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Outro dia um colega me perguntou para que servia o Facebook,
meio que no impulso disse que era para ganhar dinheiro. Claro, não estava
pensando no sujeito comum que posta suas ideias, esse nem sempre as empresas
querem, mas o criador do Facebook Mark Zukerburg. Mark reuniu os seus
“coleguinhas” numa noite na universidade, na Harvard, para simplesmente, tirar
“uma” dos outros alunos da universidade. Não venham “santificar” Mark sobre
suas intenções, verdadeiramente, o Facebook no seu propósito era um bulling
imenso dentro de uma universidade, para vingar a sua natureza “nerd” e ganhar
dinheiro, o resto, é história para fazer filme. Mas era isso que tinha em
mente, mas resumi demais e acabei simplificando a relação entre nós e o
Facebook, uma relação entre favores e favorecidos.
Sim. Mark ainda acha que foi um grande favor ter inventado
uma rede social para trocar fotos, mas quem quer trocar fotos também troca
informação e as informações são importantes para a evolução humana. Acontece
que o caminho não foi da troca de informações – como tudo que é humano, ainda
carecemos de posturas éticas para trocar informações, coisa que não temos – mas
de propaganda deslavada onde o mundo inteiro usa. Você vender um sorvete de
chocolate é uma informação ou um meio de favorecimento? Você mostrar seus
“glúteos” (sendo educadinho) é uma informação ou é um favorecimento de
marketing próprio? Não há nada de errado fazer propaganda e como um
publicitário, sei que esse tipo de ferramenta ajuda muito esse tipo de
trabalho, mas o perigo é quando essas propagandas têm a ver com propagandas
ideológicas. Na verdade, não tenho nada contra ninguém mostrar a própria bunda,
ou outras partes, não sou contra fazer propaganda de produtos, o que sou contra
é a imensa verdade, estamos numa guerra ideológica e ridiculamente, as pessoas
chamam de bem ou mal. Daí eu fico com Sócrates de Atenas, se sou a favor do
bem, não preciso combater aquilo que não sou a favor, mas fortalecer aquilo que
sou a favor e nesse caso, é o bem. Por que sou contra um regime que não existe?
Por que sou a favor de um candidato que usa a esperança popular e fica dizendo
bobagem? Essas respostas estão na ética e na moral.
Voltamos ao filosofo Sócrates. O filósofo, talvez, teria
gostado do Facebook e teria indagado muitas personalidades, tendo
misteriosamente, um câncer de repente, ou ter morrido de infarto (sendo calmo
como era). O fato que o Facebook não é lugar para pessoas inteligentes e
resolvidas, pois não se enganem das fotos com sorriso, das fotos em baladas
caras, luxo e conforto, simplesmente, é mera “mascara” daquilo que não se é. Sócrates
chegaria a mesma conclusão que chegou a dois mil e quinhentos anos atrás, as
pessoas fazem o bem para parecerem bom, dizem coisas inteligentes para dizerem
que sabem, mas que nada sabia e o filósofo sabia que nada sabia. Na essência
sabemos que não sabemos nada, mas com as redes sociais sempre pousam de “cult”
e tem que ter uma opinião. Tem até jovem discutindo com matérias de revista
cientifica que mostram avanços a algumas questões que não querem resolver,
somos um povo parado no tempo. Ainda acreditamos que existe o comunismo, ainda
acreditamos na bíblia literalmente (nem os religiosos de fora acreditam), ainda
gostamos de vinil e fita cassete, ainda acreditamos fielmente, que a intervenção
de 64 era para caçar os malditos comunistas, ainda acreditamos que Hitler era
marxista (tese que Hitler iria bater com a cabeça na parede). Ainda acreditamos
em fatos que só existe aqui no Brasil e fico pasmo quando um personagem de
videogame brasileiro aparece muito sensual (no caso da mulher), se faz tanto
barulho por nada, só é o reflexo das imagens que vão para lá e é isso que é.
Temos presidente que parece mais colega de colégio do que presidente da
república, sem postura, sem preparo, sem um curso de retorica, sem nem ao
menos, saber falar alguma coisa. Isso não é sinal de humildade, é sinal de
ignorância e se isso chegou no meio político, pode ter certeza, é bastante
preocupante que nem conseguimos eleger um presidente completamente, preparado.
De Jose Sarney a Dilma Rousseff, somos a imagem de um povo que congelou em JK,
ficamos ainda lá na inauguração de Brasília e pasmem, nem ditadura sabemos
fazer.
Daí está nosso ponto ético, só dizemos o que nos convém e o
que nos convém sempre tem a ver com os nossos valores aprendidos. Não adianta
achar que temos influência da mídia e tudo isso é culpa da Rede Globo (a maior
em épocas passadas), ou é culpa das redes sociais, a culpa é das ideologias e
sim, dos valores que passamos aos nossos jovens. Nem é essa coisa velha de
pessoas ainda paradas nas eras vitorianas do século dezenove, são valores
aprendidos sobre ética e a verdadeira moral, pois a ética vai moldar nosso
caráter e a moral vai fortalecer nossos costumes. Se pessoas querem mostrar as partes
intimas, seu corpo é seu e faça o que quiser, mas que não vire regras a serem
seguidas, não vire algo obrigatório. Talvez, matamos valores e tabus para
criarmos outros muito mais ditatoriais e sem personalidade, fazemos porque nos
dizem que uma pessoa deve fazer e isso é errado, temos escolhas e isso fazem de
nós seres racionais. Mas a nossa racionalidade tem a ver com nossa semântica e
Wittgenstein tem razão ao dizer: nosso mundo é o que dizemos, é o que os
“esquizotericos” falam em moldar o mundo no nosso pensamento. As palavras
expressam sempre o que pensamos, mas nem sempre o que se pensa é o escolhemos
como um raciocínio daquilo que observamos. Muitas dessas expressões têm uma
leitura ideológica, religiosa, e muitas vezes, é algo que não se sabe de onde
vem. Se no tempo do “vinil” tinha isso, a inclusão digital ampliou muito mais
isto e deixou ressonar em todo canto do mundo, nosso povo acaba sendo piada no
estrangeiro. Ou ainda acham que os elogios ao governo são sérios sem nenhuma
ironia? Reles ingenuidade popular de acreditar em um mundo melhor e nesse
“acreditar” nesse mundo melhor, acabamos criando a geração “mimimi”. Mark é
dessa geração, não conheceu a ética e com certeza, não conheceu o mundo prestes
a estourar a terceira guerra mundial, não tinha internet, não tinha comunicação
global. Mas ainda colocou sua ética da geração mimimi no seu Facebook – por
mais que usamos é dele, uma propriedade dele – e bloqueia quem começa a
espalhar ideias contra a sua própria ideologia.
Na teoria o Facebook teria o papel de espalhar ainda mais
conhecimento – que o Orkut fez majestosamente por um tempo e a Google num erro
tático, pois pensou que todos iriam acabar migrando ao Google +, acabou com a
única fonte de conhecimento do mundo – mas não o faz, porque o Facebook pegou
uma geração que não deseja conhecer. Sócrates iria dizer que todos eram na
verdade, um bando de “idiotike” que na Grécia clássica, queria dizer pessoas
egoístas que não queriam participar da vida pública, não tem senso social. Na
verdade, o termo idiota vem daí um ser humano que se fecha nele mesmo e não
enxerga nada além do seu próprio “umbigo”. Quem enxerga e participa da vida
pública é o “politikon”, pois ele decide e debate as resoluções na polis e não
do quintal da própria casa, tanto é, que Aristóteles vai dizer sua famosa
declaração: “zoo politikon”, ou seja, somos animais sociais. Ser político não é
ser ligado no cenário executivo do governo ou nos escândalos de corrupção – que
existiam também na época de Sócrates – mas ser uma pessoa que tem e sabe o que
acontece dentro da sociedade. Aristóteles, que foi aluno de Platão, entendeu as
ideias de Sócrates muito mais do que Platão e disse que o homem é um animal
“politikon”, ou seja, um animal que se preocupa com a comunidade onde vive. Não
é um dos fundamentos dos gregos clássicos? Não foi isso que levou o mundo grego
se defender dos persas e Atenas e Esparta se juntarem para isso?
Nas minhas observações concluir que o Facebook é lugar de
gente burra – não por ignorância – porque teimam em achar que o seu conceito
deve prevalecer. Mas outra coisa concluir que talvez, se Sócrates vivesse em
nossos dias concordasse, é que pessoas inteligentes e que tem certa convicção
não estão no Facebook e sim, no Twitter. Sim. Muito embora são apenas frases,
as pessoas leem mais os sites no twitter, ler não necessariamente, mostra que
entendeu o texto e sim, realmente sintetizar o que leu numa frase. Sabedoria
tem a ver com a qualidade e nunca, a quantidade do que você leu. Você quer ser sábio ou quer ser conhecedor?
Amauri Nolasco Sanches Junior, 39, escritor
O Site do livro "O Caminho" (aqui)