quarta-feira, dezembro 09, 2015

A banalização do Brasil.




Quando pensamos em cultura logo pensamos em gostos refinados e o que realmente gostamos, mas não é o que acontece com a cultura de massa. Um jovem hoje, em sua maioria, não sabe o que é um Beethoven ou quem foi Machado de Assis porque resolvemos encarar a industria cultural como se fosse uma verdade, mas não é. Se criou jovens que não pensam e fizemos mais uma vez, a “macaquice” de imitar os norte-americanos criando um bando de “Hannah Montana” que mexem a cabeça, que se expressam como se fosse um eterno teatro. O fetiche cultural – onde a massa consome porque todos consomem e não pelo gosto – tendem a sempre seguir aqueles que não darão conhecimento, mas aquilo que é banal, aquilo que não presta como artimanha para vender e não para ensinar. Era o tempo que os escritores queriam expressar seus pensamentos e não, achar que o mundo é um eterno Big Bang Theory. Como disse, sempre fazemos essa “macaquice” de imitar o que não tem que ser imitado, só pertence a industria cultural.
No Brasil sempre banalizamos a cultura de qualquer cultura e qualquer meio, pois a mídia sempre divulgou o que interessava. Por que a “molecada” sempre ouve funk pancadão? Por que a maioria das pessoas ouvem sertanejo (como se fosse sertanejo mesmo)? Porque não é que caiu no gosto popular, mas é o que a maioria ouve e se a maioria ouve como só há esse tipo de musica tocando em radio, ele se torna a única verdade que predomina aqui na nossa cultura e que forma o fetiche daquilo ouvido. Fetiche é aquilo que encanta como um feitiço, um objeto que te coloca diante do que nos hipnotiza ao ponto de não perceber aquilo que você está consumindo. O funk pancadão, por exemplo, usará a mulher como forma de objeto sexual e mesmo assim, as mulheres e as meninas vão escutar como forma de libertação da mulher. Mas a partir do momento que você dança para um bando de “barbado” dentro de um baile quase ou nua, você está sendo escrava desses homens em saciar seu desejo primal da sexualidade. De forma somente instintiva o homem vai copular em uma mulher, porque ali só restará a forma primitiva de sacia sua vontade diante de uma fêmea que só estará se oferecendo o seu corpo. Claro que existe liberdade, afinal o seu corpo é sua propriedade, mas usar o discurso que a maioria defende para ouvir o pancadão, não me convence. Então, tudo que sai desse discurso hipócrita que é uma cultura (uma cultura popular que a industria cultural usou para alienar a massa), se torna uma atitude fascista, uma atitude daqueles que querem o golpe militar e que não gosta de pobres. O empobrecimento cultural sempre foi uma forma eficiente dês do surgimento do ESTADO como a única forma de o ser humano viver em comunidade.
A decadência cultural começa quando colocamos certas maneiras de agir como maneiras que a maioria pensa ou agi, eu não quero ouvi funk pancadão não porque acho imoral e tal, mas não ouço porque é a decadência do ser humano como um ser cultural e racional. Mas o funk pancadão é filho do axé dos anos 90, quando num lapso de genialidade – de forma Global de ser – se lançaram varias musicas de duplo sentido. O funk pancadão é bem mais implícito. Isso chegou dentro da literatura e essa literatura fica igualmente pobre e muito preocupa porque começa na escola, pois a escola ensina muito mais a cultura massiva do que a cultura de fato humano. Se fomos numa livraria e ficarmos observando, quem despertara o interesse dos jovens? Herry Potter, Jogos Vorazes, O Hobbit, Senhor dos Anéis ou A Guerra do Fogo e do Gelo (citando os mais famosos)? Não. Fico bobo de ver que o primeiro livro visto é a biografia do Luan Santana – que acaba sendo mais ou menos igual da biografia do Justin Bieber, nasci, morreu meu hamster e fiz sucesso – ou de outro ícone da nossa cultura decadente, pobre de conteúdo, amarga em ignorância e em desprezo a obras realmente, que trás algo para sua vida. O que um livro de paginas e paginas dizendo o que você fala em vídeos do YouTube vai me trazer em conhecimento? O que o mundo vai ser grato pela asneira que você disse? Onde podemos adquirir conhecimento num livro que não existe nada para ler a não ser, opiniões e frases fabricadas? Nada que está lá é realmente o que o autor quis escrever.
O cume da decadência é quando você lê que uma youtubeer – o que é mesmo isso? – vender milhões de livros sem ao menos divulgar o livro, sem ao menos ter conteúdo. Não falando para desprezar o trabalho da pessoa, mas mostrar como as pessoas são manipuladas pelo marketing e pelo fetiche daquilo, como se aquilo irá trazer alguma felicidade e não vai trazer nenhuma felicidade, só vai trazer desprezo pela sua livre escolha. Talvez esse é o grande mal das pessoas aqui, elas compram ou consomem porque o outro o faz, se o outro não fizer, ele não tem a capacidade de encarar e arriscar. O mundo precisa de pessoas de atitude, lá fora as pessoas compram coisas novas para incentivar variedades, aqui não, sempre as pessoas compram o que as outras compram, votam o que as outras votam, seguem a religião do que a maioria segue e não bancam a iniciativa. Eu, por exemplo, descobri muito banda legal, fuçando o youtube, muita banda legal deixando rolar a playlist da Rdio, porque isso vai fazer você diferenciar sua vida e vai te dar uma personalidade e não ser um fantoche da mídia. Não adianta achar que a Rede Globo é manipuladora e que as novelas não ajudam para esclarecer e ficar numa cultura de senso comum, ouve sertanejo, ouve um pagode pobre, ouve funk pancadão e ostentação (que é pior do que o pancadão que manipula o jovem a ir ao crime por causa de bens materiais), tem ideologias que só usam você para ficar no poder, que a youtubeer que diz amar, nem ao menos te conhece. A vida do ser humano fica vazia quando não tem personalidade.
Para sermos um povo independente, um povo com educação e uma cultura, primeiramente, temos que deixar de ser um povo que vê sempre vantagem em tudo, sempre ser passivo e ter opinião, não porque o outro te instruiu, mas porque o mundo é feito de povos de personalidade, de decisão e não manipulados. Viramos uma piada porque aceitamos a piada, porque aceitamos sempre rir e nunca refletir e ficamos numa cultura inútil e pobre. A ideia do Rivotril na água aqui, pode ser real sim, não é possível tanta passividade.

 Amauri Nolasco Sanches Junior, 39, publicitário e escritor/filosofo. 



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