Um pensamento que acabo de ler do
Instagram do Leandro Karnal, é que o rebanho odeia aquele que pensa diferente,
não por causa da sua opinião, mas, a audácia de querer pensar por si mesmo,
coisa que eles não sabem fazer. Exato. Foi assim com Sócrates, Jesus e outros,
que ousaram pensar diferente da massa, morreram. Mas, esse ódio não é qualquer ódio, o
ódio da grande massa por ousar pensar diferente, sempre é, um ódio da liberdade
que aquele goza por não depender de uma aceitação social. A questão é: eu quero
ser eu mesmo ou uso uma mascara social para agradar a sociedade? Sócrates foi
ele mesmo, teve uma boa morte sem fugir do seu destino. Assim como Jesus,
acreditou fortemente, que tudo que dizia era verdade, aceitou o que estava
reservado para ele. Tanto Jesus, como Sócrates, talvez, não sabiam de suas
mortes, mas, aceitaram seu destino (aqui quero dizer no sentido como as coisas
se transcorreram) porque acreditaram em si mesmo e não queriam aceitação de
ninguém. Eles negaram toda a opinião da maioria para pensarem por si mesmo.
A questão não é querer o melhor
para o Brasil, a questão é quem tem razão nessa história toda. Não interessa se
são os lulopetistas, ou os liberais, ou os bolsonaristas-olavettes, os
integralistas (que podemos colocar como vaporwaves), a questão sempre parte do
princípio, mas ter razão que está certo. A razão começa com os gregos na
filosofia (com os naturalistas) com o termo “logos” – que erradamente, se
traduziu como palavra graças ao evangelho de João (tem forte influência
gnóstica), mas, palavra em grego é lexós – porque a razão dentro da filosofia,
tem a ver com um pensamento logico (por isso o termo logos). Ou seja, a questão
logica de um pensamento esta acima do sentimentalismo, que só é importante, na
questão do relacionamento do outro, já que somos animais gregários. Então, a
razão seria um raciocínio que fizesse sentido para quem está explicando e para
quem está ouvindo ou lendo. Um algoritmo tem que ter linhas lógicas para que o
computador poder ler e executar a tarefa, assim como, as pessoas devem sempre
fazer as coisas de ordem lógica para não errarem. Se expressar ou pensar, tem a
mesma lógica. No caso do computador, existem a questão dos números binários
(0,1) e suas combinações são uma tarefa especifica. A questão é: será a nossa
lógica tem a ver com o binarismo da razão? Porque, numa escolha, um computador
tem duas opções, mas, nossa consciência tem um número infinito de
possibilidades.
Acho, que de alguma forma, os
existencialistas (principalmente Sartre), tenha razão de dizer que somos livres
para construir aquilo que somos como quisermos e por isso, somos condenados a
ser livres. Somos livres para acreditar ou não, nas bravatas dos políticos.
Somos livres para escolher nossa religião ou a cor do carro (no meu caso, da
minha cadeira de rodas). Mas, antes mesmo de acreditar nessas coisas, temos que
filtrar com a duvida outras, negando aquilo que todos acreditam cegamente. Por
outro lado, temos que ter cuidado em não confundir ser cético e ser
negacionista. O cético duvida numa maneira lógica (ou usando a razão [lógos]),
já o negacionista só nega a favor de sua própria crença. A essência do
ceticismo é a máxima cartesiana que é “penso, logo existo”, ou seja, posso
duvidar a existência de qualquer objeto ou pessoa, mas, eu não posso duvidar da
minha própria existência. Não é que temos que duvidar de tudo – mesmo o porquê,
se você se jogar em um viaduto vai se estatelar lá em baixo no asfalto. A
questão cética não é negar a religião, por exemplo, mas, o porque eu devo
acreditar em tal religião. Ai, vários “porquês” aparecem ao longo do processo
ate chegar na essência do fato e aí que está a questão existencialista, pois, a
construção do ser acontece graças a esses vários “porquês”. A liberdade só
acontece a partir da consciência do observado e o objeto observado, sendo total
entendido o objetivo do objeto dentro da realidade da consciência que observa. Por
isso mesmo, não importa o que fazem com você, mas, o que você mesmo faz o que
fazem com você.
Indo adiante, podemos ver que
existe o objeto observado que podemos interagir com ele e não podemos interagir
com ele. Uma criança não podendo interagir com o objeto da sua vontade (ou
porque o pai não compra ou porque a mãe não cede essa vontade), ela começa a
chorar e se espernear como se fosse “morrer” se não tiver o objeto do seu desejo.
A teimosia de querer tanto esse objeto ao ponto de chorar desse jeito chamamos
de “birra”, que como costumava acontecer, deixamos de ter quando ficamos
adultos. Acontece, que a nossa sociedade aqui no Brasil, por falta de uma maturidade
educacional, ainda fica com “birra”. Se você não concorda com seu politico
favorito (que chamamos de minions), ou sua ideologia política, ou sua religião,
ele começa a querer ter razão. Para a criança, o objeto de desejo é a vida e
querer algo é construir a sua realidade, ela pensa que a realidade dela, é
igual dos desenhos ou dos ídolos que ela tenha. Exato. Todo o problema do
fanatismo é criar ídolos e nos apegamos a esses ídolos, para criar políticas utópicas,
religiões utópicas, ideologias utópicas e se fica nessas utopias. Mas, a
realidade é muito além de um ídolo, porque o ídolo é uma construção de outra
pessoa com a própria visão dentro dos seus próprios valores.
Quem me lê e quem me conhece sabe,
que nesse ponto eu sou nietzschiano e destruir todos os ídolos para,
exatamente, aparecer os porquês. Ai você pode questionar: o porque devo seguir
tal religião? O porque deve concordar com
tal ideologia? O porque deve seguir tal pensamento? Ser cético é duvidar, ate
mesmo, daquilo que achamos ser verdade e não existe verdades absolutas e sim,
verdades relativas dentro dos próprios valores. Essas variações podem pautar
escolhas e as escolhas não podem ser pautadas dentro do sentimentalismo, ou o
pensamento idolatra social.
Amauri
Nolasco Sanches Junior