Essa é uma pergunta muito estranha para um grupo de filosofia, porque primeiro se há um objetivo tem que ter um objeto que a consciência coloca como um objetivo daquilo que se objeta. E depois, a filosofia não pode ser um objeto porque a essência do termo filosofia é grego, ou seja, é a junção de “philia” (um amor de amizade, amigo) com o termo “sophia” (sabedoria), e assim, não há meios de ser um objeto porque não tem um objetivo explicito aqui. Por que? Porque a “philosophia” é uma sensação de se aproximar a sabedoria além do senso comum, dos pensamentos que dominam o ser humano e pode sim, levar ao homem ao questionamento certo para o momento certo. O mais importante do que isso é que sim, a essência de ser um “philosophós” é buscar metafisicamente, respostas sobre tudo e sobre o porquê que tudo existe e o porque tudo apareceu.
Não à toa que que o primeiro ato de Deus, segundo a bíblia, foi
formar a luz, pois com a luz a realidade se fez existência. Tudo que
existe é fruto de um ato, e talvez, um ato de pensar e formar tudo
que existe como um único meio de realizar a evolução e
experimentar sensações que não conhecemos e algumas, conhecemos. O
ato de pensar é um ato único dentro das inúmeras especies que
vivem no nosso mundo, que o homem, pelo menos é o que sabemos até
agora, tem como defesa e tem como forma de encontrar refugio dentro
das inúmeras invenções tecnológicas ao longo de sua historia. Mas
ao mesmo tempo, sempre questionou o motivo do próprio homem estar
inserido no mundo e sempre, num ato totalmente filosófico,
questionou as bases das explicações tão simplórias dentro da
religião vigente. Ao mesmo tempo que o primeiro ato de Deus foi
fazer a luz – até podemos colocar como um ato, talvez, até da
formação de Lúcifer (aquele que porta a luz) – ao mesmo tempo
condena Lúcifer por questioná-lo, e num segundo momento, de
condenar o homem ao “pecado” de comer da arvore da sabedoria como
se ele quisesse ser só ele a soberania de ser sábio. Mas Jesus
Cristo esclarece – claro que nenhum cristão entendeu – que
aquilo de Lúcifer e aquilo de Adão e a arvore do conhecimento, não
existem e só foi uma artimanha para os “doutores da lei” acharem
meios de dominação para com o povo. Só lemos os quatro evangelhos
canônicos e os apócrifos. Poderia dar uma gama de exemplos, mas
darei um só para o texto não ficar enorme. Quando ele fala “sai
de mim satanás” ele está dizendo para sair o inimigo, aquele
sentimento que pode atrair coisas que ainda não entendemos e pode,
por ventura, alimentar o sentimento de submissão e devoção quase
cega ou cega.
A filosofia não é a reversão dessa cegueira (está nos evangelhos
que Jesus curava os cegos), mas os óculos que podem fazer o ser
humano, enxergar um meio para reverter essa cegueira. Vocês acham
que quem luta por ideologias são pessoas esclarecidas? Vocês acham
que ficarem trancafiados em igrejas vão se esclarecer
espiritualmente? Não vão. Primeiro que se iludem com a sensação
de liberdade, de poder fazer o que se quer e pensar o que quiser, não
é bem assim. Depois temos que pelo menos ter o dever ético de
seguir aquilo verdadeiramente, porque se você segue o que te
interessa para mim cheira a canalhice não muito diferente do que os
políticos fazem em Brasília. E a filosofia vê isso de uma forma
muito acima do que o pessoal está acostumado, porque a filosofia é
o questionamento de tudo que o ser humano faz intelectualmente e não,
achar que a filosofia deve seguir um ramo ideológico ou religioso.
Há
muitos problemas dentro do Brasil que estão interligados dentro da
filosofia, porem, muitos desses problema são distorcidos e colocados
em ideologias que só uma minoria tem acesso.
Não perguntamos o objetivo da filosofia, mas a filosofia de todos os
objetivos que possamos ter dentro da sociedade humana. Vamos
simplificar a explicação: o importante não é colocar a filosofia
com um objetivo (objectivo) definido e com um significado – como se
a “philosophia” tivesse um significado apenas – mas devemos
analisar, para responder a pergunta, a intenção do filósofo
(philosophós) que propõem a discussão ou a critica. A filosofia
não é apenas uma amizade com a sabedoria, ela é o ato de chegar
até ela (a sabedoria) e até voltar a analisar a própria filosofia
no intuito de levar aquele que analisou ou colocou como objeto
definido, num momento de desconstruir esse objeto. É como construir
um objeto errado e depois que viu que estava errado, desconstruir
aquilo para, talvez, acertar a construção desse objeto. Mas ainda
podemos perguntar: existe um certo e um errado dentro da essência do
pensamento ou na intencionalidade do ato de pensar? Não, porque não
existe uma verdade absoluta. Não existe verdades únicas em nada,
porque tudo muda e tudo se transforma em uma outra coisa e essa
pergunta, pode e vai mudar a intenção de analise do ato de
filosofar. No fenômeno de filosofar está o objetivo inserido no
filosofar e o filosofar vai abrir a critica do ato ou pensamento
analisado, fazendo com que a intenção do outro pensamento também
vir a voga. Em essência, a filosofia não tem um objetivo porque
existe uma sabedoria perene a ser alcançada que abrange todas as
áreas e não tem essa que as coisas abstratas não podem ser
pensadas, porque sim, podem.
Talvez o objetivo da filosofia é a ascensão do homem enquanto
essência da energia primordial (que realizou o Big Bang), e que dado
o momento, realizou a junção entre matéria e essa energia. Pode
parecer mistico, mas sendo nós energia e a vida ser uma junção
dessa fração de energia, não tomamo como mistico, algo real e
único. Filosofia é isso.
Amauri Nolasco Sanches Junior, 39, escritor/filosofo autor de
Liberdade e Deficiência e O Caminho