quinta-feira, fevereiro 22, 2024

Ilha Marajó e a série Cangaço Novo

 



Após viralização da música "Evangelho de fariseus", nomes como Virginia Fonseca, Juliette e Rafa Kalimann usam as redes para abordar assunto

(O Globo



Dias desses eu comecei a ver o seriado brasileiro no Prime (streaming do Amazon) e dá para ter uma ideia bastante ampla sobre o que o povo nordeste. A história se passa em uma cidade do interior do nordeste e que mostra que o rapaz, Ubaldo, um bancário que não estava feliz em São Paulo e descobre que tem uma herança e duas irmãs. Mas, uma das cenas mais significativas do seriado vem em um dos episódios que Delvania (irmã de Ubaldo) tem um ataque de fúria e quis matar o prefeito (filho do coronel senador da região) quando ele abraçou a filha de um dos seus colaboradores. Lá ela não conseguiu, mas depois ela quase levou o prefeito a óbito por causa de um tiro certeiro no pneu. O noivo dela levou um tiro na fuga e morreu. Depois descobrimos que ela e a irmã foram violentadas por esse homem. Quantas meninas estão vivendo essa realidade?

Me parece que a realidade que tanto o brasileiro se baseia é a realidade baseada em sua subjetividade e essa subjetividade se torna universal, se eu gosto de forró, logo todo mundo gosta. Ou seja, o exemplo que eu dei seria como uma frase de uma música “quem não gosta de samba ou é ruim da cabeça ou doente do pé”, assim todo mundo que não gosta de samba ou é “ruim da cabeça” ou é “doente do pé”. Que, aliás, uma música capacitista. A universalização parte para a ofensa, porque ela tem que ser confirmada, todo mundo “tem que” concordar. Como disse em outros textos, isso faz das redes sociais um inferno. 

A realidade vai muito além daquilo que vivemos ou que vimos, aqui existem famílias que são de uma pobreza extrema graças à corrupção e o pensamento patrimonialista escravagista que temos. E não é mentira, pois, quando estava em um movimento prol PCDs, muitas pessoas traziam notícias que pessoas com deficiência eram acorrentadas por causa da “vergonha” que os pais tinham de ter tido um filho assim. Ignorância, fome, morte e violência já passam nosso povo todo dia e a todo momento para nos meter em guerras dos outros, mesmo que essas guerras possam afetar de algum modo nossa economia. A questão é: o problema no nordeste é só de dinheiro para a família? Não. O problema é estrutural e de corrupção extremas. 

Há denuncias que a Ilha de Marajó (CE), vem tendo por muitos anos, a tão denunciada prostituição infantil. Onde crianças muito novinhas vem fazendo atos sexuais em troca de dinheiro, e isso eu ouço a muito tempo e ainda, antigamente, a prostituição sexual (por mulheres) era institucionalizada e até tinha propaganda oficial da EMBRAER. Fora as propagandas de cerveja, as propagandas (em sua maioria) mostrando a mulher brasileira sexualizada e usada como amostra de prazer. Desde quando eu era muito jovem, eu fui cravejado de bundas na televisão.  E aí vem a pergunta: a quem interessa transformar um país em bagunça? 

O problema é que estamos em uma briga ideológica que não ajuda em nada o Brasil, com uma esquerda do século dezenove e uma direita tacanha que nada faz porque nada sabe. Ter vontade política para mudar isso é ter coragem de passar por cima de um sistema que perdura por séculos sem ninguém ligar. 


quarta-feira, fevereiro 21, 2024

O nazicomunista e o palhaço bozolino

 




“É importante lembrar que, em 2010, o Brasil foi o 1º país a reconhecer o Estado palestino. É preciso parar de ser pequeno quando a gente tem de ser grande. O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, declarou Lula a jornalistas em Adis Abeba, na Etiópia, no domingo (18.fev.2024).


Sabemos que o Estado de Israel foi idealizado pela filosofia sionista e sabemos quem todo povo sabe ou apoia o sionismo. Por outro lado, sabemos que os líderes sionistas não estão em Israel, assim como os líderes do Hamas não estão na Palestina. Talvez, para se falar de algo devemos muito bem, estudar esse algo sem que isso abale como você vai dar sua opinião. Aí vamos explicar que, uma análise muito boa e que não presta em pular para nenhum lado é a análise filosófica cética. Pois, desde quando o mundo é mundo (existe a humanidade) guerras são algo que líderes fazem para convencer o outro a dar o que querem, seja comida que os outros não colherem ou caçaram, há o extermínio. Alguns podem dizer: “ah, é nosso instinto…”. A racionalização de problemas tem levado a humanidade a resolver ou tecnologicamente, ou por resoluções morais que devem frear esses “instintos selvagens”. 

Freud dizia, que talvez, nosso “instinto selvagem” vem sendo controlado pelo id e esse instinto seria o superego. Mas é o ego? Em latim ego seria nosso “eu” e em inglês o self, ou seja, o verdadeiro ego - como dizem os filósofos budistas - é o verdadeiro eu que pode ser mudado conforme as circunstâncias que vivemos. Sim, como Gasset disse, somos nós e nossas circunstâncias, porque vivemos conforme as circunstâncias, mas não somos essa circunstâncias. E a liberdade? No mundo antigo não se refletia sobre a liberdade, porque a liberdade só tinha a conotação de autonomia e assim ficou até a idade média. Na idade moderna (ou modernidade) a liberdade passou a ser um direito e abrange o livre pensar, agir e escolher. Os existencialistas foram muito mais longe (principalmente, Sartre). Ou seja, mesmo que tenhamos nossas escolhas - muitas vezes, questionáveis - temos angústias de receber aquilo que escolhi e teve suas consequências. Religiões, muitas vezes, são a parte emocional e nada tem de espiritualidade, pois, conceber uma espiritualidade não é seguir uma emoção exacerbada. 

E assim a dúvida se cria. Aliás, como li em algum lugar, eu sou devoto da Dúvida e ele eu referencio como modo de caminhar nessa vida, mas o que vi nesse caminhar vi que nem sempre podemos contar com o que escolhemos. Em lugares como o território de Gaza não se tem muita escolha, como quem mora em Israel por ter que morar lá. Como a maioria - tem pessoas que, sim, sabemos podem escolher - não tem escolha em morar em favela e nem gosta. Daí vamos entrar na opinião política polarizada, pois, a esquerda acha que as pessoas (todas) querem combater um suposto imperialismo que não existe. Mesmo porque, os norte-americanos estão perdendo mercado para os asiáticos e isso é um fato. Baniram o TikTok lá por motivos políticos e não  preocupados com jovens, pois, o importante é impor seu mercado dentro do seu próprio território (nada liberal). 

Ora, mas, quem fomentou esse conflito se não há um imperialismo não tão forte americano? Saldar os norte-americanos por idealizar e colocar em prática a democracia moderna, claro, devemos “dar a césar o que é de cesar”. Agora, que a paz mundial depende deles, tenho minhas dúvidas. Como disse Rotthbard, depois que políticos tomaram o poder após o New Deal. o governo esqueceu das suas origens libertárias e seguiram uma agenda conservadora “como nossos pais”, como diz a música. Ora, a história humana anda em círculos, e o conflito ocidente e oriente sempre esteve em voga. Por que? Interesses. Não há nações amigas, há nações que defendem seus interesses. 

Mesmo que a esquerda odeie admitir, mas a frase do presidente foi infeliz e pode sim abrir mão para o impeachment dele. Assim como, Bolsonaro também falou um monte de besteiras e passaram pano também. O  Lula e o Bolsonaro são um retrato do ditado que repetimos em demasia: “futebol, religião e política não se discute” e assim se fez. Quando se começou discutir e se discordar, o brasileiro começou a descobrir que o universo dele que pensava ser universal, não o é. A questão vai ainda muito mais além daquilo que se pensa: o brasileiro universaliza todo pensamento. A mesquinhez do dinheiro e de não aceitar que está errado, levou as redes sociais serem um inferno. Longe de achar bom, mas, aqui morrem muito mais gente e ai?