terça-feira, fevereiro 17, 2015

Os “deuses” do seu ego






Umas das coisas que sempre me intrigaram, foi que sabíamos que um ser humano não poderia abrigar toda a energia de um Deus supremo, e o criador não pode ficar preso em sua criação. Então, a minha noiva deu a solução, que sempre divinizamos as pessoas que Deus usa para satisfazer nosso próprio ego. Ou seja, dizemos que os sábios, profetas, espíritos superiores são “deus” encarnado para satisfazer nosso próprio ego. Mas o ser humano faz isso por natureza quando nós sempre colocamos alguém como exemplo de alguma coisa, para satisfazer meu “ego” de sempre me colocar como “vitima” do universo. Na verdade, o universo não está nem ai com o você.

O “ego” que nós colocamos é o falso “eu” que é fabricado pela cultura social no qual vivemos, porque não nascemos como determinada pessoa, vamos moldando nossa personalidade conforme vamos vivendo a sociedade e os costumes que essa sociedade nos transmite. Isso chamamos de moral (modo de costumes), onde as pessoas são moldadas conforme o costume que ela aprende, como por exemplo, se você nasce em uma família hindu vai referenciar Krishna, se você nascer numa família cristã você vai referenciar Jesus Cristo, se você nascer numa família judia vai seguir os dez mandamentos mosaicos e vai reverenciar Moisés por ter trazido a terra prometida. O mesmo vai ser com o budismo, com o islamismo e por ai vai, mas essa reverencia só é uma parte para satisfazer seu próprio ego de satisfazer aquilo que aprendemos como cultura, para alimentar nossas próprias “verdades”. Essas “verdades” moldam os nossos “egos” deixando sempre nos enveredar nas ilusões que pensamos ser o caminho, afinal, Jesus disse que estreita é a porta e só quem a vê pode atravessá-la.

O ego que coloquei não é o “eu” como ser que existe (que seria o minha personalidade verdadeira), mas o “eu” falso que desejo aquilo que não se é. Não sou, por exemplo, o que as pessoas pensam, porque eu sou o que eu próprio sou enquanto ser existente. A ilusão faz parte do tempo, porque as pessoas imaginam que sou algo ou alguém, porque não olham nas atitudes do Agora, mas olham nas atitudes do ontem e do amanhã que nem existe ainda. Também não podemos moldar uma personalidade por causa de uma atitude, porque as vezes, aquela mesma atitude foi feita por causa das circunstancias que foram preciso ser feitas. Por outro lado, as pessoas são o que elas são, elas renegam o presente porque se iludem com que a cultura nos ensinam, o futuro não é mais como antigamente, as pessoas mudam, o progresso humano não pára porque a evolução biológica e espiritual não vai parar nesse momento.

Por que não prestar atenção em detalhes que não prestamos atenção normalmente? Um exemplo é que a maioria não presta atenção nem mesmo nas musicas que cantam, porque até vão contra as convicções que eles mesmos acreditam. As musicas que dizem harmoniosas – aqui no Brasil harmonia não quer dizer alegria, pois somos um povo levado a cultuar a tristeza – são letras que acabam com a alto estima do cidadão e muitas vezes, não colabora com uma analise mais detalhada do intuito. Qual cidadão em sua sã consciência, com seus valores conservadores (que muitas vezes são contra o funk carioca), iria cantar uma musica onde o chefe está fazendo um assedio a secretaria? Ou que a noiva vai casar, mas escreve uma carta para o ex, dizendo que o grande amor da vida dela é ele? Isso é traição, não só das pessoas envolvidas, mas traição dos seus próprios sentimentos de sempre usar uma mascara social para agradar o outro. Não ouço musicas que todos ouvem, nem fico preocupado com a harmonia (só quando estou em estado de meditação), ouço o que gosto e o que me agrada porque não estou preocupado em agradar a maioria, estou preocupado em agradar meu prazer de ouvi o que me faz bem, o que vai me trazer a alegria daquele momento. O ídolo (endeusação do ser humano) fascina as mentes viciadas em colocar algo além daquilo que elas acreditam não ser, o mundo se torna algo “monstruoso” onde o outro faz e você é a vitima sempre.

Isso vem do “endeusamento” do ser que não pode ser tocado, não pode ser alcançado porque divinizamos o nosso próprio ego. A humildade que todos pregam, é uma falsa modéstia daquilo que é produto de nossa arrogância de não admitir que somos ignorantes diante de alguns assuntos e alguns saberes. Por isso o filósofo Sócrates sempre dizia que nada sabia, porque realmente, nada sabemos de concreto, porque sempre estamos mudando o que sabemos e o como podemos transformar aquilo em informação. Mas se nós não se livrarmos de velhos conceitos, não vamos rever e construir conceitos novos, construir até algo melhor daquilo que pensamos no passado. Mas isso só pode ser feito no agora, nesse momento, nesse instante. Dai que as filosofias orientais vão dizer para interiorizarmos nosso “eu”, que temos que olhar sempre o agora, sempre nesse momento, nesse instante, não a toa, que no budismo não existe nenhum “deus”, porque a interiorização é a base para conhecer nosso espirito (reflexo da nossa energia vital e consciência personalizada que é o que somos, corpo incorruptível) e interligar com nossa origem que chamamos de criador (força motriz que se manifestou em tudo que existe). Mas ao saber falsas sabedorias (o fruto da falsa ciência), apegamos a ilusão que nos cerca de falsas realidades e a consciência dessas falsas realidades, que fazem de nós construir falsos egos. Não nascemos com nosso nome, não nascemos com os milhares de estereótipos que povoam a sociedade de hoje.

Estereótipos são imagens que nos apresentam com termos para tal exteriorização da sua crença. Por exemplo, muitas vezes eu não exponho minha deficiência ou para mim não é uma coisa diferente porque convivo com ela a todo instante dês de quando nasci, pois para mim a cadeira onde estou sentado é só um meio para se locomover. Mas por alguns que não aceitam ou falam tanto nessa condição de maneira sofredora, que muitas vezes, isso vira algo padronizado. A não aceitação é a ilusão daquilo que poderia ser e não é, porque o que é não é aceito, mas não pode mudar, temos deficiência nesse exato momento. Se existir uma cura, se existir um tratamento, ele pode existir, mas não existe nesse momento, nesse instante e só existe minha deficiência, só existe minha existência numa cadeira de rodas e isso que não vai mudar. Podemos aceitar e sempre evoluir nesse proposito de adaptar nossa vida melhor possível, mas não “achar” que um dia vai ser curado, que um dia vai existir tratamento, agora somos deficientes. Mas a sociedade – graças as pessoas que não se aceitam – criaram uma imagem de sofredora, de que somos vitimas da sociedade e nem sempre somos, só alguns se sentem assim e não a maioria. Mas se criou um tipo de “divinação” da condição da deficiência que não deixa temos uma vida como qualquer pessoa, não deixa nós temos nossas vontades serem saciadas porque não somos humanos, somos “anjos”.


Então é o alimento do seu próprio ego de sempre colocar como superiores, sempre com a colocação que somos “anjos” e a falsa modéstia e a demagogia de querer aceitar o que no intimo não se aceita, em ajudar alguém que você “acha” que é inferior, mas não é inferior, é humano. O ser humano precisa ver, precisa ter uma imagem para sentir a existência porque o ego (eu falso), padronizou que se não há uma imagem real, se não há uma imagem que nos coloca um estereótipo e algo sagrado, não temos como sagrado. A não aceitação que os avatares (seres que trouxeram a consciência da energia cósmica ou além dela, que criou tudo, o Divino), são seres humanos e não Deus, deu ao ser humano o poder de controlar o outro ser humano, a satisfazer seu próprio ego. O meu ser divino (que eles chamam de deus) é melhor do que o seu, a minha religião (religação) é melhor que a sua, então se cria uma barreira entre coisas que não são separadas, mas coisas juntas. Não existe duas ou mais energia, mas uma só, um só poder que leva o ser humano ao proposito da criação. Buda, Jesus (Yeshua), entre outros, eram humanos que se deixaram ser usados pela energia divina para levar o mundo o verdadeiro caminho, a verdade que liberta. Para eles o importante não era o futuro, mas o agora, não o passado, mas o agora, não o que não somos, mas o que somos. Não somos cristãos, budistas, hinduístas, entre outros, somos seres espirituais querendo estar ligado ao proposito e sentir o sagrado, nossa origem. Então por que separar? Por que vestir mascaras que não existem ou existem para o controle humano? Não somos nada, somos seres em busca da nossa origem e essa origem se alcança dentro de nós mesmos. O resto, é só aparência.