domingo, janeiro 18, 2009

Realismo teológico




Por Amauri Nolasco Sanches Jr

Muitas pessoas vêm me perguntado sobre minha posição sobre o assunto religião, porque tanto vou a igrejas cristãs, como leio uma “gama” de artigos sobre as mais variadas religiões humanas que foram ou que ainda são. O que venho notado é que muitas pessoas não entendem nem o que o sacerdote prega como o significado da própria palavra nos trás de símbolo. Tendo dentro de si mesmos, uma idéia que a fé só basta e assim, não tomando o conhecimento da história da religião que segue, ou da própria palavra em si mesma.

Por que no nome do artigo é “Realismo teológico”? Ora, tem dentro da cultura ocidental um teologismo muito forte em forma de ceticismo, o pensamento duelista cartesiano, não deixou o ser humano racionalizar o realismo em sua essência. O ocidente dogmatizou a realidade de uma maneira fascinante e para combater a “teologia” católica, se foi ao extremo de declarar que a realidade é tudo que enxergamos; mas hoje sabemos que podemos enxergar o que nossos olhos captam como ondas, a freqüência do olho humano consegue só enxergar uma parte de tudo. O realismo virou um “culto” dos céticos e dos ateus para explicar o inexplicável, o impossível que se ater em questões irrelevantes que não nos cabe aceitar.

Para começar, segundo a lógica da nossa mente (não há alternativa), tudo tem uma causa aparente dentro de tudo; não existe livro sem papel, não existe papel sem madeira, não existe madeira sem arvore, não existe arvore sem a semente e não existe semente sem a fecundação de outro ser semelhante, ou seja, outra arvore. Não há como conceber, por exemplo, que um ser nasça do nada (isso já foi descartado a muito tempo), aliás, não se forma nada do nada, sempre algo vem de algo. Impossível algo vim do vazio, nem na matemática, um conjunto vazio haverá condições de ter um elemento; um elemento só é um elemento quando faz parte de um conjunto em si, a relação em causa sempre é um efeito, mesmo que não seja o esperado, mas o é inevitável. Uma coisa real está dentro do conjunto que nossa percepção ótica pode atingir, sendo um poder cognitivo animal que nosso corpo capta sempre, sabendo que não posso conceber algo que não vejo, ou seja, devemos ter cuidado com essa percepção e pensamento. O realismo como “culto”, vem empregando uma concepção dentro do pensamento humano, como se o real é um só e deve ser, como a ridícula teoria do dragão invisível de Carl Sagan. E se realmente tiver um dragão invisível em minha garagem e só eu percebo graças a uma mutação genética que meus olhos começaram a enxergar outra freqüência? Como os cientistas mesmos dizem, só sabemos uma parcela muito pequena do que nosso cérebro pode fazer, portanto, não podemos definir o que é ou que não é dentro da realidade aparente.

Por exemplo, posso pegar a bola de papel e jogar pela janela, minha escolha foi jogar a bola de papel pela janela sendo muitas escolhas poderiam ser feitas. Dentro da realidade dos fatos, existe o tempo e as dimensões que essa realidade emprega, assim vamos o que a maioria chama em “viajar na maionese”, porque pode ter uma realidade que estou jogando no lixo (bola de papel), existe que estou jogando no chão e por ai vai, não há uma resposta satisfatória sobre o real. Não há uma realidade, mas muitas realidades em nossa volta que ainda não descobrimos, porque nossa mente é condicionada a ver essa que nos é real. Muitas pessoas nos dizem que aquilo não existe, ou que aquilo não é real, porque o realismo é uma fuga do “medo” do desconhecido. Não é crime perguntar se existe algo além do real, muitos fizeram isso, muitos foram além do realismo.

A teologia tentou explicar como estudar as estruturas religiosas, aprofundar mesmo na questão humana de saber da onde viemos; só que hoje concebemos um estudo teológico somente e tão somente, as religiões judaico – cristãs, ou seja, o oriente é politeísta e não merece menção de estudo. Ora, tem uma coisa que poucos sabem da primitiva cultura hebraica que remonta o politeísmo e quase ninguém menciona, é que cada ser humano daquele povo coexistia com seu deus; seriam iguais os anjos da guarda que hoje mencionamos, ou os “djins” dos árabes pré- islâmicos. A coisa fica fácil quando pensamos assim, não é visão ateísta ou cética, mas suspeitam em longo estudo que “Jeová” era o deus de Abraão e esse adotou como deus único, um nome para o deus dos deuses. Como disse, não estou dizendo que está certo ou errado, mas numa analise restrita, talvez foi um nome que deram a um deus que teve que ser único para todo um povo e isso vem se realizando em todas as culturas. Moisés ao estudar dentro dos mistérios egípcios sabia do deus sol de Akhenaton (na versão helenizada, Amenófis IV), ou seja, todas as manifestações do deus único são de intera manifestação humana. Quem diz que o oriente tem vários deuses desconhece realmente a cultura oriental, os deuses védicos, por exemplo, são como arcanjos das religiões cristãs. Todos sabem que eles são a manifestação de Bhrama, ou seja, a manifestação das forças que criou todo o universo.

No budismo a manifestação é de si para o mundo, ou seja, do interno para o externo. Não podemos conhecer nosso equilíbrio tanto racional, como sentimental, sem jogar fora nossos desejos. Nossos desejos fazem com que soframos e a coisa é bem simples, com nossos desejos vivemos o futuro e o que não aconteceu ainda, ficamos obcecados em incertezas; hoje sabemos, que Buda (Sakiamuni ou Sindharta Gautama) descobriu a muito tempo atrás, isso cria anciosidade que é um passo para depressão. Então ele diz que temos que viver o “agora”, o “hoje” e esquecer os desejos que não servem para trazer a felicidade e sim, trás a doença, pois nós buscamos os desejos tão intensamente que não cuidamos de nós, a velhice que é um estado da mente (a pessoa se vê velha e não vê a vida dentro de si) e a ilusão que é o desejo em si mesmo. Para atingirmos a iluminação ou Nirvana (não é o conjunto do falecido Kurt Kouban), não é você se submeter ao ato de não desejar, mas entrar ao vácuo da existência e isso é atingido pelo meio termo. Dois termos fazem um, não podemos acreditar cegamente, como não podemos desacreditar isso vale com o desejo, o desejo é a vontade da vontade e não podemos extremar a vontade, mas aproveitar as oportunidades. Opa! Parece que Jesus disse algo parecido quando disse para olharmos os lírios do campo, eles não fazem nada, mas Deus sabe o que eles precisam. Buda simplesmente disse isso, não adianta ir atrás das coisas, ir atrás de religiões por toda vida, tudo esta ai dentro de cada um e todos podem ser iluminados e deixar o karma e o Samsara (reencarnação cármica).

Ora, muitos concebem o budismo uma filosofia – religiosa ateísta, mas em muito estudo se acredita que ele concebia outra forma de Criador, não um deus pessoal que tinha sentimentos e atitudes humanas, isso é um pensamento lógico e sensato, mas um que está acima de qualquer concepção no simbolismo humano. Isso é bem claro quando Deus (se posso chamar assim) apareceu para Moises na montanha em forma de chamas, ele diz que é o que é, ele não tem nome para explicar a sua existência em si mesma. Se ele mesmo determinou que não há definição para seu “eu”, como um teólogo pode saber o que “ele” quer? Buda sabia disso como Jesus também sabia.

Como vimos, as religiões mundiais tem a mesma essência, religar o ser humano ao divino. Mas como seria o divino se desconhecemos sua essência? Temos idéias que são pequenos fragmentos de coisas que vemos e sentimos, somos seres funcionais e essa sociedade que vivemos é prova disso, se uma coisa funciona de uma maneira em um determinado momento, pensamos que aquilo irá funcionar em todos os momentos. Existe o estimulo e existe a reação daquele estimulo, isso vai refletir em sensações e determinações dentro de nossa vida e de todas as áreas sociais, se uma psicóloga não é bem nos relacionamentos, por exemplo, vai refleti dentro da conduta que ela trata seus pacientes. Ao meu parecer, o realismo é um modo funcional de algumas desilusões que os seres humanos ainda não suportam ter, não suportam que a vida não mude sozinha. Então, é como uma criança que não ganha uma bicicleta e se vinga do mundo por não ganhar, escrevendo que a realidade é “dura”, dureza é agüentar isso (não agüentei...”Risos”). Na verdade, essas pessoas são psicóticas porque não aceitam desilusões que nada mais é, do que um modo de recalcar o mundo e fazer o seu, ele vive num modo que as pessoas “têm” a obrigação de acreditar nele que isso tudo é real, não mudável. Sim, entrará Sócrates na conversa no seu conhecido conhecer a si mesmo.

Conhecer a si mesmo consiste em encarar uma realidade que desconhecemos, nosso próprio “mundo das idéias”. Realidade segundo a Wikipédia: “Realidade (do latim realitas isto é, "coisa") significa em uso comum "tudo o que existe". Em seu sentido mais livre, o termo inclui tudo o que é, seja ou não perceptível, acessível ou entendido pela ciência, filosofia ou qualquer outro sistema de análise.”, ou seja, tudo que percebemos faz nossa realidade, seja em qualquer área. Então podemos dizer que quando os artistas plásticos, pintores e escritores se dizem “realistas”, eles pintam e criam coisas que percebem dentro do cotidiano, dentro do que dizem ser a realidade cotidiana. Mas entramos no Paradoxo da Realidade ou Verdade Objetiva. Para uma realidade ser objetivada, ou ser efetiva, tinha que ser a verdade de todo ser humano da face da Terra e isso não acontece, e também, uma verdade de um sempre é a verdade do outro, porque verdade não é realidade, mas sim como um ser vê o mundo. Uma verdade é uma visão que ele (o ente) vê a “sua” verdade em si.

Quando um pintor, por exemplo, pinta uma realidade que ele vê é só um retrato da realidade dele. Mas ele não pode saber da realidade do ser humano que ele retrata, não pode saber de suas intenções, de seus pensamentos e sentimentos, então é apenas sua “verdade” e não realidade em si mesmo. Talvez isso que o autor do filme “Matrix” quis dizer, que enquanto a maioria acredita daquela verdade, ela se tornará verdade incontestável. Assim Nietzsche tem sua razão em dizer que não há fatos eternos e verdades absolutas, um fato é aquilo que se tem sucesso de uma ação, ou seja, sabedor da causa que vão surtir o efeito; verdade é aquilo que se tem como realidade, que vê como um fato (conhecer) que se tem uma visão da realidade, mas é apenas uma visão. Uma verdade tem duas vertentes, ou se é real ou é falso, mas hoje sabemos que é completamente relativo. Por isso, talvez, Nietzsche tenha dito que nem sempre podemos saber as causas de alguns ou a maioria dos efeitos, que sempre esses fatos ou saberes, não são eternos, podem mudar. O mesmo disse das verdades incontestáveis, elas não são eternas e imutáveis, verdades mudam em cada “era” que o ser humano tem o maior conhecimento das coisas ou realidades. Nitidamente, não temos uma realidade, mas muitas realidades que podemos nos apegar dentro do espaço/tempo, dentro de uma resposta muito mais profunda. Na realidade, temos vários “eus” dentro de si mesmo que muitos pensadores descreveram, muitas realidades em uma só.

Vamos dar um exemplo, vamos usar a geometria e traçar duas retas iguais, uma reta é a realidade que vemos e sabemos que há lá fora e outra é nossa percepção. Elas são paralelas, certo? Mas em algum lugar nessas retas elas vão se dividir um pouco mais que a metade, tanto na realidade quanto a percepção, que dentro da realidade chamamos de “momentos” e dentro da percepção “visões”. A cada “momento” que o tempo se divide se tem uma “visão” da percepção, então pensamos ser uma “verdade” que projeta uma “realidade”, mas é apenas uma “visão” da percepção dentro do “momento” do tempo. Quando seguimos algo cegamente, não vemos as outras “visões” e sim uma “visão” desse “momento”, então essa “verdade” é incontestável. Uma “verdade” teológica é apenas uma “visão” dentre muitas no “momento” temporal. Mas será que a metafísica atemporal poderá algum dia explicar a realidade e a teologia? Só para constar, teologia estuda “Deus” em seus desígnios do grego (teos= Deus logos=palavra, estudo), estudo sobre Deus sobre varias vertentes culturais, ou seja, temos varias “visões” e vários “momentos”. Atemporal é fora do tempo, algum “ente” que não pertence ao “momento”, que no caso seja Deus. Não há em toda historia humana, um momento que ele ficou sem alguma divindade e isso é um fato (conhecimento), então essa “visão” está fora do tempo, não tem dentro de nenhum “momento”. Aonde veio, em que parte desse tempo essa “visão”? O Criador é atemporal, não está dentro da linha do tempo, então, nunca terá um “momento” porque não se divide. Não tem sentimento, porque senão se tornara criação e não será criador, está acima das verdades meramente humanas. Então ele é o arquiteto da “Matrix”? Não é não, porque ele não domina só cria. Fica difícil traçar uma “verdade” limitada dentro de algo fora da linha do tempo, fora das auroras do conhecimento.

Uma “verdade” é única, dentro do nosso próprio universo, ou micro universo. Mas uma realidade é uma “verdade” coletiva, ou funcional que é estimulo e resposta, ou algo que condicionamos a fazer. Um computador “interpreta” os códigos fontes de seus programas, nosso cérebro interpreta os símbolos de nosso cotidiano, por exemplo, um “copo” é apenas um código dentro de uma “visão” que se esvai no “momento”, ele nada mais é, que algo dentro desse “momento”. A palavra “matemática” é um símbolo de um conhecimento humano, que simboliza uma sabedoria dentre muitas. Mas o simbólico da “matemática” é uma simbologia peculiar, muito difícil às vezes para serem decifradas, outras vezes, muito obvia para ser explorada tão superficialmente. São cálculos para erguer prédios, pontes e na antiguidade já era usado nas construções das pirâmides e os edifícios gregos e romanos, quanto cálculos que levam a físicos descreverem fenômenos da natureza do universo. O espaço/tempo é um ramo da física que é usada a “matemática” pura, que fenômenos são previstos. Mas nada mais é que símbolos de uma “verdade”, pois 1+3 = 4 é apenas símbolos para mostrar quantidade, tanto se fomos ver na lógica pura, 4 nada mais é do que 2+2 ou 1+3. As crenças justificadas darão o subconjunto do conhecimento, aliás, o conhecimento é um subconjunto da crença com a verdade, ele fica entre as duas vertentes. A matemática é um símbolo dentro das crenças justificadas e as verdades que virou conhecimento, se comprovou que se muitas pessoas juntarem duas coisas mais duas coisas, dará quatro coisas.

A realidade é um simbolismo dentro de nossa mente, dentro de nossa alma que justifica o que percebemos o que tornamos como “verdade”. Agora entramos tanto no budismo quanto do hinduísmo, que as “verdades” ou realidades são ilusões dentro de nossos desejos, que fazem-nos sofrer com um “momento” que não se liga a “visão” de que queremos que fosse a “verdade”. Ao mesmo tempo isso dará também ao pré-conceito, pois a visão que o ente tem não se iguala ao “momento” temporal, o conceito é a visão centrada ou única, que se generaliza dentro de fatos unicamente da visão desse ente. O sofrimento é o desejar o que não existe ou ainda não, apenas o agora se dará dentro da “visão” e “momento”. Mas o espaço/tempo é quadrimencional, onde ficam as outras duas linhas? Quando temos a “visão” do “momento” vamos escolher entre “ação” ou “inércia”, “ação”=”visão” e “momento”= “inércia”, pois toda “ação” é feita de uma “visão” dentro do fato (conhecimento) e toda “inércia” é uma observação do “momento” que ainda não se teve a separação em velocidade (ação) e não velocidade (inércia); mas dentro da velocidade (ação) contem uma conseqüência (reação) que faz o fato (conhecimento) que logo é subconjunto da crença com a verdade. Ufa! Cansa mostrar ao ser humano que ele não tem a “verdade” absoluta, mas uma das muitas verdades distintas dentro da realidade. Isso também não quer dizer que não se possa mudar essa realidade, podemos mudá-la com nossas escolhas, assim, não desejamos o que realmente necessitamos, mas algo que “pensamos” necessitar. Desejos são escolhas que não precisamos, mas que sonhamos para um futuro melhor. O “agora” é o lírio que não deseja ou pede nada, mas a força criadora sabe que ele necessita e isso não é de maneira nenhuma uma “visão” conformista, e sim, uma conduta natural.

Parafraseando Bertrand Russell, isso pode parecer estranho, mas a culpa não é minha. A cultura ocidental se limitou em fazer sua cultura dentro do dualismo entre “Sim é” e “Não, não é”. Começa dentro da filosofia e se remete dentro de outros ramos da cultura. Isso parece muito da psicologia funcional de Skinner entre estimulo e resposta, ou seja, a cada estimulo de um comportamento se há uma resposta; se você for “bonzinho” o Papai Noel lhe trás um presente que você quer. Educamos nossos filhos entre estimular um comportamento e reforçar esse, ou seja, se ele fizer o que queremos um ser fantasioso vai recompensar; me parece que as religiões, em outra conotação, tem esse principio. Para um comportamento se merece uma resposta, mas essa resposta é o comportamento que o sacerdote quer, a mãe por outro lado, quer um comportamento “bonito” por vaidade de si mesmo, ela não quer o bem-estar do filho, mas está preocupada o que os “outros” vão dizer. O contexto social ainda é medieval, onde devo me comportar de tal maneira, porque senão eu vou ser denunciado dentro do clérigo católico. Isso tudo não é uma conduta “ética”, mas uma conduta de “egoísmo” de si mesmo. Aliás, não existe espaço/tempo, mas existe o espaço é o tempo e o tempo é o espaço, uma coisa só. Parece estranho, mas a culpa não é minha.

Quando percebemos que o mundo faz parte de nossa realidade podemos concluir que somos o mundo, aliás, na minha concepção, não há separação entre nós e a realidade, somos a realidade. Ao ler esse texto, por exemplo, entramos na realidade do texto, nossa mente nos projeta dentro da idéia inserida no texto; então sua realidade nesse momento é o texto, não existe outra realidade no momento. Dentro da realidade, não existe muitos “Amauris”, mas apenas um “Amauri”. Porém o “Amauri” coexiste dentro de um Todo, ou seja, ele não difere da realidade temporal. Por exemplo, se eu disser que todo brasileiro é bonzinho demais, estou dizendo que também sou por viver essa realidade, não existe outra realidade que possa estar “fora”. Sendo assim, todos nós somos o Universo, porque fazemos parte de sua realidade mais intima, somos parte dele já que somos filhos de poeira estrelar.

Aceitar isso é aceitar a realidade que o mundo está inserido e não separar nós dele, nem ele do Universo, é tudo Um só. Mas um só é também mera ilusão então o universo cai por ele mesmo, como se ele realmente é um ícone, envolto nele mesmo, si para si. Portanto, não existe “realidades” e sim “realidade” é só analisarmos por si mesmo tudo.

sexta-feira, janeiro 02, 2009

Paradoxo da Liberdade


Nesse natal de 2008 quero escrever sobre liberdade seus meios para acontecer dentro da sociedade vigente onde vivemos, pois todos sabem cantigas e de onde vem o natal e toda a história. Para comemorarmos o nascimento do menino Jesus nada melhor pensarmos sobre a tão dita liberdade, a verdadeira liberdade que tanto buscamos ao longo dos séculos como se fosse uma coisa invisível e não uma realidade visível. Vou começar dizendo que o século XX foi o século de grandes mudanças de paradigma, tanto do âmbito cientifico com as bombas atômicas e as manipulações genéticas humanas, como comportamentais sociais que deram ao ser humano, outra visão do seu semelhante; isso é muito fácil de descobrir o porquê, pois tivemos duas guerras que uma “raça” humana se achava melhor do que as outras. O darwinismo (vem de Charles Darwin e sua teoria da evolução), deu aos que se achavam o “bons” uma desculpa que a “raça” ariana era melhor do que as outras e o povo alemão da época (será que acabou?) se portou como detentores do “genes sagrado”. Vale lembrar que a “raça” ariana desenvolveu alguns povos árabes também, como desenvolveu o povo da Índia e muitos lugares; essa teoria “fraca” de povo superior é coisa de Freud.

Bem, desenvolvendo minha linha de raciocínio, tivemos essas “guerrilhas” para vê quem era mais forte e dominar um “brinquedinho” chamado Planeta Terra. Isso mesmo, todos nós sabemos que o planeta é ou era dividido em “mundos” e ficamos com o terceiro, somos meros terceiro mundo (aqueles que conquistaram Monte Castelo sem esforços, que segundo o comandante desse batalhão, deveriam ensinar os outros). Isso mostra que o ser humano é egoísta, mesquinho, entre outras coisas, porque só sua opinião tem e pode prevalecer. Isso inclui a tão falada “liberdade” onde podemos ver vários derivados dela que fogem da realidade dos fatos e que realmente acontece, porque muitos teóricos se baseiam no existencialismo de Sartre. Mas Sartre não se baseou em vários setores que não são condenados a serem livres, porque a sua liberdade consiste em um paradoxo que a própria palavra se baseia, vai contrario a opinião da maioria.

A maioria pensam que liberdade é fazer o que quer, só que se fizemos o que queremos vamos interferir com as escolhas do outro, então virará uma “bagunça” generalizada, porque todos vão seguir o que querem seguir. Mas, acredito profundamente, que toda unanimidade é “burra” como bem disse Nelson Rodrigues (mas detesto seus livros), pois a diversidade de idéias faz a humanidade ter opiniões diversas (no meio acadêmico e popular do senso comum, há profundamente uma ditadura de opinião e crença). Então, se chegamos a essa conclusão, onde está essa liberdade? Por exemplo, eu e minha namorada somos pessoas com deficiência física, ela raramente pode fazer as coisas porque sua escolha depende da escolha dos outros; as escolhas em sua maioria dependem das dos outros, porque se essa escolha não agradar os outros, essa escolha não se concretizará. Não somos condenados a sermos livres porque somos condenados a liberdade do outrem, muito, porém que temos a escolha de lutar por essa escolha e liberdade. Ai sim podemos dizer que somos metade culpado e metade inocente, porque somos metade culpados em não lutar por nossa liberdade que pode ou não ser cômodo depender das escolhas alheias, ou sermos inocentes por não mandar nas escolhas alheias e o egoísmo humano prevalecer. Mas até onde podemos ser inocentes ou culpados?

Segundo a doutrina do direito, a inocência e a culpa, só acontece quando o sujeito foge da lei, que a essa, é regras que estabelecem uma convivência entre sociedade. Essas mesmas leis já estavam estabelecidas, segundo muitos pensadores políticos, quando o individuo nasceu; ou seja, é um contrato que assinamos para viver em sociedade. Todo culpado é um ente que “escolhe” ter a conduta de quebrar essa regra, ou outras leis, mas se somos culpados de não escolher então quebramos a lei da liberdade, que segundo nossa Constituição, todo individuo tem o direto de ir e vir (será?!).

Mas ai chegou ao Paradoxo da Liberdade, pois se o meu direito de me libertar é uma liberdade posso criar um meio de ideologia que poderá prender. Posso escolher meu caminho segundo o que penso, mas o que eu penso é só sujeito de que eu vivi, pois o que o outro vai conceber como liberdade o que ele viveu. Mas uma liberdade legitima só se dará quando respeitarmos a liberdade de outrem, ou seja, eu tenho todo o direito de ser um protestante e seguir essa doutrina religiosa, mas não devo força a ninguém a segui-la por direito legitimo de o outro não querer; o mesmo posso dizer se somos acometidos de uma deficiência física, terei que respeitar o outro de não querer fazer, mas o outro tem que respeitar de eu querer fazer também. A ordem social me parece muito estranha, porque o ser humano só quer fazer coisas que lhe darão prazer, a conveniência reina e com isso sempre haverá duvida se realmente somos seres sociais. Se somos culpados de conivência a desordem social, somos ao mesmo tempo, inocentes por não sermos responsáveis pelos nossos antepassados que começaram com essa desordem; se somos inocentes ou culpados, isso é uma questão complexa de muitas linhas e pensamentos, mas temos o direito legitimo de prevalecer nossa liberdade.

Como diz uma musica dos Garotos Podres (banda punk), “O Ocidente é um acidente”, ou em outra musica “… um país idiota cheio de moleque…”, ou seja, somos ainda acometidos de um acidente filosófico dentro do ocidente que levou o Brasil numa imaturidade tanto política como cultural. Nosso pensamento ocidental é um equivoco imenso, cheios de atitudes imaturas tanto políticas (guerras, exportações de armas, teorias equivocas, etc…) como atitudes ideológicas filosóficas (os “ismos”, a perfeição das “raças”, o ego acima de tudo). Lembrei de uma frase que cai bem no “ego” ocidental, David Bowie na musica “Ziggy Stardust” diz: “… fazendo amor com seu próprio ego”, isso que várias pessoas fazem com seus egos, faz amor com eles. Isso Freud iria ter um orgasmo, aliás, essa musica é totalmente freudiana. O ocidente é totalmente recalcado com seu cristianismo recalcado, em nenhum momento dentro de qualquer versículo do novo testamento, Jesus trás uma moral para os outros verem; ele diz que quem segue seus ensinamentos chegará ao céu mais rápido, mas em nenhum momento impôs nenhuma conduta, acreditava no aprendizado e no ensinamento mor de não fazer aos outros os que não queremos que nos façam. Você gostaria de ser preso ou ser restringido de fazer algo? Por que matar se não gostaríamos de morrer? Por que roubar se não gostaríamos de ser roubados? Por que nos proibir de ir e vir se não gostaríamos que nos proibissem? Mas ao contrario, o ocidente faz amor com seu próprio “Ego”.

Se o ocidente faz amor com seu próprio ego, o que fazemos com a ordem social que vigia em todas as camadas sociais? Aliás, não há em uma sociedade “tarada” pelo seu próprio ego, classes que são separadas e não dependa da outra, pois a classe operaria precisa trabalhar e a classe alta precisa de mão de obra. O que fazemos para resolver esse “paradoxo” da dita liberdade? Primeiro, tudo que o mundo tem de real posso duvidar, tudo que eu tenho de pensar é uma duvida que eu tenho e procuro saber, quando procuro saber posso exercer minha liberdade e como disse um dia Renato Russo: “…ser livre é coisa muito seria”. É, ele tem razão, liberdade não é você causar na balada, não é fazer sexo com todas as “minas”, ou os “caras” do bairro e dizer que é “moderninho”: causar na balada você está sustentando as várias industrias de bebida e fazer sexo como cachorro no cio é apenas seu lado animal aflorando. Ih! Dessa vez quem vai ter um orgasmo é Rousseau que dizia que todo homem na natureza era bom, mas a terrível sociedade fazia dele um “mostro”, igual o Medico e o Monstro que ao tomar a porção mágica tinha esse “piripaque”. Para sermos bons, como diria meu professor Voltaire, deveríamos ruminar entre as vaquinhas nos pastos da vida e esquecer está história de sociedade e progresso; culpa do progresso que exploramos a “tia da venda” que só ganha para sustentar os oitos filhos que teve, não tinham janta para comer faziam filhos para esquecer a fome.

No Brasil levaram muito a sério Rousseau, para sermos homens livres e extremamente bons, temos que ruminar como touros e se portar como animais. Porém, o filosofo dos adolescentes Nietzsche (sim, eles lêem uma frase do “coitado” e acham que são historiadores clássico dele), somos rebanhos por ter uma alma de rebanho, não temos cérebro, temos banha gordurosa cinzenta dentro da caixa craniana. Bom, talvez liberdade seja uma imagem virtual da coisa e não exista na real, não existe liberdade é uma falácia; talvez seja apenas um jogo de linguagem como diria Wittgenstein. Ter Freud um orgasmo ao ouvir “Ziggy Stradust” é um fato de liberdade, ele sentiu seu prazer ao ouvir a musica, quis “gozar” até o extremo. Não que eu concorde com tal ato um tanto “animalesco”, mas ele escolheu em ir ao inferno do que chegar ao paraíso, preferiu seu próprio complexo de Édipo do que o inconsciente coletivo que poderia explicar que tudo faz uma cadeia; temos medos que não são complexos que não pude substituir meu pai na cama da minha mãe, mas que tive em experiências diversas durante toda minha vida. Essas mesmas experiências rondam o “éter” que passa dentro da atmosfera terráquea, como um buraco branco que liga vários seres humanos em seus pensamentos. É absurdo? Não sei, talvez seja, talvez não, ainda desconhecemos muita coisa.

Ou então, segundo minha preferência pessoal, temos que ter um exame ontológico (ser como ser) para examinar nossa própria conduta diante de vários fatos. Heidegger descobriu a América? Não sei se ele descobriu a América, mas que ele examinou todo “tesão” que o ocidente tem do seu próprio “ego”, isso ele fez. O ser enquanto ser é depositário de várias condutas tanto do imaginário, quanto do intelectual e assim, tendo experiências diversas. O ente transita entre o emocional e o intelectual que faz uma busca o que vai ser regido de uma das duas, se for emocional, vamos ter um probleminha; pois dentro somente do emocional vamos ter muito mais impulso do que maneiras mais amena, como das maneiras racionais. Mas se vamos ser racionais demais, vamos ser frios demais para analisar as questões de nosso cotidiano, então vai ser outro problema sério, pois sendo frios demais não vamos pensar num coletivo. Eu pessoalmente, acredito no equilíbrio e esse equilíbrio só é alcançado dentro do “conhecer a ti mesmo”, ou seja, fazer um exame de consciência cada vez que for dormir para pesar na balança tudo que foi bom ou ruim, igual nos ensina Agostinho de Hipona. Essa conduta socrática de nos ater num exame de consciência para saber como somos e para quê serve o que sabemos, vai nos remeter a virtude ou para o egoísmo; em grande maioria as pessoas são egoístas porque ainda não admitem sua parcela de culpa, tudo bem que não devemos se ativer tão somente na culpa, mas a razão tem que se equilibrar com a emoção.

Por que então as pessoas se prendem no egoísmo? Porque fazem de suas vidas grandes ilusões, sempre com a desculpa que tem que cuidar do filho, que tem que cuidar da casa, que tem que cuidar disso ou daquilo; o ente deposita no outro seu bem viver, se atendo em questões que ainda não ocorrendo, sempre colocando o “tenho” como base de linguagem de obrigação. Ainda associado com o “que” dá a base interpretativa muito usada diante de alguma aparente obrigação, que aos olhos dos “outros”, uma aparente imagem; como no filme “Matrix” (onde nós mesmos fazemos as ilusões), somos arrematados a processos cognitivos que nosso cérebro mesmo faz, é o tão famoso “mundinho” que fazemos questão de “fabricar. Quando alguma pessoa brinca com nossos sentimentos, “achamos” que todas as pessoas vão fazer isso, e o que é pior, vamos depositar isso nos filhos também, pois criamos um mundo paralelo onde só nós temos acesso. Como no filme que mostra um menino entortando a colher e dizendo que ela não existe, nosso mundo psíquico também não, são criações de nossas milhares de experiências do cotidiano que pensamos ser verdade; mas tão somente são linguagens que usamos para nos referir a isto ou aquilo, como me referir no termo “tenho que”, que só determina que somos acometido de obrigação para a mascara social, “liberdade” tão somente seria um termo que inventamos para se referir a uma conduta de “escolhas” que podemos fazer por nós mesmos. Mas nem sempre podemos “escolher”, porque minha liberdade muitas vezes depende do outro, depende da conduta social. Daí surge a pergunta: somos realmente condenados a ser livres? Ou não passa de jogo de linguagem, ora político, ora ideológico?

Isso é fácil de investigar, tanto do lado político (governos populistas, governos totalitários) e ideológico (comunismo, nazismo, fascismo, todo “ismo”). O que leva o ser humano a restringir sua liberdade a favor de uma ideologia ou política, que nem sempre vai a favor da grande “massa”? Podemos escolher acreditar que a “colher” exista (realidade aparente), como não acreditar que ela (a colher) exista, são faces de uma mesma moeda. Os filósofos gregos pré-socráticos descobriram isso, Heráclito, por exemplo, acreditava que tudo no universo está em constante mudança e que “tudo flui”; assim, os contrários se atraem como tudo quente esfria, e assim, tudo que pode existir pode não existir, mera ilusão de ótica. A colher pode existir como não pode, tudo é uma mudança do devir, como a liberdade. Mas se uma hora somos libertos ou não, teríamos necessidade da “escolha” de querer liberdade ou não? Muitos teóricos políticos iriam dizer que pela ignorância que não podemos ter a real escolha, mas como venho escrevendo em muitos textos, não existe hoje ninguém com um radio e uma TV totalmente ignorante, nossa essência é sempre de aprendizado constante.

Aristóteles, o professor de Alexandre O Grande, dizia que a natureza humana era sempre saber, então, se nossa natureza é sempre buscar o conhecimento e dessa processar em sabedoria, vamos sempre procurar meios para obter esse conhecimento; levando essa a equação socrática que é: ciência=virtude=felicidade, ou seja, toda ciência se baseia em algum conhecimento (diferente do método cientifico que é empírico), ou seja, temos a ciência de algo que estuda esse algo, se é algo útil que levará ao “bem” (ao contrário de Freud e Rousseau que teriam um orgasmo, Nietzsche iria bater o pé e iria dizer que não existe o “bem”), assim sendo, levará o ser humano a virtude, porque assim é um hábito de fazer o “bem”. Para Sócrates, como disse acima, tinha em mente que a maioria das pessoas fazem o “bem” para ser “bonzinho” aos olhos dos outros e assim atender proveito próprio, o ser humano faz o “bem” para atender a si mesmo. Mas o “bem” real é a virtude que trás consigo a sabedoria, o conhecimento, o saber em sua plena essência, levando o ser humano a felicidade pura e constante. Nada melhor que um ser humano cheio de esclarecimento e feliz para atestar sua liberdade, mas liberdade verdadeira é liberdade sabida de todo seu ser.

Ousar saber (sapere aude) é o lema de todo esclarecimento que nos leva a se libertar, mas no mesmo modo que a “colher” pode não existir, a existência de um conceito (liberdade) pode não existir também, ser apenas uma ilusão. Uma livre “escolha” é apenas uma linear atributo a um movimento que temos que tomar diante o caminho que escolhemos seguir diante do meu livre-arbítrio, que embora pensamos ser liberdade, é apenas fatos correspondentes de um ato; a palavra “liberdade” é apenas o símbolo que usamos para definir a escolha que define o ato, desse ato vai surgir o fato. Assim, o filósofo Wittgenstein nos diz que o mundo é feito de fatos, que são apenas derivados de nossos atos e assim, o limite de nosso mundo é nosso pensamento, pois não há no mundo alguma coisa que definirmos se não está dentro dele. Nossa linguagem é apenas o limite da nossa definição e ousar ir além é enfrentar os limites da linguagem vigente, é ousar saber, é sair da minoridade mental, como diz Kant, filosofar é ousar dizer seu nome.

Com isso, concluímos que junto com o conhecimento está a ética (ethos), ou melhor, não existe a ética sem o conhecimento, porque com o conhecimento (esclarecimento) podemos escolher nossa conduta entre ética e anti- ética. Assim, com a conduta de sempre sermos úteis e “bons” chega a felicidade que é quase sinônimo de satisfação, ser feliz é está satisfeito com sua própria conduta. E com o conhecimento, a ética (que derivou do latim Virtu, que virou virtude), felicidade (satisfação) o ser humano chega à sabedoria (Sophia), que seria caracterizado como a luz de quem sai da caverna (ignorância) e com isso poderíamos fazer a escolha de fazer ou não. Mas daí veio um componente importante a prudência (prudentia/phronésis) onde podemos praticar a sabedoria sem nos perder na desordem das informações. Agora, há uma coisa que confundimos muito é prudência com polidez, uma pessoa polida é uma atitude falsa, hipócrita; muitos nazistas eram polidos, tinham classe, mas cometiam atrocidades imensas, poderiam tocar Bethoveen em seus recitais, mas matavam como “bárbaros”. A prudência é a forma que a sabedoria se encontra com a pratica, ou seja, devemos praticar com prudência tudo que aprendemos tudo que nossa alma necessita para o bem viver sem exageros e assim, desfrutar com maior apresso tudo que a vida nos oferece. Daí também entra a fidelidade que nada mais é do que a capacidade de sermos fieis naquilo que queremos em nossa vida, ou seja, devemos sempre ser fieis a lembranças do que somos (voltarei com isso em outro artigo). Por hora, demos satisfazer só o que compota nosso ser, sendo esse ser o que realmente somos como, por exemplo, ter fome e não se “empanturrar” de comer e sim, comer o que seu estomago agüenta, ou ao fazer amor apenas para satisfazer seu desejo sem exagero, sem ser um “ninfomaníaco” no meu modo de ver, com quem mais gosta. Estou meio epicurista? Não tanto, estou sendo mais aristotélico, porque não posso ter sabedoria prudente sem ter moderações de meus atos.

Ser sábio é conhecer a razão (ratio/logos), toda decisão é algo que pode ser ou não regido por nossas escolhas, mas alguns tomam decisões arbitrarias sem ao menos ver o ratio (razão) dos fatos. A lógica desses mesmos fatos faz deles a extensão de meu mundo, ou seja, meu mundo se limita ao que escolho dentro de meu conhecimento; e assim, moderar meus desejos e minhas vontades para um melhor viver, poderíamos e podemos ser felizes. Ser felizes é ter consigo a satisfação desses atos, sem atropelar a fidelidade do que somos, mas fazer com que pensamos ser certo, fazer com que nossos atos sejam úteis tanto para nós, quanto para as pessoas ao nosso redor, ai sim podemos ter certeza da liberdade. Se libertar é ter juntado a prudência o melhor meio para o fim, aliás, não podemos ser o fim de nossas escolhas, mas o meio que elas se processam. O termo: “a necessidade faz o ladrão” é falsa enquanto linguagem lógica, pois o predicado faz o sujeito que nesse caso o sujeito deveria fazer o predicado; a “necessidade” não faz porque o desejo (predicado) faz o ente (sujeito) em si, ou seja, o “ladrão” faz a “necessidade” conforme seu desejo em si mesmo. Ora, seria como se falássemos que a comida faz a fome, ou que a direção faz o motorista, pois como disse acima, somos o meio que processam as nossas escolhas, no caso a “necessidade” não faz nada, é apenas um desejo para satisfazer a vaidade e isso é imprudência; porque ser um ladrão para necessitar algo é elícito, errado enquanto ético, porque é além da necessidade ter um tênis é apenas vaidade e o sujeito (ladrão) não está sendo prudente quebrando a lei social. Entre o querer e o ter existe um lema totalmente ético junto a liberdade, pois há necessidades muito mais nobres, como uma vez conversando com uma pessoa ela me disse que a culpa de se ter “racha” (corrida de carros nas ruas) era culpa da industria que fazia carros mais potentes. Ora, pergunto agora: e o carros que foram feitos antes que são modificados para esse fim? A industria fez esses carros também para isso? Nesse caso como do ladrão é uma questão de conhecimento, ética e está satisfeito (feliz) consigo mesmo, porque temos que ter o conhecimento que aquilo é errado (que nos dois casos sabem sim), do sistema ético que foi exposto (educação) e está feliz consigo mesmo para correr esse risco (suicida em potencial).

Portanto, não podemos declarar com muito vigor que somos seres que temos liberdade (escolhas), porque essas depende das sombras (o mundo virtual da Matrix) para realizar, é apenas questão de interesse. A humanidade nesses tempos de informação, não diferencia ainda do tempo que não tinha esse tipo de informação que sou obrigado a aceitar e pensar sobre. Posso e devo duvidar e criticar tudo, fatos que sei que são somente interesses, são somente falácias, são somente filha de uma cultura imatura dentro de um grande país como o nosso, que além de nossos iniciadores portugueses, ainda esperamos um salvador. Reflete dentro da política que faz os seus “ladrões”, como na cultura que a chamada “minoria” é a “maioria”, reflete também em religiões que não deveriam refletir (como a protestante e a espírita), que lá fora tem outras concepções. O esclarecimento é a rede que devemos usar para a pesca, para pescar nosso próprio peixe e assim, fazendo um belo banquete onde cada um pode escolher o que mais deseja, sem depender e sem se iludir.