Os corpos do filho e da mãe foram encontrados com perfurações de marcas de tiro |
Os policiais chegaram ao local na noite desta terça-feira (9/1), após vizinhos reclamarem do mal cheiro no local. A investigação acredita que os corpos estavam no apartamento há cerca de três dias. O corpo do filho estava em cima do sofá, o da mãe estava no quarto.
No aplicativo de meditação direcionada - esse é muito bom de yoga - existe uma meditação que pergunta: quem é você? Talvez, se esqueceu dessa pergunta por causa da correria do dia a dia dentro de uma vida cobrada, ressentida de não ter realizado os sonhos. No mundo com suas cobranças de normalização, não só do corpo e também do jeito de ser, as pessoas não querem ter um filho com deficiência e que não possa ser como as outras crianças. Isso é um fato. Ainda mais, quando o mundo de hoje de tantos adjetivos, ser chamada de “mãe atípica” (como se não fosse com todas as mães), ser taxada de diferente e “atipica”. Milce foi a mãe que finalizou a vida e finalizou a vida do filho com TEA (Transtorno do Espectro Autista).
Mas, o que seria uma “mãe atipica”? No Michaelis está o significado atípico: “Que se afasta do que é típico, comum; anômalo, incomum, inusitado”. Ou seja, quando se vai usar um termo específico, não temos que colocar o que significa em nossas cabeças, e sim pesquisar o que o termo quer dizer. A linguagem enquanto forma de comunicação e meio de expressar um pensamento, também pode passar um estereótipo de condenação daquilo que pode excluir. Quando se começou com “mãe especial”, minha mae odiava ser chamada assim, porque ela dizia que ela não era especial e que só tinha um filho com deficiência.
Ela estava certa. As mães que criaram seus filhos nos anos 80 tinham que andar de ônibus velho, tinha que carregar seu filho porque só tinha cadeira de rodas vagabundas e de ferro (com a hiperinflação deixada pelos militares, eram muito caras). Não tinha essas conquistas que se foi conquistando, mas, as mães se cansam e não tem culpa do descaso social e político. Falta de empatia é tanta que você não tem nenhum respaldo sobre ter filho com deficiência.
Mas, eu quero comentar esse parágrafo em específico. Por que? Porque, primeiro, impossível ninguém não ter ouvido dois tiros em um apartamento. Se for assim, estamos, realmente, com uma sociedade que está totalmente alienada da realidade. Ou o pessoal se liga na realidade ou coisa pior, socialmente, vai acontecer com essa mania brasileira de sempre se fechar para si mesmo (só procura os outros só para cuidar da vida dele caso faça algo dito imoral, ou por interesse) e acha que o mundo é uma grande Disneylândia das suas crenças. Na verdade, o brasileiro em si é reacionário por natureza por causa da nossa cultura.
Segundo, só se importaram porque começou a feder, ou seja, três dias que o rapaz não aparece e ninguém fica espantado. Ou melhor, foda-se. E ainda, querem prestar as últimas homenagens? E a família?
Será que Foucault tem razão?!