quarta-feira, junho 18, 2014

Os ghiraldellianos na Terra dos Sonhos Vencidos

Diógenes com sua lanterna procurando a sabedoria 






Por Amauri Nolasco Sanches Junior


Há dentro da filosofia brasileira nomes que só fazem pensamentos exóticos que até tenho medo de mencionar para não dar enfase a esses nomes, mas não dá para ficar calado.  O professor Paulo Ghiraldelli Jr, que tem um modo muito esquisito de discuti filosofia, e se referi aos filósofos prestigiados que contribuíram para o aperfeiçoamento da cultura humana com seu próprio ponto de vista. Ghiraldelli tem prestado grande contribuição para a banalidade da filosofia jogando para o senso comum e para sua tendencia esquerdista (uma forma tosca de esquerda infantilizada), onde os elementos dessa forma é o que ele entende como “ser” filosofo, porque para ele, um verdadeiro filosofo tem que concordar com ele e dar sua premissa diante do que ele dita. Se isso não ocorre, você é chamado de “burro”, de “anta”, como todo “barraqueiro de boteco” chama qualquer um.

Aprendi muito nesses grupos tanto no orkut, como yahoo, como facebook, que a filosofia transcende o senso comum e coloca em questão o pensar, não o pensar como forma de sair por ai voando, pensar que aquilo pode ser ou não verdade. Na maioria das vezes, nos iludimos com situações que são apenas “momentos” que passamos que ainda “achamos” serem verdades, não o são, são ideias passadas numa tradição que nem ao menos sabemos porque existe. A filosofia (amor a sabedoria) deve transpor os mitos e ideologias – são uma vertente desses mitos – para saber sua geologia, saber seu parentesco e quebrar esse mito para entender, explicar o senso comum é alimenta-lo com a banalidade (coisa que o professor Ghiraldelli diz lutar contra) e colocar como uma verdade e isso pode ser, muitas vezes, alimentar um lobo no meio das ovelhas. A filosofia não quebra o mito, ela transforma o mito em algo palpável, algo que possamos entender qual razão ele (o mito) existe. O mito é uma forma de filosofar e sem o mito o ser humano acaba criando neuroses inúmeras, acaba sempre indo a uma realidade que muitas vezes ele não entende e diz coisas que pode sim ser usado pelo poder vigente, o poder que a sociedade elegeu e tomou como seus tutores morais e ideológicos. Daí são criados “ídolos” que nos salvará desse mundo que não entendemos e que graças essa quebra dos mitos, são colocados como a única salvação da humanidade. Esses Ídolos são ora o capitalismo (que criou a ilusão da liberdade), ora o socialismo comunista (que criou a ilusão da igualdade) onde foram criados graças a esquecimento dos mitos.

Ora, não estamos falando em mitos como uma fantasia criada e sim, estamos falando de mitos que uma sociedade cria como explicação para coisas que ela mesma acredita. Esses mitos foram e são importantes para o desenvolvimento e evolução de uma sociedade ou uma cultura, pois esses mitos dão os elementos para essa sociedade e cultura existir. A existência de uma cultura depende como essa cultura se desenvolve e como essa cultura se torna parte dessa sociedade – com suas montagens de uma moral e eticas que são construídas através de seus pormenores – como um desenvolvimento de um feto dentro de um útero, pois a desenvoltura desse feto depende dos nutrientes que ele é alimentado. Não adianta as pessoas se convencerem que o lado da mudança é o esquerdo (como aconteceu na revolução burguesa da França), onde há um pensamento ilusório da igualdade que muitas vezes, vem com ídolos que ainda permeiam o pensamento da maioria. O pensamento do herói que salva o povo da opressão e do abandono, onde se nós seguirmos esse suposto “herói”, seremos libertados de um inimigo imaginário que o poder coloca dentro do seu discurso para exatamente, ter esse poder. Mas, muitas vezes, o oprimido que quer ser esse “herói” acaba sendo o opressor e ao longo da historia temos muitos exemplos, um deles foram os nazistas, os fascistas, os bolcheviques (após Lênin) e etc. Também não adianta se convencerem que o lado conservador é o lado da tradição familiar e religiosa que toda família deve seguir para ser felizes, vendendo a ideia de uma ilusória liberdade (temos liberdade de comprar o que quisermos dês de que tenhamos dinheiro para tal, que seria um tipo de prisão) e a ilusão que com isso a sociedade giraria a economia e despertaria maior investimento na área social. Nunca uma analise filosófica foi tão pobre do que essa, uma analise de quem não subiu ainda a montanha.

Ora, uma analise de verdade acontece dentro das milhares de premissas que ocorrem dentro da história da filosofia e ainda ocorre, que começou de onde viemos e foi parar como falamos e a importância da linguagem no discurso. Mas os antigos, nunca disseram que deveriam acabar com o mito e sim, entende-lo em sua geologia, entendendo onde ele começou e porque motivo existe. Quando Tales de Mileto disse que viemos da água, ele não acabou com o mito da criação do homem pelos deuses que eram complacentes conosco, ele fez entender que se tudo era úmido, então, nós viemos da água porque a água tinha importância para nossa vida. Mas também se repararmos bem aos fragmentos – não teremos nunca certeza se realmente ele quis dizer que tudo vinha da água – podemos remontar nossas atenções no lado simbólico que sempre a filosofia usou para explicar algo ou algum mito. Isso da quebra de mito veio com os iluministas que queriam tirar da Igreja Católica o posto da guardiã do pensamento ocidental, mas na verdade, foi um erro interpretativo. Estão colocaram tudo em volta da razão (logos) e se viciou em se dizer que a filosofia apareceu para destruir o mito. Na verdade, ela interpreta os símbolos que constrói esse mito, que ao invés de destruir o mito do deus Thor da mitologia nortica, por exemplo, ela analisa os elementos que construíram o mito do deus nórtico.


O filosofo Ghiraldelli fez escola e deixou seu legado que se você não concorda do pondo de vista do cidadão, isso é fácil de ver, o cidadão até te bloqueia. Porque não entende que na filosofia não existe um lado, tudo é feito do lado de fora do senso comum e nas variadas culturas se não, não haveríamos amar a sabedoria e procurar nosso objeto do amor. A transvaloração dos valores requer olhar o ser humano e sua cultura fora da cultura, imparcialmente e sem privilegiar um lado e sim transcender qualquer lado, um filosofo é um andarilho procurando a luz da sabedoria. 

domingo, junho 15, 2014

Copa das Coxinhas com catupiry ou com katshup?










Por Amauri Nolasco Sanches Junior


quando comecei a ler filosofia, me deparei com o principio socrático que deveríamos conhecer a si mesmo, porque só descobriríamos quem somos, conhecendo nossa própria natureza. Depois descobri que Sócrates de Atenas, tinha tomado emprestado a frase na entrada do Oráculo de Delfos que honrava o deus Apolo de Piton, que era o deus solar da morte súbita, das curas de doenças e pragas, também era o deus da harmonia, beleza e perfeição que assegurava o equilíbrio e a razão. Mas no Oraculo, chamava a atenção que dizia que quando conhecêssemos a nós mesmos, conheceríamos os deuses e o universo e por isso era tão importante. Conheceríamos nossa parte espiritual (deuses) e nossa parte material da terceira dimensão (universo) que nos fez existir e viver aqui nesse planeta e nesse momento. Depois eu li Heráclito de Éfeso que disse que tudo flui, não entramos na mesma água do rio duas vezes, porque o tempo vai mudando os fatos e os fatos não são eternos e nem as verdades são absolutas como disse Nietzsche muitos séculos após Heraclito, mas baseado nesse mesmo principio. Ora, se tudo flui e nada é absoluto e se nos conhecemos sabemos da nossa força e garra e conhecemos mais coisas que poderíamos conhecer, por que apoiar uma esquerda brasileira que se agarrou em estereótipos e uma direita que se agarrou em verdades absolutas?

Michel Foucault, grande nome da filosofia do século XX, disse que há uma figura dentro da normalidade – aquilo que se enfiou nas culturas ocidentais dês do século dezoito – em que aquilo que entra como aceitável dentro de um programa efetivo dentro de uma sociedade “governável”. É o que alguns vão chamar de sociedade padrão, um controle de comportamento onde o cidadão deve seguir, uma maquina óptica universal de controle humana. Isso se chama Panóptico e foi idealizado no século dezoito para criar uma imagem de ser humano que pudesse serem prisioneiros em delimitações morais e sociais, muitas vezes, levados ao interesses governamentais. Se repararmos bem – isso é uma visão muito acima daquilo que chamamos de direita ou esquerda – todas as ideologias foram formadas com base desse panóptico depois do século dezoito e isso, nenhum indivíduo que estude filosofia de verdade, pode negar. Por que isto? Porque para ser um cidadão respeitado, devemos saber todas as artimanhas de todo tipo para enxergar coisas que a sociedade determina como “certa”. Esse “certo” é sempre determinado com algum interesse daquilo que a sociedade determina diante da imagem que a informação procura mostrar, se mostrar que determinada pessoa não faz e não é o protótipo daquilo que a moral determina, ele é rejeitado como algo fora do normal. Mas essa informação sempre é dada para determinar esse tipo de fronteira entre um e outro e não a nos conhecer como ensinou a sabedoria antiga, porque o modo pós-moderno de pensamento, se conhecer é determinar o ultimo motivo de nossas vidas.

Não pararmos para olharmos nosso interior e olharmos aquela informação com um ar critico, não com um olhar dos valores que carregamos da ética e moral da cultura que vivemos ou pensamos ser verdade, mas com um olhar com que razão aquela informação nos é dada. Dai chegamos a nossa própria visão dos fatos que levaram aquela informação e o porque ela foi disseminada. Tudo nesse momento que vivemos aqui, é transformado em espetáculo porque sempre pende a um dos lados possíveis sendo ou de um lado, ou de outro e a analise sempre fica pobre e desqualificada. Quando falamos em vaias e xingamentos da presidenta Dilma Rousseff, não devem ser analisadas nem como um protesto da direita porque muitas vezes, varias vezes, muitos desses cidadãos votaram nela e ela é presidenta de toda a nação, queiramos ou não. Para entendemos melhor, vamos dizer que os cidadãos não respeitaram nada porque além das ideologias e opiniões, ela é a chefe de Estado e nada vai mudar isso (nas urnas isso deve ser mudado). Por outro lado, sem a menor duvida, é uma ação legitima e democrática, para expressar uma indignação daquilo que se viu em todo o tempo que a Copa foi preparada, onde escolas não foram construídas, hospitais não foram construídos, obras estão inacabadas, sempre visando o populismo flagrado e quase já engendrado na cultura sul americana. Porque nascemos da ganancia europeia e não temos uma cultura solida e ainda herdamos esse panóptico que o filosofo Foucault alertou no seculo passado.

O termo “coxinha” nasce de uma esquerda brasileira cheia de estereótipos infantis – concordo com Frei Beto quando diz que há cidadãos de esquerda e cidadãos esquerdistas, porque o esquerdista sempre é o cara que fica com “apelidos” igual que damos nas escolas e pode sim ser chamado de um discurso de uma sociedade padronizada na cultura esquerdista – que quer dizer (além daquilo que sabemos que eram os guardas que achavam que poderiam comer coxinha de graça), são pessoas que se fecham em uma ideia só, porque a coxinha não tem outro recheio a não ser aquele. Outra característica é que ele se fecha num mundo que acredita ser o que ele pensa ser justo, não o mundo que milhares de pessoas podem sentir outra coisa ou podem pensar outra coisa. Ora, se pensarmos nessa linha de raciocinio, todos tendem a isso e não só o indivíduo que é mimado, que o pai paga tudo, até tem uma certa consciência social, mas não quer perder a “boquinha” e sim, também o indivíduo que tem consciência social, mas inventa estereótipos diversos para desqualificar a discussão. Por isso inventei a designação de coxinha com catupiry (direitista) e a coxinha com katshup (esquerdista), mas tem o mesmo recheio de frango (interesses). Ou seja, os dois lados usam a sociedade padrão – a sociedade disciplinar – para moldar o que está em volga ideologicamente e o que está em voga o interesse onde esse panóptico leva o discurso e para onde a informação deve ir. Tudo isso sempre visando não olharmos dentro de si mesmos e isso, muito claramente, é levado a ser projetado dentro da religião e os meios para colocar o ser humano como servo (a vontade de sempre estar protegido por um pai) de um tutor que vai lhe dizer que você não é capaz de pensar ou agir por si mesmo. O comunismo e as ideologias desse tipo, também visam isso e colocam sempre o povo como um ser dependente do governo, como ele fosse um pai ou ideologias liberais, que você dependem das coisas. Sempre dependemos de algo e nunca vamos fazer algo porque sabemos que somos uma determinada maneira, ou por nossa própria vontade de fazer.

As pessoas sempre tendem a querer tutores como o filosofo Immanuel Kant disse num artigo dele, que as pessoas tem preguiça ou não querem sair da sua menoridade porque sempre querem ser tutorados. A menoridade, nesse caso, não é a idade e sim, o esclarecimento para sair desses tutores morais ou ideológicos. Esse fenômeno se dá no processo da dependência do ser humano – seja homem ou mulher – de um fator que possa tirar ele dessa situação, seja uma imagem divina, seja um herói ou uma ideologia politica, mas tenha um papel determinante em tudo aquilo que vai tira-lo, em tese, de sua pobreza. Por isso muitos ainda acreditam em religiões que prometem rios de coisas, porque a redenção de seus pecados – sempre o pecado é aquilo que a sociedade condena graças ao maquinario moral e cultural do ensino – e não mais, religa nós com seres ou o ser divino como eram as religiões do passado. Muitas delas, se capitalizaram com a promessa que todos vão ter o que querem quando se redimirem de seus pecados. Lembramos que o pecado é a imagem de tudo que o poder não pode enfrentar para dominar, porque se não for iliminada esses fatores, os fatores serão um “entrave”, um virus no corpo são. Por que temos que viver humildes e sempre aceitar as coisas que as pessoas (no caso o sacerdote) nos dizem? O mesmo ocorre dentro das ideologias politicas, você não pode sair do ensinamento que trazem a cartilha, você tem que seguir o estereótipo da esquerda quando quer uma mudança e tem que seguir o estereótipo da direita quando você não quer nenhuma mudança e é conservador. Mas e quando você não esta de acordo nem com as ideias de um ou com as ideias do outro? Muitos dizem serem anacocapitalistas (os libertários são chamados anarcocapitalistas, mas não tem nada a ver porque sua raiz é capitalista democrata), outros dizem ser apartidários, outros dizem serem pessoas que não se encontraram e outros ainda, chamam de coxinha enrustida. Sair da menoridade é olhar acima daquilo que nos é dito – talvez sem querer, o filosofo Nietzsche tenha sintetizado isso em sua filosofia de “olhar o ser humano em cima de uma montanha” - sempre olhando além dos símbolos que nos é ensinado.

Quando se olha acima de ideologias e das diversas religiões que nos cercam, levamos sempre o estereótipo de pessoas que não são serias, pessoas que só querem tumultuar e ficam desmoralizando nossas ideias como se elas não valessem. Mas são apenas imagens que nos querem colocar, porque saímos da realidade vedada daquilo que nos querem colocar como “verdades absolutas”. Não quero acreditar que há um trabalho social serio aqui, porque não adianta ter rendas inúmeras e não ter infraestrutura para usufruir dessa renda, não adianta o povo ter como comprar ou ter luz para usar, se a infraestrutura das hidroelétricas não aguentam. Não adianta meu Estado crescer e não ter água, não ter escolas, não ter hospitais, não ter casas para morar mesmo quando se quer pagar. A infraestrutura faz parte sim de um país e ela é sim social, a criminalidade está ai porque criamos um panóptico perigoso, porque botamos culpa na escolaridade (educação é o que aprendemos no berço), mas é a consciência social que é culpada, porque ensinamos aos jovens que o importante é o MEU. Aquele pai que buscou o filho na manifestação é a prova disso, o filho é MEU, o indivíduo é sustentado por mim e ele pertence a mim e não ao mundo e a ele próprio, porque essa é a ideia da escolaridade governamental, o filho pertence aqueles que os sustenta. Antes do império romano, os filhos já eram criados para serem cidadãos e não algo ou alguma coisa, a coisificação foi alastrada com o império romano. Mas que ficou mais acentuada com o capitalismo onde os burgos tomaram o poder e isso se enxerga muito quando um indivíduo “compra” a ideia da coisificação do individuo, a estatização começando no núcleo familiar. Começa com os pais dizendo ser MEU e depois o Estado dizendo ser NOSSO e não importa muito a ideologia, porque na essência é tudo o mesmo prognóstico. A coxinização não está apenas na direita conservadora que quer dinheiro a todo custo, é também da esquerda infantilizada (esquerdismo), que coloca um modelo que não deu certo como um modelo único e fica inventando termos e estereótipos inúmeros para desqualificar a discussão, porque não querem ver que o que está ai é muito longe do ideal.

Não temos que vaiar ou falar coisas improprias a dona presidenta, temos que não votar nos mesmos, porque ainda, estamos numa democracia. Mas votar não é uma partida de futebol que tem torcida e tudo, mas tem que ter uma consciência social, uma consciência que o indivíduo vai governar pela sociedade inteira de um Estado, cidade ou país. O resto, bem, o resto é só a humanidade.

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