sexta-feira, janeiro 26, 2024

BRASIL: O ANTI INTELECTUALISMO E O CULTO A BURRICE




Infelizmente seu crescimento na atualidade nos trouxe, entre outras coisas, epidemias de doenças extintas, a volta do terraplanismo e um império de notícias falsas e agressões virtuais contra aqueles que “ousarem” discordar.


(Anti-intelectualismo e o diagnóstico do subjetivo)

Sempre me interessei em aprender novas coisas e com a internet, li bastante sobre a história do mundo e a nossa (do Brasil). Mas, como separar aquilo que é pesquisado, estudado e são fatos (o veritas latino onde somos herdeiros) ou não é verídico e é só um “achismo” (doxa)? O “achar alguma coisa” tem a ver de juntar todos seus valores para se fazer um pré-conceito dentro da realidade, ou porque não concorda (é a minha opinião), ou porque quer sustentar suas crenças. Mas há um problema: Platão (que viveu no terceiro século antes de Cristo) sempre dizia que opinião (doxa) não era um conhecimento e podemos complementar, não sei se o filósofo disse isso em seus diálogos, que a opinião sempre é um impulso de defesa daquilo que se acredita como verdade.

Nós dentro da filosofia sempre perguntamos: o que seria a verdade? nossa verdade (do ocidente) vem de três bases: aletheia dos grego quer dizer não-oculto (agora entendemos a caverna de platão), depois vem veritas dos romanos que queria dizer, “relatar um fato”, e emunah que em hebraico quer dizer “a palavra de Deus” que foi realizada. Ou seja, no fundo temos sempre aquela sensação de uma coisa não-oculta que deve ser revelada e que tem que mostrar, realmente, os fatos por causa da promessa de revelar a suposta verdade. Ai que existe uma questão muito tênue entre verdade e realidade, porque verdade são aquilo que podemos ver ou perceber, enquanto a realidade é algo que existe independente da nossa consciência.

Na minha cabeça - pelo menos na minha concepção - não faz muito sentido o termo “pós-verdade”, porque “depois da verdade” vem a questão subjetiva se é o fato (veritas) ou é apenas o “acreditar”. Mas, de onde vem o “acreditar”? O termo “acreditar” tem a ver com crer, e se você crer em algo é porque você tem confiança de outras pessoas, mesmo que esse “acreditar” não tenha nenhuma comprovação (daí nossa origem no veritas). Como comprovar que políticos norte-americanos são “reptilianos”? Como comprovar que existem 13 famílias que podem, supostamente, mandar no mundo? Como comprovar que a Terra é plana? Não existe, de fato, nem mesmo argumentos lógicos e seguros que comprovem que as vacinas fazem mal, que existe um complô (seja lá que turminha) em conquistar o mundo e instalar o império do mal.

E o problema não é só a extrema-direita, tem a ver com a esquerda também que apoia o identitarismo como se fosse a solução. Se só a mulher tiver lugar de fala, como vai se discutir o problema feminino? Se só os deficientes têm lugar de fala, como vai se discutir o problema do capacitismo? Poderemos se estender para todo grupo dos ditos excluídos e marginalizados que são assim, muitas vezes, porque são reforçados para isso. Porque se fez uma aura em torno da favela, em torno de músicas que nada trazem, das besteiras que viram cultura para dizer que o brasileiro tem uma cultura própria. A favela é ruim e é péssimo morar em uma (a esquerda antiga sentiria vergonha da de agora), a música péssima que só tem duplo sentido ou fala de sexo toda hora, ou conteúdos duvidosos e sem sentido nenhum.

A questão do funk carioca fica bem mais estranho na esquerda, porque o funk se torna o que a Escola de Frankfurt chamaria de a Indústria cultural que é a massificação da expressão popular. Quem insiste em colocar como cultural só está reforçando o problema da falta de educação, a falta de uma intelectualização e nem conteúdo.
Vídeo incorporado

domingo, janeiro 21, 2024

O Padre Lancellotti e a máfia da miséria

 


A Arquidiocese de São Paulo está prestes a receber quatro vídeos que mostram o padre Júlio Lancellotti se masturbando para um menor de idade. A veracidade das cenas, gravadas em 26 de fevereiro de 2019, foi atestada por uma nova perícia técnica audiovisual, realizada há poucos dias. Oeste teve acesso a este documento com exclusividade.


(Revista Oeste)


A meu ver, as pessoas não entenderam que existe a espiritualidade e a religiosidade, onde uma é a busca de uma origem a partir de si mesmo e a outra é uma suposta religação com um suposto enviado. e vamos ser sinceros: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo se tornaram religiões materialistas. Não se fala mais em uma espiritualidade genuína como de Sócrates que ao buscar a verdade (que Platão coloca como Sumo-Bem), tomou para si a frase espiritual na entrada do Oráculo de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo, conhecerá o universo e os deuses”. Sócrates dizia que um “demo” lhe dizia algo quando ele meditava, ou que, era a missão do deus que lhe tinha dado. O deus Apolo poderia ter sido uma entidade qualquer se passando de deus para lembrar o filósofo da sua missão. 

O nosso maior ícone “religioso” é Jesus de Nazaré (depois puseram o nome de Jesus Cristo [christós] ungido) que se lemos minuciosamente os evangelhos - canônicos ou não - são de ensinamentos espirituais. Todos os versículos que encontramos nos evangelhos são, sem nenhuma exceção, de cunho espiritual. Quando Jesus diz a Pedro Simão que diante dele deixaria uma pedra (que muitos interpretam como  a igreja), simplesmente, com a hermenêutica bíblica, que ele quis dizer seus ensinamentos. Ele não disse que seu reino estaria em grandes catedrais ou garagem alugada com um monte de cadeira, ele disse ekklesias que em grego quer dizer comunidade, reunião. Nem disse para orar gritando e sim, “fechar a porta e orar em silencio”, meditar daquilo que esteja orando, as palavras da verdadeira espiritualidade. No mais, não disse que se deveria obedecer uma liturgia, um ritual e sim mostrar o caminho. 

A espiritualidade nunca pode ser encontrada dentro de prédios ou rituais, e não menos importante, as filosofias orientais tem muito de espiritualidade. Como o dilema grego, “conhece-te a ti mesmo”, o budismo ensina a procurar o divino em nós mesmos. É irrelevante se existe ou não Deus, o que importa é melhorar e  ascender em conhecimento de si mesmo. Mesmo porque, não poderemos saber se algum ser divino existe (no sentido empírico) sem percebermos sutilezas de nós e da realidade. O “conheceis a verdade” não é a verdade do mundo ou de algum conceito político - como foi colocado - mas, conhecer o conceito daquilo que vimos ou interagimos, conhecer a si mesmo. Mas, a turba massificada não sabe conseguir isso e tem medo de verdades mais sutis, verdades que não estão em igrejas católicas ou evangélicas, mas, dentro de nós mesmos.  Por isso mesmo, Jesus ficou calado quando Pilatos perguntou o que seria a verdade (a essência de Jesus era outra e muito mais antiga). 

O que acontece na igreja católica - com alguns casos na igreja evangélica - tem a ver com o conceito materialista que essas religiões se tornaram. Muito mais no catolicismo por uma herança maldita de Roma, onde aprendizes deveriam ter relações sexuais com seus mestres (com os gregos não tinha penetração) e assim - Marques de Sade já denunciava essas praticas - os coroinhas ja eram utilizados para esses fins. Quem estuda nuances dentro da historia do cristinanismo/catolicismo, sabe que a proibição de os padres casarem é uma decisão política e não teológica, a igreja deveria abrir mão dos imóveis e tudo que o padre utilizou em vida para os herdeiros. Por outro lado, a igreja não tinha tantos recursos para sustentar famílias. Lembramos o que disse no texto, os padres estão em uma religião materialista, uma religião (como outras) usadas para fins políticos e esses fins políticos não tem nada a ver com a verdadeira espiritualidade. Jesus deu a deixa: dar a César o que é de César, de Deus o que é de Deus.