sábado, fevereiro 13, 2016

A Origem de Tudo




Dias desses eu estava dando uma olhada num dos grupos do Facebook e me deu de cara com mais um religioso que queria provar que suas crenças – que costumam ser sempre a verdade absoluta – trouxe para o grupo uma discussão interessante sobre a origem de tudo e o que fez tudo ter a forma que tem hoje, a realidade não é o que pensamos. Sou uma pessoa que acredito na espiritualidade, mas não descarto as várias teorias cientificas que permeiam os sites e blogs especializados. Tanto as indagações do sujeito religioso me assustaram, quantos muitos textos do blog Universo Racionalista que coloca como “pseudofilosofia”, como se a filosofia tem que ser obrigada a dar um ar cientifico em toda sua estrutura de raciocínio. Já me deixa preocupado quando saem pensamentos como “pseudociência” ou “pseudofilosofia” que dará ao jovem, o mesmo fanatismo que muitas religiões por aí. Mas tentarei responder de uma maneira melhor a pergunta do religioso – porque acabei respondendo de maneira apressada – que talvez responda o que penso desses dois termos que viraram “modinha”.

Zé da Igreja – Qual a origem do primeiro átomo do universo?

Poderíamos responder essa pergunta com um simples: não sei. Mas como temos certos conhecimentos sobre os átomos, podemos seguramente responder que foram os primeiros nêutrons junto com os prótons e também, os elétrons. Mas daí o Zé da Igreja perguntaria: qual a origem dos nêutrons, prótons e elétrons? Responderíamos simplesmente, com as primeiras moléculas. O que os cientistas ainda não conseguiram ensinar – ainda mais com nossa escola medíocre e com a nossa cultura embrurrecedora conservadora – é que o importante não é o átomo, porque o átomo é derivado e não originador, mas as moléculas que assim o fazem, são originadoras. Mas ainda assim, não poderíamos tratar assim uma pergunta tão complexa como essa, porque todos os elementos que conhecemos estavam todos juntos numa singularidade. Mas o que poderia ser uma singularidade? Um ponto. Esse ponto era tão tenso que poderia pensar milhares de toneladas – pensa num número muito grande – porque talvez, tudo tivesse ali. Hoje se trabalha com a hipótese que viemos de um buraco negro e dentro desse buraco negro, segundo teorias da física e astrofísica, há uma singularidade de eventos que pode ter se expandido.

Claro que todos os religiosos vão dizer que tudo vem de Deus e na sua vontade tudo teve um princípio – que segundo o blog Universo Racionalista, isso seria chamado de “pseudofilosofia” só por causa de um filosofo achar que a filosofia tem que ter uma base cientifica – como também não descarto, mas existe critérios para se pensar que Deus pode ter criado mecanismos que governam as leis cósmicas “muito bem, obrigado” por bilhões de anos sem ter que mexer nada. Toda mudança que houve e se houve, foram princípios dentro da evolução de qualquer sistema e em qualquer princípio seja qual for, porque até mesmo dentro de um complexo software, há uma evolução na linguagem que esses softwares são gerados. Mas isso, claro, é muito complexo para mentes fechadas tanto de alguns religiosos fanáticos, quanto alguns ateus militantes que ainda não entenderam esse princípio básico.

Zé da Igreja - Se toda ação tem consequentemente uma reação, como foi formado o primeiro átomo que deu origem ao Big Bang?

Primeiro vamos por partes. O Big Bang não teve um átomo gerador, mas uma singularidade que era muito tensa e por razões que ainda desconhecemos, teve que se expandir. Talvez, a sua intensidade fez a gravidade que estava dentro desse ponto, fazer ele expandir até se tornar o universo que conhecemos. Mas alguns cientistas (físicos e astrofísicos), dizem que não tece o “bang”, ou seja, não houve a explosão tão difundida. Se houve um princípio, se houve de alguma maneira, uma ação de expansão do universo – quando se rompe a singularidade – houve a reação dentro da realidade conhecida que pode ser resumida na ação (karma) e reação (dharma) que tanto os orientais já diziam a cinco mil anos antes de Cristo. Toda a realidade é a realidade que pensamos estar, mas poderemos não estar e isso tudo apenas ser uma galáxia dentro de um buraco negro enorme.

Zé da Igreja - Se Deus não existe, de onde surgiram todos os elementos químicos que deram origem a tudo?

Se Deus existe ou não, isso não mudaria o fato do universo ter vingado ou não, os componentes químicos terem gerado a realidade que vivemos. O princípio cartesiano – que os iluministas numa forma estupida, geraram uma desculpa para gerar um princípio muito contrário ao que Descartes propôs, de negar a crença a partir do cogito, mas o cogito poderia dar uma fé mais racional – que penso e com esse pensamento (cogitam) podemos perceber nossa existência, nessa percepção poderíamos ver a realidade. Mas será que a minha realidade poderia ser igual à do outro? Se todas as coisas fossem criadas, poderíamos ainda sim, formar escolhas? A evolução ou o surgimento do universo a partir de um ponto (singularidade), não prova a existência ou não de Deus, mas prova que há uma origem e essa origem um dia, vamos conhecer.

Só para fazemos uma pseudofilosofia, Deus não pode ser um ente porque não tem uma personalidade, ele é o que é e sua natureza se fecha nele mesmo. No máximo podemos especular o que poderia ser Deus e sua propriedade em ter tido à vontade por ele mesmo, de ter criado o princípio que levou a milhares de singularidades ter originado milhares de universos no cosmos. Então, ele ter uma consciência e perceber por ele mesmo a sua existência, num modo bem especulativo, não quer dizer que o nosso universo entre milhares de universo, seja o universo especial que essa mesma consciência ter feito pessoalmente. Se existem milhares de deuses cuidando desses universos? Se eles se criam a partir de princípios que nem sonhamos? Há muitas possibilidades.

Zé da Igreja -  Se Deus não existe, não há razão para viver. Se Ele não existe, porque então existem princípios morais?

Era o tempo que a razão era algo racional e não uma “muleta” para explicar a sua dependência moral em alguma crença, ideologia ou qualquer “ismo” que exista. Se pessoas precisam de “uma razão de viver” a partir de um ensinamento de qualquer pastor por aí, então, estamos rumando a uma nova idade média e iremos certamente, para a escuridão da ignorância. A existência de uma consciência criadora de todas as coisas deve ser muito mais a razão de se viver sem medo e sem o coração maldoso, do que ao contrário que vimos por aí com as religiões mais separando as pessoas do que juntando, ou seja, o meu “deus” é o verdadeiro e o do outro, é o falso e ele é um “pecador”.

Os princípios morais nada têm a ver com Deus e sim, princípios religiosos humanos. Me parece que há uma confusão entre Deus e Jesus de Nazaré graças a Constantino e seu desejo de transformar a igreja na última salvação do império romano, que no primeiro momento não parece nada, mas no segundo pode ser muita coisa. Jesus foi transformado num deus-homem para satisfazer algumas ambições, porque ele era apenas um espirito que evoluiu muito mais rápido e tinha o poder de aprender as coisas facilmente. Se ele foi para o Egito, se foi para a Índia ou nem tenha existido, não tira a mensagem ética e moral que está dentro de sua mensagem que claro, a igreja se apropriou, destorceu e ainda em algumas partes de uma maneira rasteira, adulterou para responder aos seus interesses escusos.

Vamos a moral. Não confundamos moral com ética, porque há uma grande confusão na nossa língua ainda. Moral vem do latim – língua etrusca-romana – “mos” ou no plural “mores”, que quer dizer “costumes”. A confusão se dá porque os romanos tentaram traduzir a palavra grega “ethos” que queria dizer “caráter” em “mos”, só que para o romano o costume era muito mais importante do que o caráter (talvez herdamos muito esse pensamento). Daí se derivou duas palavras, a moral que é o costume de uma comunidade ou de uma determinada parcela social – como um segmento religioso, por exemplo. Ética quer dizer o caráter de certas características de uma pessoa, um exemplo muito enraizado em nossa sociedade judaico-cristã, é os dez mandamentos. Não cobiçar a mulher do próximo, por exemplo, acaba sendo muito mais ético do que moral, porque tem a ver com o caráter de cada um cobiçar ou não. Mas claro que exigi de bom senso e nesse valor – porque sempre um caráter é feito de valores recebidos – está a moral de termos o costume de não cobiçar essa mulher e assim, a harmonia social prevalecer dentro das regras de uma sociedade inteligente. Mas isso não quer dizer que a moral foi imposta ou passada por Deus, mas é humana e contém muitas falhas que podem – muitas vezes o são – ser burladas com facilidade. Todas as religiões ensinam a viver como irmãos, mas existem as guerras. Todas as religiões pregam que devemos ter compaixão, mas existe a fome, existem pessoas que não tem aonde dormir e nem morar. Todas as religiões pregam que devemos ser justos e não mentir, mas todos os segmentos governamentais mentem ou enganem, roubam o que não é deles, religiões fazem de tudo para pregar o que lhes interessam. Isso é de Deus ou é uma ação humana de seres em evolução? Daí voltamos a ação e reação onde o mundo (nossa realidade) ainda não tem fortes alicerces morais para acabar com esses valores, espíritos voltam para viver as condições dos outros que enganaram, que roubaram e também, aqueles que escravizaram. Mas isso não quer dizer que não tenhamos o dever de querer uma justiça social, porque isso do espirito voltar para viver o que o outro passou, um dia haverá de ter um fim e esse fim é a evolução moral e ética.

Nessa evolução ética e moral, muitas vezes erramos e nesses erros que saem alguns termos interessantes. Na verdade, saltamos numa evolução tecnológica sem precedentes, mas não avançamos no ponto nem moral e muito menos, ético. Vamos aos termos. O que seria um ponto inicial para saber o que é realmente ciência e o que é filosofia? O termo “pseudo” que dizer algo que é falso, que não tem fundamento como tal e alguns etimologistas dizem que o termo veio do grego “pseudein”  e que quer dizer “enganar pelas mentiras”. Mas para se dizer que a ciência é uma pseudociência temos que entender o que o termo quer dizer para construir, por assim dizer, critérios que possamos nos apoiar (isso também acontece dentro da filosofia). Ciência vem do latim “scientia” que quer dizer conhecimento, por sua vez, vem do verbo “scire” que quer dizer “saber” e aí que o negócio fica estreito. Se “pseudo” é “falso” e ciência é conhecimento, qual o critério para dizer que algum pensamento é pseudociência? Chá verde por ser apenas um chá, que por séculos foi um grande remédio para o frio e outros males, não pode ter componentes desconhecidos que fazem emagrecer? Não podemos dizer que um conhecimento seja falso até que esse conhecimento seja demostrado como sendo charlatão, caso contrário, passa a ser um conhecimento ideologizado e de outros interesses. O problema não é o pensamento em si, mas esse pensamento virar uma regra.

O mais preocupante não é os militantes da ciência colocar as curas caseiras como pseudociência (falso conhecimento?), mas cunharem algo do tipo pseudofilosofia. Como poderíamos ter uma falsa amizade ou amor, a sabedoria? Qual o critério para se formar uma pseudofilosofia ou pseudociência? Uma ideia não é o problema, o problema é quando essas ideias viram seitas fanáticas.


Amauri Nolasco Sanches Junior, 39, escritor

quarta-feira, fevereiro 10, 2016

Tutorial editorial





Muitas pessoas vêm perguntando como se edita um livro e como esse processo se realiza dentro da edição. Não sou especialista, mas ao longo desses anos, com a edição do Liberdade e Deficiência, quando editei O Caminho e o novo livro da minha noiva, aprendi algumas coisas importantes que são essenciais para o desenvolvimento de um livro. Vamos a elas:

1º->. Uma edição de livro tem que ter duas coisas básicas, um dicionário e um manual da nova gramatica. Um dicionário para ver os erros de português e o significado real das palavras e não o que o senso comum colocou seu próprio estereotipo, porque muitas vezes, as palavras que pensamos que quer dizer uma coisa, quer dizer outra. No mais, de uma forma indireta, muitos livros são lidos e nessa leitura você acaba, meio, que educando o modo de escrever do seu leitor e ele espelhará em que leu. Eu, por exemplo, além de ver as palavras em seu significado, gosto da origem das palavras que chama etimologia, a origem pode ser muito importante em alguns textos. Um manual de gramatica é importante porque mudou muita coisa, além de ser importante para seu livro, também é importante nos textos de blogs (estou usando).

2º ->. Para montar um livro tem que ter uma sequência – mesmo nas imagens – porque sem ter sequência, sem ter uma lógica, ninguém vai entender nada do livro. A ideia central tem que ser uma coerência, mesmo em poesia, porque o leitor pode ficar perdido e não vai querer mais ter interesse.

3º ->. Para escolher a capa você tem que sempre escolher capas que tem a ver com o livro, mas uma capa neutra (sem cunho religioso, ideológico ou filosofia) fazem que o leitor tenha uma visão unicamente do livro em si e nunca uma visão preestabelecida da capa. Muitas capas têm cunho ideológico e nem sempre, é aceito.

4º -> A topografia tem que ser agradável. Eu gosto, por exemplo, da letra book antiqua que é feita para livros mesmo, mas tem várias letras que podem se adequar melhor a leitura e não cansar a vista.

Como disse, sou muito mais um curioso do que um editor, mas como publicitário sei que se você não tiver uma imagem adequada, uma letra para ler sem cansar, entre outras coisas, não vingará o livro.


Amauri Nolasco Sanches Junior, 39, publicitário, técnico de informática e escritor. 




por Amauri Nolasco Sanches Junior