Varias gerações assistiram |
por Amauri
Nolasco Sanches Junior
Quem nunca assistiu o seriado
Chaves? Não adianta negar, todos nós assistimos até mesmo aqueles
que não gostam ou que criticam hoje, teve seu momento na TV
assistindo o seriado. A morte do ator Roberto Bolaños nessa sexta
dia 28 deixou muitas pessoas tristes porque realmente crescemos
assistindo o seriado do Chaves e acabamos assimilando o personagens.
Bom, o que acontece que essa comoção mexeu com o esquerdismo
brasileiro – um movimento que Nietzsche diria ser os ressentidos –
e jornalistas começaram a dizer que o seriado é machista e que os
mexicanos protestaram pela imagem que o programa passa dos mexicanos,
e que Cantinflas passaria mais o que é o povo mexicano. Então os
brasileiros ainda, em pleno século XXI, que o povo acostumado em
tecnologia, acostumado em viver na cidade gostar de um caipira que
não tem graça, não representa em nenhum momento a juventude e que
se faz de coitado como todo latino americano ser reverenciado? É isso?
O
nome verdadeiro do seriado Chaves era “el Chavo del ocho” que a
tradução é o nome do texto, porque “chavo” é uma gíria nos
países que falam espanhol, como se fosse “pivete” ou “moleque”
e não se sabe o verdadeiro nome dele. Há muito uma critica social
dentro do seriado que pessoas que vê de forma literal não viram, há
no seriado uma critica muito forte social e é tem sim machismo, tem
sim violência contra criança, tem sim um universo todo que eles
disseram, mas é uma forma caricaturada para exatamente fazer essa
critica e as pessoas não enxergam. O Chispirito – era o apelido de
Bolaños que era um diminutivo de Shakespeare por ele ser baixinho –
quis retratar um garoto da cidade, um menor abandonado que não tinha
nada, nem um nome tinha. Realmente não fica atrás de nenhum
pensador social porque ele faz uma critica a raiz do problema, pois a
culpa não era o Sr Barriga que era dono da vila, porque ele deixava
o “chavo” morar lá e ser amigo do Nhonho (aliás ele deixava as
crianças do bairro ser amigo do seu filho). A culpa não era do Sr
Madruga (que no original era Don Ramon o nome do ator mesmo) que
batia no “chavo” ou da Dona Florinda que esnobava entre outras
coisas, porque viviam dentro de um sistema que faziam que a educação
era daquele jeito e que era exatamente esse sistema, que eles viviam
daquele jeito. Era uma forma inocente de fazer critica ao sistema e
mostrar que cada lugar da América latina tinha um “chavo”.
E
de uma forma ou de outra, o “chavo” vive e convive com o pessoal
da vila, tanto que quando ele tinha os ataques que deixavam ele
paralisado, todo mundo sabia o que fazer que era jogar água em seu
rosto. Isso mostra a solidariedade que o pessoal tinha com o “chavo”
e queiram ou não, não teriam coragem de se desfazer nem mesmo do
barril. As características são enormes dentro do contexto que não
foi compreendido, porque ninguém se esforça para entender, ninguém
se esforça para ver que o Chaves (chavo) é na verdade, o sistema e
o sistema é ridículo até mesmo quem é contra ele. O Bolaños
pouco se importa em colocar os personagens em contextos “vitimistas”,
mas colocou os personagens como se convivessem e faziam o melhor
mesmo sendo pobres e morando numa vila. O “chavo” até estudava
dentro da mesma escola que todas as crianças estudavam, então dai
que dizem que é uma utopia, uma fantasia. O que acontece que se
identifica muito mais com um garoto pobre do que com um caipira dos
anos 30 ou 40 do século XXI que mostra o atraso do desenvolvimento e
não o que realmente a juventude se identifica.
Como
disse no meu Facebook é que existe uma diferença entre o
esquerdista e o sujeito que é de esquerda. O sujeito que é de
esquerda, ele tem uma critica ao sistema que não agrada o seu modo
de ver o mundo, então, ele critica a origem do problema que nem
sempre é econômico e sim, social. Porque não adianta querer mudar
o sistema econômico sem mudar a consciência das pessoas, ninguém
consegue ficar parado e ter que trabalhar com justiça daquilo que
ele trabalhou e merece ganhar e quem se deu o trabalho de ler
verdadeiramente Marx e Engels, vai entender que eles falam de justiça
e não em de igualdade. Acabar com as classes que afligem o
capitalismo, é dar ao trabalhador o que é de justo e não ganhar
igual, porque nenhum ser humano é igual e o capital financeiro tem
que rodar, senão o país pára e todos ficam pobres e a falência.
Um sujeito de esquerda de verdade (da inteligente), não propriamente
é socialista ou comunista, o cara da esquerda pode ser um anarquista
ou um libertário, porque não concordam com o sistema e não querem
que esse sistema perdure e o Estado acabe. O esquerdista (uma forma
extremada da esquerda) ele segue porque achou que assim poderia mudar
a sua vida, ele quer fumar sua maconha, ele quer ter liberdade, ele
quer igualdade, mas não quer abrir mão do seu conforto para
resolver o problema social. Podemos ter milhares de exemplos dentro
dessa militância que não nos deixa mentir, como proteção a um
menor e muitos não adotam um menor ou dar uma coisa para comer.
Criticam a homofobia, mas lógico que não deixariam seu filho ser
um, e por ai vai, porque é um tipo de militância cega.
E
nessa militância cega sai asneiras do tipo que o seriado é
machista. Essa pessoa não viu realmente os episódios, porque também
há movimento feminista que coloca a mulher em pé de igualdade com
os homens. Aonde o seriado é machista se a Dona Florinda dava um
baita tapa no Seu Madruga? A Dona Clotilde paquera o Seu Madruga toda
hora? A Chiquinha ficava dando indireta para o “Chavo” a todo
momento? Essas pessoas antes de escrever abobrinha, como de costume,
deveriam pesquisar mais sobre a realidade dos episódios ou fazerem
uma forcinha para assisti. Querem ser do contra? Por que não
criticam o funk carioca que coloca a mulher como uma escrava sexual
do homem? Ou criticam o machismo das igrejas, ou o machismo das
novelas? Não querem, só são do contra.