Há uma discussão sobre a origem da filosofia, mas, a meu ver, a filosofia é grega. Poderemos até mesmo discutir a influência de outras culturas dentro da filosofia - como as orientais e as africanas com a egípcia - mas, a filosofia em racionalidade é grega. A extrema-direita quando quer mudar a história chama-se revisionista, mas a esquerda quando quer mudar a história é reparação histórica? Não que a extrema-direita esteja certa - muitos deles ficam no passado que nunca existiu e são chamados de reacionários - mas, mudar a história e aquilo que foi (certo ou errado dentro de uma visão mais humanitária) de fato, não vai apagar as questões consideradas erradas. O fato de a África ser explorada desde muito tempo - desde Roma? - não faz sentido mudar tudo para os africanos se sentirem confortáveis e não vão, vão separar a humanidade e se esquecem que somos uma espécie só. A questão é que só muda o fenótipo de cada região por causa de características climáticas e de ambiente que trazem características únicas
Já no termo “philiasophós” se entende como uma amizade íntima com a sabedoria, pois “philia” queria dizer (ou ainda é) amizade no sentido de um amigo íntimo. E se o termo é grego no sentido de dar um conceito dentro da parte de uma matéria (como conhecimento), então, no sentido restrito, “philiasophós” é aquele que conversa com a sabedoria. Nesse ínterim, não podemos negar que muitas outras regiões do mundo têm suas sabedorias milenares dentro de sua cultura e valores espirituais e culturais se formam. Por isso mesmo, no século dezenove, Nietzsche vai dizer que “Deus está morto” por a humanidade destruir seus valores intrínsecos em nome de um sistema que escraviza e faz muito poucos terem poder e luxo. O aristocrata de Nietzsche não tem a ver do aristocrata das posses, mas, da alma em não ser mais um da multidão (espírito de rebanho).
O pensamento ocidental foi “forjado” com a forja da bigorna da realidade enquanto origem das coisas (pré-socráticas) e a marreta que bate o pensamento é a maiêutica socrática. Se por um lado a ciência discute os pré-socráticos, por outro lado, a filosofia (na parte ética) discute Sócrates, Platão e Aristóteles. E não tem muito o que discutir, porque quem não entendeu a filosofia clássica, dificilmente vai entender a filosofia moderna e pós-moderna. Porque tem a ver com nossas origens e a fermentação, tanto do vinho (feito de uvas) quanto da cerveja (cevada) tem também a ver com nossas origens mais primitivas. Tanto, que não se sabe nem onde ou quem que fez o primeiro vinho ou a primeira cerveja. Mas, não é o mesmo que hoje temos. E sempre a humanidade procurou fugir da realidade objetiva que estamos (como corpos dentro de um período de tempo) para transcender essa realidade e ir para outra com substâncias que alteram os sentidos. Ou como ritual, ou como uma fuga dos problemas que o assolam.
Nesse sentido, faz sentido dizer que a racionalidade existe quando se está em estado alterado? Será que as pessoas ficam mais inteligentes? Talvez, sem medo de erro, estar em estado alterado não pode mostrar a verdade e sim só uma outra percepção da realidade. Daí uma pergunta inevitável: o que é a realidade? É aquilo que percebemos como linguagem (todas as coisas tem um nome) ou a realidade esta além dessa percepção? Talvez - isso está muito inserido na epistemologia e na fenomenologia - a questão entra na cerne do problema da filosofia, porque desde a sua origem (Tales e seu húmido) tem a ver com achar a verdade. Verdade em grego seria “aletheia” que queria dizer não-oculto e aquilo que se desvela dentro daquilo que está escondido, como o ser humano que quebra as correntes e sai da caverna e vê a outra realidade. não com subterfúgios alucinógenos, mas o conhecimento. Portanto, bêbados ou drogados são escravos do mesmo modo de um sistema que explora.
O meme que esta um superman bizarro (como estudante de filosofia), o superman (como mestre em filosofia) e em baixo, ultra-superman (como o amigo bêbado) mostra que um bêbado tivesse mais sabedoria que uma pessoa que estudou e está consciente. Há uma discussão de muitos anos sobre o que seria a consciência e o que faz nós - seres humanos - sermos conscientes da nossa realidade. Ou indutivamente, ou por causa da nossa capacidade racionalizada de perceber as coisas. O “cogito ergo sun” cartesiano é a percepção que a única certeza que temos é nossa consciência, e assim, se não tivermos percepção da nossa consciência de pensar e de percepção. O conhecimento (em um modo de estudo) tem a sutileza de mostrar a elevação de uma percepção muito além daquilo que se quer mostrar. Por isso que digo: se é para pensar ou agir como todo mundo, porque eu faria todo esse percurso de aprendizado.
O conhecimento nos torna muito mais seletivos, sem se importar se está ou não como os outros. O outro só é uma entidade que interage com nossa realidade. E, por outro lado, nossa mãe sempre ensinou: “você não é igual todo mundo”. Por que? No mundo de hoje, ser como “todo mundo” quer dizer ser mais um na multidão, não se esforça em crescer, não se esforça em evoluir, não se esforça em ser o diferencial de um mundo cada vez mais padronizado com pensamentos homogêneos. Ser um bêbado é ser mais um da multidão.