quinta-feira, janeiro 20, 2005

A existência

Por que existimos? Desde antiguidade até os dias de hoje nós nos perguntam qual é a importância de nossa existência, qual a relevância de se existir no mundo ora impuro e maldoso, ora bom e justo. Todos nós sabemos que o ser humano é um ser pensante, como diria Descartes, “penso, logo existo”, somos “coisas pensantes” sendo de principio que “eu penso” então tão logo “eu existo”; se eu existo então tenho o dever ético de fazer as escolhas, o dever de existir enquanto ser que tem a lógica, tem o poder de refletir sobre sua condição de ser político como diria Aristóteles.

Aristóteles diria que o homem era um animal político (zôo politikon), então ele é sociável com seu semelhante, ele negocia para seu bem viver perante a vida; a lógica humana vem do perceber que existi, Sócrates pensa, o homem é racional, então Sócrates é racional. Perceber que Sócrates é racional é um meio lógico da existência formalizada em ser e o principio racional. Mas a existência humana não era muito desse jeito com seu mestre Platão, para ele, o homem existe para a contemplação; ter o principio de contemplar a beleza, o mundo das idéias. Para Aristóteles o importante é eu saber numa maneira lógica, não só contemplar, mas saber que aquilo é uma coisa que tenho certeza que é. O amor nem sempre, por exemplo, contempla a beleza, a lógica aristotélica vê como principio a amizade; pois é muito mais lógico ter uma amizade do que um amor contemplativo que visa somente a beleza, pois nem sempre existir tem como principio que visa o contemplar a beleza.

O existir nem sempre pode ser o meio de sermos seguros de nossa existência, podemos existir sem o principio básico de apenas saber se estar viva. Mas, num principio de alienação, ou seja, não trás um sentido sintético das coisas e dos princípios básicos. Como tanto se faz se a maçã é vermelha ou verde com pintinhas lilás; para o ser alienado o principio racional não opera como um ser que esta na verdade dos fatos, ele se baseia no outro, pois ele acredita no outro, ele é o outro, portanto ele não existe. A existência do alienante é uma inteligência virtual, ou seja, ela pode ser verdadeira ou não; é uma forma ilusória por não ter a base de um raciocínio verdadeiro, por não conter uma autocritica. A critica dentro de um raciocínio é a base operante para um raciocínio, se não o tiver, então o raciocínio vai se declinar e teremos pensamentos iguais; tendo no principio a singularidade do ser, se sei que sou um ser que penso, logo saberei que minha existência é una e que a singularidade do meu ser atende o principio básico de eu ser único, existir é ser único e vem dentro de cada um.

A loucura que por muitos, desvincula a verdadeira analise sintética, anulando assim, o juízo do que há em nosso redor enquanto criaturas de um ambiente. Mas o que seria loucura e lucidez num mundo como o nosso cheio de atitudes insanas e poucos racionais? A racionalidade lógica diz que o um louco esta fora de seu ambiente, então, ele esta marcada com a não associação, ou seja, ele não esta ou não associa os outros; Nietzsche via na loucura uma razão, pois para ele seria o único meio da felicidade humana. O autor diz que as morais humanas atrapalham o querer do humano, ele se agarra nas leis morais e não se concretizam o que desejam, então se inferiorizam para conter essa vontade não se prevaleça; um louco, não tem esse juízo moral de se guardar de suas vontades, então, ele se potencia a ponto de esta acima das balelas humanas, assim, ele se liberta das maneiras e contratos sociais desnecessários. Assim ele põe o ser humano como o principio básico da existência, como um ser que tem dentro de si a lógica de ser ou não ser, de fazer escolhas, não pode assim não haver vontades. Então nasce a Vontade da Potência, aquela que ponhara o ser humano acima dos conceitos e preconceitos morais, pois para ele, não há verdades absolutas e nem fatos eternos. Não há uma convicção dentro de cada um, são muitas verdades para serem verdades, dentro de cada um há autocrítica de cada coisa que acredita.

A crença pelo ao contrario, potencia seres divinos, deixando o ser humano no tópico dos seres manipulados; nós somos seres que somos meros joguetes para esses seres, se mereço sua misericórdia minha sorte será de maior prestigio, se não, todos os malignos pensamentos serão expressos em seus destinos. Na Grécia ou em Roma, os deuses eram reverenciados como cada um fosse a causa de um fenômeno da natureza; o ser humano existia por misericórdia dos deuses, para também, ter mortais como joguetes em sua mão. Fomos condenados pelo fogo de Prometeu, ele como nós, fomos castigados por ter o fogo da sabedoria roubado. Essa culpa de sermos seres inteligentes nos persegue em muitas crenças ocidentais, ao contrario das orientais. Na crença judaica, por exemplo, nos gêneses esta escrito que fomos condenados a ir fora do paraíso porque Adão junto com Eva, come o fruto da sabedoria. Deus diz a Lúcifer que se os humanos comesse o fruto da ciência, eles iriam descobrir os segredos do universo que só ele sabia e o seres humanos não precisariam deles; parecido com o fogo de Prometeu, pois Zeus o supremo deus, ficou com medo de seus mortais ficassem inteligentes o bastante para dominar o Olimpo. Existir para um crente é a culpa do pecado que se originou na sabedoria, não devemos nunca superar o senhor Deus porque ele nos condenou por nosso ancestral ter comido o fruto. O mesmo se dará com toda crença ocidental, a germânica, Odin deixa o ser humano a sua sorte e não interfere, pois fica sentado numa montanha a observar. Quando um morre, as valquirias vão buscar sua alma; é uma mitologia bem ancestral e guerreira, tendo em vista que, cada mitologia vem dos costumes de um povo. Nas eras cristãs toda a crença se voltou para a judaica-cristã, onde fomos expulsos do paraíso e Jesus de Nazaré veio para nos salvar de nosso pecado original.

Mas Agostinho no começo da idade media, chama a atenção que temos ter fé e razão, ou seja, temos que ter a razão acima da fé fundamentalista e ver dentro de si o que fazemos ou não para nossa própria consciência ficar limpa. Ou seja, nada dentro da fé nos trás a culpa de algo, porque Deus não é aquele vingativo que castiga, o castigo vem de dentro de nós mesmos. Então Jesus veio ensinar a igualdade entre os homens e não nos salvar de um pecado, o que seria a existência era louvar a Deus acima de todas as coisas. A existência humana se dará na simplicidade do amor ao próximo dentro da caridade, sendo justo e fiel a sua ética. Mas será que todo o cristianismo na Idade Media terá essa visão? Tendo em vista o surgimento das cruzadas e de toda a historia da inquisição? O mundo humano da existência não é nem de longe ético dentro do cristianismo medieval, serviu para dominar reis e salvar o império romano. Mas a ética dentro do clero num era uma regra a ser tão facilmente seguida por causa do poder e o celibato.

Porem temos a “fé”, a “razão”, o “poder”, a “crença”, mas o que é a essência de uma existência? O existir humano vem do poder de se esta consciente de um mundo onde o poder e a gloria domina o poder intelectual da maioria. Segundo Marx, a massa é explorada pelo capitalismo que tem como visão coisas que não pensam; coisas que não pensam podem ser exploradas, coisas exploradas são manobráveis. Daí que vem o marxismo que visa a existência humana é a incapacidade de se livrar das mãos exploratórias burguesas, a única salvação é o governo tomar tudo e deixar como estatal, assim, a justa ganha será recompensada. Mas vimos que o poder nunca teve uma ética declarada e a utopia marxista cai por terra, porque a essência da existência humana não é o que fazem do ser humano, mas o que o ser humano faz do que fazem dele, daí entra senhor Sartre.

Sartre põe uma grande lanterna da existência em evidencia, pois a existência é olhar para a consciência e a consciência é não em si, não esta em si e sim, fora de si mesmo. O ser esta em si preocupado com o outro, mas não temos que olhar o outro em si, mas o que o outro fará de você pouco importa, pois o que ira importar é o que você fará com que o outro faz, ou seja, não importa a visão alheia e sim minha visão. O ente em si esta em si e não no outro, estamos condenados a ser livres porque todo meu existir depende de minhas escolhas e delas o que faço. Ela é um ente independente da consciência mutua, pois o ente se destaca, como Descartes em sua coisa pensante, Sartre diz que esse ente independe de um pensamento alheio e sim de nós mesmo. Existir é sempre fazer nossas escolhas, fazer nosso próprio arbítrio, por isso sempre seremos condenados a ser livres.

Hoje se tem uma visão de liberdade e de ser livre meio ou totalmente ilusória, pois ser livre hoje é dizer o que se pensa, mas dizemos o que pensamos mesmo? Com a liberdade nos meios de comunicação, se tem uma variedade enorme de informações que nem sempre se resultam da verdade. Hoje no meio jornalístico não existi muita ética, pois o que interessa é o fato e o “furo” de reportagem. Então o ser humano fica com uma verdade forjada como sempre teve, mas hoje, a liberdade se forjou de direito de expressão tem se dedicado ao mais banal conhecimento. Existir hoje é ter o conhecimento de quem é da fama, a lei “estética” volta a voga, para consumir mais aquele pensamento grego de o mais belo; para os meios de comunicação o que vale é o ser perfeito, o ser que passa a perfeição como um arquétipo de verdade estética, ou seja, são tipos que são feito sobre uma idéia que tem que ser passada. Não que o existir deva ser uma idéia centrada que devemos ser velhos, mas o padrão de beleza dentro de cada idéia varia muito; eu não gosto de mulheres muito magras, o outro pode gostar, são singularidade. Entramos na filosofia eugênica que foi muito difundida no passado e hoje esta de forma mascarada, dês de quando os nazistas foram vencidos, essa forma velada vem se repetindo. Muitos pensamentos que hoje temos do existir são formas artificiais de pensamento. Posso, por exemplo, achar uma mulher na televisão bonita, mas se eu digo que ela é agradável é uma verdade artificial, pois não sei se aquela mulher é mesmo agradável e nem se o produto que ela esta mostrando me fará atrair uma mulher igual aquela. Podemos constatar que, o modo de ser e de sentir na forma existente é todo o aparato moral de sua cultura, ou seja, tudo se faz de maneira branda e distinta. Daí vimos que, a volta da idéia platônica de se padronizar a beleza; o importante é a estética, a beleza artificial que vê o homem se preocupar com a beleza, lógico que é importante, mas não de maneira excessiva. Freud trará em voga a maneira de pensar que o ser humano existe pelo “sexo”, que a imagem é um reflexo do seu eu.

Para Freud, existimos para satisfazer nossos instintos e assim, os traumas são frustrações que vem do nosso inconsciente. Para o pai da psicanálise, os instintos sexuais vêm dês da infância no ato de amamentação do ato de sugar o leite da mãe já é um impulso. Já seu discípulo Jung, rejeita essa hipótese sendo que não podemos definir o homem como um ser que só há extintos, vive deles. Para Jung, temos o inconsciente coletivo e isso diferencia de Freud. Pois para Freud o individuo reprimia seus sentimentos e traumas e ficava retido dentro de si causando o sentimento de culpa; já para Jung, esses sentimentos são herdados pelos nossos ancestrais, portanto, nossos traumas e maneiras de ser são apenas um arquétipo de nossos ancestrais e assim, herdamos as manias e traumas.

Ao meu ver, a existência humana tem um papel evolutivo como todos os animais terrestres, mas temos o raciocínio e portanto, somos ou deveríamos ser lógicos. Mas que o homem tem tendências destrutivas, por não conter predadores e limitar sua própria espécie. Ele não perdoa fácil o que fazem de lhe contrariar são postos de lado, por isso, Hobbes diria que “o homem é o lobo do homem” ou “guerra de todos contra todos” ; tendo em vista a psique do homem que destrói o próprio homem, que a destruição de seu semelhante perante seu orgulho. Existir é seguir as leis morais dos princípios sociais vigentes e criados pela religião para controlar a grande massa vigente, mas que não passa de meio de manobra e como disse Nietzsche, colocar em cada um o espírito de rebanho. Isso que não se deve, existir é a evolução plena que estamos sujeitos, ter no intelecto o pensamento transcendental de Kant, pois sermos felizes é o real motivo de existir mesmo que temos que se elevar do sentido moral.