segunda-feira, fevereiro 01, 2016

Como definir a cultura?








Não há um consenso o que seria cultura entre os antropólogos, mas a definição mais defendida entre eles é que existe fatores sociais, e até mesmo, fatores genéticos para definir o que é cultura. No meu entendimento, cultura é tudo aquilo que agrega o ser humano a uma certa evolução – já que transcendemos o nacionalismo e o ideais socialistas, anarquistas, e outras filosofias afins (isso segundo Luc Ferry graças a globalização que seria uma espécie de supremacia mundial do capitalismo) – pois saímos da condição de nômades e moradores de caverna, graças ao aprimoramento cultural que tomamos como base criar valores que nos é caro. Nem sempre isso foi um condicionamento dentro de um poder, pois cada um pensava como quisesse e talvez, isso foi se sistematizando em criar sistemas que dominavam povos mais fracos. Ou seja, uma cultura poderia ser definida como uma superior ou inferior, porque tinha mais desenvolvimento harmonioso dentro do que é perfeito ou que não é perfeito, sendo muitas vezes, jogados ao aprendizado o que poderia ser aceito e o que não poderia ser aceito. Os gregos são a prova viva como o ocidente nunca foi uma cultura universalista – mesmo com Alexandros Magnos tendo mais tolerância a essas culturas, o grego lhe foi imposto como uma cultura civilizadora – diferente das culturas orientais que já são uma cultura mais ou menos, parecida. Então, cultura vai muito além do que fatores de conhecimento e sim, fatores de interação entre povos irmãos da mesma linhagem. Mas sem dúvida nenhuma, a cultura faz um elo entre a moral e a ética e dentro dessa moral – não estou dizendo moralismo que é outra coisa – se constrói uma evolução positiva não só tecnológica, mas valores para usar mais objetivamente a tecnologia e o ensino.
Antes de aprofundarmos dentro da questão temos que ter bem claro o que é ética e o que é moral, porque há ainda no nosso país uma grande confusão entre ser ético, ser um cara que segue a moral, com pessoas “politicamente corretas” ou moralistas. O politicamente correto não é um sujeito ético, é uma certa religiosidade no que se diz respeito a ética e um cinismo e hipocrisia daqueles que idealizam um ato ético, mas como diria Aristóteles, um ato ético não é só uma teoria ela tem que ter a pratica do bem. O politicamente correto é só uma virtualização daquilo que poderia ser ético, a potencialização é só uma virtualização do ato em si mesmo, ou seja, o politicamente correto é uma ditadura daquilo que cada um acredita ser correto. Mas será que existe o certo e o errado? Será que não pode ter um questionamento daquilo que nos é apresentado? A ética assim como a moral deve ser questionada quando ela passa a ser uma obrigação e não uma consciência, porque as consciências são algo que construirmos com o entendimento daquilo que aprendemos. Mas é, no meu entendimento, uma construção subjetiva da leitura de tudo que conseguimos entender daquilo que é aprendido. Ora, ética veio do grego ethos que era uma tomada de consciência daquilo que se entendia como sendo um cidadão (politikon), homens livres – sem ser escravos, sem ser mulher, sem ser criança ou sem ser defeituoso (eu sou deficiente, só para constar) – que era o habito de estar e pertencer a alguma casta dentro da Polis (cidade-estado). A moral vem do latim (língua etrusca-romana), “mos” que era uma tentativa de traduzir o ethos grego, só que o romano não entendeu ethos como um habito a ser seguido, mas um costume a ser obedecido. Depois, talvez graças ao advento do cristianismo, ética se tornou algo relativo a caráter – uma leitura fiel ao ethos que era o caráter de cada cidadão livre grego – e o mos ou more no plural, ficou moral e é o costume de cada povo ou cada ideologia ou até mesmo, religiosidade.
Ora, se moral é um costume construído a cada momento histórico de cada etnia e ética tem a ver com o caráter de uma sociedade ou de um ente para com os outros membros sociais, então, como definir o que seria cultura? Não podemos defini algo que não existe, pois no nosso país, a cultura é uma “colcha de retalhos” que foi paulatinamente construída por anos de imigração. Quem não sabe ou não percebeu ainda que a américa na verdade, é uma “colcha de retalho” cultural? Mas qual a cultura que não absorveu outras culturas? Como eu coloco, existe a cultura positiva (que constrói um conjunto de conhecimentos para a evolução de certas sociedades) e existe a cultura negativa (que destrói de forma destrutiva e não ajuda o homem a evoluir). Como saber que uma cultura é positiva e negativa? Qual o critério podemos tomar como uma “peneira” para filtrar o que serve e o que nos fara pessoas melhores? Claro que alguns vão dizer que é as religiões cristãs, outros vão dizer que é o conservadorismo, mas não é nada disso, as três peneiras vieram de uma citação que dizem ser de Sócrates de Atenas. A parábola é a seguinte:
“”. Conta-se que certa vez um amigo procurou Sócrates para contar-lhe uma informação que julgava de seu interesse:- Quero contar-te uma coisa a respeito de um amigo teu! - Espera um momento – disse Sócrates – Antes de contar-me, quero saber se fizeste passar essa informação pelas três peneiras. Três peneiras? Que queres dizer?Vamos peneirar aquilo que queres me dizer. Devemos sempre usar as três peneiras. Se não as conheces, presta bem atenção:A primeira é a Peneira da VERDADE. Tens certeza de que isso que queres dizer-me é verdade?Bem, foi o que ouvi outros contarem. Não sei exatamente se é verdade. A segunda peneira é a da BONDADE. Com certeza, deves ter passado a informação pela peneira da bondade. Ou não?Envergonhado, o homem respondeu: - Devo confessar que não. A terceira peneira é a da NECESSIDADE. Pensaste bem se é necessário contar-me esse fato, ou mesmo passá-lo adiante? Vai resolver alguma coisa? Ajudar alguém? Melhorar alguma coisa?Necessário? Na verdade, não. Então, disse-lhe o sábio, se o que queres contar-me não é verdadeiro, nem bom, nem necessário, então é melhor que o guardes apenas para ti.Assim, da próxima vez em que surgir um boato por aí, submeta-o ao crivo das Três Peneiras: Verdade, Bondade, Necessidade, antes de obedecer ao impulso de passá-lo adiante, porque:Pessoas inteligentes falam sobre ideias; Pessoas comuns falam sobre coisas; Pessoas mesquinhas falam sobre pessoas. ””
Como vimos existe a “verdade”, existe a “bondade” e a “necessidade” de tudo aquilo que você vê, que você ouve e o que você diz. A cultura positiva é a cultura que tem como algo que as pessoas acreditam por ser verdade, visa ajudar as pessoas com a bondade, e visa sempre se realmente os membros daquela cultura tem necessidade daquilo. Tudo que nos dizem seria verdade? Tudo que nos fazem como um suposto benefício é realmente, algo bom? Tudo que compramos é algo que necessitamos? Será que tudo que lemos, como por exemplo, livros sobre a política ou religião são verdadeiros? Será que tudo que vimos as pessoas doarem ou as pessoas serem voluntarias, não seria algo muito mais vaidoso do que algo bom? Será que tudo que compramos ou lemos na internet como entretenimento, é uma coisa que realmente necessitamos? Há dúvidas sobre isso, porque nem tudo que nos diverte é algo útil que nos fazem pessoas melhores. Daí chegamos a cultura negativa, pois ele destrói uma unidade cultural para o desenvolvimento daquele determinado povo ou determinada nação. Como as inúmeras teorias da conspiração, o intuito nem sempre é a verdade, não é a bondade e não faz nenhuma diferença se os iluminati, ou reptilianos ou os intraterrestres estão querendo nos dominar, a verdade que somos dominados. Outro exemplo são os “really show”, sabemos que nem sempre existe verdade, nem sempre aquilo vai ser bom para nosso espirito (falo o espirito filosófico), nem sempre será necessária aquela informação que eles estão ali.
Mesmo os entretenimentos – como alguns youtubeers insistem em se colocar – houve e sempre haverá informação que os jovens irão seguir porque pesquisas mostram que o ser humano é um animal imitador, ou seja, ele constrói os conceitos dentro de uma perspectiva do exemplo dado.  Você pode até entreter, não há mal nenhum nisso, mas há uma grande diferença em entreter e dizer milhões de asneiras num vídeo. Embora que há o direito de entreter, também há o direito de criticar (analisar profundamente) os vídeos e os livros de pessoas que realmente não tem nada a passar aos jovens. Lembramos sempre que somos animais que sempre imitamos aquilo que simpatizamos. Somos animais que educamos – educação vem do latim educare que quer dizer “mostrar a verdade ou realidade” – e os únicos que fazemos isso, então devemos sempre jogar dentro da sociedade uma cultura negativa que só destrói os valores que fazem a humanidade evoluir. Aqui prolifera a cultura negativa porque se pensa que com isso iremos romper certos paradigmas que ainda dominam nosso país, ou talvez, pensamos que assim vamos conquistar a liberdade. Mas assim estamos indo cada vez mais ao rumo de certas correntes que não querem a liberdade porque alienam os jovens e fazem deles pessoas fúteis e isso não só no Brasil, isso no mundo inteiro, o exemplo mais conhecido é da Cristiane F. que ainda, colocar a culpa em outros fatores. Será que essa cultura negativa não é uma artimanha para o poder desarticular a população a não união? Só olharmos a cultura hippie, facilmente enxergamos as drogas serem inseridas lá para desarticular o movimento que era uma contestação daquilo que é o poder e o ESTADO. Como foi o rock, como foi o pop, como foi o rap, como foi todas as manifestações de contestação ao que é vigente. Mas o funk não contesta nada, não nos traz nada de bom, não diz a verdade e muito menos o que necessitamos.
O último lançamento funkeiro é a música “Baile de Favela” – que as pessoas insistem que é uma cultura e fazíamos essas músicas quando moleques nas ruas, mas não chega a ser uma cultura positiva – onde há um grande poder de destruição daquilo que foi e é culturalmente evoluído.  Já começa a apologia ao sexo como se o menino que canta – nem sei qual o MC – sai nas “baladas” para transar com uma menina e se essa menina contar para todo mundo, o cara vai e mete seu órgão dentro do órgão dela. Algumas perguntas ficam no ar como: isso não é uma apologia ao estupro? Será que isso não é uma cultura negativa que faz talvez, uma nação se desestabilizar como uma união populacional como cultura? Forçar uma relação sexual é ou não um estupro? Com certeza o que vimos nisso tudo é a cultura negativa, que joga o ser humano contra valores dele mesmo, da própria evolução que nada tem a ver em ser ou não conservador. Aliás, uma pessoa sensata não pula aos extremos e sempre avalia o que é melhor para a sociedade onde vive. A sexualidade não deveria ser um tabu, deveria sim ser ensinada sem culpa, pois assim, não haveria tais “aberrações” musicais que aparecem transvestidos de quebra desses mesmos tabus. A cultura negativa toda dentro da perspectiva do funk pancadão – não sou tão radical de não admitir que existe músicas funks mais amenas - onde se leva o sexo como algo animalesco (quase primitivo), o funk ostentação que só visa ter e não ser, o homem como um ser que é e encontra o ser pensante como algo que constrói um caminho até a evolução da humanidade. O que ainda não acontece.


Amauri Nolasco Sanches Junior, 39, filosofo e escritor

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