quinta-feira, abril 10, 2014

Grandes pensadores do Funk







Em tamanha relatividade o que é ou não pensador, fico estarrecido que a funkeira Valesca Popozuda foi chamada de “a grande pensadora contemporânea”. Irônico ou não, é uma coisa para se pensar no meio de tanta falta cultural que temos em nosso país, porque passamos por uma grande crise no modo de pensar, porque pensar ficou obsoleto. Na minha opinião quem deveria sortir todo o credito de ser uma futura pensadora é a pequena Tatá que numa simples resposta sintetizou toda a sociedade contemporânea em um resumo simples, ela quer ser “puta”. Por que ela quer ser “puta”? É provável que ela nem saiba o que é “puta”, pois deve ter ouvido de algum lugar, mas as televisões e os meios inúmeros de comunicação estão ai para ensiná-la e quem sabe ela queira ser ou não “puta”.

O termo “puta” vem do latim e quer dizer “poda” por causa da deusa menor da agricultura que no tempo da poda das arvores, suas sacerdotisas celebravam com um bacanal e até se prostituíam. É bem provável que por isso o termo moderno para as prostitutas seja “puta”, mas seria muito engraçado chamar uma prostituta de “poda” e até assustador. Podar o que do homem? Nada demais não? Mas Tatá muito provavelmente está dizendo no seu significado moderno, seu significado da prostituta que se prostitui porque não sabe fazer nada e não vamos ser hipócritas, muitas vezes não quer fazer nada. Igual jogador de futebol, é fácil, é rápido, é pratico e não precisa de curso, não precisa anos sentado numa sala de aula aguentando professor e depois aguentado chefe (algumas tem cafetão). Nunca fui num prostíbulo porque nunca achei interessante ir, nunca aceitei essa idéia machista que homem deve ir ao prostíbulo provar para os outros que é homem. Aliás, meu pai nunca duvidou de minha masculinidade, nem minha mãe e muito menos minha noiva, então o resto pouco me importa. É essas coisas que me pergunto: somos animais racionais ou escravos de um pensamento social só para sermos aceitos?

O filosofo Bauman diz que a sociedade hoje colocou seus valores como valores líquido, hoje gosto amanhã não sei, hoje sinto amor amanhã talvez, como o ser humano com tanta informação ficou um animal sem sentimento, sem nada a acreditar. Esse acreditar não é o acreditar alimentando ilusões e conceitos populares, esse acreditar vem do colocar a moral de lado e analisar nas profundezas o que seria a resposta da Tatá, por que ela não pode ser uma podadora? Daí vamos muito mais ao longe: por que devo aceitar que uma funkeira que canta “beijinho no ombro”, tenha o direito de ser chamada de “grande pensadora contemporânea”? A resposta está com a Tatá que nem aprendeu a ler e já quer ser “puta”, porque não estamos preparando a juventude a pensar por si só, não pode ser considerada porque não se tem uma linha de raciocínio num “beijinho do ombro” e o jeito vulgar de ser mulher objeto. Ou desse jeito a mulher vai ser mais independente e não vai ser objeto de qualquer forma?

Simone de Beauvoir dizia em sua obra mor, O Segundo Sexo, que a mulher não nascia mulher porque ela se torna mulher. Porque a sociedade molda a mulher como um sexo frágil, um ser que precisa ser defendida, precisa ser cuidada. Por esses moldes que Beauvoir disse que a mulher não é um ser formado a partir dela e sim a partir do que o meio onde ela vive determina, nunca ela pode ser ela mesma, nunca ela pode seguir sua própria natureza. Afinal a mulher que fez Adão comer o fruto do conhecimento e fez dele um “pecador”e não, o próprio homem fez a escolha de comer o fruto. Vimos como a funkeira se comportou quando foi criticada, como se só a elite tivesse o interesse de ler um Machado de Assis (olha o que uma Marilena Chauí não faz). Quem disse que pessoas de classe baixa não lêem Machado de Assis? Se a classe media – que muitos têm um ódio freudiano dela – tem seus preconceitos, a classe baixa também tem os seus como esse, que só a elite pode ser culta, pode ler Machado de Assis. Assim na estamos indo contra o sistema, estamos indo a favor do sistema, pois quanto mais ignorante, mais caminho livre para eles fazerem o que quiserem.

Quando chegamos a liberdade chegamos a Tatá, não estamos preparando as crianças para uma liberdade verdadeira, estamos criando as nossas crianças para a liberdade que o poder quer. O poder quer cada vez pessoas ignorantes, o poder quer mais bagunça e modos de alienação, o governo não quer ordem, porque ordem quer dizer união e união quer dizer cobrança. Enquanto professores de filosofia não deixarem os alunos pensarem, enquanto os professores de filosofia não deixarem as polemicas e ensinarem a pensar e a enxergar o que realmente é um pensamento, quem sabe, uma Tatá não queira ser “puta” induzida.

Amauri Nolasco Sanches Junior – filósofo


vídeo que mostra a realidade da educação no país


terça-feira, abril 08, 2014

Os jedis na Matrix






Muitos não entendem os filmes, as tramas cinematográficas quando contêm um pouco de filosofia. Realmente o grande publico não tem o costume de pensar, ouvem uma musica sem entender a letra, vem uma imagem sem entender seu significado, vão a alguma religião sem nem ao menos entender o que tudo ali significa. A grande maioria não entende nem ao menos o cristianismo em sua essência, não passiva de aceitar tudo que lhe dizem ou fazem,  mas não se conformar com a vidinha medíocre que se leva. Será que isso que mostra os dois filmes? Vamos primeiro definir o que é filosofia para entender que situações filosóficas podemos tirar das duas obras cinematográficas.

Segundo o professor Miguel Reale, filosofia na sua essência é a analise dos valores de tudo, do valor não de “valorizar” como mercadoria, mas  valorizar segundo as culturas e tudo que temos de valor como conceito. Quando dizemos que Tales disse que tudo apareceu da água, então podemos dizer que o valor que  a água tem aos seres vivos, não é o elemento em si, mas o símbolo em si mesmo. A filosofia analisa em si mesmo o simbolismo de tudo que contem o mundo e as culturas em si mesmo, não é a coisa que é importante, mas o simbolismo daquilo que representa em nossas vidas e pensamentos. Quando dizemos que uma obra é filosófica é o simbolismo que aquilo tem dentro da cultura que são importantes dentro da analise, que o processo de auto avaliar aquilo como o autor quis passar, é o processo critico daquilo de fato; não uma critica vulgar de julgamento, mas uma critica de analise de um meio para se chegar em um fim. Por isso é importante analisarmos tudo, não por trazer uma ficção para  realidade, mas para tirar a realidade a um artificialismo de ficção que estamos vivendo hoje; as tecnologias ao invés de trazer o ser humano para um maior conhecimento, pela informações que trazem com o advento da internet, esta “emburrecendo” o ser humano alienando, ou melhor, o ser humano se auto alienou por medo a mudança. Quando vimos as culturas gregas antigas, as culturas egípcias antigas, até mesmo as romanas, vamos ver pensamentos muito mais profundos do que hoje, ficamos seres humanos bélicos alienados; ao mesmo tempo que o ser humano pôs em pratica a tão sonhada globalização, as nações que eram hegemônicas antes disso não querem perder, ficam construindo inimigos que não existem, ficam construindo imagens muito mais de ficção do que os próprios filmes e essa analise que temos que fazer até conosco mesmo.

Os dois filmes mostram uma coisa básica para qualquer estudioso de psicologia e filosofia, o ser humano tem medo da mudança, minha analise é tão profunda que eu penso que Anakin mesmo sendo Darth Vader foi o jedi mais corajoso de todos. Por quê? Ele não teve medo de mudar e analisar a sua vida, se entregou ao medo até extinguir e salvar seu filho Luke, não teve medo de deixar o jediismo. Na verdade, os jedis eram conformistas, eram o que podemos chamar de religiosos ortodoxos que se o poder dar o que querem como conforto e prestigio, eles dão o que o poder quer que é a ignorância e a alienação. Por isso que as doutrinas religiosas profundas, como as esotéricas, espiritualistas, espíritas e etc, são tão combatidas e criticadas, porque o povo quer se enganar, eles não querem analisar por si mesmos. Os jedis na verdade estão na Matrix da arrogância de achar que o conhecimento da “Força” somente pertence a eles, eles são os grandes guardiões desses conhecimentos e da Republica intergaláctica.   Quem tem o conhecimento e não analisa esse conhecimento, nem sempre fica livre da alienação, porque se auto aliena. Nós se auto alienamos quando vimos que tudo que estávamos acostumados a viver e acreditar, não existe mais, os valores de tempos atrás não valem para com agora. As mães antigamente valorizavam os filhos homens por serem eles futuros provedores da suas famílias e hoje, os direitos ficaram iguais, tanto as mulheres quanto os homens trabalham e podem ser provedores; mas algumas mães tratam seus filhos como “senhorzinhos” e ficam tão mimados que acham que podem fazer o que quiser até mesmo delitos e coisas afins. Então esse tipo de valor, não existe mais e com isso, surgem novos seres que não sabem o certo do errado, não que exista, mas até quando minha liberdade permite sem agredir a liberdade do outrem.

Talvez a idéia da “Matrix” é – como o nome mesmo diz – a matriz de toda ideologia, que os reprimidos se tornam opressores. Os dois filmes tratam isso, tanto os rebeldes Sisth em Guerra nas Estrelas, tanto no “Matrix”. Se assistirmos o Animatrix, vamos ver que as maquinas foram oprimidas pelos seres humanos pelo medo de não saberem o que elas eram capazes, as maquinas rejeitadas, se tornam uma nação e até quiseram ter paz com os humanos; mas esses por medo não quiseram, então começam uma guerra contra essa nação e cortaram sua fonte de energia que era a solar. Resumindo a historia, com o poderio muito maior das maquinas, a nação delas ganham a guerra e com isso é construída uma Matriz para sugar dos seres humanos energia para manter todo um império maquinário no mundo. Esse filme é reprisado, pois inúmeros teóricos expuseram isso, os oprimidos sempre se tornam se ganham, opressores. O comunismo da Rússia que dizia ser um governo do protariado mataram muito mais do que o nazismo e a santa inquisição juntos, mas também o capitalismo no seu modo selvagem, mata também de formas veladas e pouco éticas. No fim chegamos a conclusão que tudo é uma coisa só que cada ser humano pode e deve fazer as coisas por si mesmo, toda ideologia política são todas iguais. Visa somente um objetivo, o poder e para isso tem que iludir a grande maioria, tanto é assim, que ideologicamente os dois filmes tratam de rebeldes maquinas que não tem escolhas a não ser seguir seus lideres.

Podemos também analisar no ponto das religiões, pois hoje em dia não podemos afirmar que realmente elas religam o que é humano e o que é divino. Em toda a história humana, sempre a maioria esperou um “messias” para salvar um povo ou uma nação, seria um escolhido para a grande rebelião que pode mudar tudo todos os pensamentos. Tivemos lideres, vamos chamar assim, que mostraram a humanidade como agir de forma ética e não agredir, pois se agredimos seremos agredidos. Outro aspecto que vimos muito nesses filmes e de outros é que o vilão tem a aparência do herói, ou seja, essa analogia  mostra que todo os seres humanos tem os dois lados; no Guerras nas Estrelas, todos pensam que o outro lado de Anakin é os jedis ou Luke, não é não, é Padmé Amidala que tem a forma racional masculina (Anakin) e a forma sentimental feminina (Padme). No filme Matrix, o outro lado de Neo é o próprio sistema, ou seja, o “engenheiro” que projetou a Matrix deu a dica, pois Neo era o quinto de sucessão para re-configurar  a Matrix. Os “messias” são apenas uma reconfiguração de um sistema de cinco mil anos, lembramos que no filme o “engenheiro” diz o quinto e a historia da civilização remontam vulgarmente, cinco mil anos dês das cidades mesopotâmicas, babilônicas e egípcias.

Para entender o que o “engenheiro” disse, primeiro temos que entender como funciona um hardware de computador e logo depois, em segundo lugar, temos que entender o que é o sistema hierárquico que comanda a humanidade por tanto tempo. O micro computador funciona como código fonte, ou seja, todo funcionamento depende desses códigos que faz o programa se materializarem; por incrível que pareça os códigos são apenas dois, o 0 e o 1, então cada programa fica “01001...”.  Cada um desses arquétipos numéricos fazem símbolos que nos ajudam a diferenciar, é um processo cognitivo. O computador constrói uma sequencia para criar cada figura, pois essa sequencia que irá fazer os movimentos ou mudar e colocar alguma coisa. Enfim, dentro dos inúmeros caracteres que contem um hardware, somente dois números valem como código. O sistema hierárquico humano não  é muito diferente, existe dois códigos que movem a “vontade” de se manter entre os “maiores”: um é o poder e o outro é o outro é o bem material.

Vamos começar com o “Poder” que move milhões de seres humanos a fome e a lutar em guerras por ideais que não são deles. O poder levou ao ser humano a criar varias situações para controlar a grande “massa”, sendo pelo medo ou pelo hipnotismo de colocar esperanças e uma vida “melhor”. Não é isso que vimos no filme? O poder se realiza com a hierarquização, porque se criou meios de conhecimentos e ficamos a mercê de sistemas que foram construidos graças a esse conhecimentos. Não condenamos o conhecimento que nada mais é do que a informação - que o universo é constituido - mas os meios que se usou essa informação. O problema não é os Sisths tomarem a República, mas a liberdade que isso evolve, guerras ideológicas que só visam o poder. Toda a saga gira em torno do poder, tanto no Guerra nas Estrelas, quanto o Matrix. Mas será que algum dia teremos a liberdade? Liberdade é muito mais complexo do que pensamos, tem a ver com as escolhas que fazemos e não o que nos impõem, até mesmo, o conceito de liberdade. A libertação não é uma doutrina, não pode ser ensinada ou buscada por meios externos. Mas a liberdade é algo subjetivo, algo que se constrói a partir do conhecer a si mesmo, sem mestres, sem algo para se "apoiar". No filmes - os dois - havia ainda um apoio a um mestre, não houve um aprendizado puro, onde não havia algum mestre. Onde afinal, está a liberdade?

Houve uma ruptura, tanto o Neo (Matrix), tanto o Anakin (Stars Wars), quando suas "animas" saem de cena. Há uma uma analogia muito forte com a evolução do ser no limiar da vida, porque o que nos prende é os valores que nos fazem nos apegar. No Guerra nas Estrelas, Anakin se apega a mãe e se culpa por deixar - la e os bandidos pega-la, depois se apegou a Pamdme que o faz ir para o lado negro para protegê - la. No Matrix, Neo se apega a idéia que não é o "escolhido", depois se apegou a Trinity (seria as três doutrina mundanas) e seu amor por ela, quando ela morreu, enfrentou o vírus da Matrix e também  morreu. A Trinity só é seu alter-ego, seu apego ao mundo, seu ego em sentimento do apego e fez disso, um empecilho para enfrentar seu medo. Tanto ele (Neo), quanto Anakin, ficam cegos porque a visão de um mundo que nos faz sofrer é bloqueado, ficam na escuridão. Vale lembrar que os Oráculo antigos eram cegos, porque se acreditavam que poderiam enxergar com a alma, pois os olhos físicos olhavam a ilusão.  A consciência é apenas o valor que damos a alguma coisa ou alguma situação, na verdade, é apenas sua leitura a aquela situação. A consciência se dará a partir do que acreditamos ser verdade, não é um meio para se alcançar, mas é um meio para se medir valores. O valor de uma pessoa amada é o  que acreditamos ser importante nessa pessoa amada, o que ela faz com esse amor e o que faz ama-la. Nos amores não correspondidos, há um bloqueio da nossa real visão, ficamos iludidos por um ideal, um ideal que não nos faz feliz. Geralmente, esses não fazem amores verdadeiros e só iludem. Anakin fez do seus dois maiores amores em algo que dependece sua felicidade, mas a sua felicidade era descobrir a FORÇA nele, no seu próprio ser que faria dele um jedi. Na verdade - como disse acima - a saga inteira trata de poder, porque sempre queremos ter razão. Mas nem sempre, a razão é realmente o "logos" que procuramos.

O logos é grego antigo e quer dizer razão, mas o grego antigo tinha outra perspectiva e tinha outra visão até mesmo do ethos. A visão era uma razão instintiva, sem racionalidades imperfeitas e sim, um logos superior. Na minha visão, a filosofia apenas colocou o logos em seu devido lugar já que a racionalidade estava em contramão com o que era superior, era divino e importante. A força  é a energia vital que as religiões cristãs dizem ser o Espírito Santo, que muitas religiões dizem ser igni que em latim quer dizer fogo, em sânscrito é a divindade agni que quer dizer fogo. O fogo é a energia que se consolida, a energia da criação veio do fogo e da energia primordial da vontade. Discípulo João diz que o logos fica a direita ao lado de Deus, ele é a razão que se fez carne e através dele nós aprendemos o caminho do divino, mas logos é a vontade de criar. Milhares de manifestações biológicas de trilhões de formas devem ter se consolidado no universo, o ser humano apenas é mais uma, uma que ainda está primitivamente descobrindo essa energia que é o poder mais poderoso do universo. Talvez – porque não estamos na mente de George Lucas – os Siths são a forma do lado escuro porque se prendem ao material, ao que se dar pelo lado da matéria (tanto é que todos os discípulos de Lorde Sinous eram partes robóticas, até mesmo Darth Vader, o mais poderoso). Ou a parte reptiliana humana que tem a ver com nosso lado animal, nosso ódio. Os jedis, como disse acima, são a FORÇA do lado da luz, do esclarecimento, do lado espiritual verdadeiro. Mas começaram a serem arrogantes e perderam a republica, porque não haveria outra solução a não ser  entregar o conhecimento, ter o que se espera ter da FORÇA. Anakin era o mais poderoso, o mais capaz, o escolhido que teve que ir para equilibrar a FORÇA e restaurar a paz do universo e a republica intergaláctica. Mas ele não o fez? Ele era o escolhido e mesmo sendo do lado negro – depois que jogou o Lord Sideos ele morre – ele restaurou o equilíbrio matando o imperador. Mas antes de morrer diz ao jovem Luke que não tinha escolha e Luke restaurou a ordem Jedi, talvez, com outra visão. A morte é o despertar do mundo para um novo começo, tanto é assim, que sempre os escolhidos morrem após deixarem suas mensagens como nos dois filmes, os dois morreram após equilibrar toda a realidade. Toda a plenitude da verdadeira face do fenômeno, pois antes não temos a consciência daquilo que é o objeto do nosso objetivo. A morte de Jesus, por exemplo, simboliza a real natureza dessa força e que somente foi um despertar para outro estado da realidade.

Mas o que é a realidade? Tudo aquilo que entendemos e lemos como objeto é uma das realidades, mas existem outras que ainda não entendemos, existem até mesmo outros seres com outra perspectiva dessa realidade. Mas ainda colocamos as coisas em uma realidade que enxergamos em nosso próprio bojo de crenças e não vimos que a realidade somos nós e essa realidade independe nas coisas externas. Os escolhidos sabiam que teriam que escolher e teriam que sacrificar – num modo muito profundo – não num modo de salvar, mas num modo de mostrar o caminho sábio e não o caminho mais fácil, o caminho que os grandes nos fazem trilhar. Anakin fez o que tinha quem fazer, o resto não nos interessa, porque para sermos uma brilhante estrela, tenho que passar por uma odiosa escuridão.


Amauri Nolasco Sanches Junior – Filósofo 

segunda-feira, abril 07, 2014

Os intelectuais presos, escritos para espíritos livres! Entre Nietzsche e Marcelo D2






Uma das inúmeras coisas que preso é a honestidade em todos os aspectos. A honestidade intelectual tem que ser imprescindível para sermos livres e porque não, sermos críticos dentro de valores que nos foram passados e não nossos próprios valores ou outro tipo de valor, que nos foi passado como ovelhas indo para a tosagem de suas idéias. Sinceramente não vejo aqui idéias que podemos dizer, serem originais ou serem de espontânea vontade, coisas de país da America latina. Não vejo nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil ou outros como intelectuais, mas apenas é o despojo de um tempo que não existe mais e não vai voltar que foi o militarismo. Não se demarca onde começa o seu pensamento e onde começa o pensamento do outrem.

Você deve me estar perguntando: ta Amauri, mas onde você quer chegar? Calma! Eu vou explicar. No ultimo domingo dia 30 de março eu e meu amor, minha noiva, fomos a Casa das Rosas no centro de São Paulo. Seria um local onde é exposto varias manifestações culturais (o velho casarão é herança do tempo que a Avenida Paulista tinha seu “glamour” e não era só um centro financeiro e comercial e talvez por isso, há esse intuito, trazer arte e conhecimento). Lá existe um jardim que só encontra rosas e isso, dês quando tinha seus donos, a casa é conhecida como a Casa das Rosas. Ora, você fica pensando que se um lugar feito para cultura (arte plásticas, literatura, obras de arte e etc), só pode ter pessoas que detém um certo conhecimento, um certo esclarecimento. Nessa ultima vez não foi assim que enxerguei isso, pois numa casa que deveria prezar pela igualdade e pelo esclarecimento não soube fazer isso e não soube tratar duas pessoas com deficiência com dignidade e respeito que merecem ter. Mas temos uma imagem de pessoas ingênuas, pessoas que não sabemos o que falamos ou pensamos, somos doentes e não precisamos de cultura e conhecimento, precisamos de compaixão da elite intelectual que pode doar dinheiro, mas não doa dignidade, não doam respeito, não doam uma educação exemplar. Não deixaram entrar no evento, não deixaram assistirmos algo que era feito para o conhecimento, era feito para a arte de libertar o ser humano da sua misera pequenez. Mas como disse Jesus, um cego não pode guiar outro cego, pessoas que são condicionadas a uma cultura pobre, mesquinha, uma arcaica cultura que tem seus valores dos fracos, dos que quiseram inverter as classes nobres para as classes baixas do espírito humano. A mesquinharia cultural já começa quando são barradas biografias, barradas musicas piratas, livros e outros meios para esclarecer o ser humano e tira-lo de sua minoridade. Onde partiu essa ordem de não deixar entrar? De onde teve a idéia que não poderíamos entrar no evento? Dos próprios produtores que deveriam ser esclarecidos e não o são, não são “livres” de qualquer preconceito. Vale lembrar que tanto a aristocracia nazista, tanto o comando nazista, era feito de homens cultos que eram polidos, ao mesmo tempo que escutavam sinfonias de Strauss ou Mozart, mandavam matar cruelmente todos que “achavam” fora do seu Reich.

Se não basta-se esse vergonhoso episodio de preconceito – além de ficarem incomodados por causa das risadas que dávamos por estarmos conversando na varanda do casarão – ainda uns desses produtores que deve ter estudado na USP ou na PUC, falando ao telefone com outro intelectualóide de produções do tipo “Malhação” confundiu liberdade com  transvaloração dos valores morais em querer mesclar Nietzsche e o cantor Marcelo D2 (ele disse produções dos estúdios do Wall Disney, mas fiquei tão estarrecido, que essa parte eu descartei). Sério! Fiquei com medo o que estão fazendo com a elite intelectual nesse pais “a lá mode” mister Malhação. Todo mundo sabe que o Marcelo D2 começou sua carreira na banda Planet Hemp (Planeta Maconha) que era a favor da legalização da maconha e que cantava musicas a favor das pessoas fumarem seus baseados sem forem presas. Mas há por trás disso uma ideologia – mesmo a grande massa não esteja vendo – que ainda reflete uma valorização dos valores que são importantes ao poder.  Por quê? Porque não importa muito se a ideologia é de esquerda ou ideologia é de direita criada na Queda da Bastilha, mas que sempre há interesse de quem detém o poder sempre  quer mante-lo. Nietzsche nunca iria aceitar esse tipo de mescla porque a liberdade era algo que tinha que vim das transvaloração dos valores, a destruição de tudo que era tido como sagrado e humano. O universal tem que ser destruído, porque a mudança se deve de dentro para fora, um ir além de conceitos que colocam o ser humano a completa escravidão. Para o filosofo existe a moral escrava, uma moral que colocou tudo que é inferior (o homem bom é o homem humilde, inofensivo, fácil de enganar), a moral dos senhores, que só tem deveres com seus semelhantes e assim estar acima do bem e do mal. O “mau” foi colocado como um sinônimo do medo. Esse medo iria fazer os fracos, ressentidos, a classe escrava dominar pela ideologia e pelo pensamento cristão, onde Nietzsche, coloca como platonismo para o povo. Não é muito diferente do socialismo, da ideologia do rebanho, onde nada diferencia porque coloca todas as almas em pé de igualdade. O mesmo “ismo” escondido nas musicas do D2 – que podemos até fazer uma ligação com a esquerda brasileira – são dos ressentidos que não podem destruir com a força e querem destruir pela apologia, se esconder atrás de algo para se elevar, algo sintético, algo artificial dentro da demanda popular dos valores sufocantes. Para Nietzsche, não havia uma ideologia igualitária, mas algo alem dos valores impostos, algo além da moral dos escravos.

Marcelo D2 defende a liberdade de usar um entorpecente, algo que pensa ser a liberdade para fazer a sua vontade, mas é um incentivo a ficar entorpecido com valores escravos dominam e os políticos, detectores de toda gama de conhecimento, domine. A dominação começa quando nos alienamos de um estado, porque você fumar uma maconha, está fugindo do seu próprio sentimento perante o mundo. O mundo nos frustra e não tentamos superar essa frustração com meios mais conscientes, porque queremos formas de nos ater em uma inconsciência que sé o instinto e não pode ser aberta com uso de drogas, por outro lado, o uso dessas substancias nos anos 60 e 70 do século passado tinha outra conotação, tinha outro simbolismo e tinha outro momento de ativar o subconsciente (que se provou perigoso por vários autores). Lógico que podemos ampliar a discussão dizendo que o cânhamo, tem recomendação medicinal em algumas doenças, mas a questão levantada é sobre a liberdade, porque no Brasil a liberdade é atrelada ao moralismo e até ao amoralismo. Para entender Nietzsche temos que nos perguntar de onde veio a moral, onde veio esses valores que nos cercam e fazer uma leitura subjetiva da coisa. Vejamos um exemplo tirado das próprias musicas do cantor, sendo que ele diz “fumar tudo até a ultima ponta”.  A frase certa seria “continuo fumando até a última ponta” mostrando que se pode apontar que ele, não iria parar de fumar o seu cigarro de maconha.

Esse “fumar” ele já contem um objeto para um objetivo, seja ele de se entorpecer que não deixa de ser um direito, mas esse objeto é externo e é um valor ainda da classe dos fracos porque eles dizem ser “mau” e quando isso acontece, ainda temos esses valores.  Nietzsche diria para olharmos a humanidade em cima de uma montanha, acima dos preceitos morais que o cristianismo estabeleceu como verdades absolutas. Aliás, existe uma frase dele que diz que não existem fatos eternos e nem verdades absolutas, pois as verdades são dissolvidas quando outras surgem e não existe fatos eternos, porque tudo muda, tudo depende do devir. Nietzsche era adepto a filosofia de Heráclito, tudo flui, não entramos na mesma água duas vezes em um rio. Ele gostava dos pré-socráticos, porque não eram atrelados ao além e deixar a vida, porque a vida deve ser vivida como se Dionísio bebesse seu vinho e tocasse sua flauta..não, não é essa liberdade que estamos falando porque o cantor é das classe dos ressentidos, da classe dos que ainda estão atrelados ao senso comum. O “fumar” é uma subversão dos fracos porque mostra na crença popular que tenho que rejeitar,  tenho que aceitar essa dominação aceitando seus valores. O “fumar até a ultima ponta” é o intuito cativar o ressentimento de ser pobre, o ressentimento que levará o pensamento que não vou estudar porque não quero ser um dominador, mas já é um dominador. Quebrando os valores, se criam outros valores em cima desses valores e não se elimina, só encobre o que já é um ressentimento.  Por que essa comparação entre “fumar” e as crenças cristãs vigentes? Porque o ato de “fumar uma” é um ato de procurar algo para superar uma insignificância que a moral cristã adjetivou como um comportamento mau, um comportamento perverso que coloca o ser humano a acabar com seu corpo. Outra coisa, tem aqueles mitos que essas pessoas não prestam, que essas pessoas não são “direitas” e por ai vai. Por outro lado, essas pessoas dizem que são renegadas, que são excluídas, que são marginalizadas, mas o ato lhe colocam a marginalidade dos seus próprios conceitos. Nietzsche não concordou com isso porque era uma idéia concedida ainda na idéia e no moralismo cristão, tanto é assim que se fomos analisar, o socialismo, anarquismo, comunismo e até mesmo a democracia como regimes igualitários (mesmo o nazismo e o fascismo) tem suas bases totalmente cristãs e não é a toa, que ataca Kant e Rousseau.  


Kant com seu imperativo categórico não é diferente das premissas cristãs, porque a bondade depende de nosso comportamento, depende do nosso dizer. Não passa de uma lógica diria Nietzsche, a vida não é para ser pensada, ela deve ser vivida e a vida que se molda, não é vida porque se programa, você automatiza essa vida. Tudo que é orgânico é vida, tudo que é vida é importante, é a solução de sermos livres sem se amarrar em conceitos morais. Espíritos nobres não precisam de igualdade e sim, sabem quem precisa sem “muletas” morais para lhe mostrarem, o espírito dos gregos antigos sabiam dessa regra e tinham essa consciência, porque cada um sabia seu oficio, cada homem sabia seu lugar. Rousseau colocou que todo mundo poderia ser igual, todas as propriedades eram humanas e que a democracia era um regime igualitário, onde a comunidade tinha que ser igual, tinha que ser bom, mas esse bom era o bom dos ressentidos, dos fracos, mas existe outro “bom”, o bom nobre que se poderia chamar de guerreiro, forte, justo que é da categoria dos nobres de espírito. A bondade de Nietzsche é a bondade nobre, a bondade do poderoso que sabe onde defender, sabe onde estar quem realmente precisa porque não há nele aquele ressentimento. A democracia nietzschiana seria a democracia nobre, verdadeira, porque o ser humano conheceu a si e provou a vontade da potencia ao maximo, ele é nobre porque ele sabe quando falar, sabe o que pensar e sabe como agir. Há um erro em achar que Nietzsche defendia a aristocracia, mas não era a aristocracia monetária que ele dizia e sim, a aristocracia do nobre que tem a moral da nobreza espiritual, a nobreza que faz o ser humano superar as mazelas, a moralidade dos ressentidos. Ele explica nesse parágrafo:

 “Se o oprimido, aquele que sofre, perdesse a crença em seu direito de desprezar a vontade de potência, sua situação seria de desespero. Para que isso fosse assim, seria necessário que este gesto fosse essencial à vida e que se pudesse demonstrar que, na vontade moral, a “vontade de potência” foi apenas dissimulada, e que esse ódio e esse desprezo nada mais são que manifestações daquela. O oprimido compreenderia que se encontra no mesmo terreno que o opressor e que não possui privilégio nem categoria superior sobre este.” (Ibidem. O Niilismo Europeu. p. 7)


A Vontade da Potencia de Nietzsche é o desprezo de tudo que é fraco e esse parágrafo mostra que os ressentidos esquecem essa vontade, esquecem que atrás dessa moral dos escravos, existe uma moral muito mais dinâmica, alegre, forte. No ultimo parágrafo da sentença, Nietzsche diz: “O oprimido compreenderia que se encontra no mesmo terreno que o opressor e que não possui privilégio nem categoria superior sobre este.”. É o que a classe politicamente correta não entende não se tem nenhum privilégio sobre o nobre porque todos são humanos, todos tem a mesma moral, mas o nobre faz de sua moral muito mais no foco. Qual o foco? O foco é a moral nobre, aquela que sabe onde agir e para quem agir, a moral de rebanho, a moral daqueles que não precisam de nada para lembrá-los. Ainda nossos intelectuais atrelados na filosofia marxista-rousseauniana, da igualdade de todos os povos (antropologicamente é provado que cada cultura tem seu viés), ficam atrelados em mazelas que o justo “seria”, mas o justo não “é”. No próprio universo é assim, na natureza é assim, a igualdade faz do conceito nobre algo ruim e sai perolas como o funk carioca que nada mais é que a síntese da moral de rebanho, a síntese daquilo que chamamos de perversão, mas nada é do que o inverso de uma moral judaico-cristã e ainda, atrelado nela. Por que? Porque tudo que combatemos acreditamos, mas tudo que não combatemos não acreditamos porque desprezamos. Não é a toa que Nietzsche diz no final do prefacio do Anticristo: “Muito bem! Apenas esses são meus leitores, meus verdadeiros leitores, meus leitores predestinados: que importância tem o resto? – O resto é somente a humanidade. – É preciso tornar-se superior à humanidade em poder, em grandeza de alma – em desprezo...”. O desprezo aquilo que é humano, pouco nobre, pouco a vida orgânica, pouco o que nos faz os instintos de trazer a verdadeira sina do ser humano.


Portanto, não se pode fazer essa mescla porque vão tentar misturar água e vinagre, pois, água e vinagre não se misturam. O D2 e Nietzsche são antônimos. 

Amauri Nolasco Sanches Junior - filosofo 



Do Berço Para A Escravidão

Dois mil anos gordos como maníacos
Despojaram nossa sepultura conjunta
Agora que segunda vinda necrófaga volta
Do berço para a escravidão?

Constelações crescentes
Pregam os cintos que açoita o céu
Enquanto a lua amarga de inverno
Ronda a nuvem, olhos mortos
Como a carne instável da mãe
Sob o matricídio de seda

Atenta enquanto ela estava no éden
Onde cada roseira e pomar ela eliminou
Escondeu o assobio de uma serpente libido
Num antigo encontro com a catástrofe
Para ser guardado em breve

Ouvir aquele assobio agora na brisa
Como através dos bosques pilhados do jardim carnal
Uma nova golpes de terror mas dez bilhões de almas
São cegos para ver a madeira podre para as árvores

Esse é um tema para um armagedon melhor
Acordes noturnos varrem os céus
Pandemônio

E para que servem as preces para aquele deus?
Enquanto o diabo late o consenso para o espaço para mijar
Na fé que queima
E no rosto em decomposição
Deste mundo que há muito tempo é um paraíso perdido

Este é o fim de tudo
Ouvir o chora crescente de que uma nova aurora porão

Dança macabra embaixo da luta do zodíaco
Agora estrelas mais brilhantes refletirão no nosso destino
Que natividades doentes serão libertadas quando aquelas luzes queimarem preto?
O lado escuro do espelho sempre jogou nossa maldade de volta

Eu vejo a serpente nos seus olhos
A natureza da besta enquanto as revelações chegam

Nossos gritos alcançarão os anjos
Para que aqueles condenados nas chamas repaguem
Todos os pecadores perdem seu destino no dia do julgamento
Nós devíamos ter partido no calvário
Mas nossos corações como cruzes pesadas guardaram a crença inútil
Salvação, como uma nação prometida
Brilhou uma exigência...

Este é o fim de tudo o que você conheceu
Enterrada como razão derrotada
A morte é estação
Dirija como a neve errante

Paz, uma amante frágil, deixou-nos fantasiando a guerra
De joelhos ou outra maldita praia
Saudando carne nova
Leu, depois rugiu
Para uma cruz corrompida e uma causa sagrada
Que mais será chicoteado para o frenesi?

Este é o fim de tudo
Crie as tragédias
Que o serafim cantará

Velhos adversários
Ao lado da eva
Agora eles estão arranhando de volta
Eu sinto o cheiro do orgasmo deles
Através de vidraças de carne cobertas de teia
Guiados pela morte grisalha
Eles nunca partiram
Sonhando com sodomias
Para impressionar o fracasso humano
Quando nós sangramos nos nossos joelhos

Tablaturas de lei do cascalho
Verão gehennah pavimentada
Quando os impérios caem
E os pesadelos rastejam
Do berço até a escravidão

Esse é o fim de tudo