sexta-feira, janeiro 10, 2020

Começou o Jihad Cristão no Brasil




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Amauri Nolasco Sanches Junior


Quem estuda geopolítica — de verdade e não esse bando de palpiteiro — que o termo jihad é um dever sagrado de todo islâmico defender o islã o que acreditam ser infiéis. Todas as Guerras Santas que os grupos mais radicais do islamismo se envolvem, tem o jihad como fundamento dos seus ataques ou dos seus atos terroristas que perpetuam no mundo (o 11 de setembro foi um exemplo bem claro). Toda pessoa sensata sabe muito bem, que o fundamentalista daquilo que acredita fundamenta sua crença dentro de bases daquilo que interpreta ser a verdade. Mas, na maioria das vezes, ou são coisas que são ensinadas como lavagem cerebral pelos chefes desses religiões, ou por alguma dependência afetiva que aquilo é seu conforto naquele momento. Muitas vezes, porque não é uma regra, o fanático é aquele que não tem estudo o bastante para analisar certas crenças ao olho da razão e sempre acha que toda a realidade está ali, que todo mundo acredita naquilo que eles acreditam.
A censura do grupo de humor Porta dos Fundos deixa bem claro que Jesus como um gay é imperdoável, que ele pode ser maconheiro, pode ser malandro, pode ser o que for, mas, gay não. Sabemos que muitos são muito mal resolvidos sexualmente, sabemos que outros aprontaram horrores na sua juventude e não tolera ver um espelho daquilo que fizeram. Obvio. Ora, o meu professor de publicidade dizia que o ser humano não ver o que é obvio, porque não se enxerga o que está na sua frente e você não está vendo. Ou seja, se alguém te faz uma ofensa e não te agride ao ponto de te impedir de fazer algo ou te defender, isso não é de maneira nenhuma, um ato de agressão a sua religião. Eu poderia ser espírita e quantas pessoas evangélicas dizem que o espiritismo é coisa do demônio? Pode ou não ofender, mas, o evangélico tem todo o direito de achar que é do demônio, porque assim aprendeu. Assim quer expressar. Não agredindo o espirita, ninguém precisa repreender o evangélico. Do mesmo modo o especial de natal dos Porta dos Fundos, eles não agrediram, eles fizeram duras críticas não a Jesus — porque muitos vieram de lares evangélicos — mas ao próprio cristianismo que se converteu numa religião materialista e não espiritual.
Mas, o que é ser espiritualizado? Não. Não é você escrever a hashtag #namaste e nem saber o que significa (o seu significado é o meu deus que está dentro de mim saúda o teu que está dentro de você), mas, é você começar a se esquecer, dissolver o eu e se conectar com ambiente. Não ache que o Eterno (não gosto do termo Deus, porque ficou algo muito genérico com o termo e começou a ficar bem banal), vai dar um carro, vai dar coisas materiais. Para a verdadeira espiritualidade, a conexão com ele vai muito além do que ter um adesivo “Deus é paz”, ou “foi Deus que me deu” no seu carro, é seguir o que está nos livros sagrados. O ótimo livro espiritual dentro da bíblia — que raramente os pastores pentecostais e neopentecostais lê em seus cultos — é o Eclesiastes que vai fundo na alma. Diz (dizem que foi o rei Salomão que escreveu), que no mundo tudo é vaidade, pois, todo mundo esquece em ficar em silêncio e meditar sobre sua vida. A questão é essa: o que fazemos na questão da nossa própria vaidade? Quando você coloca o adesivo “foi Deus que me deu”, isso é uma vaidade. Quis dizer que o Eterno se importou com você porque você é cristão e assim, você é mais merecedor do que o outro e assim, ganhou o carro. Isso é vaidade. Temos que ter humildade de torcer pelo outro e nunca achar que somos os seres mais privilegiados do universo.
O pastor Caio Fábio disse que acredita em um Jesus que não precisa ser defendido, porque ele morreu na cruz carregando todos os pecados do mundo. Uma reflexão interessante, mesmo o porquê, Jesus lutou contra os fariseus da época, senhores da lei que a aplicava ao seu bel prazer. Defendia nada o que era sagrado. Tanto é, que Jesus expulsou os comerciantes do templo, dizendo que a casa do pai não é comercio. Será que a religião que ele não pediu para fazerem em nome dele, tenha também virado comercio? Será que a reforma de Martinho Lutero tenha caído no ralo por causa do dinheiro? São pontos para se refletir. Mesmo o porquê, quem não tenha pecado, que jogue o primeiro coquetel molotov.

quinta-feira, janeiro 09, 2020

A Filosofia e o Mindset




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Amauri Nolasco Sanches Junior


Todo mundo tem uma coisa para idolatrar, seja o dinheiro, seja personalidades famosas, seja políticos e seja termos da moda. Aqui no Brasil, temos sempre a mania de importar termos e conceitos dos americanos sem se dar conta, que a nossa cultura é de uma maneira e a deles é de outra maneira. Os americanos gostam e adotaram muito a psicologia dentro de várias áreas, para controlar o mercado e outros setores pelo comportamento. Aqui, muito diferente dos americanos que estudam e planejam qualquer coisa que vão fazer (por isso mesmo a psicologia), não se tem o hábito nem de leitura, nem de planejamento de nada, porque a nossa cultura adotou a prática. Só que tem um problema, se gosta de termos e se estuda coisas fáceis que dão prontas as respostas, sem muito fazer pensar. Nosso povo não gosta de pensar. Gosta de fórmulas mágicas e facilidades corporativas. Por isso mesmo, a moda dos coaches tenha entrado tão facilmente dentro do mercado brasileiro, porque a nossa cultura tem imensa facilidade de incorporar “gurus”.
O conceito de mindset é uma mudança da sua mente enquanto uma espécie de mapa do caminho das soluções. O termo tem dois termos em inglês, o mind que quer dizer mente e set, que quer dizer configuração, ou seja, o mindset é uma reconfiguração daquilo que achamos que é o caminho para nossos problemas. Ou, configurar nossa mente para não sair no pensamento do fracasso, do pensamento que vai dar errado e tudo mais que o pessoal acha errado. Esse é o problema. Demonstrar foco naquilo que você está fazendo, é uma coisa e aliás, sempre temos que focar naquilo que queremos construir durante nossa vida. Mas, isso não tem só a ver com nossa própria mente, isso tem a ver com trabalhar no planejamento e isso sim, tem a ver com o risco de dar errado. Acho que duas coisas poderia resolver esse problema: ética de seguir um trabalho focado nas leis, até mesmo, contratar por causa da qualificação e não por causa da sua aparência física. Depois, pensar que não existe caminho fácil, isso requer trabalho, planejamento e estudo. Estudar até mesmo, mudanças de paradigmas de contratação, estudar as mudanças econômicas, estudar o liberalismo e outros conceitos que fazem parte do capitalismo de verdade. Não o que temos no Brasil.
Na filosofia, o mindset é uma incógnita dentro até mesmo, da psicologia. Alguns até dizem que são pseudociências e não deveriam ser espalhadas, porque dão um ar de ciência e não é. Isso me lembra muito Sócrates. Não o jogador — que também tinha ideias interessantes — mas o filósofo. Talvez por ser chamado de sábio pelo Oraculo de Delfos (templo do deus Apolo de Pitiá), Sócrates tenha adotado seu preceito mais caro que ficava na porta do templo, “conheça te a ti mesmo, conhecera o universo e os deuses”. Mas, Sócrates só adotou “conheça te a ti mesmo” como preceito da sua filosofia. Então, saiu perguntando a todos o que sabiam e chegou a conclusão que ele mesmo não sabia de nada, que assumir sua ignorância era a melhor maneira de se conhecer. Concluiu também, que as pessoas diziam coisas que nem elas sabiam que não sabiam, repetiam sem ao menos refletir. Porém, Sócrates dizia que as pessoas eram boas e davam atenção por pura aparência.
Será mesmo que as pessoas pararam para pensar no conceito do mindset? Será que poderíamos configurar nossa mente como um aplicativo qualquer de celular ou de computador? Existem mudanças de comportamento? Talvez. Mas, dizer que você mudar de posição daquilo que pensava e dizer que seria uma reconfiguração, acho exagero. Outro filósofo que entra do debate é Aristóteles, que dizia só poderíamos encontrar a ética, praticando a ética. Ou seja, você aprende alguma coisa e prática aquilo, mas, temos que aprender e para aprendemos, temos que estudar e planejar. Então, ética não seria só um termo que quer dizer condutas sociais aceitas e acertadas (segundo o ponto de vista daquela sociedade), mas, a prática dessas condutas em forma de ação. Assim, podemos dizer, que não basta pensar diferente de modo corporativo se na prática, esse “pensar diferente” não faz parte do modo operante de uma sociedade ou do próprio dono da empresa. Não adianta nada pensar positivo sobre sua empresa (como tudo vai dar certo) e no entanto, a empresa não contrata pessoas com deficiência física que é cadeirante, por causa, que você não quer acessibilizar ela para trabalhadores com deficiência trabalharem lá. Esse “pensamento positivo” acaba sendo seletivo, que é um grande mal dentro da cultura brasileira, porque você quer ganhar e não quer investir. O princípio primordial do capitalismo é o investimento, se o sujeito não investir em tudo que é necessário, ele nunca vai ganhar em produtividade e lucro.
Chegamos dentro do pensamento socrático de se conhecer, de saber se realmente você serve para ter uma visão mais ampla, se você quer mesmo aquilo ou está entrando numa modinha social. A maioria entra na modinha social. As modinhas sociais são o que a massa adota para ser aceitos por uma parcela a que quer participar, como ser de esquerda ou sr de direita, ser religioso ou ser ateu, ser flamengo ou ser palmeiras, sempre achamos que estamos na verdade. Mas, não estamos. O conceito que criamos são só sombras de uma outra realidade. Não vou entrar no mérito metafísico da questão, mas, existem formas de compreender que aquilo que achamos ser a verdade é apenas um conceito fabricado daquilo que se aceita como verdade. Linguagem, pura e simples. Mindset acaba sendo um termo para um conceito que se pensa ser real, por outro lado, configurações mentais não existem, porque somos animais com consciência e sabemos a realidade que nos cerca. Hábitos são mudados conforme o ambiente que se vive e não, uma nova configuração mental. Ou seja, é apenas um termo para explicar nada. Uma psicologia vagabunda que só serve para o coach ganhar dinheiro.
Mas, cuidado! Não podemos comparar os modernos (ou pós-modernos) coaches com os sofistas (que Platão adorava implicar). Os sofistas eram professores pagos para falar sua própria filosofia, os coaches, são pessoas que já pegam conceitos prontos e começam a dar soluções prontas. Por exemplo, “16 hábitos para cagar melhor” são ideias prontas, porque são 16 hábitos para as pessoas cagarem melhor. Já é uma coisa pronta. Não faz ninguém pensar o porquê ela não está cagando, ou porque seu intestino não está funcionando. Por outro lado, vendo tudo isso, vai ficar pior.

quarta-feira, janeiro 08, 2020

Filósofos não podem criticar o PT




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Amauri Nolasco Sanches Junior

Dias desses na rede social do Linkedin, li uma manchete em um site qualquer que um dos membros da rede postou, que o ministro da economia, Paulo Guedes, queria ter acesso à parte de aposentadoria e pensões para pagar o 13º salário da bolsa família. Só comentei que nada diferente do PT e do PSDB, que tiraram de outro lugar o dinheiro para programas sociais. Quantas vezes lemos que o governo tirava da educação ou da saúde para pagar a bolsa família? Quantas vezes lemos e já foi provado, que um dos destinos do dinheiro tirado das estatais eram para esse tipo de programa social? Não estou defendendo o governo Bolsonaro, só estou dizendo que para mim que sempre li jornais, não há novidade nenhuma. O problema é um usuário dizer que comparar o PT com o governo Bolsonaro era uma desonestidade intelectual imensa e era muito pior por eu ser um filósofo. Em um outro momento, a dona da postagem aparece e pergunta em que mundo eu estou. Em um outro momento, disse que não viu nada disso em 38 anos de visão politica.
Lendo isso uma questão me veio na minha cabeça: por eu ser um filósofo e comparar todos os governo de alguma medida, fazem igual? Por eu ser um filósofo, a minha análise é, exatamente, mais ampla e com mais argumentos do que a maioria. Porque o filósofo é um amante da sabedoria e está a procura do objeto do seu amor, como Psique ficou atrás de Eros e nunca lhe encontrou. Cada caminho para achar essa sabedoria é importante, pois, junto com essa sabedoria está a verdade e não é qualquer verdade, e sim, o verdadeiro LOGOS primordial. Então, um filósofo não pode ficar presos em conceitos determinados ou que o senso comum acha ser a verdade (doxa), mas, aquilo que é em essência primordial. Não importa o que está na modinha, não importa se os outros estão dizendo, as análises devem ser analisadas a partir de um ponto além da paixão (o apego aos ídolos), além das análises superficiais. Sempre falo que o filósofo é uma espécie de arqueólogo das ideias, ele não examina a superfície de tudo e sim, vai examinar as camadas mais fundas para encontrar elementos para aquilo ter surgido. Se o filósofo começa a defender uma única posição, ele não é um filósofo e sim, um simples intelectual que só repete do que lê.
Concordo com Nietzsche na questão da verdade e da mentira. Dizia o filósofo alemão, que tanto a verdade e a mentira, são construções que decorrem de uma vida de rebanho e da linguagem que lhe correspondesse. Ou seja, as verdades e as mentiras sempre dependem daquilo que as pessoas acham ser a realidade, os valores que acreditam e levam sempre a uma vida de rebanho e o ser humano acaba sendo escravo de crenças que o alienam a uma verdade maior. Continua dizendo, que o homem de rebanho chama de verdade aquilo que o conserva no rebanho e chama de mentira aquilo que o ameaça ou exclui do rebanho. Portanto, em primeiro lugar, a verdade é a verdade do rebanho. Assim, a grande maioria tem que seguir o que a maioria segue para ser aceito, ninguém gosta de ser excluído porque nos ensinaram uma realidade que alguns duvidam — aliás, muito poucos vão além das ideologias e as crenças religiosas — e esses, são excluídos da grande massa.
Os filósofos não tem nenhuma visão única que não pode ser mudada, não pode ser repensada ou analisada de forma diferente da maioria. Mesmo o porquê, um ponto de vista é apenas um ponto , mas, existem vários outros pontos de vista que podem também ser colocados. Verdades únicas são sempre perigosas. Verdades únicas construiram tiranos, foi a alienação social da idade media, é a essência de qualquer fanatismo dentro de qualquer sociedade humana. Seja da direita (fascismo e nazismo), seja de esquerda (socialismo/comunista). Por isso mesmo as democracias são democracias, porque existe uma incerteza dentro dela, existem variedades de ideias e posições e sempre o medo dela sofrer uma ruptura. Então, um filósofo dentro da área politica, deve ter bastante cautela cética das análises e sempre jogar outro ponto de vista além que todo mundo fala e expõem e por causa disso, o filósofo incomoda. Incomoda porque sabem que não corresponde a realidade o que dizem ou acreditam saber, mas, insistem porque querem ter razão. Na Grécia, nos tempos clássicos de Sócrates, chamavam ele de “a mosca de Atenas” por ele incomodar como uma mosca que fica nos rodeando. Tanto é, que ele foi condenado por uma condenação tola e vil, só para se livrar de Sócrates e nada adiantou. Seus alunos continuaram seu legado, Atenas caiu na dominação do reino macedônio, e o nome de Sócrates foi legado por toda a história.
A sociedade gosta do “cobertor quentinho” de ser aceito dentro de qualquer manifestação social. Seja virtual ou não, a vaidade impera e não tem como escapar. Como se fossem tribos, os iguais se articulam entre si e compartilham do mesmo pensamento, seja com um ritmo musical especifico, religião específica ou ideologia específica. Mas será mesmo que elas são a visão da verdadeira realidade? É de se pensar e sair da caixinha social.