Um busto de Nietzsche branco com um fundo preto. O ultimo grande cristão, morreu na loucura da solidão. |
Por
Amauri Nolasco Saches Junior
–[publicitário,
técnico de informática e filósofo]–
«A palavra 'Cristianismo' é um equívoco - no fundo existiu somente
um único cristão e esse morreu na cruz. O 'Evangelho' morreu na
cruz.»
[Nietzsche, O Anticristo, § 39. °].
O filósofo Nietzsche (1844-1900), foi um dos filósofos mais
incompreendidos ao longo da historia do século vinte. Não por
aqueles que realmente gostavam de uma pesquisa séria de filosofia,
mas aqueles que são alienados ou se auto alienam por causa de
religiões que nada tem a ver com o real proposito do Criador. Pois
religião vem de “religare” que é um termo latim e quer dizer
“religar”, então o proposito é uma religação com a Divindade,
uma religação biológica e espiritual. Ela foi quebrada porque
muitos se perderam nas explicações e nada fizeram ao entendimento,
que a vida é apenas uma passagem e que ao certo, existe um infinito
que nos aguarda. Tanto que Jesus (yeshua) Sindharta Gautama (Buda= “o
iluminado”), Krishna entre outros, sempre foram orientais, pois a
teologia ocidental sempre foi voltada ao seus interesses e ao seus
propósitos de guerra e dominação popular. Somente entre as gregos,
que aparecem homens como Sócrates e outros, que colocam em tese um
deus maior que era desconhecido, seu nome não poderia ser
mencionado. Não é a toa, que o apostolo Paulo (Saulo), vai
convencer os epicuristas que aquele deus é o verdadeiro, porque eles
já tinham uma ideia desse deus dês de Sócrates que não deixava de
cultuar os deuses, mas que sempre falava em um deus desconhecido.
A palavra Cristo não é o verdadeiro nome de Jesus (Yeshua) e sim,
um termo que veio do grego “Khristós”
que que dizer “ungido” que é uma tradução do hebraico “Māšîaḥ”
que por sua vez deu origem a palavra messias. Unção é uma
consagração com substancias oleosas que fazem aquele que foi
untado, ou seja, o escolhido para levar a “boa nova” ao que
precisam, porque no começo, o cristianismo primitivo não se
distinguia do judaísmo e sim, era uma maneira diferente e muito mais
espiritual de conceber o judaísmo. Mas ao passar dos séculos, se
esqueceram de varias coisas que no passado distante eram sagradas,
pois a consagração era muito mais do que falar varias línguas
(como acontece nas religiões pentecostais e neo pentecostais) ou
apenas no material, mas aceitar a unção no meio espiritual e foi
isso que Jesus fez, aceitou no meio espiritual. Como o filósofo
Nietzsche estudou teologia, era de uma família inteira de pastores
protestantes, sabia de tudo isso, sabia que Jesus era muito mais
sublime e sincero do que muitos que se dizem seus seguidores, porque
dentro do real jesuísmo2
não há nada que o império romano colocou posteriormente, mas sim,
uma mensagem totalmente espiritual.
Aliás,
essa frase é teológica (vem de teologia theos=Deus logos=estudo),
porque há sim um equivoco bastante notório do cristianismo que
devemos salientar, porque as pessoas são batizadas e é, uma
primeira tentativa de tirar do espirito algo que possa não ter
esquecido já que a água é algo sagrado, importante para a vida –
Jesus foi batizado pelo seu primo joão batista, porque deveria
mostrar que posteriormente ele iria dizer, que não veio mudar
nenhuma virgula da lei, mas confirmá-la – mas não é untado como
manda o espiritualismo de varias vertentes e isso torna o
cristianismo, uma religião que não tem nenhum cristão de corpo e
alma. Untar não é só jogar óleo na cabeça, ou dizer em “sangue
de Jesus” tem ou não poder (mesmo o porque o seu poder veio de um
modo espiritual), e sim, um meio de aceitação de corpo e de alma e
muitos não entendem isso. Não é apenas dizer ser cristão, mas ser
realmente um ser que segue todos os designo e ensinamentos que estão
escritos dentro dos evangelhos canônicos e apócrifos, mas que nos
dão uma ideia referida ao que realmente seguimos e em que caminho
trilhar. Talvez, isso é fácil de dizer, Nietzsche nos remete a
essência espiritual e a senda de cada um seguir aquilo que realmente
é, pois todos seguem sem realmente tivesse seguindo sua real
essência. Na verdade essa único pensamento é a essência teológica
que muitos teólogos se esqueceram, pois Jesus era a própria unção
em espirito e o messias que governaria nossa estada até o verdadeiro
proposito de estarmos aqui. Mas o verdadeiro intuito e o verdadeiro
proposito de todo evangelho – quando ele disse que deixaria com
Pedro a “pedra” que se ergueria a “ekklesia”, ou seja, uma
reunião de escolhidos para serem verdadeiros untados – morre na
cruz, morre o que é sagrado como um rei que levaria a um outro
reino, um reino que não traria tudo que trouxe depois o
cristianismos institucional. A ekklesia nada mais era do que disse em
umas das passagens, muitos são chamados, poucos os escolhidos. Mas
quem seriam os escolhidos que Jesus se referia em seus dizeres? Quem
realmente, seria digno de ser untado não só para serem “messias”,
mas para serem seres que realmente fariam uma real religação com o
Divino?
O
filósofo com essa obra separa o homem Jesus, que trouxe um
rompimento de tudo que estava deturpado e o está ainda, para um
outro nível que não podemos explicar. Nosso entendimento só
alcança o entendimento de seguir algo, não nos colocamos a pensar,
raciocinar e enxergar que a verdadeira espiritualidade está no seu
coração. O rei Salomão disse isso nos Provérbios: “Sobre
tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele
procedem as fontes da vida.”, ou seja, tudo que temos que ser,
sejamos com o coração e não seguindo cegamente. Porque dentro do
coração está a fonte da vida e a fonte de tudo que somos. Então,
Cristo é diferente de Jesus, porque Jesus não queria ser Cristo,
mesmo o porque, ele não precisava ser untado porque nasceu com a
certeza de cumprir a missão de religar o ser humano a aquilo que
esqueceu. Ele é o “caminho”, a porta que o Divino abriu e o
homem insiste em fechar, com ensinamentos profundos que não é
qualquer um que entende. Ele é o “caminho a verdade e a vida”
porque ninguém vai até o “pai” senão através dele, isso diz
muito, pois o caminho a uma realidade da vida é a coligação com
que temos de melhor, a vida em seu coração. Jesus viu a realidade e
deu outra para sermos seres humanos em certeza que iria buscar o
melhor, íamos ser unidos, e o mundo iria ter outra cara. O Cristo
não é a realidade, ensinou a covardia, o ressentimento de não
tolerar aqueles que o renegam e precisam ser eliminados, exorcizados
porque ninguém pode ser mais poderoso que ele. O cristo da igreja
ostenta o ressentimento de carregar a cada momento a cruz que vai
sentenciar o ser humano a uma morte daquilo que ele é por natureza,
o que ele é em alegria e bondade. Não se pode ser alegre, ele
morreu na cruz, não se pode ter prazer, porque ele teve a dor. Na
verdade Cristo representa todo um império romano que ao mesmo tempo
que crucifica Jesus em essência, mata aquele que se rebela ao seu
poderio, ele renasce cristo para dominar o ocidente, pois com armas o
império não mais domina. Usam a imagem de Jesus morto, mas domina
o que era material, o que não tem a ver com o que Jesus pregou. A
ekklesia é diferente da igreja, a ekklesia é pra fora, a igreja
coloca para dentro.
Antes
mesmo Nietzsche já dizia que “Deus
está morto! Deus permanece morto! E quem o matou fomos nós!”,
porque mataram a essência que nos religava ao que era verdadeiro, o
que era da essência de um ritual que era muito mais do que mero
“utensílios” de ouro, ou dizer que aquilo era ou não era de
Satanás. É muito mais profundo do que meras palavras ao vento como
se essas palavras salvassem, mas não salvam, dominam e escravizam.
Cruz em grego é “xylon” que quer dizer também arvore, pois o
“deus” abraâmico nasce porque o homem pega o fruto do
conhecimento na arvore da vida, ele morre a partir que seus
escolhidos matam o cristo, ressuscitando em um deus orgulhoso e
ostentador. Nós o matamos na cruz, matamos porque deveríamos erguer
um império em seu nome, deveríamos fazer guerras em seu nome,
deveríamos subdividir em muitas seitas porque cada um tem sua
própria visão daquele corpo, sangrando, com pregos em uma simples,
cruz. Não! Aquele é Jesus, filho de um carpinteiro (dizem
estudiosos que José também era escriba no templo) que tinha um
espirito muito sublime, pois não foi só untado em corpo, ele foi
untado em espirito. A ressurreição só é a confirmação que
existe um mundo além, que somos iludidos por uma cultura dominadora,
um pensamento condicionado. Ou acreditamos nesse cristo ou em nada,
ou vamos seguir essas religiões que nada tem a ver com Jesus porque
não ensinam a verdade, ensinam a ilusão ou não vamos em nada. Na
verdade ensinam o ódio e nada fazem para religar nós ao Divino. Mas
quem é esse Divino? Quem é esse que se ergue no meio de tantas
catástrofes e mortes? Somos seres, após duas guerras mundiais,
niilistas que não acreditamos em mais nada. Acreditamos um cristo
cego que só vê o que existe em seu próprio poder.
Mas
o niilismo em Nietzsche era a degeneração da moral, a decadência
de uma moral de rebanho que tudo nasce para poder servir muitos, para
ser mais servos do que nunca. Para Nietzsche não existe nenhuma
liberdade considerável dentro de qualquer “ismo” e não pensem
que a anarquia o agradava, pois dizia que a anarquia cientifica era a
irmã mais nova do socialismo. O niilismo moral estaria em tudo, nas
democracias, nas monarquias, nas ciências, nas religiões, em tudo
que é dominação pela ideia, pela razão. O homem como ser racional
se perdeu no “logos” para ser só mais um animal de rebanho,
aquele que segue o “pastor” e não questiona se o caminho está
certo, o caminho da servidão que ao mesmo tempo lhe dá um meio de
provir a vida, lhe dará também o caminho do matadouro. Quantas
pessoas se matam por causa desses “cães pastores” que mostram o
caminho de morte? Quantas pessoas não gastam até o que não tem por
causa das ilusões que elas próprias se enfiam, por causa desses
“cães pastores”? E não pensem que esses “ cães pastores”
estão somente nas religiões, eles estão nas ciências, eles estão
no poder, eles estão em todos os lugares ditando regras e esses
caminhos. Jesus de uma maneira muito mais sutil, não disse isso?
Varias passagens dentro dos evangelhos são isso ai que escrevi, dar
a César o que é de César e o que é de Deus dar a Deus, a casa do
meu pai não é mercado, cuidado com os falsos profetas e também
sermos críticos, pois temos que ter a doçura de uma pomba e a
malicia de uma serpente. Essa decadência, para Nietzsche, é uma
doença social que se alastra como um vírus que contamina o que está
moralmente correto, para se impregnar nas entranhas de um poder
corrupto e que domina. Essa mesma decadência moral social matou o
verdadeiro Deus e colocou um cristo, o mesmo fizeram com Nietzsche
que no mais intimo dos pesares, foi o mais fervoroso dos cristãos e
morreu na sua loucura solitária, morreu trancado no seu próprio
mundo, mataram ele também.
1.Esse termo tem dois sentidos, uma é que é barata e todos podem comprar a ideia e no outro, a maioria é covarde igual o inseto barata e ainda fica fazendo brigas, intrigas e depois foge como se não fosse a pessoa.
2.Esse termo foi designado e escrito por mim para dizer que deveria existir uma pureza nos ensinamentos de Jesus.
O Grande rabi era negro, mas isso não anula a sua devoção ao verdadeiro Deus puro. |