terça-feira, janeiro 13, 2015

Entre a ética e a “devassa” hipocrisia












Eu estou lendo vários comentários sobre o massacre da revista Charlie Hebbo e vejo um pouco de hipocrisia, tanto da parte liberal (que se coloca pra direita), tanto quanto os socialistas (que se coloca pra esquerda). Eu sempre tive o pensamento igual do filósofo francês Gllles Deleuze, não existe nenhum governo de esquerda e isso é verdade, porque ser de esquerda é mudança e nenhum governo pode mudar a situação que obedece o interesse de muitos. Não é isso que acontece quando partidos de esquerda tomam o poder, não se muda os paradigmas, se coloca outra roupagem. Então não tente me convencer que tal governo faz isso, tal governo faz aquilo que não faz e ainda arranja os idiotas uteis para se matarem por ele. Quem em sua sã consciência se mataria por um governo – tirando é claro o soldado porque ele é obrigado a morrer pelo governo – que não quer saber de você, um “zézinho ninguém” no meio do nado sendo coisa nenhuma? Ou o sujeito é um safado que enxerga o que lhe interessa, ou é ingenuo o bastante para enxergar algum beneficio na miséria disfarçada em ganhos.

O que vimos é a pouca vergonha de não se respeitar o outro, nem do lado da revista (que pelas imagens é um “lixo”), nem por parte dos radicais que não entenderam que podem fazer o terror, o ocidente continuará cristão e dane-se suas metralhadoras. Mas será que Deus não é um só ou não é isso que pregam? Pode ser uma energia sutil e não pode interferir com a vida de ninguém, é apenas uma energia primordial, ou existe uma grandiosidade tão infinita da existência dele que não podemos medir com as medidas humanas. Porque somos falhos ainda em questões de grandezas infinitas – apesar que percebo que tudo que o ser humano não consegue medir ele coloca como infinito – porque nossa consciência não alcança tal grandeza. Então, para mim não interessa nem quem morre por religiões que nada explicam e nem quem negam, porque a ciência não é detectora de toda a verdade do universo. Nem mesmo sabe o que há em baixo do mar, muito menos, o que existe além das fronteiras entre a vida e a morte. Não sabemos nem em que solo está a nossa própria casa, se o Sol – após oito minutos – vai explodir e levar todo o sistema de planetas junto com ele, ou o núcleo da Terra esfriar e levar o planeta a deriva no universo, ou que Marte pode escapar da sua gravidade e bater no nosso planeta. Onde fica nossas verdades? Sinceramente, uma revista que não respeita a cultura e crença alheira não pode existir e nem mesmo aqueles que se acham “porta vozes” de Deus ou Alá, para dizer o que temos ou que não temos que acreditar.

É totalmente infantil um fazer “pirraça” para o outro como se isso fosse resolver todos os males do mundo. Aliás, nem venha “estuprar minha consciência” dizendo que se Deus existisse não haveria miséria, como se Deus tivesse obrigação suprema de fazer você rico, de fazer o mundo justo, mas ele mandou vários fazerem as mudanças. O que o ser humano fez? Crucificou, envenenou, matou em facada, foi apedrejado, foi morto a tiro e muito mais por causa da pobreza de espirito de muitos e se deixou manipular por causa de poucos. O interessante é que não há “coitado” nessa historia toda, pois os dois lados não vão parar e o ser humano entra na crise ética, a crise ética é a crise dos valores humanitários e a cultura superior.


A humanidade se distanciou do “ethos” para alcançar algo que não está ao seu alcance, como o voou de Ícaro, voou tão alto que derreteu suas asas de cera. As “asas” são seus conceitos e sua ciência que lhe fez sair da prisão, mas lhe fez também cair de lá de cima com suas guerras, sua ideologias que mais são ideologias comparadas a uma ética prostituída e pobre. Por que prostituída? Porque infelizmente, a ética moderna e pós-moderna atende interesses diversos de ideologias, de ideais, de crenças, de poder, de gloria e etc. Poder de dominar? Gloria de ficar famoso? Se você tiver o poder perde a liberdade, se você tem a gloria da fama você perde sua individualidade e o que resta é um zumbi, um nada, um coisa nenhuma e o que adiantou alar o que quis, entrou num buraco como os outros. De repente, kant na sua superioridade filosófica estava certo em dizer que a humanidade desejava a sua minoridade – não de idade e sim, de conceitos – porque ainda não demarcamos onde começa a minha liberdade e termina do outro e vice e versa, como uma sociedade mais ou menos, ética. Ter opinião é uma coisa, ser idiota é outra bem diferente.