Diógenes com sua lanterna procurando a sabedoria |
Por Amauri Nolasco Sanches Junior
Há dentro da filosofia brasileira
nomes que só fazem pensamentos exóticos que até tenho medo de
mencionar para não dar enfase a esses nomes, mas não dá para ficar
calado. O professor Paulo Ghiraldelli Jr, que tem um modo muito
esquisito de discuti filosofia, e se referi aos filósofos prestigiados
que contribuíram para o aperfeiçoamento da cultura humana com seu próprio ponto de vista.
Ghiraldelli tem prestado grande contribuição para a banalidade da
filosofia jogando para o senso comum e para sua tendencia esquerdista
(uma forma tosca de esquerda infantilizada), onde os elementos dessa
forma é o que ele entende como “ser” filosofo, porque para ele,
um verdadeiro filosofo tem que concordar com ele e dar sua premissa
diante do que ele dita. Se isso não ocorre, você é chamado de
“burro”, de “anta”, como todo “barraqueiro de boteco”
chama qualquer um.
Aprendi muito nesses grupos tanto no
orkut, como yahoo, como facebook, que a filosofia transcende o senso
comum e coloca em questão o pensar, não o pensar como forma de sair
por ai voando, pensar que aquilo pode ser ou não verdade. Na maioria
das vezes, nos iludimos com situações que são apenas “momentos”
que passamos que ainda “achamos” serem verdades, não o são, são
ideias passadas numa tradição que nem ao menos sabemos porque
existe. A filosofia (amor a sabedoria) deve transpor os mitos e
ideologias – são uma vertente desses mitos – para saber sua
geologia, saber seu parentesco e quebrar esse mito para entender,
explicar o senso comum é alimenta-lo com a banalidade (coisa que o
professor Ghiraldelli diz lutar contra) e colocar como uma verdade e
isso pode ser, muitas vezes, alimentar um lobo no meio das ovelhas. A
filosofia não quebra o mito, ela transforma o mito em algo palpável,
algo que possamos entender qual razão ele (o mito) existe. O mito é
uma forma de filosofar e sem o mito o ser humano acaba criando
neuroses inúmeras, acaba sempre indo a uma realidade que muitas vezes
ele não entende e diz coisas que pode sim ser usado pelo poder vigente, o poder que a sociedade elegeu e tomou como seus tutores
morais e ideológicos. Daí são criados “ídolos” que nos salvará
desse mundo que não entendemos e que graças essa quebra dos mitos,
são colocados como a única salvação da humanidade. Esses Ídolos são ora o capitalismo (que criou a ilusão da liberdade), ora o
socialismo comunista (que criou a ilusão da igualdade) onde foram
criados graças a esquecimento dos mitos.
Ora, não estamos falando em mitos
como uma fantasia criada e sim, estamos falando de mitos que uma
sociedade cria como explicação para coisas que ela mesma acredita.
Esses mitos foram e são importantes para o desenvolvimento e
evolução de uma sociedade ou uma cultura, pois esses mitos dão os
elementos para essa sociedade e cultura existir. A existência de uma
cultura depende como essa cultura se desenvolve e como essa cultura
se torna parte dessa sociedade – com suas montagens de uma moral e
eticas que são construídas através de seus pormenores – como um
desenvolvimento de um feto dentro de um útero, pois a desenvoltura
desse feto depende dos nutrientes que ele é alimentado. Não adianta
as pessoas se convencerem que o lado da mudança é o esquerdo (como
aconteceu na revolução burguesa da França), onde há um pensamento
ilusório da igualdade que muitas vezes, vem com ídolos que ainda
permeiam o pensamento da maioria. O pensamento do herói que salva o
povo da opressão e do abandono, onde se nós seguirmos esse suposto
“herói”, seremos libertados de um inimigo imaginário que o
poder coloca dentro do seu discurso para exatamente, ter esse poder.
Mas, muitas vezes, o oprimido que quer ser esse “herói” acaba
sendo o opressor e ao longo da historia temos muitos exemplos, um
deles foram os nazistas, os fascistas, os bolcheviques (após Lênin)
e etc. Também não adianta se convencerem que o lado conservador é
o lado da tradição familiar e religiosa que toda família deve
seguir para ser felizes, vendendo a ideia de uma ilusória liberdade
(temos liberdade de comprar o que quisermos dês de que tenhamos
dinheiro para tal, que seria um tipo de prisão) e a ilusão que com
isso a sociedade giraria a economia e despertaria maior investimento
na área social. Nunca uma analise filosófica foi tão pobre do que
essa, uma analise de quem não subiu ainda a montanha.
Ora, uma analise de verdade acontece
dentro das milhares de premissas que ocorrem dentro da história da
filosofia e ainda ocorre, que começou de onde viemos e foi parar
como falamos e a importância da linguagem no discurso. Mas os
antigos, nunca disseram que deveriam acabar com o mito e sim,
entende-lo em sua geologia, entendendo onde ele começou e porque
motivo existe. Quando Tales de Mileto disse que viemos da água, ele
não acabou com o mito da criação do homem pelos deuses que eram complacentes conosco, ele fez entender que se tudo era úmido,
então, nós viemos da água porque a água tinha importância para
nossa vida. Mas também se repararmos bem aos fragmentos – não
teremos nunca certeza se realmente ele quis dizer que tudo vinha da
água – podemos remontar nossas atenções no lado simbólico que
sempre a filosofia usou para explicar algo ou algum mito. Isso da
quebra de mito veio com os iluministas que queriam tirar da Igreja
Católica o posto da guardiã do pensamento ocidental, mas na
verdade, foi um erro interpretativo. Estão colocaram tudo em volta
da razão (logos) e se viciou em se dizer que a filosofia apareceu
para destruir o mito. Na verdade, ela interpreta os símbolos que
constrói esse mito, que ao invés de destruir o mito do deus Thor da
mitologia nortica, por exemplo, ela analisa os elementos que construíram o mito do deus nórtico.
O filosofo Ghiraldelli fez escola e
deixou seu legado que se você não concorda do pondo de vista do
cidadão, isso é fácil de ver, o cidadão até te bloqueia. Porque
não entende que na filosofia não existe um lado, tudo é feito do
lado de fora do senso comum e nas variadas culturas se não, não haveríamos amar a sabedoria e procurar nosso objeto do amor. A
transvaloração dos valores requer olhar o ser humano e sua cultura
fora da cultura, imparcialmente e sem privilegiar um lado e sim
transcender qualquer lado, um filosofo é um andarilho procurando a
luz da sabedoria.