sexta-feira, junho 14, 2019

#BrasilReal: A farra do Transporte Acessível aqui em São Paulo


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Amauri Nolasco Sanches Junior
 
Segundo o site da prefeitura da capital paulista, o Censo do IBGE de 2010, constatou que existem 810.010 pessoas com deficiência. Nacionalmente, no mesmo censo, há 15.750.969 de pessoas com deficiência e como tal, não há tantos tratamentos e muitos de nós, não tem nenhum tratamento. As mulheres com deficiência são tratadas como objetos – como mulher já são tratadas, imagina com alguma deficiência – e vira e mexe, podemos ler em algumas manchetes (uma notinha bem pequena na imprensa hipócrita), que muitas delas são estupradas, ou assediadas. Porém, existem pessoas com deficiência que são trancafiadas dentro de casa por não ter acessibilidade, não ter transportes e não ter como se locomover numa cidade como São Paulo. Imagina no interior. 
 
Segundo a empresa que gerencia o transporte na cidade de São Paulo, são liberadas duzentas, mais ou menos, vans do serviço ATENDE+ para eventos de finais de semana. O serviço oferece ao usuario – que geralmente, não consegue transitar na rua – vans adaptadas para o transporte que busca e leva porta em porta. Porém, desde quando o prefeito do PT Fernando Haddad (com o Kassab o serviço ainda obedecia à prefeitura), as vans estão sucateadas e o prefeito eleto João Dória não deu jeito. A frota, pelo que sei, está prevista a renovação apenas quando elas fizerem 10 anos. As pessoas com deficiência fisica trocam de cadeira de rodas a cada 5 anos, porque eles trocam de van a cada 10 anos. E todo o dinheiro que a prefeitura paga para as empresas? A última vez que vi era apenas 14 mil cada van. 400 vans em uso dá uma quantia boa. 
 
Mas para entender a farra do transporte publico acessível em São Paulo, temos que entender que existem três modalidades dentro do serviço. O serviço normal (semana), que leva as pessoas com deficiência para o trabalho, escola, centros de reabilitação e também, levam pessoas que fazem hemodiálise nos hospitais (quando os rins param). Também levam pessoas com transtorno de autismo (tanto no centro de reabilitação, quando nas escolas). Outra modalidade – se tem ainda – é a modalidade de eventual, mas, essa modalidade são pagos taxis, para levarem as pessoas com deficiência uma vez por mês a uma consulta eventual (por isso, chama eventuais). E, logo após o normal, a modalidade que tem o maior uso de vans os eventos. Na verdade, os eventos foram criado para suprir o transporte de pessoas com deficiência que participam de entidades (como a AACD), ONGs e movimentos. Não vou explicar a diferença para o texto não ficar muito longo. Mas, tudo é pago pelo contribuindo. 
 
Dentro da modalidade Eventos se tem dez dias para mandar uma ficha (o coordenador da entidade, ONG ou movimento), marcar o local do evento, horário e o endereço de onde o evento vai ser realizado. Essa modalidade também é usado pelo Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiencia e Mobilidade Reduzida para suas reuniões e para passeios. Só que misteriosamente, alguns eventos contem vans novas, outros não contem. Alguns tem mais vans e outro, menos. Por exemplo, a AACD (a mesma entidade que recebe milhões de doações), pede a cada evento, 17 vans aproximadamente. Existem movimentos que não conseguem. Quando é o evento do Teleton todas vans – novas, de preferencia – vão para ele e nós, ficamos sem os nossos eventos. 
 
Não para por ai. Quando existe a F1 também o ATENDE+ só desloca van para lá e os outros usuários ficam sem nenhum transporte. Mas, podemos ver que políticos ligados ao partido do agora prefeito, Bruno Covas (PSDB), a senadora e na época era deputada, Mara Gabrilli, gostou em dar uma voltinha no ATENDE+ (que nome ridículo, heim Dória?) na Copa de 2014 (que foi a farra do PT). Enquanto, vários usuários não puderam estudar, trabalhar e nada graças ao gerente cabide de emprego do Jaiminho (Haddad), que não é o mesmo que hoje. Temos um gerente bom, mas, a centralização ficou a cargo da SPTrans. 
 
Não para por ai. Segundo a própria SPTrans será liberada 78 vans (claro que são novas) para a Copa América que vai acontecer no Morumbi. Até ai, já acontece no Teleton não falam nada, acontece na F1 e não acontece nada, mas, o jogo de futebol vai acontecer de semana. Segundo a regra dos Eventos nenhum evento é feito em dias de semana, mesmo o porquê. existem pessoas que não podem faltar nenhum dia. Então, porque vai ser deslocado 78 vans para um bando de torcedor cadeirante – que poderia ir de ônibus – sendo que a própria regra do ATENDE+ Eventos, não pode acontecer nenhum evento de semana? É a isonomia? Eu, por exemplo, mandei uma ficha para o dia 20 de junho e não aceitaram, porque errei o dia. Nunca entendi porque tem que ser dez dias. Uma das explicações que deram é a revisão das vans, porém, não há revisão nenhuma. 
 
A prefeitura paga um montante inteiro tanto do combustível dos ônibus a a manutenção e o combustível e a manutenção das vans. Mas, nós sabemos, que é muito mais barato peça usada. Só não colocam peças usadas, quando denunciamos para a gerencia, que poucas vezes fazemos, por não perceber. Muitas vezes, existem a borracha da portas soltas e chegou a cair gente do elevador da van, e muito pior, existem motoristas que a gente tem que ensinar. Como assim? Como eu tenho que ensinar o motorista a amarrar uma cadeira de rodas? Nós cadeirantes, temos esse tipo de serviço e todos nós pagamos. Pagamos para o Teleton usar e você não. 78 vans serem deslocadas para futebol – se 14 mil são pagos por cada uma, imagina quanto o contribuinte paga para neguinho assistir futebol – e usuarios esperando para serem atendidos. Nós andamos com vans velhas, eles andam com vans novas. Esse é o Brasil que não quero.

Fontes: http://www.sptrans.com.br/noticias/sptrans-implanta-linhas-especiais-com-vans-do-atende-para-os-jogos-da-copa-america/

e: http://www.sptrans.com.br/noticias/sptrans-ira-disponibilizar-228-vans-do-atende-para-eventos-neste-final-de-semana/