quinta-feira, janeiro 24, 2008

Amor e desprezo


Vamos falar agora de um tema universal que é o amor. Mas em meus pensamentos, já não tão românticos assim, o amor é a direta razão onde o ser humano interage com o meio onde vive. Pois para muitos como eu, isso é obvio, é um sentimento que tem a ver com simetria variando as formas e gostos do seu inconsciente (pré-conhecimento, ou oculto), remontada junto com seu ego (personalidade). Cada personalidade monta o que seu pré-conhecimento seja uma variante personificada da simetria oculta, ou seja, não basta ser bonito no sistema universal que todos universalizaram, tem que haver o encaixamento de sua simetria oculta que foi aprendida e gravada no seu conhecimento oculto. Platão e seus contemporâneos gregos iriam distinguir varias palavras para o “amor” sendo elas: “philia” que é o amor amizade, aquele que é de irmãos um amor assexuado, “Eros” que é o amor sexuado e “ágape” o amor ao próximo ou caridade.

Quando o ser humano em geral forma seu conceito ele dentro do seu intimo forma o ego (personalidade), é um erro muito grande achar que tirando o ego vai tirar os desejos, porque quanto mais ficamos com eles retidos a pressão interna será maior. Devemos sim não escravizar por eles, a personalidade é nossa essência intima e o desejo é a vontade de algo que descobrirá ser ou não importante; no intuito mais intimo, quando essa procura não tem fim é algo preocupante, porque se procuramos algo é porque nos falta e isso não é culpa da personalidade. Se tirar nossa essência vai tirar nossa personalidade e o que vai restar é só nossa existência, ficando assim vazios para se auto-interagir dentro da sociedade humana. Para amar alguém devemos assimilar e se aceitar a personalidade do outro como o outro deve aceitar a sua, isso de maneira nenhuma é um sentimento de posse e sim um respeito mutuo; posse é você prender as pessoas do que pensamos e o que somos, mas se o respeito houver não haverá posse, porque cada um terá sua personalidade.

Mas por que a pessoa vai desprezar quem o ama e vai correr atrás quando esse ser que a amou não mais o a amar? Quando amamos, dentro do nosso intimo, dentro do nosso ego estará à simetria tanto das formas como do jeito que construímos dentro da nossa historia. Todo ser humano tem que se sentir desejado, para se sentir preenchido dentro de sua personalidade, para ele em seu pensamento, o ente (pessoa) preenche a que lhe ama, então o desprezo é a ilusão da superioridade. O desprezo nada mais é do que a posse junto com o “querer” dominar a pessoa, se sentir importante aquela pessoa, mas quando sentimos que o outro tem mais outra pessoa como importante, vê que a dominação perdeu o efeito, e corre atrás daquilo que perdeu. A sensação de perda é a sensação que perdeu a outra personalidade e essa personalidade nos fará falta dentro do contexto de nosso intimo, não somos mais o alvo de admiração da outra pessoa.

Fica assim, personalidade 1 ama personalidade 2, mas personalidade 2 não quer amar personalidade 1, então personalidade 1 será desprezada por personalidade 2, mas aparece personalidade 3 e preenche a mesma forma personalidade 1. Personalidade 2 vê um perigo na dominação da personalidade 1 e tenta tirar a atenção dela da personalidade 3, então personalidade 2 se sente vazio e tem que ter o amor de personalidade 1 para se sentir importante. Personalidade 2 faz um jogo de sedução para pegar a personalidade 1 e ter a sensação de dominação, se personalidade 1 corresponder ao fato então vai mostrar a sensação de posse daquilo que enche sua vaidade. O que domina a personalidade 2 não é o “amor” ou o “ego” e sim a vaidade.

O amor “Eros” vem da idéia da simetria corporal, hoje não se dá mais o significado como os gregos antigos os dava, pois hoje podemos dizer que “philia” a amizade, acompanha “Eros”. A vaidade da personalidade 2 faz ser escravo da personificação o que ela acha ser “philia” e só será apenas “Eros” como uma personificação animal, como seres racionais temos o instinto da sabedoria (instinctu sapiens), assim, não só o instinto animal (instinctu anima) pode nos dominar. Mas a vaidade (vanitate) rege algumas personalidades vazias, então personalidade 2 é comandada pela vaidade (rex vanitate) e se proclama dona da personalidade 1. Seria algo inato ao ser humano? Em grego isso poderia se chamar de “pragma” que seria a pratica, o amor pratico; a personalidade 2 cultiva o amor para alimentar a vaidade, mas apenas seria a pratica como se der certo o namoro tudo bem, mas se não continua com seus pré-requisitos para com o companheiro. Mas no caso em questão, personalidade 2 sentia uma valorização e um amor da personalidade 1 que não tem por si mesmo, ele despreza por ser dominado pelo sadismo, por se sentir austero em suas idéias doentias.

A felicidade é um estado de estar satisfeito, a personalidade 2 necessita do amor porque ele se impõe, pelas qualidades ele pode fazer aceitar; ele necessita por ser imposto numa condição de dominado para dominante. Porque o amor entre homem e mulher não nasce da inteligência, mas de certa forma impõe-se ao ser humano, todos querem ser amados, mas poucos sabem amar. Amar antes de tudo é a virtude, essa palavra significa disposição de fazer o bem, algo útil e como diz Kant, se aprende no colo da mãe, é o exemplo dos pais que a criança constrói o ego (personalidade). Amar pode ser uma construção do que a criança vê nos pais, então se vê posse vai crescer com a idéia de posse, se vê um amor doentio vai ter asco com o amor. O espírito deduz a si mesmo pronunciando-se a existência inconsciente (pré-conhecimento), pois o “a si mesmo” junguiano é o self, ou seja, o pré-conhecimento. A personalidade 2 tem a natureza de a si mesmo querer dominar porque é dominada, pela imperfeição corporal ou de espírito, Ela não se sente satisfeita consigo não vivendo uma personalidade verdadeira; pensa que nunca será amada como é. As características do comportamento e caráter são claras no conhecimento e é a antecipação do conhecimento, ter o propósito imediato de ser real, de ser em si mesmo.

A imaginação são maneiras de agir independente a sujeitar as regras ao todo comum a percepção, ou seja, as ilusões são processos de auto-regulagem da realidade. Assim, temos a incerteza (futuro), certeza (passado) e o fato (presente), estar na virtude e fazer virtude é ser fiel ao certo (passado) e viver o fato (presente) para construir o incerto (futuro). Os fatos irão trazer conseqüências no incerto, esses fatos são conseqüências do certo que construímos com aqueles fatos. Se esses forem muito dificilmente, podem ser revezados, ou seja, toda essência pode ser corrigida com o exemplo e o julgamento da virtude. Essa trará o conhecimento rigoroso e racional de qualquer assunto, trazendo uma disposição de fazer o bem e assim, trazer o estado de estar satisfeito; assim sendo, o conhecimento racional para a qualidade boa, assim entrando no estado de satisfação.

A essência, idéia principal do ser, é a personalidade verdadeira que se conflita a aparência, que é o aspecto exterior ilusório. A personalidade 2 tem somente a aparência que é a ilusão daquilo que é; se sente inferior, mas com o amor da personalidade 1 tem a aparecia de importante, de superior. Personalidade 2 tem medo de ser desprezada e despreza a personalidade 1, fobias são estados alterados da mente que pode ser traumas ou feridas na alma, o desprezo é o não acreditar em si mesma. Na verdade a personalidade 2 é indiferente com o sentimento da personalidade 1 por haver aquele laço ilusório entre o comandante e o comandado, o desprezo conflita com o amor e com a indiferença de ter alguém que te admire; porque na verdade a personalidade 1 é um espelho que a personalidade 2 se vê refletida. Ela pune a personalidade 1 por lhe amar, na verdade, a personalidade 2 não acredita na sua beleza e simpatia e rejeita o amor verdadeiro. Ela se odeia e quer ser odiada e fica arranjando personalidades que cumprem esse pré-requisito.

O sentimento é a percepção dos sentidos e o tempo é intuitivo. O sentimento é a percepção ou atitude emocional, atitude que vamos ter perante o estimulo que é processado essa percepção. Já a percepção é o processo através do qual os objetos, pessoas, situações, ou acontecimentos reais se tornem conscientes. O tempo é o continuum linear não-espacial no qual os eventos se sucedem irreversivelmente e a intuição, é o conhecimento sem recurso do raciocínio. Mais profundamente um continuum é um conjunto de três unidades espaciais e uma temporal, obrigatoriamente vistos em conjuntos, formam um conjunto espaço temporal; um evento dentro do continuum deve ser identificado com quatro dimensões. A personalidade 2 tem a consciência do sentimento da personalidade 1, só que ela remete na ilusão de fabricar a incerteza (futuro) com o acontecimento do fato (presente) que ainda remete na conseqüências dos fatos da certeza (passado). Graças a atitude emocional a personalidade 2 pode construir as pessoas conscientes e valorizar ou não a atitude emocional da personalidade 1, isso é visto como causa e efeito.

Aquilo que ocasiona o acontecimento, terá o resultado daquilo que ocasionou, ou seja, se você dá ódio recebera ódio, por exemplo, pois tudo pode ser visto em quatro ângulos. Mais o espaço-tempo é linear, se ocasionar uma causa que ocasiona o acontecimento, na mesma linha terá o efeito que é o resultado da ação; se despreza será desprezado, se ama será amado, mas se odeia a si próprio vai ser odiado e sofrera conseqüências inevitáveis. Esses sofrimentos são o acumulo da causa dos fatos que aconteceram na certeza (passado) que montaram toda a incerteza (futuro) que hoje é fato (presente), o mundo é feito de fatos e eles não são eternos, porque o continuum é linear construindo o espaço-tempo.

A personalidade 2 tem ainda a personalidade 4 no qual só quer dominar. Personalidade 4 tem o intuito apenas de ter mais uma em sua coleção, porque personalidade 2 não tem amor a si mesmo e despreza a si tendo necessidade do amor da personalidade 1, ela ainda tem medo de mostrar quem é e descobrir sua verdadeira face, sua mais intima natureza e é no fundo, um trauma que adquirimos em nossa adolescência. Outro fator importante é que a perversão da personalidade 2 a faz não enxergar um ilusão, que não é a resposta verdadeira de seu juízo, mas apenas a aparência que a faz ver na personalidade 4 um amor que não existe e só um lado que é “Eros”. O juízo vai construir em seu intimo o processo intuitivo errado, ou seja, ela tem dois caminhos, mas prefere o “amor simbólico” dentro do que faz dentro de seus símbolos que corresponde na personalidade 4, na verdade ela projeta o que seria um amor na 4. Desvia o amor da personalidade 1 que pode ter com personalidade 3 e sonha com o amor simbólico da personalidade 4 havendo assim a quadro dimensões no continuum da consciência da personalidade 2.

Portanto, o problema é a não aceitação de si mesmo que possibilita ilusões e descaso consigo mesmo, assim levando em erros e desilusões que punem a si mesmo, somente.