terça-feira, fevereiro 16, 2016

Para que serve o Facebook?

credito: Google
                               







Outro dia um colega me perguntou para que servia o Facebook, meio que no impulso disse que era para ganhar dinheiro. Claro, não estava pensando no sujeito comum que posta suas ideias, esse nem sempre as empresas querem, mas o criador do Facebook Mark Zukerburg. Mark reuniu os seus “coleguinhas” numa noite na universidade, na Harvard, para simplesmente, tirar “uma” dos outros alunos da universidade. Não venham “santificar” Mark sobre suas intenções, verdadeiramente, o Facebook no seu propósito era um bulling imenso dentro de uma universidade, para vingar a sua natureza “nerd” e ganhar dinheiro, o resto, é história para fazer filme. Mas era isso que tinha em mente, mas resumi demais e acabei simplificando a relação entre nós e o Facebook, uma relação entre favores e favorecidos.

Sim. Mark ainda acha que foi um grande favor ter inventado uma rede social para trocar fotos, mas quem quer trocar fotos também troca informação e as informações são importantes para a evolução humana. Acontece que o caminho não foi da troca de informações – como tudo que é humano, ainda carecemos de posturas éticas para trocar informações, coisa que não temos – mas de propaganda deslavada onde o mundo inteiro usa. Você vender um sorvete de chocolate é uma informação ou um meio de favorecimento? Você mostrar seus “glúteos” (sendo educadinho) é uma informação ou é um favorecimento de marketing próprio? Não há nada de errado fazer propaganda e como um publicitário, sei que esse tipo de ferramenta ajuda muito esse tipo de trabalho, mas o perigo é quando essas propagandas têm a ver com propagandas ideológicas. Na verdade, não tenho nada contra ninguém mostrar a própria bunda, ou outras partes, não sou contra fazer propaganda de produtos, o que sou contra é a imensa verdade, estamos numa guerra ideológica e ridiculamente, as pessoas chamam de bem ou mal. Daí eu fico com Sócrates de Atenas, se sou a favor do bem, não preciso combater aquilo que não sou a favor, mas fortalecer aquilo que sou a favor e nesse caso, é o bem. Por que sou contra um regime que não existe? Por que sou a favor de um candidato que usa a esperança popular e fica dizendo bobagem? Essas respostas estão na ética e na moral.

Voltamos ao filosofo Sócrates. O filósofo, talvez, teria gostado do Facebook e teria indagado muitas personalidades, tendo misteriosamente, um câncer de repente, ou ter morrido de infarto (sendo calmo como era). O fato que o Facebook não é lugar para pessoas inteligentes e resolvidas, pois não se enganem das fotos com sorriso, das fotos em baladas caras, luxo e conforto, simplesmente, é mera “mascara” daquilo que não se é. Sócrates chegaria a mesma conclusão que chegou a dois mil e quinhentos anos atrás, as pessoas fazem o bem para parecerem bom, dizem coisas inteligentes para dizerem que sabem, mas que nada sabia e o filósofo sabia que nada sabia. Na essência sabemos que não sabemos nada, mas com as redes sociais sempre pousam de “cult” e tem que ter uma opinião. Tem até jovem discutindo com matérias de revista cientifica que mostram avanços a algumas questões que não querem resolver, somos um povo parado no tempo. Ainda acreditamos que existe o comunismo, ainda acreditamos na bíblia literalmente (nem os religiosos de fora acreditam), ainda gostamos de vinil e fita cassete, ainda acreditamos fielmente, que a intervenção de 64 era para caçar os malditos comunistas, ainda acreditamos que Hitler era marxista (tese que Hitler iria bater com a cabeça na parede). Ainda acreditamos em fatos que só existe aqui no Brasil e fico pasmo quando um personagem de videogame brasileiro aparece muito sensual (no caso da mulher), se faz tanto barulho por nada, só é o reflexo das imagens que vão para lá e é isso que é. Temos presidente que parece mais colega de colégio do que presidente da república, sem postura, sem preparo, sem um curso de retorica, sem nem ao menos, saber falar alguma coisa. Isso não é sinal de humildade, é sinal de ignorância e se isso chegou no meio político, pode ter certeza, é bastante preocupante que nem conseguimos eleger um presidente completamente, preparado. De Jose Sarney a Dilma Rousseff, somos a imagem de um povo que congelou em JK, ficamos ainda lá na inauguração de Brasília e pasmem, nem ditadura sabemos fazer.

Daí está nosso ponto ético, só dizemos o que nos convém e o que nos convém sempre tem a ver com os nossos valores aprendidos. Não adianta achar que temos influência da mídia e tudo isso é culpa da Rede Globo (a maior em épocas passadas), ou é culpa das redes sociais, a culpa é das ideologias e sim, dos valores que passamos aos nossos jovens. Nem é essa coisa velha de pessoas ainda paradas nas eras vitorianas do século dezenove, são valores aprendidos sobre ética e a verdadeira moral, pois a ética vai moldar nosso caráter e a moral vai fortalecer nossos costumes. Se pessoas querem mostrar as partes intimas, seu corpo é seu e faça o que quiser, mas que não vire regras a serem seguidas, não vire algo obrigatório. Talvez, matamos valores e tabus para criarmos outros muito mais ditatoriais e sem personalidade, fazemos porque nos dizem que uma pessoa deve fazer e isso é errado, temos escolhas e isso fazem de nós seres racionais. Mas a nossa racionalidade tem a ver com nossa semântica e Wittgenstein tem razão ao dizer: nosso mundo é o que dizemos, é o que os “esquizotericos” falam em moldar o mundo no nosso pensamento. As palavras expressam sempre o que pensamos, mas nem sempre o que se pensa é o escolhemos como um raciocínio daquilo que observamos. Muitas dessas expressões têm uma leitura ideológica, religiosa, e muitas vezes, é algo que não se sabe de onde vem. Se no tempo do “vinil” tinha isso, a inclusão digital ampliou muito mais isto e deixou ressonar em todo canto do mundo, nosso povo acaba sendo piada no estrangeiro. Ou ainda acham que os elogios ao governo são sérios sem nenhuma ironia? Reles ingenuidade popular de acreditar em um mundo melhor e nesse “acreditar” nesse mundo melhor, acabamos criando a geração “mimimi”. Mark é dessa geração, não conheceu a ética e com certeza, não conheceu o mundo prestes a estourar a terceira guerra mundial, não tinha internet, não tinha comunicação global. Mas ainda colocou sua ética da geração mimimi no seu Facebook – por mais que usamos é dele, uma propriedade dele – e bloqueia quem começa a espalhar ideias contra a sua própria ideologia.

Na teoria o Facebook teria o papel de espalhar ainda mais conhecimento – que o Orkut fez majestosamente por um tempo e a Google num erro tático, pois pensou que todos iriam acabar migrando ao Google +, acabou com a única fonte de conhecimento do mundo – mas não o faz, porque o Facebook pegou uma geração que não deseja conhecer. Sócrates iria dizer que todos eram na verdade, um bando de “idiotike” que na Grécia clássica, queria dizer pessoas egoístas que não queriam participar da vida pública, não tem senso social. Na verdade, o termo idiota vem daí um ser humano que se fecha nele mesmo e não enxerga nada além do seu próprio “umbigo”. Quem enxerga e participa da vida pública é o “politikon”, pois ele decide e debate as resoluções na polis e não do quintal da própria casa, tanto é, que Aristóteles vai dizer sua famosa declaração: “zoo politikon”, ou seja, somos animais sociais. Ser político não é ser ligado no cenário executivo do governo ou nos escândalos de corrupção – que existiam também na época de Sócrates – mas ser uma pessoa que tem e sabe o que acontece dentro da sociedade. Aristóteles, que foi aluno de Platão, entendeu as ideias de Sócrates muito mais do que Platão e disse que o homem é um animal “politikon”, ou seja, um animal que se preocupa com a comunidade onde vive. Não é um dos fundamentos dos gregos clássicos? Não foi isso que levou o mundo grego se defender dos persas e Atenas e Esparta se juntarem para isso?

Nas minhas observações concluir que o Facebook é lugar de gente burra – não por ignorância – porque teimam em achar que o seu conceito deve prevalecer. Mas outra coisa concluir que talvez, se Sócrates vivesse em nossos dias concordasse, é que pessoas inteligentes e que tem certa convicção não estão no Facebook e sim, no Twitter. Sim. Muito embora são apenas frases, as pessoas leem mais os sites no twitter, ler não necessariamente, mostra que entendeu o texto e sim, realmente sintetizar o que leu numa frase. Sabedoria tem a ver com a qualidade e nunca, a quantidade do que você leu.  Você quer ser sábio ou quer ser conhecedor?


Amauri Nolasco Sanches Junior, 39, escritor 


O Site do livro "O Caminho" (aqui)