- Gatinho de Cheshire (...) Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para ir embora daqui?- Isso depende muito de para onde quer ir - responder o Gato.- Para mim, acho que tanto faz... - disse a menina.- Nesse caso, qualquer caminho serve - afirmou o Gato.- ... contanto que eu chegue a algum lugar - completou Alice, para se explicar melhor.- Ah, mas com certeza você vai chegar, desde que caminhe bastante.- Mas eu não quero me meter com gente louca - ressaltou Alice.- Mas isso é impossível - disse o Gato. - Porque todo mundo é meio louco por aqui. Eu sou. Você também é.- Como pode saber se sou louca ou não? - disse a menina.- Mas só pode ser - explicou o Gato. - Ou não teria vindo parar aqui.Alice achou que isso não provava nada. No entanto, continuou:- E como você sabe que é louco?- Para começo de conversa - disse o Gato - um cachorro não é louco. Concorda?- É, acho que sim - disse Alice.- Pois bem... - continuou o Gato. - Você sabe que um cachorro rosna quando está bravo e abana o rabo quando está feliz. Mas eu faço o contrário: eu rosno quando estou feliz e abano o rabo quando estou bravo. Portanto, eu sou louco.(Alice No País das Maravilhas)CARROLL, L., Alice no País das Maravilhas, 1865.
Um
dos livros de filosofia que mais gostei de ler foi Alice no País das
Maravilhas de Lewis Carrol, que conta as aventuras de um mundo doido
onde nada tinha lógica e os objetos eram, completamente, vivos e
falantes. Na visão da Alice, todo aquele mundo não fazia sentido
porque tinha aprendido que as coisas tinham uma ordem lógica, isso
também, era pensado na ordem moral. Estava em tempos vitorianos —
a moral vitoriana veio da rainha Vitoria, da família perfeita — e
muita visão moral, que alguns casos ainda ficou, começa a ser
questionada em todas as áreas. Visivelmente, Carrol faz duras
críticas a essa educação vitoriana e começa a colocar um mundo
que não existe lógica e nem princípios morais que pudessem quer
questionados. Mas, o que seria uma moral de verdade? O que seria a
própria realidade e a normalidade?
A
maioria dos brasileiros idealizam a realidade a partir dos princípios
que regem sua religião, rege sua ordem moral. Mas, que ordem moral
poderíamos seguir? Mais ou menos,
trezentos anos antes de cristo, o filósofo Sócrates já observava
que as pessoas eram boas para agradar as outras pessoas, para se
passarem de detectoras de conhecimento e sabedoria e a bondade em
ajudar o próximo. Sócrates dizia que nada sabia, exatamente, para
mostrar que ele com o vasto conhecimento que tinha da alma humana,
não sabia de tudo e sabia que não sabia de tudo. O filósofo dizia
que a verdadeira bondade é só alcançada quando adquirimos um certo
conhecimento e esse conhecimento, faz com que vejamos uma bondade
além das ordens morais que regem a sociedade. Platão, por ter uma
carga não só da filosofia socrática, mas também, seguiu vários
outros filósofos, seguiu nesse caminho do conhecimento e ignorância.
Sua ideia da caverna nada mais é do que o conhecimento do homem que
saiu dessa caverno e o resto, que continuou a ver as sombras. Mas,
por que a maioria continua a querer ver as sombras? O simbologismo
das sombras e bastante simples, pois, nem sempre o formato da sombra
é do formato do objeto que é projetada a sombra. Podemos até
mesmo, manipular o formato dessa sombra.
No
livro — talvez, Carrol tenha lido Platão — Alice tinha tirado
uma soneca e acordou com a irmã te chamando para tomar um lanche. A
realidade é construída a partir daquilo que escondemos em nosso
íntimo como valores morais, você pode ser consciente desses valores
ou esses valores são ocultos na sua consciência. Sonhos, na maioria
das vezes, são aquilo que está lá escondido no seu inconsciente e
ninguém — nem mesmo você — sabe que aquilo existe. Aliás,
Aristóteles sempre dizia que a ética se pratica e não, se teoriza.
Então, quando se votou no Bolsonaro, eu tinha na minha cabeça, que
votaram nele para as leis e para cumprir essas leis, mas, o que eu
estou vendo é a mesma coisa que sempre eu vi. Um fanatismo exagerado
e uma oposição burra e porca que não sabe, nem mesmo, argumentar.
Por que Paulo Freire é um energúmeno? Por que é culpa do TV Escola
o nosso desempenho escolar? Será que cultura é uma coisa
ideológica? Enquanto o mundo se moderniza e se acessibiliza, o
Brasil ainda quer viver em uma cultura do século dezenove hipócritas
e que não tem nada a ver com o mundo de hoje. O Brasil quer ser um
país atrasado.
Mas,
sabe o melhor lugar para ver o atraso mental e o atraso do empregado
vassalo? Linkedin. Só vejo autoajuda vagabunda e pessoas que acham
que entendem de marketing, mas, não leram um Krotter sequer. Só
fica lendo artigos de coachings vigaristas, palestras vagabundas e
livros que nada trazem de conhecimento e nada vão trazer para uma
empresa mais prospera. O Luciano Hang é péssimo de marketing, diz
ter lido Olavo de Carvalho e acha que está fazendo uma boa causa
trazendo o ursinho puff de cadeira de rodas para o seu vídeo. Um
alienado ou um cúmplice? Eis o mistério.