sábado, novembro 29, 2014

“O rapaz do numero oito”









Varias gerações assistiram 


por Amauri Nolasco Sanches Junior


Quem nunca assistiu o seriado Chaves? Não adianta negar, todos nós assistimos até mesmo aqueles que não gostam ou que criticam hoje, teve seu momento na TV assistindo o seriado. A morte do ator Roberto Bolaños nessa sexta dia 28 deixou muitas pessoas tristes porque realmente crescemos assistindo o seriado do Chaves e acabamos assimilando o personagens. Bom, o que acontece que essa comoção mexeu com o esquerdismo brasileiro – um movimento que Nietzsche diria ser os ressentidos – e jornalistas começaram a dizer que o seriado é machista e que os mexicanos protestaram pela imagem que o programa passa dos mexicanos, e que Cantinflas passaria mais o que é o povo mexicano. Então os brasileiros ainda, em pleno século XXI, que o povo acostumado em tecnologia, acostumado em viver na cidade gostar de um caipira que não tem graça, não representa em nenhum momento a juventude e que se faz de coitado como todo latino americano ser reverenciado? É isso?

O nome verdadeiro do seriado Chaves era “el Chavo del ocho” que a tradução é o nome do texto, porque “chavo” é uma gíria nos países que falam espanhol, como se fosse “pivete” ou “moleque” e não se sabe o verdadeiro nome dele. Há muito uma critica social dentro do seriado que pessoas que vê de forma literal não viram, há no seriado uma critica muito forte social e é tem sim machismo, tem sim violência contra criança, tem sim um universo todo que eles disseram, mas é uma forma caricaturada para exatamente fazer essa critica e as pessoas não enxergam. O Chispirito – era o apelido de Bolaños que era um diminutivo de Shakespeare por ele ser baixinho – quis retratar um garoto da cidade, um menor abandonado que não tinha nada, nem um nome tinha. Realmente não fica atrás de nenhum pensador social porque ele faz uma critica a raiz do problema, pois a culpa não era o Sr Barriga que era dono da vila, porque ele deixava o “chavo” morar lá e ser amigo do Nhonho (aliás ele deixava as crianças do bairro ser amigo do seu filho). A culpa não era do Sr Madruga (que no original era Don Ramon o nome do ator mesmo) que batia no “chavo” ou da Dona Florinda que esnobava entre outras coisas, porque viviam dentro de um sistema que faziam que a educação era daquele jeito e que era exatamente esse sistema, que eles viviam daquele jeito. Era uma forma inocente de fazer critica ao sistema e mostrar que cada lugar da América latina tinha um “chavo”.

E de uma forma ou de outra, o “chavo” vive e convive com o pessoal da vila, tanto que quando ele tinha os ataques que deixavam ele paralisado, todo mundo sabia o que fazer que era jogar água em seu rosto. Isso mostra a solidariedade que o pessoal tinha com o “chavo” e queiram ou não, não teriam coragem de se desfazer nem mesmo do barril. As características são enormes dentro do contexto que não foi compreendido, porque ninguém se esforça para entender, ninguém se esforça para ver que o Chaves (chavo) é na verdade, o sistema e o sistema é ridículo até mesmo quem é contra ele. O Bolaños pouco se importa em colocar os personagens em contextos “vitimistas”, mas colocou os personagens como se convivessem e faziam o melhor mesmo sendo pobres e morando numa vila. O “chavo” até estudava dentro da mesma escola que todas as crianças estudavam, então dai que dizem que é uma utopia, uma fantasia. O que acontece que se identifica muito mais com um garoto pobre do que com um caipira dos anos 30 ou 40 do século XXI que mostra o atraso do desenvolvimento e não o que realmente a juventude se identifica.

Como disse no meu Facebook é que existe uma diferença entre o esquerdista e o sujeito que é de esquerda. O sujeito que é de esquerda, ele tem uma critica ao sistema que não agrada o seu modo de ver o mundo, então, ele critica a origem do problema que nem sempre é econômico e sim, social. Porque não adianta querer mudar o sistema econômico sem mudar a consciência das pessoas, ninguém consegue ficar parado e ter que trabalhar com justiça daquilo que ele trabalhou e merece ganhar e quem se deu o trabalho de ler verdadeiramente Marx e Engels, vai entender que eles falam de justiça e não em de igualdade. Acabar com as classes que afligem o capitalismo, é dar ao trabalhador o que é de justo e não ganhar igual, porque nenhum ser humano é igual e o capital financeiro tem que rodar, senão o país pára e todos ficam pobres e a falência. Um sujeito de esquerda de verdade (da inteligente), não propriamente é socialista ou comunista, o cara da esquerda pode ser um anarquista ou um libertário, porque não concordam com o sistema e não querem que esse sistema perdure e o Estado acabe. O esquerdista (uma forma extremada da esquerda) ele segue porque achou que assim poderia mudar a sua vida, ele quer fumar sua maconha, ele quer ter liberdade, ele quer igualdade, mas não quer abrir mão do seu conforto para resolver o problema social. Podemos ter milhares de exemplos dentro dessa militância que não nos deixa mentir, como proteção a um menor e muitos não adotam um menor ou dar uma coisa para comer. Criticam a homofobia, mas lógico que não deixariam seu filho ser um, e por ai vai, porque é um tipo de militância cega.


E nessa militância cega sai asneiras do tipo que o seriado é machista. Essa pessoa não viu realmente os episódios, porque também há movimento feminista que coloca a mulher em pé de igualdade com os homens. Aonde o seriado é machista se a Dona Florinda dava um baita tapa no Seu Madruga? A Dona Clotilde paquera o Seu Madruga toda hora? A Chiquinha ficava dando indireta para o “Chavo” a todo momento? Essas pessoas antes de escrever abobrinha, como de costume, deveriam pesquisar mais sobre a realidade dos episódios ou fazerem uma forcinha para assisti. Querem ser do contra? Por que não criticam o funk carioca que coloca a mulher como uma escrava sexual do homem? Ou criticam o machismo das igrejas, ou o machismo das novelas? Não querem, só são do contra.