Um dos filósofos que mais gosto é o austríaco, Wittgenstein.
Ele dizia, que o problema da filosofia era de todo o pensamento era a
linguagem, porque todo nosso mundo é construído pela linguagem que dissemos ou
nomes que colocamos. Quando falamos que uma maçã é vermelha, nós sabemos que a
fruta maçã (portanto um substantivo) é de cor vermelha (que é um adjetivo),
então, a maçã ser vermelha é uma figura de linguagem de um objeto que demos um
nome e damos uma qualidade. O pensamento de um ser humano é construído dentro da
educação que começa dês dos 7 anos de idade, menos que isso, é trabalho
perdido. Pois nesse período se começa a construção da linguagem e aos nomes que
vai usar a vida inteira. Então, se é construída as associações como da maçã e o
vermelho que dará uma ideia o que você vai pedir para o feirante ou olhar e
perceber o que está na prateleira no mercado é uma maçã vermelha.
A nossa língua é muito difícil de se aprender, porque
existem várias regras e várias palavras com um único significado. Uma hora
dessas, meu pai que gosta de escrever no Whattsapp (de maneira correta)
perguntou qual a diferença do você com o acento circunflexo e sem, então, eu
não soube responder na hora porque ele me pegou de surpresa, então, respondi
que não havia diferença. Mas fiquei analisando a questão que tinha um viés
interessante e lembrei de duas coisas, que há uma tonalidade nasal que era
importante dentro de algumas palavras e que você vem de “vossa senhoria mercê” e
transformou em “vossa mercê” até chegar no “você” (alguns teóricos dizem que
evoluirá para “vc” que discordo). Esse “cê” acentuado tem a tonalidade de
destaque dentro do apontamento onde se apontou o sujeito que se chama, pois
quando dissemos “ei você”, estamos apontando alguém que quero falar algo. Esse
exemplo é um exemplo para mostrar o quanto devemos estudar para dar sempre
respostas objetivas para perguntas objetivas.
Só que temos um vício muito enraizado aqui no Brasil que é
colocar um substantivo como se fosse adjetivo ou, transformar adjetivos em
substantivos. Por exemplo, dizem os empresários e as instituições
governamentais que os deficientes não são qualificados, que é um erro grave,
porque qualificar é “dar qualidade de”, ou seja, eu não tenho a “qualidade” de
ser publicitário, porque publicitário não é um adjetivo que me dará uma
qualidade, mas definir que sou. A publicidade ou ser um publicitário é um
substantivo, porque estou dando nome a uma profissão e não uma qualidade que eu
tenho, portanto, não tenho a qualidade de ser um publicitário, mas, sou um
publicitário. O mesmo acontece com o termo “pessoa com deficiência”, pois a
deficiência é um nome de uma disfunção corporal que acomete por várias razões.
Então, quando dissermos “pessoa com deficiência” estamos dando um adjetivo a
pessoa, mas a pessoa é deficiente e esse termos “deficiência” é um nome de algo
concreto dentro de uma limitação da pessoa. Deficiente e “pessoa com
deficiência” acaba sendo a mesma coisa.
A inutilidade de termos é muito comum no meio virtual e
surgem coisas como “a gente”, “vc”, “vibe” entre outro, que tornam, muitas
vezes, o diálogo ou o entendimento, como coisas impossíveis. Não que não pode
haver uma evolução no meio de comunicação, ou mudanças na língua escrita, se
deve ter uma mudança para abreviar e ficar muito melhor a escrita num modo
estético, mas existem coisas que são muito bizarras. Mas existem também muitos
termos pejorativos que começam a circular como “petralha” (termo que junta
membros do PT com os personagens da Disney, os irmãos Metralha) ou o termo
“coxinha” (que é aquele sujeito que se fecha em sua própria opinião sem ouvir
outras opiniões), que também se tornam qualidades prós e contra o governo. O
que o pessoal fala que são termos pejorativos e que nada acrescentam na
discussão, que estão certos, porque você cria uma dicotomia desnecessária para
os termos.
Um adjetivo é uma
qualidade que estamos dando a alguma coisa ou a alguém, como no exemplo da maçã
que sua qualidade ou aparecia é vermelha, pois sua natureza é ser vermelha.
Agora substantivo é o nome que damos aos objetos ou alguém, como maçã (que é um
substantivo comum), porque é o nome de uma fruta que tem características únicas
e que se chama, maçã. O meu nome é Amauri e todos me conhecem como Amauri ou
Junior, pois eu tenho características que sou eu e sou uma pessoa que se chama
Amauri, o meu nome é um substantivo próprio porque é algo exclusivo. Um
substantivo comum é algo que tem características comuns como uma maçã, mas no
próprio, as características são únicas, pois todo mundo não é Amauri, nesse
caso, só eu me chamo Amauri. Numa frase isso é algo característico como “O
Amauri escreve”, porque “Amauri” é o sujeito e o “escrever” é o predicado. Porque
o “escrever” é uma ação que “Amauri” está executando, pois, o ato de escrever
coloca o “Amauri” como “aquele que escreve” e aquele que escreve é um escritor,
então, o ato não é uma qualidade e sim, um estado. Quem “escreve”? O “Amauri”.
Na filosofia já é muito mais complexo, porque entre na área
da lógica e é atribuída a Aristóteles que é o tão conhecido silogismo. Tem toda
aquela teorias e termos que nós não decoramos – não decoram mesmo, pois pelo
que li até dos professores de filosofia, estamos longe de construir um
pensamento filosófico – e não sabemos de onde começar, então, resolvi abreviar.
Ora, quando dizemos “Heidegger é filósofo”, estamos nos referindo de uma
condição de ser um filósofo, um sujeito que segue o meio filosófico onde faz
seu pensamento (daí cai muito diante do “gostar daquilo” e fica algo mais ou
menos, subjetivo), mas que não é um estado, mas o ato de pensar. Pois não
estamos dizendo que Heidegger estar filósofo e sim, ele é um filósofo do “ser”
filósofo, que é um estado em seguir um pensamento, mas não ter uma qualidade.
Você não tem uma qualidade de “filósofo”, mas você é um “filósofo” porque você
segue (do verbo seguir que é o fenômeno da consciência em ir até algo que a
vontade lhe guia), o caminho da filosofia e em tudo que você segue, não é
adjetivos e sim, substantivo. Além de substantivo é predicado, pois quem é
filósofo? Heidegger.
Agora o problema se torna outro quando colocamos sufixos
onde não se devem colocar como “golpismo” ou “petismo”, porque começam a
aparecer híbridos muito estranhos. Ou na pior das hipóteses, começam a aparecer
adjetivações de substantivos que enchem a discussão de termos pejorativos e ad
homine, como “você é fascista” ou “você é comunista” e assim, empobrecendo a
discussão. Ora, você dizer “Heidegger é um filósofo” é uma afirmação concreta,
como também, você dizer “Heidegger é nazista”, pois é um fato que além dele ser
filósofo era seguidor do nazismo. Ele é nazista porque era do partido nazista,
apoiava toda a ideologia nazista, acreditava no nazismo. Agora você dizer “a
esquerda é comunista” aí é uma afirmação de generalização sem embasamento
concreto, assim como, todos que querem que o Partido dos Trabalhadores tenha
uma punição é uma “direita fascista” ou um pessoal “bando de golpistas”. Nem
toda esquerda é comunista, porque existe a esquerda democrata como o PSDB (cuja
a sigla quer dizer Partido da Social Democracia Brasileira que tem o mesmo viés
do Partido Democrata norte-americano), existe ainda governo de centro-esquerda
como foi do Itamar Franco, que visivelmente, não “fretavam” com o comunismo. Se
fomos ver etimologicamente, comunismo, comuna, comunidade, vai logo perceber
que vem de comum entre todos, porque todos têm o mesmo intuito, ou seja, tudo
que é comum entre as partes se torna algo comunista. Só que Karl Marx vai usar esse comunismo de
comum em várias teses de uma economia social, segundo ele, seria mais justa
socialmente e daí forma a teoria Socialista/Comunista. Socialista que vem do
social, que não está no poder ou no governo, mas no meio social e assim, se
começa socializando os meios da educação para assim haver algo comum, ou seja,
comunismo (que não deu certo, por razões subjetivas que com certeza, Marx não
contava com isso).
Não podemos dizer também que toda a direita é fascista, pois
toda a direita é da democracia conservadora que defende o princípio da
propriedade privada e a família tradicional (claro, com uma “pitada” de
demagogia e fé cristã, mas que os homens e mulheres, não abrem mão das
saidinhas com namorados e namoradas casados ou não). O fascismo vem do italiano
fascio que quer dizer feixe e também
simboliza uma união, que no caso de Mussolini, união daquilo que ele pregava.
Pregava a valorização da cultura italiana, a propriedade e a indústria e a
Itália que após a primeira grande guerra mundial, estava destruída e nenhum
país queria financiar a reconstrução. Seria mais ou menos, que por causa de uma
briga entre vizinhos, explodissem a sua casa por causa que você tomou as dores
do vizinho e o vizinho, não quis pagar. Mas isso não justifica o que os
fascistas fizeram, muito menos os nazistas, pois a história é quase a
mesma. Aqui no Brasil ninguém é
fascista, mesmo o porquê, ninguém acredita que precisamos destruir a democracia
para ter um país justo, que claro, respeitando o direito de cada um. Agora,
professor de universidade e de filosofia fica com essa de comunista e fascista
(até mesmo golpista), é uma ofensa aos fatos que estão acontecendo e que
aconteceram no passado, pois o passado pode responder qualquer pretensão de responder
o presente.
Dar o “golpe” quer dizer o exército dar o chamado “golpe de
Estado”, que os generais descartam veemente e que, por razões obvias, não
aconteceu em 64 como contam os livros de história de tendência de apoiar a
esquerda. A única razão que posso colocar aqui é que o Congresso aprovou a
estrada do exército e depois não conseguiu tirar, hoje sabemos, não existe
nenhum perigo comunista, não há nenhum perigo das instituições começarem a
entrar em colapso. Então, esse tipo de golpe não terá o Brasil. Agora, se
estamos falando de modo eleitoral, se há uma denúncia com questões de corrupção
dentro da esfera presidencial e a presidente estava ciente, ela tem que ser
impedida sim. Se há crimes do partido dela, tem que ter um afastamento, porque
é impossível achar que que ela não sabia, como a oposição também se tiver
envolvida, que sejam punidos. Isso não é fascismo, porque o fascismo não entrou
em vigor entre golpe (talvez o nazismo, que há controvérsia), e mesmo, ninguém
que apoia o impeachment sabe sequer o que é o fascismo e é fascista.
Chamar uma pessoa de comunista ou porque apoia a esquerda ou
que veste vermelho (como se o PT tivesse comprado os direitos autorais do
vermelho) é colocar o termo “comunista” como um adjetivo, porque o termo “comunista”
é um substantivo comum e que dá o nome a aquele que segue a doutrina de Marx.
Como sei disso? Só olhar o artigo, a mudança entre gênero acontece ou colocado
“a comunista” ou “o comunista”. O mesmo o termo fascista, pois é um substantivo
que dará o nome daquele que seguem o fascismo e não vejo dentro daqueles que
acreditam em um impedimento (impeachment), que as pessoas em grande maioria
querem a derrubada do governo como uma instituição legitima, mas querem a
punição por um crime grave que lesou todo o país. Claro, que grande maioria que
vai nos protestos (tanto os que apoiam ou os que querem a saída do governo), nem sabem o que estão fazendo ali e nem sequer contem estudo para isso, pois se
tivessem, saberiam essas pequenas coisas. Isso realmente não me assusta, porque
o povo sempre foi conduzido pelos meios de comunicação queiram ou não olham o
que repetem, mas os professores universitários começarem a ir para o senso
comum, daí é o cumulo. A pergunta é: depois de tudo que escrevi, com tudo que
coloquei, há dúvidas que querem colocar a nação em caos total numa guerra
ideológica e política, que a maioria não se deu conta? A questão é que temos
que ter cuidado, pois o ódio não vem só dos fascistas, o ódio vem de todos os
lados. Todos devem defender suas posições políticas e tem esse direito segundo
a Constituição, o que não pode é dar atribuições morais dentro do que não
existe, pois vão começar sim, agredir pessoas de camiseta vermelha e vão sim,
agredir qualquer um que usem cores de partidos diversos e até de preto (os
góticos e os rockeiros irão ser chamados de fascistas). Essa dicotomia é
perigosa deve ser combatida.
Tanto a esquerda tem o direito de colocar um carro de som na
USP ou na PUC, como a direita também tem esse direito, assim é uma democracia e
não tem nada a ver com o fascismo, tem a ver de defender uma posição dentro da
política. Um povo político faz isso, um povo político devolve o que o oponente
dá, um povo político é um povo que debate. Todos têm o direito de defender as
posições sem agressões e sem termos pejorativos. Ou não conseguimos isso? É
caso de professores reverem melhor o que pensam e pararem de espalhar
dicotomias desnecessárias.
Amauri Nolasco Sanches Jr, 40, escritor
Confiram O_Caminho