sábado, janeiro 13, 2024

Quem é Milce Maria?

 

Os corpos do filho e da mãe foram encontrados com perfurações de marcas de tiro


Os policiais chegaram ao local na noite desta terça-feira (9/1), após vizinhos reclamarem do mal cheiro no local. A investigação acredita que os corpos estavam no apartamento há cerca de três dias. O corpo do filho estava em cima do sofá, o da mãe estava no quarto. 

(Correio Braziliense)


No aplicativo de meditação direcionada - esse é muito bom de yoga - existe uma meditação que pergunta: quem é você? Talvez, se esqueceu dessa pergunta por causa da correria do dia a dia dentro de uma vida cobrada, ressentida de não ter realizado os sonhos. No mundo com suas cobranças de normalização, não só do corpo e também do jeito de ser, as pessoas não querem ter um filho com deficiência e que não possa ser como as outras crianças. Isso é um fato. Ainda mais, quando o mundo de hoje de tantos adjetivos, ser chamada de “mãe atípica” (como se não fosse com todas as mães), ser taxada de diferente e “atipica”. Milce foi a mãe que finalizou a vida e finalizou a vida do filho com TEA (Transtorno do Espectro Autista). 

Mas, o que seria uma “mãe atipica”? No Michaelis está o significado atípico: “Que se afasta do que é típico, comum; anômalo, incomum, inusitado”. Ou seja, quando se vai usar um termo específico, não temos que colocar o que significa em nossas cabeças, e sim pesquisar o que o termo quer dizer. A linguagem enquanto forma de comunicação e meio de expressar um pensamento, também pode passar um estereótipo de condenação daquilo que pode excluir. Quando se começou com “mãe especial”, minha mae odiava ser chamada assim, porque ela dizia que ela não era especial e que só tinha um filho com deficiência. 

Ela estava certa. As mães que criaram seus filhos nos anos 80 tinham que andar de ônibus velho, tinha que carregar seu filho porque só tinha cadeira de rodas vagabundas e de ferro (com a hiperinflação deixada pelos militares, eram muito caras). Não tinha essas conquistas que se foi conquistando, mas, as mães se cansam e não tem culpa do descaso social e político. Falta de empatia é tanta que você não tem nenhum respaldo sobre ter filho com deficiência. 

Mas, eu quero comentar esse parágrafo em específico. Por que? Porque, primeiro, impossível ninguém não ter ouvido dois tiros em um apartamento. Se for assim, estamos, realmente, com uma sociedade que está totalmente alienada da realidade. Ou o pessoal se liga na realidade ou coisa pior, socialmente, vai acontecer com essa mania brasileira de sempre se fechar para si mesmo (só procura os outros só para cuidar da vida dele caso faça algo dito imoral, ou por interesse) e acha que o mundo é uma grande Disneylândia das suas crenças. Na verdade, o brasileiro em si é reacionário por natureza por causa da nossa cultura. 

Segundo, só se importaram porque começou a feder, ou seja, três dias que o rapaz não aparece e ninguém fica espantado. Ou melhor, foda-se. E ainda, querem prestar as últimas homenagens? E a família? 

Será que Foucault tem razão?!


sexta-feira, janeiro 12, 2024

Diário do Centro do Mundo e o feitiche com o Olavo de Carvalho


Diário do c. do Mundo 


 

 Está no site do DCM: <<O “pensamento vivo” do herdeiro de Olavo cheira mal como o cadáver do velho fascista, seu pai espiritual.  Pondé, como Olavo, representa a vulgarização da figura do filósofo e sua escolha oportunista pela indigência mental feita para agradar  gente burra.>>




A única coisa que cheira mal nesse país é a classe política e nisso, sempre concordei com Olavo. Mas todo esse texto - escrito, muito provavelmente por um estagiário - tem um forte cheiro de militante ideológico e odeio todos eles. Sinceramente, eu não gosto de ninguém fanatico por nada, nem de ideologia, nem de religião e muito menos, pelo emburrecimento que o lado ideológico pode levar. E, claro, “agradar gente burra” - que para começar, o não é “gente” e sim, “pessoas” e o estagiário deveria saber - quem agrada é o sujeito que está na presidência e que não leu nenhum livro. Por outro lado, os caras do DCM leram e devem saber muito de filosofia. 

Primeiro, não importa o que o presidente Lula (demonstrou o respeito do cargo, apenas) queira que se acredite: o Hamas entrou em território israelense, matou, estuprou, fez aquela baguncinha básica e foi embora levando um monte de pessoas reféns. O que Israel deveria falar: “Por favor senhores, devolvam as pessoas e vamos sair daqui e voltaremos para a Europa”? Seria o mesmo que dizer que voltaríamos para a Europa e deixamos o Brasil para os indígenas. Concordo que foi errado o que aconteceu, mas, as coisas não são tão simples assim, devem ser colocadas dentro de contextos históricos para não se cometer um anacronismo. Já que a esquerda brasileira - me considero a esquerda de toda política brasileira - sabe muito de filosofia (estudante da USP então), deveria saber sobre o anacronismo. 

Me cansa e me dá um certo sono ler textos como “herdeiro de fulano”, como se em toda a história da filosofia, não estivessem respondendo uns aos outros. Ou apoiar algumas coisas do sujeito. O fato que, como está no livro “Para ler e escrever Textos Filosóficos” de Claudinei Luiz Chitolina, “"a originalidade do filósofo não está no pensar o que ninguém pensou, mas em pensar de uma nova maneira o que já se pensou". Ou seja, o filósofo não precisa ter originalidade e sim, pensar em uma nova maneira o que já foi pensado. E o Pondé - como herdeiro direto do Nelson Rodrigues muito mais do que o Olavo - disse o que é óbvio: Israel não entrou na Faixa de Gaza, não matou e estuprou mulheres palestinas, não matou jovens palestinos em rave. Quer matar todo o ocidente porque acham que a única verdade está no Islã. 

Pessoas com deficiência não sobreviveriam - como sempre não sobreviveram - em um lugar governado por radicais islâmicos. Se não sobreviveram, por que eu, como PCD, deveria me compadecer do Hamas? E no mais - juro que estou quase bacharel em filosofia - o parágrafo <Pondé, como Olavo, representa a vulgarização da figura do filósofo> me parece estranha dentro do que sabemos sobre a filosofia. Daí uma pergunta inevitável: o que seria uma não vulgarização  da “imagem” de um filósofo? O que seria “a figura do filosofo”? Porque sempre se discutiu filosofia e nunca “a figura de um filosofo”. 

Algo para ser “vulgar” é algo que se refere ao que é comum, banal, ou algo que pertence ao povo. Ora, se o Pondé e o Olavo são <representação da vulgarização da figura do filósofo>, que é aquilo que é comum, então os filósofos eram “deuses”? Essa vulgarização é meia complicada porque se vimos toda a história da filosofia - incluindo as prostitutas de Nietzsche - não ia sobrar um. Que eu acho - a única coisa que eu concordo - se somos pessoas que temos uma certa cultura, fazer e falar como todo mundo não deveria ser uma constante. Se não, não adianta estudar.


quinta-feira, janeiro 11, 2024

Quem conhece a Blasting News?




 Comentários:


Caro blaster, o texto continua com uma redação muito confusa e uma série de erros de pontuação, concordância e coesão.



Eu tentei por anos escrever notícias relevantes no Blasting News, mas, ao que parece, eles não querem isso. Querem que as pessoas escrevam notícias bostas sem muita relevância para, exatamente, não ter nenhuma visualização e não pagar. O pior que o Blasting sempre foi tratado como um mero blog, algo não muito relevante dentro das notícias da internet. Mas, ao que parece, as coisas andam más e não há como escrever uma notícia sem antes receber uma notificação. 


***



No primeiro dia de prova da nova temporada do programa Big Brother Brasil (BBB14), uma situação aconteceu que muitos internautas ficaram indignados com o ocorrido. Nesta última segunda-feira (8), havia a prova de resistência, onde a dinâmica era que os participantes ficaram posicionados para apertar um botão. Uma mensagem, em um telão na frente, mostra como esse botão deve ser apertado. Assim o primeiro participante a apertar o botão pode escolher um concorrente para cumprir o desafio e o último participante a apertar o botão também tem que cumprir o desafio de habilidade. 

Ambos ficam no em um tipo de alçapão, caem em uma piscina de bolinhas e logo após tem que ir adiante, cheia de uma gosma e acionar o botão. Quem não conseguir fazer isso, automaticamente, será eliminado. Foi exatamente isso que causou revolta nos internautas, pois, o paratleta Vinicio Rodrigues foi o escolhido e ele tem uma perna mecânica. 

Quem escolheu Vinicio foi Maycon para realizar a tarefa e isso, também gerou a revolta dos internautas e foram muitas críticas. Maycon disse: . "Ele não disse que gosta de correr, agora vai correr", antes da escolha do paratleta. Porém, Vinicius teve que tirar sua prótese da perna por causa que poderia lhe causar uma fratura durante a disputa. 


O capacitismo


. Segundo o site da revista Veja, houve um aumento exponencial da procura do termo capacitismo logo depois da prova onde Vinicius perdeu e não houve, segundo internautas, nenhuma empatia com o brother com deficiência. Segundo seu significado, onde muitas pessoas não entendem, é um preconceito contra pessoas com deficiência (PCD) que vivem na sociedade à margem por causa das “crenças” que eles são incapazes de alguma tarefa ou tratam como seres inferiores. 

Poderíamos dizer que é uma forma de reduzir a pessoa com deficiência. Esse tipo de preconceito ainda é uma das formas de discriminação que ainda é velada e muito pouco é discutida nos meios de debate de minorias, principalmente de uma forma mais enraizada. Não é só uma forma de ofender o sujeito com deficiência, mas, também tem a parte da falta de inclusão e até mesmo, comentários que são considerados inofensivos como “fulano é uma inspiração”


Revolta dos internautas e figuras políticas 


O ponto da discussão foi o fato que a discussão girou em torno de Vinicius que é um participante com deficiência e precisaria de provas mais acessíveis dentro da pauta capacitista. Uma outra discussão foi Maycon ter perguntado para o paratleta, que usa uma perna mecânica, se os outros participantes poderiam chamá-lo de “cotinho” (uma derivação de cotoco). Isso ocorreu, segundo a revista Veja, quando as pessoas estavam se preparando para a prova e Vinícius estava tirando a prótese para não molhar. 

Vários internautas fizeram muitas críticas sobre a acessibilidade das provas nas redes sociais. Uma pessoa disse: "Quem foi que pensou nessa prova do líder sem pensar na inclusão do participante PCD?", mostrando que as provas são inacessíveis para pessoas com deficiência. 

Em seu Instagram, a senadora Mara Gabrilli (PSD), a maior representante na política da pauta PCD,  faz duras críticas ao programa e à emissora Rede Globo de TV. Segundo ela, poderemos acompanhar no BBB14 “mais um grande exemplo de falta de acessibilidade.”. Também poderíamos ver que que não se pensou na prova do programa para todas as pessoas e que, faltou “play” e o paratleta foi prejudicado


BBB14 e o capacitismo - entre as demagogias da AACD e derivados

 



 

A primeira prova do líder no BBB 24 mostra como é importante adotar mudanças significativas para que as Pessoas com Deficiência se sintam verdadeiramente integradas.  


Então, @tvglobo e @boninho, que tal conversarmos mais sobre esse assunto? Estamos disponíveis para falar sobre inclusão!




Que merda é essa que a AACD escreveu no X? Será que esqueceu que além de eu estar no X, ainda sou formado em publicidade e recebo textos do Meio&Mensagem? Eles não devem saber, meu prontuário está no arquivo morto e aquela foto minha de cuequinha também. Lá está as várias operações que o Dr “Carniceiro” fez em mim para correção. Posso até estar sentado, estar dobrando o joelho, mas, meu pé continua virado e eu não estou em pé. Por que? Depois de sair humilhado - com as professoras fazendo “birrinha” porque reclamamos das bpéssimas condições - fiquei outro 7 longos anos não sendo adolescente em uma oficina que não aprendia nada. Parei de andar de andador. Parei de poder falar o que quiser e fazer o que quiser, porque mães lunaticas disseram: “se acontecer alguma coisa (fazer sexo) com a minha filha, eu chamo a policia”. Não podemos ter prazer.

A questão do corpo e do prazer são questões do discurso que domina a normalização e a moralidade dentro da repulsa do corpo não normalizado. Com o discurso positivista (a medicalização) onde o corpo tem que ser consertado - discurso que o capitalismo neoliberal incorporou com bastante ênfase - onde o corpo não normalizado deve ser escondido, visto com desprezo e até, em alguns casos, asco. O asco vira outra coisa quando o ato legítimo de escolha se uma mulher em não querer ter o filho, é convencida quase “a força” em não ter o filho por causa de uma probabilidade da criança ter uma síndrome. Lembrando que, uma probabilidade não é uma certeza, são números que podem ser reais e acontecer, e pode não acontecer. Pessoas com Síndrome de Down não podem nascer, pessoas com paraplegia cometem suicidio assistido por causa das muitas linguagens silenciosas que temos de achar que o corpo não normalizado é um corpo “quebrado”.

A verdade, quase sempre, incomoda. Mas, muitas vezes, ela é imposta em imagens e essas imagens refletem essa mesma linguagem. Dessa vez, o asco se torna deboche quando Maycon disse que "Ele não disse que gosta de correr, agora vai correr…”, duvidando da capacidade do Vinicius Rodrigues (paratleta) de correr, mesmo não tendo a intenção. Daí poderemos aumentar - na filosofia dizemos transcender - essa linguagem debochada, em uma cultura muito posta de achar que as pessoas não querem contratar por causa do corpo. O ministro do trabalho, Luiz Marinho, acredita no lobby empresarial de sempre dizer que não encontra pessoas qualificadas para trabalhar em suas firmas, porque não sabem procurar e nem querem. Verdades tem que ser postas, porque não se escreve a verdade sem ela.

Nem sempre ela é aceita. Cachorrinhos são bem vindos nos shoppings da vida, cadeirantes não. Os seres humanos estão confinados em nichos religiosos com suas crenças e não enxergam que as coisas já estão em um niilismo (negação da vida), onde pessoas param, em vagas de pessoas com deficiência, pessoas comem em mesas separadas para pessoas com deficiência, e isso não é diferente do que a Globo fez, ou que a AACD sempre fez (pelos menos nos anos 80 e 90). A fala de Maycon em colocar um apelido de “cotinho” - derivado de cotoco - só é um reflexo daquilo que se fez como conceito de corpo imperfeito, um apelido, um estereótipo.

Pegamos o exemplo da Leandrinha Du´art que sofre hater (ódio) por ser deficiente e transsexual, onde alem do corpo que tem o ar de asco da sociedade, a rejeicao daquilo que não serve. Não temos o direito ao prazer, ao amor, ao trabalho, ao pensamento por causa de um estereótipo da Bíblia escrita por um outro povo em uma outra cultura e um outro tempo.

domingo, janeiro 07, 2024

Choquei voltou - Por que as pessoas estão emburrecendo?




 

O ator Zé de Abreu disse no X: “Bela bosta. Idiotas não frequentam teatro, não leem livros, não vão a museus. Nuca contamos com gado na plateia. Mesmo porque mugem e atrapalham a peça”



Embora tenha bastante divergências políticas com o ator, temos que reconhecer que em partes ele tem razão. Primeiro, temos que notar - isso eu venho percebendo desde minha tenra infância - que os maiores programas que o brasileiro gostava era bobo e sem a maior cultura. Alguns poderiam dizer (como a esquerda petista sempre diz): “ah, mais isso é a cultura brasileira”. Não, camarada inteligentinho, isso é o que se impõe como cultura brasileira por décadas. Por que temos que alimentar uma cultura que nos coloca no atraso? Eu tenho que gostar de “música de corno” para ser um brasileiro?

Os iluministas tinham um pensamento que com o conhecimento, todas as pessoas iriam se esclarecer e a paz e o progresso aconteceriam. Então, veio a internet com bits (infinitos bits) de informação e não se teve grandes progressos diante da humanidade. O que estamos vendo é pessoas discutindo os mesmos programas bobos da TV, os políticos que colaboram com suas crenças, pregando as suas religiões (até da fofofauna) etc. Daí a pergunta: o que deu errado? Podemos dizer que o problema das crenças (não só as religiosas) tem a ver muito mais com a indução do que com o sentimento, como colocaram os iluministas. Alguns podem perguntar: “ué, mas na defesa daquilo que você acredita, não está o sentimento?”. A resposta é: sim, mas, por algum discurso, essas crenças foram induzidas dentro do que acredita. 

Hume dizia que o problema humano da indução é não perceber diferenciar aquilo que seria bons hábitos dos maus, mesmo o porque, dada a ausência de qualquer diferenciação entre os dois objetivamente. Ou seja,  Hume estava dizendo que a indução seria uma inferência contingente e só poderia levar a uma só conclusão que tem apenas certo grau de probabilidade de ser a correta. Poderemos dizer que, algumas conclusões não se garantem como verdadeiras, mas apenas que há uma possibilidade de serem verdadeiras. Poderemos usar como exemplo uma pessoa correndo na rua, você pode pensar que ela pode estar com pressa, mas não há nenhuma garantia que aquilo seja real. O sujeito pode estar fugindo, pode estar fazendo uma corrida, pode estar em seu ritmo normal. 

A contingência - aliás, somos seres contingentes - é uma possibilidade de você estar errado. Mas, voltando à “vaca fria”, como dizíamos antigamente, muitas coisas da nossa cultura (ou pseudocultura) vem do fato de esquemas ou alguém querer ganhar dinheiro. Afinal, qual o povo melhor a ser governado, um povo que lê e questiona, ou um povo que se idiotiza e quer ver o outro se ferrar? Prova disso? Em 89 se parou de tocar músicas de rock - mequetrefe, mas era rock - para se popularizar o AXÉ Music e a lambada, que muitos pregam como “fazendo parte da nossa cultura", mas não faz. Assim como veio depois o sertanejo (a maioria de Goiás e Mato Grosso) são culturas locais que deveriam ser respeitadas como tal. Mas, não é uma coisa hegemônica como uma “cultura brasileira”. 

Volto a dizer: não estou desdenhando nada, estou mostrando como nossa cultura é induzida por discursos alheios e convencem muito fácil. Não se lê, não se ouve músicas boas, não se sabe ter uma visão crítica. Se gosta porque os outros gostam e quando criticam, a crítica sempre é direcionada por coisas da “moda”. Séries, músicas e filmes podem ser achados facilmente, mas as pessoas querem o mais fácil, ai, sai a merda que saiu no caso da Choquei.