sábado, março 07, 2020

A Birrinha opositora




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Um pensamento que acabo de ler do Instagram do Leandro Karnal, é que o rebanho odeia aquele que pensa diferente, não por causa da sua opinião, mas, a audácia de querer pensar por si mesmo, coisa que eles não sabem fazer. Exato. Foi assim com Sócrates, Jesus e outros, que ousaram pensar diferente da massa, morreram. Mas, esse ódio não é qualquer ódio, o ódio da grande massa por ousar pensar diferente, sempre é, um ódio da liberdade que aquele goza por não depender de uma aceitação social. A questão é: eu quero ser eu mesmo ou uso uma mascara social para agradar a sociedade? Sócrates foi ele mesmo, teve uma boa morte sem fugir do seu destino. Assim como Jesus, acreditou fortemente, que tudo que dizia era verdade, aceitou o que estava reservado para ele. Tanto Jesus, como Sócrates, talvez, não sabiam de suas mortes, mas, aceitaram seu destino (aqui quero dizer no sentido como as coisas se transcorreram) porque acreditaram em si mesmo e não queriam aceitação de ninguém. Eles negaram toda a opinião da maioria para pensarem por si mesmo.

A questão não é querer o melhor para o Brasil, a questão é quem tem razão nessa história toda. Não interessa se são os lulopetistas, ou os liberais, ou os bolsonaristas-olavettes, os integralistas (que podemos colocar como vaporwaves), a questão sempre parte do princípio, mas ter razão que está certo. A razão começa com os gregos na filosofia (com os naturalistas) com o termo “logos” – que erradamente, se traduziu como palavra graças ao evangelho de João (tem forte influência gnóstica), mas, palavra em grego é lexós – porque a razão dentro da filosofia, tem a ver com um pensamento logico (por isso o termo logos). Ou seja, a questão logica de um pensamento esta acima do sentimentalismo, que só é importante, na questão do relacionamento do outro, já que somos animais gregários. Então, a razão seria um raciocínio que fizesse sentido para quem está explicando e para quem está ouvindo ou lendo. Um algoritmo tem que ter linhas lógicas para que o computador poder ler e executar a tarefa, assim como, as pessoas devem sempre fazer as coisas de ordem lógica para não errarem. Se expressar ou pensar, tem a mesma lógica. No caso do computador, existem a questão dos números binários (0,1) e suas combinações são uma tarefa especifica. A questão é: será a nossa lógica tem a ver com o binarismo da razão? Porque, numa escolha, um computador tem duas opções, mas, nossa consciência tem um número infinito de possibilidades.

Acho, que de alguma forma, os existencialistas (principalmente Sartre), tenha razão de dizer que somos livres para construir aquilo que somos como quisermos e por isso, somos condenados a ser livres. Somos livres para acreditar ou não, nas bravatas dos políticos. Somos livres para escolher nossa religião ou a cor do carro (no meu caso, da minha cadeira de rodas). Mas, antes mesmo de acreditar nessas coisas, temos que filtrar com a duvida outras, negando aquilo que todos acreditam cegamente. Por outro lado, temos que ter cuidado em não confundir ser cético e ser negacionista. O cético duvida numa maneira lógica (ou usando a razão [lógos]), já o negacionista só nega a favor de sua própria crença. A essência do ceticismo é a máxima cartesiana que é “penso, logo existo”, ou seja, posso duvidar a existência de qualquer objeto ou pessoa, mas, eu não posso duvidar da minha própria existência. Não é que temos que duvidar de tudo – mesmo o porquê, se você se jogar em um viaduto vai se estatelar lá em baixo no asfalto. A questão cética não é negar a religião, por exemplo, mas, o porque eu devo acreditar em tal religião. Ai, vários “porquês” aparecem ao longo do processo ate chegar na essência do fato e aí que está a questão existencialista, pois, a construção do ser acontece graças a esses vários “porquês”. A liberdade só acontece a partir da consciência do observado e o objeto observado, sendo total entendido o objetivo do objeto dentro da realidade da consciência que observa. Por isso mesmo, não importa o que fazem com você, mas, o que você mesmo faz o que fazem com você.

Indo adiante, podemos ver que existe o objeto observado que podemos interagir com ele e não podemos interagir com ele. Uma criança não podendo interagir com o objeto da sua vontade (ou porque o pai não compra ou porque a mãe não cede essa vontade), ela começa a chorar e se espernear como se fosse “morrer” se não tiver o objeto do seu desejo. A teimosia de querer tanto esse objeto ao ponto de chorar desse jeito chamamos de “birra”, que como costumava acontecer, deixamos de ter quando ficamos adultos. Acontece, que a nossa sociedade aqui no Brasil, por falta de uma maturidade educacional, ainda fica com “birra”. Se você não concorda com seu politico favorito (que chamamos de minions), ou sua ideologia política, ou sua religião, ele começa a querer ter razão. Para a criança, o objeto de desejo é a vida e querer algo é construir a sua realidade, ela pensa que a realidade dela, é igual dos desenhos ou dos ídolos que ela tenha. Exato. Todo o problema do fanatismo é criar ídolos e nos apegamos a esses ídolos, para criar políticas utópicas, religiões utópicas, ideologias utópicas e se fica nessas utopias. Mas, a realidade é muito além de um ídolo, porque o ídolo é uma construção de outra pessoa com a própria visão dentro dos seus próprios valores.

Quem me lê e quem me conhece sabe, que nesse ponto eu sou nietzschiano e destruir todos os ídolos para, exatamente, aparecer os porquês. Ai você pode questionar: o porque devo seguir tal religião?  O porque deve concordar com tal ideologia? O porque deve seguir tal pensamento? Ser cético é duvidar, ate mesmo, daquilo que achamos ser verdade e não existe verdades absolutas e sim, verdades relativas dentro dos próprios valores. Essas variações podem pautar escolhas e as escolhas não podem ser pautadas dentro do sentimentalismo, ou o pensamento idolatra social.


Amauri Nolasco Sanches Junior

domingo, março 01, 2020

Ser você mesmo num país da 'manadas'



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E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem?
E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas.
Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou?
E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus.

Mateus 16:13-17

Há muito tempo que venho observado que o nosso povo gosta de agradar os outros e sempre se rendem a religiões vigentes ou não, ou ideologias que nada tem a ver com o que gosta ou que faz. Ora, existe a mentira e a verdade, o que você é como ente que pensa e percebe a realidade e aquele que não é, se transveste de um ser social que não é. Na realidade, nem podemos saber o que é verdade ou que não seja verdade, porque não sabemos qual a natureza da nossa própria natureza do nosso eu (ego). Há um erro muito grave em dizer que o ego que o budismo – em parte os ensinamentos de jesus também – é o eu que emana da natureza da nossa consciência. Não é. O ego que o budismo quer que dissolvemos é o ego falso, o ego que é fabricado com as regras sociais que ao invés de colocar o ser humano no caminho da verdadeira evolução, coloca no caminho onde o poder quer que ele fique. Afinal, será que vale a pena seguir multidões por causa de uma religião ou uma simples ideologia e deixar nossa natureza e a nossa opinião?

Nietzsche – filósofo alemão do século dezenove – dizia que a verdade era uma questão de linguagem, que era apenas um discurso para todos não ficarem brigando um com os outros. Igual a filosofia de Hobbes quando ele dizia que há um contrato, leis e o ESTADO para controlar a natureza humana como seres que estão sempre em conflito. Mas, há um erro grave, se a verdade é só uma questão de linguagem para o poder dominar, então, tudo seria uma subjetividade? Uma maçã, por exemplo, que podemos estar vendo, nada mais é, do que um objeto que estamos vendo e sabemos que se chama maçã. O verdadeiro, aquilo que achamos ser a realidade, nada mais é do que o conceito do objeto (que daremos um nome) e o objetivo (que daremos uma colocação dessa realidade). Portanto, a realidade (como verdade) são os valores que damos ao objeto dando a ele, o objetivo necessário para ele ser real. Quem estuda e gosta de exatas (como lógicos e matemáticos), vão dizer que a verdade é 2+2, mas, se fomos muito além da operação de soma, 4 pode ser varias coisas. 1, 50 + 1,50 dará na mesma forma, 4. A verdade ali se fragmentou em uma outra verdade, porque tanto 2+2, quanto 1,50+1,50, são 4 e a verdade que era única, ficou como duas verdades.

Se, realmente, a verdade seja como Nietzsche colocou como algo que depende de um discurso, a maçã sé um nome vago de um objeto que definimos como maçã. Assim como, 4 seja apenas um algarismo que são valores que demos a varias coisas. Por que não, numa outra galáxia, pode ter seres inteligentes que tem outras mecânicas de contagem? Então, o 4 é um caractere para designar um certo numero de objetos e, afinal, é um meio de linguagem para explicar aquilo. Assim, Nietzsche teria razão que é uma questão de dominação linguística, pois, alguém de um passado remoto imaginou um caractere que designava 4 e esse caractere dominou todo o entendimento do numero quatro. Por outro lado, podemos escrever “neve” ou “snow” e acabara designando o elemento neve como uma realidade. Porque a linguagem acaba sendo algo subjetivo dentro de uma certa ordem cultural, porém, a neve é neve acima do termo designado. Nietzsche, talvez, pensou em termos e uma linguagem mais cotidiana e menos formal ou ate mesmo, uma linguagem religiosa e racional (no sentido de racionalismo), que nos limita a obedecer a certas sentenças que são moralizantes e moralistas.

Ser você mesmo é buscar o nosso ego transcendental de ser você mesmo dentro dos fenômenos da realidade objetiva, sem ser dominado, por uma linguagem dominante. Ou seja, existem certas marcas de dominação social dentro da própria linguagem. Por exemplo, minha mãe nunca ensinou a nós – eu e meus irmãos – pedir “benção” para ela e meu pai (mesmo o porquê, nunca fez questão de nenhuma religião e levar seus filhos para uma), mas, por outro lado, pedia para meus avós. O “pedir benção” é um meio para se educar um filho para a dominação social, porque ele vai aprender a ser domesticado e a seguir a religião dominante. Assim, o “pedir benção” é a expressão clara da opressão social, pois, eu posso não querer “pedir” e vou ser julgado como um desrespeitoso. Mas, o “pedir benção” não é garantia nenhuma de respeito. Ter ou não respeito não tem o mesmo significado de amor, você ama e dentro desse amor já há respeito e consideração e se você precisa de provas desse amor, você está dominando. Não é porque não pedia “benção” para minha mãe, que não respeitava ela (como respeito como espirito). Na verdade, talvez, o “pedir benção” para ela, era apenas palavras que não demonstravam nada e ela não precisava disso para saber do amor e do respeito dos seus filhos. Talvez, Suzana von Richthofen poderia sempre “pedir benção” para seus pais, que não impediu que matasse eles. Portanto, até aqui, Nietzsche tem uma certa razão de desconfiar que certas colocações linguísticas são dominadoras.

Mas, o que seria o mentiroso? Ora, o mentiroso é aquele que usa os termos para definir uma realidade é, sendo que, ela não é. Por exemplo, ele pode dizer que “gosta” de alguém e na verdade, não gostar dessa pessoa, pois, se coloca como uma pessoa que cria uma personalidade que não é dele. Mesmo o porquê, como Nietzsche, também acho que o problema não está na ilusão para o sujeito comum, mas os efeitos negativos que ela pode deixar dentro de uma linguagem. Como no exemplo do mentiroso, ele dizer que “gosta” de certa pessoa e na verdade, ele não “gosta”, não é o problema, porque isso só vai acarretar uma desconfiança nele. O problema é a massificação desse tipo de vicio na linguagem, como se todo mundo “tem que” dizer que gosta, porque começa a ser uma tradição cultural. A massificação da mentira. Essa massificação da mentira é apenas o que Kant colocou em seu imperativo categórico, ou seja, faça de suas atitudes coisas que possam ser universais. Então, quando colocamos que existem questões linguísticas dentro da ética e da moral (embora dicionários e enciclopédias dizem ser a mesma coisa, não são não), dizemos que há um interesse dominador dentro de carapaças moralizadoras. Mas, cuidado, existem certas linguagens que tentam quebrar as amarras de linguagens dominantes, que de certa forma, são também atitudes e uma linguagem dominante do mesmo modo.

Podemos usar o funk carioca como exemplo. Suas musicas tentam quebrar a linguagem dominante da moralidade, mas, cai exatamente, na massificação da mentira. Mesmo o porquê, a essência do funk é sempre questionar a moralidade vigente e a cultura burguesa. A questão é: quando você diz que vai “passar o rodo na novinha” – estou dando um exemplo bem mais leve – você não está incentivando anda mais a questão machista de ser o “macho” da espécie? Não seria invasão do corpo da “novinha”? Aí vamos voltar ao caso do mentiroso, porque a música diz que questiona uma certa opressão, mas, acaba, ao mesmo tempo, oprimindo a “novinha” à ceder ao “machinho” copular e invadir o seu corpo (que é uma propriedade dela). Como a questão religiosa dominante do “pedir benção”, a questão da liberdade é uma questão de questionar os questionamentos de uma massificação linguística de certos nichos que tem uma visão ilusória que estão questionando uma opressão. A liberdade tem o mesmo problema da verdade. Vamos colocar dessa forma: a “novinha” (aquilo que se deseja) esteja apenas ali para dançar e não para outras coisas (sexo?), mas, existe o objeto e o objetivo, o objeto é a “novinha” e o objetivo é “passar o rodo”. Qual a liberdade existe nesse caso? Pode a “novinha” não ter nenhuma escolha a não ser ceder?

Podemos definir como liberdade uma condição de ação e reação dos atos humanos, porque só o ser humano tem a consciência da sua realidade. Sartre – filósofo francês contemporâneo – dizia que o homem nasceu livre, ou seja, existe uma condição de escolha e dessa escolha vai definir o que é ou não. Então, temos duas definições: uma de Nietzsche de linguagem e outra de Sartre ontológica. Mas, todas as duas, desemboca da verdade e na liberdade. Liberdade dois aspectos: primeiro é o aspecto de conhecer quem você mesmo é e isso torna a consciência, de dentro para fora. O eu cogito (que podemos colocar como eu transcendental), se vê primeiro do que a realidade em volta de si e ai sim, se volta ao objeto externo. Ou seja, o ser se encontra como ser, pensante para perceber o outro como objeto e o objetivo desse objeto. Segundo perceber que se eu existo como base de minha própria consciência de uma realidade única e minha (porque até mesmo a consciência é algo individual) e assim, perceber nossa própria existência. Ai começa minha própria filosofia do NÃO (ou como passei a chamar, A Tese do Individualismo Consciente). Pois, quando você nega coisas que você não tem vontade ou nega fazer as vontades alheiras sem ter vontade, você faz escolhas e essas escolhas vão filtrando até chegar a tua verdade construindo a sua realidade. Chegamos ao subjetivismo? Não. Ainda o subjetivismo vai aceitar algumas amarras sociais e vai despertar algumas ilusões daquilo que aceitou como verdade posta, sem ver, que há verdades espontâneas.

Como na passagem que coloquei no começo do texto, Jesus quis saber o que as pessoas diziam dele e Pedro disse o que ele era realmente e Jesus disse que Pedro tinha visto não só a aparência física e sim, o seu verdadeiro eu (ego). Quando somos nós mesmos, não precisamos de religião para religar nós ao divino, nem governos que só alienam e nada nos ajudam, mas, se autogovernamos e percebemos que a liberdade que nos “vendem” é uma liberdade ilusória. Não diferente do filme Matrix.

Amauri Nolasco Sanches Junior




quinta-feira, fevereiro 20, 2020

A brincadeira de rasteirinha: muito mimo e pouca educação




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”O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele.” Immanuel Kant

Data feita, eu fiz uma reflexão com meu Facebook por causa de um fato que envolvia minha sobrinha – que tem autismo – e que vai numa escola regular sem ser especial. Porque minha irmã disse que ela não chora, fica na escola sem a mãe e as outras crianças começam a fazer birra, chorar e querer a mãe. Logico, como vimos no mundo de hoje, as mães criam seus filhos como se fossem reis ou rainhas, e que é muito pior, dão a eles o poder que não devem ter. por que? Quando atingem os pais, eu acho que é a lei do retorno, ou seja, você investiu para seu filho ser assim. O problema é quando ele acha que toda a sociedade tem que lhe servir, começam a fazer coisas que não devem, começam a dizer coisas e fazer coisas que tinham do seu conceito distorcido. A questão é: se o conceito de educação é mostrar a realidade, estamos mostrando a realidade aos jovens ou estamos mostrando uma realidade idealizada?

Tenho meus 43 anos e vi a degeneração da cultura gradualmente, com a mídia que queria ou quer, impor tendências. Nunca achei importante seguir uma tendência, nem mesmo, quando eu era adolescente. Quando todos gostavam de lambada – que aliás, a degeneração cultural começa muito antes com o conjunto porto-riquenho Menudo – eu começava a ouvir Guns N' Roses e gostava de rock. Nunca gostei de seguir nenhuma tendência. Por que? Sempre achei que as tendências eram limitadoras porque elas simplificavam uma ideia e depois massificava como se fosse verdade, como se todo mundo gostasse de tal estilo musical. Mas, a tendência também tem a ver com a ideologia e a religiosidade, que limita do mesmo modo. Se você é comunista não vai ver pontos positivos no liberalismo, assim como um liberal, não vai ver pontos positivos dentro do comunismo. Quem é evangélico, nunca vai ver pontos positivos no espiritismo, muito embora, a maioria dos espiritas vem o espiritismo como um espirito consolador que não vê pontos positivos nas religiões cristãs. Tanto nas ideologias tem pontos positivos, como na religiosidade. As ideologias políticas e as religiões, são apenas um meio para um fim, ou seja, acabam sem apenas um instrumento a chegar num resultado final.  O bem da humanidade e o encontro do divino.

Só que tendência é um modo de alienação, porque para o povo ser anestesiado, tem que dar um tipo de anestesia. A massificação – isso aconteceu nos períodos do socialismo soviético, do nazismo alemão e no fascismo italiano, fora o fascismo ibérico e o Estado Novo por aqui – se anula o individual (neutralizando o indivíduo) para dominar a grande massa pelo prazer de uma ideia que ela gosta. As imagens agradáveis e a música que traz alegria e não traz a realidade (não, o funk não traz a realidade) dentro de uma massa que sofre a realidade e não aceita ela. É mais alegre e gostoso ouvi uma música que mostra o amor, porque achamos o amor gostoso graças a ideia romântica do amor eterno, do amor que não tem brigas e os dois namoram sempre. É mais prazeroso ouvi uma musica que explora o sexo, porque o sexo dará prazer e sempre deu, mas, não traz as consequências. A gravidez é as menores delas, porém, não pouco preocupante. Quem quer ouvir musicas que mostram a realidade ou que nos fazem refletir? Ou que, pelo menos, não são degradantes para o ser humano?

A tendência sempre vai nos amarrar a uma realidade fictícia. As sombras platônicas que são só projeções de pessoas que estão por traz do fogo, sempre construindo essas sombras. A atitude não é nem sair de botinão (o conhecido coturno), camiseta preta, ou shortinho curto e miniblusa, e sim, vem da quebra das próprias tendências. Aí voltamos aquela pergunta: o que será a realidade? Será que a minha realidade tem a ver com a realidade do outro? Eu gosto, particularmente, do método cartesiano do “penso, logo eu existo” (no livro que tenho da editora Cultura (Os Pensadores) tem esse “eu”). Se eu estou pensando e a partir do meu pensamento eu percebo o teclado do meu computador, primeiro eu não posso duvidar da minha existência porque sou aquilo que eu existo para ter essa percepção. Eu posso duvidar de tudo ao meu redor, mas, não posso me duvidar. Se posso duvidar de tudo, então, eu posso fazer a seguinte pergunta: por que eu tenho que seguir a tendência tal? Se sou contra o sistema, por que eu colaboro com a grande mídia gostando das mesmas bandas que aparecem na mídia?

Dai entra a filosofia do NÃO. A grande maioria segue tendências, porque não gosta de ser excluído. Nosso povo, em sua maioria, não gosta de cara feia. Isso demonstra desprezo com a pessoa dele.  Então, ele tende em gostar o que a maioria gosta para não confrontar, ser aceito e muitas vezes, nem gosta daquilo. Por exemplo, muitos sertanejos que cantam a música da tendência, gostam de rock. Mas, eles descobriram um nicho – porque o pai colocou para cantar essas músicas dês de cedo – e ganham dinheiro nesse nicho. Isso é se trair, ou seja, trair o seu ser para ter, que não é diferente, de se prostituir sexualmente. Única diferença é que você ganha dinheiro cantando o que gostam, assim, alimentando essa massificação. Muitas pessoas adotaram serem ecléticas, mas, ser eclético é não gostar de nada. Mesmo o porquê, se você for analisar bastante fundo, você gostar de tudo é um modo de não desagradar ninguém. Ou seja, você relativiza o gosto ao ponto de classificar a massificação como benéfica, mas, o oposto a democracia é a massificação e o coletivismo que destrói o individuo como uma pessoa autônoma.

A minha filosofia do NÃO ou a tese do individualismo consciente, é, totalmente, cartesiana. Por que? Porque tem a ver com o gosto e a vontade que expressa no seu consciente para pensar e analisar a realidade. Quando dissemos que NÃO queremos um cachorro quente e sim, um hambúrguer, estamos expressando o nosso querer projetando a nossa vontade. Entre rock e axé, eu prefiro rock, pois, há elementos peculiares que me fazem querer ouvir rock ao invés de axé. Porem, o gosto da maioria está além daquilo que chamamos de gosto individual, porque é repetida varias musicas ate o publico aceitar aquilo. Ou porque é mais fácil ouvi aquilo, porque são frases curtas e não requer o esforço do pensar.

A cada NÃO que você diz, você chega à essência de uma só realidade e chegando a essência de uma só realidade, você chega a seus valores éticos e morais. Não estou falando de moralismo, pois, o moralismo é uma imposição de um conceito religioso que acaba sendo uma massificação do mesmo modo. Mas, estou falando da verdadeira moral, que degrada e degenera o ser humano deixando-o menos crítico, para não questionar os políticos, quem detém o poder. Por que será que deixaram as escolas sem investimento? Tentam tirar filosofia e sociologia do currículo escolar? Para os jovens serem menos críticos? E nem estou falando de governo (Bolsonaro), mesmo o porquê, quanto o PT viu que estavam questionando muito seu governo, também tentou tirar. A questão sempre envolve o poder e o senso critico e o senso crítico é o NÃO que demos. Porque a negação da realidade de modo critico, fará sempre um ser humano mais inteligente.

A modinha da brincadeira de rasteirinha só é a massificação e a constatação que os jovens não sabem brincar, pois, acham que a vida é um grande videogame. Mas, não é, porque se você se machucou ou se matou, não tem como reiniciar a vida, ela se foi. Mesmo quem acredita na reencarnação, como eu, sabe que a vida é uma só, foi uma oportunidade de aprendizado que tivemos. Portanto, a cada indivíduo resta analisar aquilo que gosta e aquilo que não gosta.


Amauri Nolasco Sanches junior
Publicidade, técnico de informática e filosofo

quarta-feira, janeiro 22, 2020

Quando abro o Twitter, eu lembro da minha quarta série na AACD





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Amauri Nolasco Sanches Junior


Quando temos uma opinião, nós usamos só o achismo e não temos o hábito de ficar pesquisando para encontrar o assunto, ler e tirar suas conclusões. Kant — filósofo do século dezoito — já dizia que a maioria estava na minoridade, por pura acomodação. Esse é o ponto: as pessoas são acomodadas de pensar e ler sobre o assunto, ou até mesmo, abrir um livro para estudar o assunto ou outro do seu interesse. Dai o nome do meu artigo, porque quando somos crianças — pré-adolescentes — sempre levamos nossas discussões ao patamar de querer ter razão. Ai que chegamos no problema, se não se lê e não se saiu da adolescência, temos redes sociais tóxicas.
O que é um ambiente tóxico? Um ambiente fanático, onde as pessoas não tem dialogo e a maioria não quer ler o outro em suas respostas, são ambientes tóxicos e podem mexer com seu intelecto. Já faz um bom tempo, venho aderindo a filosofia de algumas pessoas de entrar muito pouco nas redes sociais, porque existem coisas inaceitáveis. Dois pensamentos me vem na cabeça, um do filósofo italiano Umberto Eco e o outro, Edmund Baumam. Eco disse que a internet abriu as porcas para os imbecis por causa de um pensamento bastante simples, porque essas coisas estavam confinadas em um grupo de pessoas nas periferias. Eu sei, porque eu sempre morei nas periferias e o vocabulario é muito parecido. As pessoas sabem de uma forma superficial — ainda mais no Brasil que o ensino é fraco — e acham que tudo aquilo que elas entenderam, são o que há de verdade e a verdade é muito complexa. De uma forma imanente (do mundo) ou de forma transcendente (do espiritual). E assim, quando Pôncio Pilatos pergunta para Jesus o que é a verdade, Jesus se cala como se a verdade fosse algo de cada pessoa.
Ora, o filósofo por definição é o amante da sabedoria, mas, ele tem que achar a verdadeira sabedoria e para isso, tem que encontrar meios de alcançar o seu objetivo. A questão sempre rodeia entre a verdade e a sabedoria, porque a sabedoria é o norte para encontrar a verdade, porém, para achar a sabedoria temos que ter conhecimento. Mas, o conhecimento por si mesmo, não é o bastante para ater o encontro da sabedoria, a filtragem desse conhecimento é importante. Sabemos que a chamada “Peneira de Sócrates” não é de Sócrates, mas, faz um resumo muito fiel da filosofia socrática. Se aquilo é verdade, se aquilo é bom e aquilo é necessário. Vamos pegar a biografia da Anitta como exemplo, como se aquilo é fato. Porque, para valorizar um artista, você começa a inventar mitos sobre ele. Aconteceu isso com Jesus, por exemplo, como aconteceu com outras figuras da história do mundo e temos que tomar cuidado com isso. Isso vai gerar uma bondade no nível de ser algo a ser seguido e para ser feliz lendo? Porque pode gerar uma pressão tão grande, que pode gerar uma ansiedade e pode gerar uma depressão, gerando o suicídio (desistência da vida). Porque nem todo mundo consegue ser cantor e consegue gravar em uma grande gravadora. E tem a necessidade de saber da vida da Anitta, não vai agregar nada.
O conhecimento, nesse caso, não vai trazer nenhuma sabedoria, no máximo, uma informação sobre uma pessoa famosa. É o que acontece nas redes sociais, não é importante se um governante cheira cocaína ou maconha, mas, o que ele fez dentro daquilo que ele faz no setor publico. Não interessa se a pessoa é gorda ou deficiente e sim, o caráter de fazer ou não fazer algo que prejudica o outro de alguma maneira. Há, pessoas com deficiência mal-caráter, existem pessoas gordas com mal-caráter, o que vale é descobrir a hipocrisia e assim, você chega a sabedoria. Porque você chega a verdade e a essência daquilo.
Falar a verdade do que a maioria dos evangélicos de não seguir verdadeiramente o cristianismo, não é falar mal do protestantismo como um todo. A busca da essência tem que ser uma busca cirúrgica, porque mexe com várias formas de ser hipócrita e pessoas que nem sabem do que estão seguindo. A maioria nem sabe o que é comunismo, nem conservadorismo ou ser liberal, porque muito poucos lê sobre. O comunismo foi demonizado por causa dos seguidores do filósofo Olavo de Carvalho — trágico e paranoico — que diz que há um plano de uma dominação comunista. Do mesmo modo, um liberal é um liberal, um conservador é um conservador. Porque o liberalismo não é só uma filosofia econômica e sim, de comportamento cultural. Assim como o conservadorismo não é só na parte da moral. Então, como fazer? Será que não é um moralismo transvestido de conservadorismo?
É só uma reflexão.

quarta-feira, janeiro 15, 2020

Na ‘Filosofia Pop’ a Marilena Chauí fica de fora




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Amauri Nolasco Sanches Junior


Estávamos discutindo sobre o artigo do filósofo Luiz Felipe Pondé chamado “A princesa sem sexo” — que o filósofo fala que a Frozen é chata e é mesmo — e apareceu, como aparece em qualquer grupo de filosofia, a expressão “filósofo pop”. Como eu sempre fiquei intrigado com essa expressão, resolvi perguntar: o que seria um filósofo pop? Será que os verdadeiros filósofos são os acadêmicos que escrevem como se o mundo todo fosse da academia? Aliás, como aconteceu com várias filosofias, como aconteceu com vários ensinamentos (como de Jesus e de Buda, por exemplo), a academia também teve suas distorções desde Platão. Acho que Platão odiaria o tipo de academia que se tornou hoje as faculdades e universidades.
Vamos a cerne da questão, porque é importante deixar bastante claro o que pop. Pop é o diminutivo de popular — que Platão chamava de “doxa” — então, tudo que é pop é tudo que o povo conhece e sabe que existe. Madona é pop. Michael Jackson é pop. Iron Maiden é rock. A diferença é que a cultura pop é popular e a maioria aceita, ou não, mas, é conhecida na sua grande maioria. Porém, a expressão “filósofo pop” é uma expressão ao mesmo tempo, irônica e ao mesmo tempo tem os mesmos preconceitos que teve Platão com os sofistas. Platão achava — aliás era uma opinião dele — que o conhecimento deveria ser passado por amor a sabedoria e não em troca de dinheiro, portanto, os sofistas eram mercenários (o que chamamos hoje em dia) porque trocavam seus conhecimentos por alguma quantia. Então, hoje, temos uma escopo enorme de sofistas que dão aula. O próprio Aristóteles, que também não gostava dos sofistas, foi professor do imperador Alexandre Magno (O Grande). Em troca de nada? Só por que o pai dele era médico da família real?
Então, podemos presumir, que a filosofia pop é popular e por ser popular ela perde o cerne da sua existência, ou seja, fazer o ser humano pensar e sair da sua caverna de sombras. Mas, os acadêmicos escrevem muito complicado como se fosse uma seita, quem lê um trabalho ou um livro acadêmico, quase não entende nada. A questão é: para quem escrevem? Para seus pares só? Ai chegamos as várias criticas sobre quatro filósofos daqui: Mario Sérgio Cortella, Clóvis de Barros Filho, Luiz Felipe Pondé e leandro Karnal. Por que só esses quatro filósofos são chamados de “filósofos pop”? Será que tem a ver com a popularidade que eles tem nesses últimos tempos? Talvez, a academia ficou com essa estigma de que tudo que é popular (e não defende um lado ideológico) não pode ser chamado de filosofia, como trabalhos acadêmicos que criam verdadeiros androides que só repetem o que os outros filósofos dizem. Tudo que é original, é pop.
Uma outra questão é: a filósofa Marilena Chauí é famosa, por que ela não é pop? Por que ela não faz críticas ao PT e a esquerda? Aliás, Chauí é uma ativista do PT desde sua fundação, portanto, não é de se estranhar que ele defenda o ex-presidente Lula e outros membros. Além de ser marxista. Ora, para não ser pop não basta ter livros cansativos e de pouco entendimento como uma seita secreta, deve ser marxista e ter uma pauta progressista. É evidente. Não porque defendo a direita — que tem o Olavo de Carvalho com suas paranoias — mas, porque estou refletindo em um julgamento que não passa de uma coisa seletiva. Por quê? Porque se olha em uma visão ideológica e não uma visão racional, sem paixões ou crenças dentro dessa análise. Afinal, crenças não são só pessoas religiosas, mas, pessoas que acreditam cegamente em alguma coisa. Isso inclui as ideologias.
Quando se julga o Pondé, por exemplo, por ter escrito que a Frozen é chata porque congela tudo que está a sua volta, e o chama de filósofo pop, não estão refletindo o texto como um todo. Ele faz, exatamente, o que o povo disse que fez com a Frozen, pois, o que interessa se ela é lésbica ou não em um desenho infantil. Talvez, poderíamos discutir os desenhos dos Estúdios Wall Disney, como chatos e não seguram minha atenção. O que a empresa fez com o Star Wars (que começou com George Lucas tendo surtos de politicamente corretos), foi um crime horrível, robôs de bolinha, bichinhos fofinhos e a linguagem. Começa com “lado sombrio da Força”, porque o “lado negro da Força” ofende, mas, “The Darkside” é o “lado negro da Força”. Isso não quer dizer que estamos chamando todo negro de mal, que os negros são do lado malvado, é um lado escuro de cor negra, cor preta, que é a parte obscura da energia primordial dentro dos seres que a carrega. Nada tem a ver com pessoas de pele negra, que, aliás, merecem muito respeito. E por isso mesmo, tenho uma filosofia seria, filmes dos estúdios Wall Disney, DC e a Marvel não vou ao cinema.
Entre o mundo encantado dos estúdios Wall Disney e o marxismo, não há diferença nenhuma, um mundo belo, igual e que visa sempre a felicidade. Nunca vamos ser felizes.

terça-feira, janeiro 14, 2020

Carlos Bolsonaro acha que é conservador



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Amauri Nolasco Sanches Junior


Uma vez, meu pai, perguntou para serve a filosofia porque estávamos discutindo sobre o governo e ele, que votou no Bolsonaro, estava defendendo o governo. Eu, como um filósofo, defendi uma visão mais crítica e muito mais realista de algumas relações dentro dos ministérios. Mas, tirando as nossas divergências sobre o governo Bolsonaro, acho que meu pai é um conservador de verdade. Porque ele não tem ídolos, ele pode gostar de Beatles, por exemplo, mas, ele pode achar que Lennon era um drogado filho da puta. Ele pode apoiar o Bolsonaro em algumas coisas e em outras, pode fazer críticas e achar que ele deveria ser muito mais radical. Essa visão cética — meu pai não gosta de ler coisas grandes — mostra que meu pai é um conservador de verdade. Não é uma pessoa religiosa porque acha que a maioria vai para a igreja por interesse. Ele apoia a família tradicional, mas, acha que os gays devem ser respeitados e eles deveriam respeitar também. E ele sempre disse e fomos educados assim, você não tem direito nenhum de tocar em uma mulher que não te deu permissão, nem mesmo, se ela tiver pelada no meio da rua.
Por que eu digo isso? Porque o pessoal confunde moralismo com conservadorismo, porque uma visão moral é, completamente, subjetiva a partir de valores que foram construídas suas ideias éticas. Por outro lado, não podemos dizer que só podemos obter valores morais no seio familiar, mas também, em socializações como as religiões. Exato. A diferença de uma pessoa conservadora e uma pessoa que é moralista é que, a pessoa conservadora respeita o individualismo e a liberdade democrática em um respeito multo. A título de exemplo, o modo de pensar do meu pai, que respeita como as pessoas são e respeitou sempre a liberdade dos próprios filhos, em escolher a religião ou ideologia — aliás, meu pai também gosta de alguns pontos da esquerda, mas, vê com cautela mudanças bruscas — sempre falou que deveríamos estudar sempre (ele sempre diz que você não tem que ser bom e sim, ótimo), que você tem que respeitar do mesmo modo que você quer que te respeitem. Mesmo não sendo religioso, adora dizer que os seres humanos deveriam seguir o decálogo de Moisés (aliás, dissemos que são Os Dez Mandamentos, mas, é muito mais do que só dez).
Duas coisas me fizeram escrever sobre o conservadorismo verdadeiro — não o nutella de fundamentalista evangélico sunyta (sim, os radicais não são os xiitas e sim, os sunytas) — são a morte de Róger Scruton e mais uma postagem do Carlos Bolsonaro que deu polêmica. O grande nome do conservadorismo britânico era Scruton, que tinha uma crítica feroz a esquerda mundial. Quando fui ler o último livro dele — em PDF — ele colocou Nietzsche como um filósofo de esquerda, fechei o livro. Não houve filósofo mais elitista do que Nietzsche. Esse paralelo que a esquerda (pelo menos a brasileira) de colocar Nietzsche detector da liberdade e contra o sistema, é de uma estupidez gritante. Aliás, a academia em matéria de filosofia, faz uns paralelos que não tem muito a ver com que os filósofos disseram ou fizeram. Além, claro, não gostar do socialismo que dizia ser uma ideologia para ressentidos, como se fosse uma religião. O Scruton não se atentou é que nem toda mudança é revolucionaria, porque uma hora, culturas e leis começam a ter regras que não servem mais para determinadas épocas e o além homem de Nietzsche, é uma teoria não de revolução e sim, por mudança. Quem conhece história sabe, que sem as mudanças necessárias, o ser humano estava ainda nas savanas como eram nossos ancestrais.
Os seres humanos sempre vão apoiar teorias que colaboram com sua visão de mundo, se um sujeito de esquerda ler Nietzsche, ele vai olhar para sua filosofia como uma quebra do sistema. Se um sujeito lê Nietzsche, vai colocar no rol da meritocracia. Cabe descobrir que Nietzsche achava que o ser humano tinha matado os melhores valores e se corrompido a valores ressentidos, valores que os que se magoam por qualquer coisa. Como ele previu, ficamos uma sociedade niilista que não acredita em nada além daquilo que é ressentido, pobre e primata. Numa passagem interessante, Nietzsche dizia que se você olhar muito para o abismo, o abismo começa olhar para você. Ou seja, você se torna tudo aquilo que você crítica, porque você começa a imitar aquilo que lhe limita, você vê no outro o que você não tem coragem de assumir. Freud dizia isso. Isso até mesmo, é verificável dentro da própria sociedade. Ai chegamos na linguagem, porque toda a realidade tem a ver com a linguagem.
Aristóteles colocou a filosofia cono uma ciência — sim, a filosofia é uma ciência no sentido de conhecimento — teorética, ou seja, a filosofia é uma ciência que usa a imaginação. Porém, na filosofia aristotélica, se divide em três formas de pensamento: primeiro, a filosofia é teorética que tem a ver com a física, matemática e a filosofia primeira (a metafísica); segundo, a filosofia é prática que tem a ver com a ética e a politica; terceiro, a filosofia é poética que tem a ver com a estética e técnica. Claro, que hoje sabemos que a física tem a ver com objetos e não é tão teorética assim e que a tradução de “politikon” não é politica e sim, cidadão. Aristóteles não se importava muito com o problema o que era a vida e sim, o problema do ser. Talvez por isso, tenha se preocupado em questões da ética e questões metafísicas no significado de ontologia. Na abertura da obra Politica, Aristóteles dizia que o ser humano era um animal cívico, porque ele é o único animal que tem a linguagem. Os outros animais têm voz (phoné) e com ela pode expressar dor e também prazer, mas o ser humano pode expressar a palavra (léxico) e com ela, pode expressar aquilo que é bom ou mau, justo e injusto. Mas, o que seria o justo ou o injusto, bom e o mau dentro de uma sociedade?
O bem ou o mau, a justiça e a injustiça, depende da construção dos valores morais da sociedade onde o julgamento está sendo feito. Para os russos ser homossexual é, talvez, uma ofensa a maioria ou, o governo interpretou que na cultura russa, não caberia o homossexualismo. Outros povos enxergam como uma represália, mas, se fomos analisar num contexto histórico, a Eurásia foi colonizada por povos tanto nórdicos, quanto os eslavos e assim, foi construída a cultura da região. No mais, o presidente (leia-se: ditador), Vladimir Putin, era agente da KGB (Polícia do regime socialista soviético) e para os socialistas, o homossexualismo é uma construção burguesa. No mais, os russos são ortodoxos e a ortodoxia é bem rigorosa e tradicional e o povo, que gosta das tradições, são contra. Religiões tem a ver ou fanáticos, com algumas dessas leis, como no mundo islâmico (pelo menos, no mundo fanático), que matam homossexuais, deficientes e tudo que se mostra diferente daquilo que se costuma ser normalizado.
O “bom” em Nietzsche é um sujeito nobre, valoroso, aquilo que na idade media, se chamou de cavalheiro. Ser gentil sem ser fraco, ressentido, e que as pessoas te vejam como uma vítima, que ache que as coisas e as pessoas tem que lhe servir. Por exemplo, que aliás, era uma grande crítica ao cristianismo de Nietzsche — que chamava de platonismo para as massas — você escolheu ser cristão porque quer um mundo justo para você usufruir daquilo que acha que merece. Mas, você sabe que não vai mudar o mundo que vive e acha que um outro mundo metafisico vai ser melhor. O ressentimento de ter feito escolhas erradas e até mesmo, não ter tido as mesmas oportunidades dos que tem alguma coisa, te fazem pensar que eles não entrarão nesse mundo. Esse é o bom fraco de Nietzsche, o bom que acha que o nobre, aquilo que é o real valor da vida (como viver ela em plena harmonia consigo mesmo) e não negar a vida, para ter essa paz de espirito só na outra vida.
Sabemos, porque presumo que meus leitores sejam inteligentes, que os ensinamentos de Jesus eram, totalmente, espirituais e o cristianismo é romano e quem construiu foi o imperador Constantino I de Roma. Portanto, seja católico ou protestante, os desígnios do cristianismo são estoicos, aristotélicos e platônicos, além, claro, dos próprios da cultura romana. Todas as imagens são romanas. A bíblia foi montada pelos romanos. A moral que tanto defendem os conservadores, é a moral medieval romana. Mas, existe a mora de Paulo, uma moral dentro da sua cultura, onde os homossexuais eram chamados de pederasta e era proibido nos países do oriente médio que seguia religiões monoteístas. Então, quando o Carlos Bolsonaro — que acha ser conservador — posta uma foto do Thammy Miranda e o seu filho, ele segue a moral do passado, uma moral de 2 mil anos atrás. Uma moral ressentida por não assumir o que é verdadeiramente, não que seja homossexual, mas, de fazer aquilo que quer. Valo lembrar, que até mesmo na idade media, existiam hipocrisias, padres sendo pedófilos, coroinhas sendo molestados, homossexuais que se escondia nos corredores dos castelos.
O mundo não mudou de lá para cá, onde as pessoas nem sabem direito o que defendem e sabem para entender duas convicções.

sexta-feira, janeiro 10, 2020

Começou o Jihad Cristão no Brasil




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Amauri Nolasco Sanches Junior


Quem estuda geopolítica — de verdade e não esse bando de palpiteiro — que o termo jihad é um dever sagrado de todo islâmico defender o islã o que acreditam ser infiéis. Todas as Guerras Santas que os grupos mais radicais do islamismo se envolvem, tem o jihad como fundamento dos seus ataques ou dos seus atos terroristas que perpetuam no mundo (o 11 de setembro foi um exemplo bem claro). Toda pessoa sensata sabe muito bem, que o fundamentalista daquilo que acredita fundamenta sua crença dentro de bases daquilo que interpreta ser a verdade. Mas, na maioria das vezes, ou são coisas que são ensinadas como lavagem cerebral pelos chefes desses religiões, ou por alguma dependência afetiva que aquilo é seu conforto naquele momento. Muitas vezes, porque não é uma regra, o fanático é aquele que não tem estudo o bastante para analisar certas crenças ao olho da razão e sempre acha que toda a realidade está ali, que todo mundo acredita naquilo que eles acreditam.
A censura do grupo de humor Porta dos Fundos deixa bem claro que Jesus como um gay é imperdoável, que ele pode ser maconheiro, pode ser malandro, pode ser o que for, mas, gay não. Sabemos que muitos são muito mal resolvidos sexualmente, sabemos que outros aprontaram horrores na sua juventude e não tolera ver um espelho daquilo que fizeram. Obvio. Ora, o meu professor de publicidade dizia que o ser humano não ver o que é obvio, porque não se enxerga o que está na sua frente e você não está vendo. Ou seja, se alguém te faz uma ofensa e não te agride ao ponto de te impedir de fazer algo ou te defender, isso não é de maneira nenhuma, um ato de agressão a sua religião. Eu poderia ser espírita e quantas pessoas evangélicas dizem que o espiritismo é coisa do demônio? Pode ou não ofender, mas, o evangélico tem todo o direito de achar que é do demônio, porque assim aprendeu. Assim quer expressar. Não agredindo o espirita, ninguém precisa repreender o evangélico. Do mesmo modo o especial de natal dos Porta dos Fundos, eles não agrediram, eles fizeram duras críticas não a Jesus — porque muitos vieram de lares evangélicos — mas ao próprio cristianismo que se converteu numa religião materialista e não espiritual.
Mas, o que é ser espiritualizado? Não. Não é você escrever a hashtag #namaste e nem saber o que significa (o seu significado é o meu deus que está dentro de mim saúda o teu que está dentro de você), mas, é você começar a se esquecer, dissolver o eu e se conectar com ambiente. Não ache que o Eterno (não gosto do termo Deus, porque ficou algo muito genérico com o termo e começou a ficar bem banal), vai dar um carro, vai dar coisas materiais. Para a verdadeira espiritualidade, a conexão com ele vai muito além do que ter um adesivo “Deus é paz”, ou “foi Deus que me deu” no seu carro, é seguir o que está nos livros sagrados. O ótimo livro espiritual dentro da bíblia — que raramente os pastores pentecostais e neopentecostais lê em seus cultos — é o Eclesiastes que vai fundo na alma. Diz (dizem que foi o rei Salomão que escreveu), que no mundo tudo é vaidade, pois, todo mundo esquece em ficar em silêncio e meditar sobre sua vida. A questão é essa: o que fazemos na questão da nossa própria vaidade? Quando você coloca o adesivo “foi Deus que me deu”, isso é uma vaidade. Quis dizer que o Eterno se importou com você porque você é cristão e assim, você é mais merecedor do que o outro e assim, ganhou o carro. Isso é vaidade. Temos que ter humildade de torcer pelo outro e nunca achar que somos os seres mais privilegiados do universo.
O pastor Caio Fábio disse que acredita em um Jesus que não precisa ser defendido, porque ele morreu na cruz carregando todos os pecados do mundo. Uma reflexão interessante, mesmo o porquê, Jesus lutou contra os fariseus da época, senhores da lei que a aplicava ao seu bel prazer. Defendia nada o que era sagrado. Tanto é, que Jesus expulsou os comerciantes do templo, dizendo que a casa do pai não é comercio. Será que a religião que ele não pediu para fazerem em nome dele, tenha também virado comercio? Será que a reforma de Martinho Lutero tenha caído no ralo por causa do dinheiro? São pontos para se refletir. Mesmo o porquê, quem não tenha pecado, que jogue o primeiro coquetel molotov.

quinta-feira, janeiro 09, 2020

A Filosofia e o Mindset




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Amauri Nolasco Sanches Junior


Todo mundo tem uma coisa para idolatrar, seja o dinheiro, seja personalidades famosas, seja políticos e seja termos da moda. Aqui no Brasil, temos sempre a mania de importar termos e conceitos dos americanos sem se dar conta, que a nossa cultura é de uma maneira e a deles é de outra maneira. Os americanos gostam e adotaram muito a psicologia dentro de várias áreas, para controlar o mercado e outros setores pelo comportamento. Aqui, muito diferente dos americanos que estudam e planejam qualquer coisa que vão fazer (por isso mesmo a psicologia), não se tem o hábito nem de leitura, nem de planejamento de nada, porque a nossa cultura adotou a prática. Só que tem um problema, se gosta de termos e se estuda coisas fáceis que dão prontas as respostas, sem muito fazer pensar. Nosso povo não gosta de pensar. Gosta de fórmulas mágicas e facilidades corporativas. Por isso mesmo, a moda dos coaches tenha entrado tão facilmente dentro do mercado brasileiro, porque a nossa cultura tem imensa facilidade de incorporar “gurus”.
O conceito de mindset é uma mudança da sua mente enquanto uma espécie de mapa do caminho das soluções. O termo tem dois termos em inglês, o mind que quer dizer mente e set, que quer dizer configuração, ou seja, o mindset é uma reconfiguração daquilo que achamos que é o caminho para nossos problemas. Ou, configurar nossa mente para não sair no pensamento do fracasso, do pensamento que vai dar errado e tudo mais que o pessoal acha errado. Esse é o problema. Demonstrar foco naquilo que você está fazendo, é uma coisa e aliás, sempre temos que focar naquilo que queremos construir durante nossa vida. Mas, isso não tem só a ver com nossa própria mente, isso tem a ver com trabalhar no planejamento e isso sim, tem a ver com o risco de dar errado. Acho que duas coisas poderia resolver esse problema: ética de seguir um trabalho focado nas leis, até mesmo, contratar por causa da qualificação e não por causa da sua aparência física. Depois, pensar que não existe caminho fácil, isso requer trabalho, planejamento e estudo. Estudar até mesmo, mudanças de paradigmas de contratação, estudar as mudanças econômicas, estudar o liberalismo e outros conceitos que fazem parte do capitalismo de verdade. Não o que temos no Brasil.
Na filosofia, o mindset é uma incógnita dentro até mesmo, da psicologia. Alguns até dizem que são pseudociências e não deveriam ser espalhadas, porque dão um ar de ciência e não é. Isso me lembra muito Sócrates. Não o jogador — que também tinha ideias interessantes — mas o filósofo. Talvez por ser chamado de sábio pelo Oraculo de Delfos (templo do deus Apolo de Pitiá), Sócrates tenha adotado seu preceito mais caro que ficava na porta do templo, “conheça te a ti mesmo, conhecera o universo e os deuses”. Mas, Sócrates só adotou “conheça te a ti mesmo” como preceito da sua filosofia. Então, saiu perguntando a todos o que sabiam e chegou a conclusão que ele mesmo não sabia de nada, que assumir sua ignorância era a melhor maneira de se conhecer. Concluiu também, que as pessoas diziam coisas que nem elas sabiam que não sabiam, repetiam sem ao menos refletir. Porém, Sócrates dizia que as pessoas eram boas e davam atenção por pura aparência.
Será mesmo que as pessoas pararam para pensar no conceito do mindset? Será que poderíamos configurar nossa mente como um aplicativo qualquer de celular ou de computador? Existem mudanças de comportamento? Talvez. Mas, dizer que você mudar de posição daquilo que pensava e dizer que seria uma reconfiguração, acho exagero. Outro filósofo que entra do debate é Aristóteles, que dizia só poderíamos encontrar a ética, praticando a ética. Ou seja, você aprende alguma coisa e prática aquilo, mas, temos que aprender e para aprendemos, temos que estudar e planejar. Então, ética não seria só um termo que quer dizer condutas sociais aceitas e acertadas (segundo o ponto de vista daquela sociedade), mas, a prática dessas condutas em forma de ação. Assim, podemos dizer, que não basta pensar diferente de modo corporativo se na prática, esse “pensar diferente” não faz parte do modo operante de uma sociedade ou do próprio dono da empresa. Não adianta nada pensar positivo sobre sua empresa (como tudo vai dar certo) e no entanto, a empresa não contrata pessoas com deficiência física que é cadeirante, por causa, que você não quer acessibilizar ela para trabalhadores com deficiência trabalharem lá. Esse “pensamento positivo” acaba sendo seletivo, que é um grande mal dentro da cultura brasileira, porque você quer ganhar e não quer investir. O princípio primordial do capitalismo é o investimento, se o sujeito não investir em tudo que é necessário, ele nunca vai ganhar em produtividade e lucro.
Chegamos dentro do pensamento socrático de se conhecer, de saber se realmente você serve para ter uma visão mais ampla, se você quer mesmo aquilo ou está entrando numa modinha social. A maioria entra na modinha social. As modinhas sociais são o que a massa adota para ser aceitos por uma parcela a que quer participar, como ser de esquerda ou sr de direita, ser religioso ou ser ateu, ser flamengo ou ser palmeiras, sempre achamos que estamos na verdade. Mas, não estamos. O conceito que criamos são só sombras de uma outra realidade. Não vou entrar no mérito metafísico da questão, mas, existem formas de compreender que aquilo que achamos ser a verdade é apenas um conceito fabricado daquilo que se aceita como verdade. Linguagem, pura e simples. Mindset acaba sendo um termo para um conceito que se pensa ser real, por outro lado, configurações mentais não existem, porque somos animais com consciência e sabemos a realidade que nos cerca. Hábitos são mudados conforme o ambiente que se vive e não, uma nova configuração mental. Ou seja, é apenas um termo para explicar nada. Uma psicologia vagabunda que só serve para o coach ganhar dinheiro.
Mas, cuidado! Não podemos comparar os modernos (ou pós-modernos) coaches com os sofistas (que Platão adorava implicar). Os sofistas eram professores pagos para falar sua própria filosofia, os coaches, são pessoas que já pegam conceitos prontos e começam a dar soluções prontas. Por exemplo, “16 hábitos para cagar melhor” são ideias prontas, porque são 16 hábitos para as pessoas cagarem melhor. Já é uma coisa pronta. Não faz ninguém pensar o porquê ela não está cagando, ou porque seu intestino não está funcionando. Por outro lado, vendo tudo isso, vai ficar pior.

quarta-feira, janeiro 08, 2020

Filósofos não podem criticar o PT




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Amauri Nolasco Sanches Junior

Dias desses na rede social do Linkedin, li uma manchete em um site qualquer que um dos membros da rede postou, que o ministro da economia, Paulo Guedes, queria ter acesso à parte de aposentadoria e pensões para pagar o 13º salário da bolsa família. Só comentei que nada diferente do PT e do PSDB, que tiraram de outro lugar o dinheiro para programas sociais. Quantas vezes lemos que o governo tirava da educação ou da saúde para pagar a bolsa família? Quantas vezes lemos e já foi provado, que um dos destinos do dinheiro tirado das estatais eram para esse tipo de programa social? Não estou defendendo o governo Bolsonaro, só estou dizendo que para mim que sempre li jornais, não há novidade nenhuma. O problema é um usuário dizer que comparar o PT com o governo Bolsonaro era uma desonestidade intelectual imensa e era muito pior por eu ser um filósofo. Em um outro momento, a dona da postagem aparece e pergunta em que mundo eu estou. Em um outro momento, disse que não viu nada disso em 38 anos de visão politica.
Lendo isso uma questão me veio na minha cabeça: por eu ser um filósofo e comparar todos os governo de alguma medida, fazem igual? Por eu ser um filósofo, a minha análise é, exatamente, mais ampla e com mais argumentos do que a maioria. Porque o filósofo é um amante da sabedoria e está a procura do objeto do seu amor, como Psique ficou atrás de Eros e nunca lhe encontrou. Cada caminho para achar essa sabedoria é importante, pois, junto com essa sabedoria está a verdade e não é qualquer verdade, e sim, o verdadeiro LOGOS primordial. Então, um filósofo não pode ficar presos em conceitos determinados ou que o senso comum acha ser a verdade (doxa), mas, aquilo que é em essência primordial. Não importa o que está na modinha, não importa se os outros estão dizendo, as análises devem ser analisadas a partir de um ponto além da paixão (o apego aos ídolos), além das análises superficiais. Sempre falo que o filósofo é uma espécie de arqueólogo das ideias, ele não examina a superfície de tudo e sim, vai examinar as camadas mais fundas para encontrar elementos para aquilo ter surgido. Se o filósofo começa a defender uma única posição, ele não é um filósofo e sim, um simples intelectual que só repete do que lê.
Concordo com Nietzsche na questão da verdade e da mentira. Dizia o filósofo alemão, que tanto a verdade e a mentira, são construções que decorrem de uma vida de rebanho e da linguagem que lhe correspondesse. Ou seja, as verdades e as mentiras sempre dependem daquilo que as pessoas acham ser a realidade, os valores que acreditam e levam sempre a uma vida de rebanho e o ser humano acaba sendo escravo de crenças que o alienam a uma verdade maior. Continua dizendo, que o homem de rebanho chama de verdade aquilo que o conserva no rebanho e chama de mentira aquilo que o ameaça ou exclui do rebanho. Portanto, em primeiro lugar, a verdade é a verdade do rebanho. Assim, a grande maioria tem que seguir o que a maioria segue para ser aceito, ninguém gosta de ser excluído porque nos ensinaram uma realidade que alguns duvidam — aliás, muito poucos vão além das ideologias e as crenças religiosas — e esses, são excluídos da grande massa.
Os filósofos não tem nenhuma visão única que não pode ser mudada, não pode ser repensada ou analisada de forma diferente da maioria. Mesmo o porquê, um ponto de vista é apenas um ponto , mas, existem vários outros pontos de vista que podem também ser colocados. Verdades únicas são sempre perigosas. Verdades únicas construiram tiranos, foi a alienação social da idade media, é a essência de qualquer fanatismo dentro de qualquer sociedade humana. Seja da direita (fascismo e nazismo), seja de esquerda (socialismo/comunista). Por isso mesmo as democracias são democracias, porque existe uma incerteza dentro dela, existem variedades de ideias e posições e sempre o medo dela sofrer uma ruptura. Então, um filósofo dentro da área politica, deve ter bastante cautela cética das análises e sempre jogar outro ponto de vista além que todo mundo fala e expõem e por causa disso, o filósofo incomoda. Incomoda porque sabem que não corresponde a realidade o que dizem ou acreditam saber, mas, insistem porque querem ter razão. Na Grécia, nos tempos clássicos de Sócrates, chamavam ele de “a mosca de Atenas” por ele incomodar como uma mosca que fica nos rodeando. Tanto é, que ele foi condenado por uma condenação tola e vil, só para se livrar de Sócrates e nada adiantou. Seus alunos continuaram seu legado, Atenas caiu na dominação do reino macedônio, e o nome de Sócrates foi legado por toda a história.
A sociedade gosta do “cobertor quentinho” de ser aceito dentro de qualquer manifestação social. Seja virtual ou não, a vaidade impera e não tem como escapar. Como se fossem tribos, os iguais se articulam entre si e compartilham do mesmo pensamento, seja com um ritmo musical especifico, religião específica ou ideologia específica. Mas será mesmo que elas são a visão da verdadeira realidade? É de se pensar e sair da caixinha social.