O artista espanhol, Luis Quiles, morador de Barcelona e fã de cultura pop e rock, consegue captar as emoções em suas ilustrações críticas e de teor sarcástico. © obvious: http://lounge.obviousmag.org/manifesto_da_artes/2014/01/as-ilustracoes-chocantes-de-luis-quiles.html#ixzz2qTBA0Tpw Follow us: obviousmagazine on Facebook |
Por Amauri Nolasco Sanches Junior
O
filósofo francês Sartre sempre esteve preocupado com a liberdade,
segundo ele, a existência procede a essência e por isso não haverá
nenhuma criatura metafisica. Só que o físico alemão Einstein disse
que Deus não joga dados, mas claro, ele estava dizendo sobre as leis
da física. Poderíamos também aplica-la no âmbito da liberdade, porque
se somos libertos e estamos num mundo cheio de leis da física, isso
vale e isso é uma lei da física. Mas Sartre não escutou Einstein e
acreditou que somos condenados a sermos livres, ainda acreditou que
Deus jogava dados e refutou que cada jogada ele escolhia um destino nosso, mas cada um tem seu conceito e sua ética/moral. O engraçado
que no fim da sua vida ele se arrepende de adotar sua própria
filosofia em deixar Simone de Beauvoir, sua esposa, livre para ter
seus amantes e ter a liberdade. Talvez não se sentiu seguro de
agradar e satisfazer uma mulher como Simone, bonita, inteligente e
muito, muito mesmo, culta. Mas o que sabemos, amou Sartre e Sartre
amou ela tamém. Toda essa liberdade não é o intuito humano como o
próprio Sartre, com toda obra voltada a ela, concluiu e sim somos
animais que ansiamos de saber e nesse saber exercermos nossa natureza
politica como concluiu Aristóteles a uns 2500 anos.
Tanto
Sartre, quanto Aristóteles – no caso de Aristóteles é um pouco
mais complexo por causa das condições politicas de sua época –
estão dizendo que somos animais racionais e de conhecimento o
bastante para refletir nossas ações e exercer nossa conduta
politica e social. Então, mesmo Sartre não escutando Einstein,
somos condenados a sermos livres e exercemos o livre arbítrio de
escolhermos nossa livre conduta de escolher o que queremos e o que
enxergamos como importante. Aqui no Brasil estão forçando não uma
luta de classes, como Marx e Engels idealizaram, mas existem duas
forças poderosas em todo o universo – dando um ar de Asimov – a
direita leitora da Veja e a esquerda puxadora do saco do Che – não,
não vou colocar o que o Cauê Moura disse. A direita leitora da
Veja, escutadora da Shehazade, olavettes inveterados, estão dizendo
que os “rolezinhos” são uma desculpa para ter arrastões e
badernas funks e tudo mais. A esquerda “chupadora” do Che
Guevara, estão dizendo que haverá mais uma modalidade de Apartheid
e que estamos a beira de uma segregação racial e sócio/econômica.
Aproveitando,
já que disse que somos condenados a sermos livres, queria dizer que
sou anarquista e um verdadeiro anarquista não toma posição nenhuma
e sou radical a ponto de dizer que todos tem direitos e também tem
deveres pela a humanidade. Claro que não sou um GG Allin em passar
coco na cara, não sou adepto de quebrar estabelecimentos
capitalistas sujos e encher minha barriga com lanchinho de fest-foods
da vida. Sou um anarquista que cada um tem o dever de exercer sua
individualidade sem prejudicar e incomodar o outro com ações e
opiniões que não vão ajudar a comunidade, mas sempre exercer meu
direito de dizer e dar a opinião que me cabe dar. Então, não tenho
nenhuma ideologia politica e se algum dia exercer esse meu papel
politico, entrarei num partido menos pior porque aqui não se aceita
candidaturas independentes, só isso. Então, posso chamar um eleitor
que vota no PT de idiota, como chamo também um eleitor que vota no
PSDB de idiota também, porque tem que se votar no candidato e não
na legenda dele. O que ocorre é que as pessoas confundem dar sua
opinião – sou um puta fã do Guns e acho o Axl Rose um chato
babaca e o Slash um pombo – em ser fanatico ideologico para
defender um monte de politico babaca que só quer tomar o seu
dinheiro e exercer a perfeita demagogia res magna. Toda vez que
tiverem duvida sobre minha posição politica, lembre e cantem esse
mantra: “Não sou direitista olavette, não sou esquerdista
chupador de Che Guevara” daí vão lembrar do Ajr Nolasco.
Voltamos
no caso “rolezinho” para falarmos um pouco de liberdade, porque
ando meio intediado o que li por ai. Não creio que nem os ditos
filósofos lembraram de Sartre e de Foucault numa analise muito mais
profunda e um pouco menos parcial, porque tem a ver com esteriótipo
que alguns segmentos contem e tem vários pensamentos ideológicos e
maniacos funcionais que querem separar o mundo como ele é e ter seu
parque temático “família feliz”. Quem nunca ouviu aquela famosa
frase que a tua liberdade termina quando a do outro começa? Todos
tem o direito de fazer o que quiser num país democrático de direito, mas se tem que ter um bom senso para isso acontecer. Levar 600
pessoas num Shopping para fazer pancadão ai é exagero, mas quando
barramos pessoas visando sua classe social, daí é descriminalização. Hoje se barra jovens com chinelos e bermudas, amanhã se barra gays, se barra deficientes e se barra todo tipo de
pessoas que querem ir aonde bem desejarem. Lógico que isso nada tem
a ver com posição de classes, isso tem a ver com bom senso das duas
partes. Não se pode fazer um pancadão no estacionamento do shopping
porque as outras pessoas querem parar o carro lá sossegadas, seja um
Ford Sport ou um chevettola, não importa se é de classe média ou
de classe pobre, querem sossego. Queria ver se esses que defendem
isso se não vão esconder suas carteiras e apertar forte a mão de
sua companheira e orar – sim, nessas horas os ateus esquerdistas
lembram até de orar – para um “rolezóide” não roubar sua
carteira. Isso é natural e ninguém ainda será condenado por isso.
O
medo é uma defesa primata onde nossos antepassados ficavam em alerta
do perigo, sendo animais ferozes, sendo tribos inimigas querendo o
território. Querendo ou não, somos biologicamente animais
territoriais e sempre vamos demarcar os lugares, então, nada tem a
ver com classes de ricos ou pobres, seria como se invadissem o
território do outro. Só que construímos culturas e ideologias e nos
baseamos em conhecimento, com esse conhecimento exercemos ou não
nossos diretos. Somos animais racionais e devemos ir além desse medo
primordial que nada mais é – isso não é exagero – alimentado
por ideias de dominação ideológicas, não existe bem ou mal, não
existe direita e esquerda, existe um caminho a escolher e as
conseguencias desse caminho são só suas. O mesmo é ir no Shopping
com o sem os meninos do “rolezinhos” estão sujeitos a essas
coisas e os meninos, pela meia duzia de ladrões e vândalos, vão
enfrentar a policia, simples assim. Temos que “bancar” nossas
escolhas e assumimos os riscos que essas escolhas estão sujeitos a
trazer. Como o próprio Sartre diz, o inferno sempre é do outro,
porque o ser humano quer culpar algo ou alguém sempre por causa do
seu fracasso. Eu estou cheio de exemplos na minha vida que sempre me
culparam pelo fracasso de movimentos, pelo fracasso amoroso, pelo
fracasso existencial que cada pessoa deveria avaliar. Sartre diz que
a existência deve ser sempre feita por escolhas e essas escolhas são
resumidas dentro do nosso pensamento ético e pensamento moral nosso e
não do outro, primeiro temos que nos encontrar como ente que existe –
não vê como Descartes, mas enxerga que devemos sim perceber nossa existência – e depois perceber o mundo a nossa volta como aspecto
de nossa realidade. Você pode pagar champanhe, pode pagar um tênis
bom, mas não encontrar em si seu verdadeiro eu
e
se fechar para o mundo como se tivesse trancado no Matrix. Aliás,
muito bem lembrado, no filme existia o Cypher que queria voltar para
a Matrix porque via sua vida vazia e sem propósito. Quantas pessoas
vivem sem propósito? Numa única frase, Sartre diz “a existência
procede a essência” porque antes de pensarmos temos que sentir e
perceber a nossa existência e assim exercer a liberdade.
Outro
filosofo francês Foucault, iria dizer que há um discurso do poder
que identifica quem é normal (dentro dos padrões relevantes da
sociedade) e o que não é padrão (o que não é relevante a
sociedade). Os adeptos do “rolezinho” tem os estereotipo de
menino de periferia que quer roubar as lojas e assustar quem quer se
esconder dentro de um outro mundo – funkeiro existe todo santo dia
na TV com aqueles programas chinfrin da tarde – porque é esse
mundo que vivemos, não existe outro. O que ocorre é que há um
padrão a ser seguido, há um padrão que as pessoas montaram em uma
ideia social, que é agradável de ver e de achar bonito. Eu como
pessoa com deficiência sei como é as pessoas te olharem e olharem
sua companheira e as pessoas fazerem cara de nojo porque estamos se
beijando, isso é hitleriano e posso dizer, a grande maioria pensa
igual os nazistas, ponto. Mas também a esquerda estereotipada, só
fica com o discurso de discriminação racial e tudo mais, não
interessa se é negro, branco, pardo, querendo ou não, estamos numa
sociedade e temos o dever de respeitar o direito do outro.
Vamos
refletir...