ajudou a realizar isso disse - como se não tivéssemos filósofos antes - que se deveria estudar os clássicos para assim, produzir filosofia. Resultado? Pedro Ivo dizendo que os filósofos de hoje são autoajuda, filósofos são sofistas e Ian Neves dizendo que aluno de filosofia é chato. Detalhe: Ian Neves (historiador) falar de Kant é filosofia, Karnal falar do mesmo assunto é autoajuda. Arrepiou os pelos do loló. ]