quarta-feira, janeiro 15, 2014

Rolezinho Sartreano





O artista espanhol, Luis Quiles, morador de Barcelona e fã de cultura pop e rock, consegue captar as emoções em suas ilustrações críticas e de teor sarcástico.

© obvious: http://lounge.obviousmag.org/manifesto_da_artes/2014/01/as-ilustracoes-chocantes-de-luis-quiles.html#ixzz2qTBA0Tpw 
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Por Amauri Nolasco Sanches Junior


O filósofo francês Sartre sempre esteve preocupado com a liberdade, segundo ele, a existência procede a essência e por isso não haverá nenhuma criatura metafisica. Só que o físico alemão Einstein disse que Deus não joga dados, mas claro, ele estava dizendo sobre as leis da física. Poderíamos também aplica-la no âmbito da liberdade, porque se somos libertos e estamos num mundo cheio de leis da física, isso vale e isso é uma lei da física. Mas Sartre não escutou Einstein e acreditou que somos condenados a sermos livres, ainda acreditou que Deus jogava dados e refutou que cada jogada ele escolhia um destino nosso, mas cada um tem seu conceito e sua ética/moral. O engraçado que no fim da sua vida ele se arrepende de adotar sua própria filosofia em deixar Simone de Beauvoir, sua esposa, livre para ter seus amantes e ter a liberdade. Talvez não se sentiu seguro de agradar e satisfazer uma mulher como Simone, bonita, inteligente e muito, muito mesmo, culta. Mas o que sabemos, amou Sartre e Sartre amou ela tamém. Toda essa liberdade não é o intuito humano como o próprio Sartre, com toda obra voltada a ela, concluiu e sim somos animais que ansiamos de saber e nesse saber exercermos nossa natureza politica como concluiu Aristóteles a uns 2500 anos.


Tanto Sartre, quanto Aristóteles – no caso de Aristóteles é um pouco mais complexo por causa das condições politicas de sua época – estão dizendo que somos animais racionais e de conhecimento o bastante para refletir nossas ações e exercer nossa conduta politica e social. Então, mesmo Sartre não escutando Einstein, somos condenados a sermos livres e exercemos o livre arbítrio de escolhermos nossa livre conduta de escolher o que queremos e o que enxergamos como importante. Aqui no Brasil estão forçando não uma luta de classes, como Marx e Engels idealizaram, mas existem duas forças poderosas em todo o universo – dando um ar de Asimov – a direita leitora da Veja e a esquerda puxadora do saco do Che – não, não vou colocar o que o Cauê Moura disse. A direita leitora da Veja, escutadora da Shehazade, olavettes inveterados, estão dizendo que os “rolezinhos” são uma desculpa para ter arrastões e badernas funks e tudo mais. A esquerda “chupadora” do Che Guevara, estão dizendo que haverá mais uma modalidade de Apartheid e que estamos a beira de uma segregação racial e sócio/econômica.


Aproveitando, já que disse que somos condenados a sermos livres, queria dizer que sou anarquista e um verdadeiro anarquista não toma posição nenhuma e sou radical a ponto de dizer que todos tem direitos e também tem deveres pela a humanidade. Claro que não sou um GG Allin em passar coco na cara, não sou adepto de quebrar estabelecimentos capitalistas sujos e encher minha barriga com lanchinho de fest-foods da vida. Sou um anarquista que cada um tem o dever de exercer sua individualidade sem prejudicar e incomodar o outro com ações e opiniões que não vão ajudar a comunidade, mas sempre exercer meu direito de dizer e dar a opinião que me cabe dar. Então, não tenho nenhuma ideologia politica e se algum dia exercer esse meu papel politico, entrarei num partido menos pior porque aqui não se aceita candidaturas independentes, só isso. Então, posso chamar um eleitor que vota no PT de idiota, como chamo também um eleitor que vota no PSDB de idiota também, porque tem que se votar no candidato e não na legenda dele. O que ocorre é que as pessoas confundem dar sua opinião – sou um puta fã do Guns e acho o Axl Rose um chato babaca e o Slash um pombo – em ser fanatico ideologico para defender um monte de politico babaca que só quer tomar o seu dinheiro e exercer a perfeita demagogia res magna. Toda vez que tiverem duvida sobre minha posição politica, lembre e cantem esse mantra: “Não sou direitista olavette, não sou esquerdista chupador de Che Guevara” daí vão lembrar do Ajr Nolasco.


Voltamos no caso “rolezinho” para falarmos um pouco de liberdade, porque ando meio intediado o que li por ai. Não creio que nem os ditos filósofos lembraram de Sartre e de Foucault numa analise muito mais profunda e um pouco menos parcial, porque tem a ver com esteriótipo que alguns segmentos contem e tem vários pensamentos ideológicos e maniacos funcionais que querem separar o mundo como ele é e ter seu parque temático “família feliz”. Quem nunca ouviu aquela famosa frase que a tua liberdade termina quando a do outro começa? Todos tem o direito de fazer o que quiser num país democrático de direito, mas se tem que ter um bom senso para isso acontecer. Levar 600 pessoas num Shopping para fazer pancadão ai é exagero, mas quando barramos pessoas visando sua classe social, daí é descriminalização. Hoje se barra jovens com chinelos e bermudas, amanhã se barra gays, se barra deficientes e se barra todo tipo de pessoas que querem ir aonde bem desejarem. Lógico que isso nada tem a ver com posição de classes, isso tem a ver com bom senso das duas partes. Não se pode fazer um pancadão no estacionamento do shopping porque as outras pessoas querem parar o carro lá sossegadas, seja um Ford Sport ou um chevettola, não importa se é de classe média ou de classe pobre, querem sossego. Queria ver se esses que defendem isso se não vão esconder suas carteiras e apertar forte a mão de sua companheira e orar – sim, nessas horas os ateus esquerdistas lembram até de orar – para um “rolezóide” não roubar sua carteira. Isso é natural e ninguém ainda será condenado por isso.


O medo é uma defesa primata onde nossos antepassados ficavam em alerta do perigo, sendo animais ferozes, sendo tribos inimigas querendo o território. Querendo ou não, somos biologicamente animais territoriais e sempre vamos demarcar os lugares, então, nada tem a ver com classes de ricos ou pobres, seria como se invadissem o território do outro. Só que construímos culturas e ideologias e nos baseamos em conhecimento, com esse conhecimento exercemos ou não nossos diretos. Somos animais racionais e devemos ir além desse medo primordial que nada mais é – isso não é exagero – alimentado por ideias de dominação ideológicas, não existe bem ou mal, não existe direita e esquerda, existe um caminho a escolher e as conseguencias desse caminho são só suas. O mesmo é ir no Shopping com o sem os meninos do “rolezinhos” estão sujeitos a essas coisas e os meninos, pela meia duzia de ladrões e vândalos, vão enfrentar a policia, simples assim. Temos que “bancar” nossas escolhas e assumimos os riscos que essas escolhas estão sujeitos a trazer. Como o próprio Sartre diz, o inferno sempre é do outro, porque o ser humano quer culpar algo ou alguém sempre por causa do seu fracasso. Eu estou cheio de exemplos na minha vida que sempre me culparam pelo fracasso de movimentos, pelo fracasso amoroso, pelo fracasso existencial que cada pessoa deveria avaliar. Sartre diz que a existência deve ser sempre feita por escolhas e essas escolhas são resumidas dentro do nosso pensamento ético e pensamento moral nosso e não do outro, primeiro temos que nos encontrar como ente que existe – não vê como Descartes, mas enxerga que devemos sim perceber nossa existência – e depois perceber o mundo a nossa volta como aspecto de nossa realidade. Você pode pagar champanhe, pode pagar um tênis bom, mas não encontrar em si seu verdadeiro eu e se fechar para o mundo como se tivesse trancado no Matrix. Aliás, muito bem lembrado, no filme existia o Cypher que queria voltar para a Matrix porque via sua vida vazia e sem propósito. Quantas pessoas vivem sem propósito? Numa única frase, Sartre diz “a existência procede a essência” porque antes de pensarmos temos que sentir e perceber a nossa existência e assim exercer a liberdade.


Outro filosofo francês Foucault, iria dizer que há um discurso do poder que identifica quem é normal (dentro dos padrões relevantes da sociedade) e o que não é padrão (o que não é relevante a sociedade). Os adeptos do “rolezinho” tem os estereotipo de menino de periferia que quer roubar as lojas e assustar quem quer se esconder dentro de um outro mundo – funkeiro existe todo santo dia na TV com aqueles programas chinfrin da tarde – porque é esse mundo que vivemos, não existe outro. O que ocorre é que há um padrão a ser seguido, há um padrão que as pessoas montaram em uma ideia social, que é agradável de ver e de achar bonito. Eu como pessoa com deficiência sei como é as pessoas te olharem e olharem sua companheira e as pessoas fazerem cara de nojo porque estamos se beijando, isso é hitleriano e posso dizer, a grande maioria pensa igual os nazistas, ponto. Mas também a esquerda estereotipada, só fica com o discurso de discriminação racial e tudo mais, não interessa se é negro, branco, pardo, querendo ou não, estamos numa sociedade e temos o dever de respeitar o direito do outro.



Vamos refletir...