Amauri Nolasco Sanches Junior
Segundo
o site da prefeitura da capital paulista, o Censo
do IBGE de 2010, constatou que existem 810.010 pessoas com
deficiência. Nacionalmente, no mesmo censo,
há 15.750.969 de pessoas com deficiência e como tal, não há
tantos tratamentos e muitos de nós, não tem nenhum tratamento. As
mulheres com deficiência são tratadas como objetos – como mulher
já são tratadas, imagina com alguma deficiência – e vira e mexe,
podemos ler em algumas manchetes (uma notinha bem pequena na imprensa
hipócrita), que muitas delas
são estupradas, ou assediadas. Porém,
existem pessoas com
deficiência que são trancafiadas dentro de casa por não ter
acessibilidade, não ter transportes e não ter como se locomover
numa cidade como São Paulo. Imagina no interior.
Segundo
a empresa que gerencia o transporte na cidade de São Paulo, são
liberadas duzentas, mais ou menos, vans do serviço ATENDE+ para
eventos de finais de semana. O
serviço oferece ao usuario – que geralmente, não consegue
transitar na rua – vans adaptadas para o transporte que busca e
leva porta em porta. Porém, desde quando o prefeito do PT Fernando
Haddad (com o Kassab o serviço ainda obedecia
à prefeitura), as vans estão
sucateadas e o prefeito eleto
João Dória não deu jeito. A frota, pelo que sei, está prevista a
renovação apenas quando elas fizerem 10 anos. As pessoas com
deficiência fisica trocam de cadeira de rodas a cada 5 anos, porque
eles trocam de van a cada 10 anos. E todo o dinheiro que a prefeitura
paga para as empresas? A última
vez que vi era apenas 14 mil cada van. 400 vans em uso dá uma
quantia boa.
Mas
para entender a farra do transporte publico acessível em São Paulo,
temos que entender que existem três modalidades dentro do serviço.
O serviço normal (semana), que leva as pessoas com deficiência para
o trabalho, escola, centros de reabilitação e também, levam
pessoas que fazem hemodiálise nos hospitais (quando os rins param).
Também levam pessoas com transtorno de autismo (tanto no centro de
reabilitação, quando nas escolas). Outra
modalidade – se tem ainda – é a modalidade de eventual, mas,
essa modalidade são pagos taxis, para levarem as pessoas com
deficiência uma vez por mês a uma consulta eventual (por isso,
chama eventuais). E, logo após o
normal, a modalidade que tem o maior uso de vans os eventos. Na
verdade, os eventos foram criado para suprir o transporte de pessoas
com deficiência que participam de entidades (como a AACD), ONGs e
movimentos. Não vou explicar a diferença para o texto não ficar
muito longo. Mas, tudo é pago pelo contribuindo.
Dentro
da modalidade Eventos se tem dez dias para mandar uma ficha (o
coordenador da entidade, ONG ou movimento), marcar o local do evento,
horário e o endereço de onde o evento vai ser realizado. Essa
modalidade também é usado pelo Conselho Municipal dos Direitos
das Pessoas com Deficiencia e Mobilidade Reduzida para suas reuniões
e para passeios. Só que
misteriosamente, alguns eventos contem vans novas, outros não
contem. Alguns tem mais vans
e outro, menos. Por exemplo, a AACD (a mesma entidade que recebe
milhões de doações), pede a cada evento, 17 vans aproximadamente.
Existem movimentos que não conseguem. Quando é o evento do Teleton
todas vans – novas, de preferencia – vão para ele e nós,
ficamos sem os nossos eventos.
Não
para por ai. Quando existe a F1 também o ATENDE+ só desloca van
para lá e os outros usuários ficam sem nenhum transporte. Mas,
podemos ver que políticos ligados ao partido do agora prefeito,
Bruno Covas (PSDB), a senadora e na época era deputada, Mara
Gabrilli, gostou em dar uma voltinha no ATENDE+ (que nome ridículo,
heim Dória?) na Copa de 2014 (que foi a farra do PT). Enquanto,
vários usuários não puderam estudar, trabalhar e nada graças ao
gerente cabide de emprego do Jaiminho (Haddad), que não é o mesmo
que hoje. Temos um gerente bom, mas, a centralização ficou a cargo
da SPTrans.
Não para por ai.
Segundo a própria SPTrans será liberada 78 vans (claro que são
novas) para a Copa América que vai acontecer no Morumbi. Até ai, já
acontece no Teleton não falam nada, acontece na F1 e não acontece
nada, mas, o jogo de futebol vai acontecer de semana. Segundo a regra
dos Eventos nenhum evento é feito em
dias de semana, mesmo o
porquê. existem pessoas que
não podem faltar nenhum dia. Então, porque vai ser deslocado 78
vans para um bando de torcedor cadeirante – que poderia ir de
ônibus
– sendo que a própria regra do ATENDE+ Eventos, não pode
acontecer nenhum evento de semana? É a isonomia? Eu,
por exemplo, mandei uma ficha para o dia 20 de junho e não
aceitaram, porque errei o dia. Nunca entendi porque tem que ser dez
dias. Uma das explicações que deram é a revisão das vans, porém,
não há revisão nenhuma.
A prefeitura paga
um montante inteiro tanto do combustível
dos ônibus
a a manutenção e o combustível
e a manutenção das vans. Mas, nós sabemos, que é muito mais
barato peça usada. Só não colocam peças usadas, quando
denunciamos para a gerencia, que poucas vezes fazemos, por não
perceber. Muitas vezes, existem a borracha da
portas soltas e chegou a cair gente do elevador da van, e muito pior,
existem motoristas que a gente tem que ensinar. Como assim? Como eu
tenho que ensinar o motorista a amarrar uma cadeira de rodas? Nós
cadeirantes, temos esse tipo de serviço e todos nós pagamos.
Pagamos para o Teleton usar e você não. 78 vans serem deslocadas
para futebol – se 14 mil são pagos por cada uma, imagina quanto o
contribuinte paga para neguinho assistir futebol – e
usuarios esperando para serem atendidos. Nós andamos com vans
velhas, eles andam com vans novas. Esse é o Brasil que não quero.
Fontes: http://www.sptrans.com.br/noticias/sptrans-implanta-linhas-especiais-com-vans-do-atende-para-os-jogos-da-copa-america/
e: http://www.sptrans.com.br/noticias/sptrans-ira-disponibilizar-228-vans-do-atende-para-eventos-neste-final-de-semana/