Por Amauri Nolasco Sanches Junior
Se lê o mantra
Mahamrityunjaya:
Maha
Mritunjay Mantra:
Om
Tryambakam Yajaamahe
Sugandhim
Pushti Vardhanam
Urvaarukamiva
Bandhanaat
Mrityor
Muksheeya Ma-Amritaat
Taittiriya
Upanishad 2.7
“Adoremos o Senhor Shiva (Quem possui três olhos), quem é sagrado e nutre todos os seres. Do mesmo modo como um pepino maduro se solta do ramo que está ligado tão logo amadureça, que sejamos liberados da morte (do corpo mortal), nos sendo concedido a realização da natureza imortal”.
No
panteão hindu Shiva é o deus da criação e da destruição, ou
seja, conforme sua dança ele pode destruir e ao mesmo tempo criar.
Um dia ele senta no alto de uma montanha (dizem ser o Himalaia),
meditou por horas, dias e até séculos sem nenhuma reação, assim
os deuses queriam que ele acorda-se, então mandou Pavarti acordar
o grande deus e ele ao acordar, dançou a musica da harmonia e da
união.
O
terceiro olho é o olho da clarividência, o olho que tudo vê. E
quando saímos dessa visão ordinária que só enxerga a realidade
aparente, quando isso acontece, é como amadurecemos e cairmos do pé.
O pé – nossa planta ilusória - é onde ficamos onde estamos
desenvolvendo, então um dia nos soltamos dessa realidade ou desse
pé. Esse caule que somos presos, são os conceitos morais que a
sociedade como uma ilusão, tem como verdades absolutas. As verdades
que achamos ter desse mundo aparente, é parte de uma “programação”
maior. O engraçado é que só vi isso quando compreendi os códigos
binários e os algoritmos computacionais, dai nós compreendemos o
mundo do filme Matrix.
Os
mesmos hindus chamam tudo que existe de MAYA, ou seja, um prédio de
apartamento, por exemplo, existe e pode perfeitamente deixar de
existir, segundo o tempo que nada mais é, do que nossa própria
visão. Segundo muitas teorias e é um fato, que o tempo é uma
ilusão por ser um pensamento condicionado num ESTADO controlado pela
indústria capitalista, seja estatal ou privada. Mas estamos falando
do intimo humano em querer sempre evoluir, porque é o que o mantra
trás, o elo entre o corpo corruptível (biológico) e o corpo
incorruptível (espiritual). Shiva representa o mundo e a criação
da matéria que podemos chamar de linguagem, códigos contidos nas
simples moléculas, Pavarti representa a alma, o sopro divino que
está contida no escopo real e único. Mas estamos falando em um
estado sutil, quando enxergamos nosso lado intimo, conhecemos nossa
natureza do ser. Seria o suprafísica platônico? O “Mundo das
Idéias”? O que sabemos que graças ao amor entre Pavarti (o lado
feminino é a alma “Cogito”) e Shiva ( o lado masculino é o lado
corporal “extensa”), segundo o hinduísmo, a realidade como
conhecemos existe. Isso não difere muito com o amor de Deus cristão.
Então
podemos dizer que tudo gira em torno do verbo,
porque tem a ver com a linguagem infinita do universo e todos seus
códigos, todas as suas matérias, todas as suas maneiras de produzir
algo. O universo foi criado na linguagem indefinita e dai por diante,
evolui como se alto programasse para algo sutil, algo de evolução e
termos por nós, ainda desconhecidos. Mas o que seria essas
linguagens? Sabedorias milenares sempre disseram que tudo era apenas
nosso pensamento, os filósofos que se apegaram a essa maneira de
pensar, disseram que a realidade era muito mais profunda e sua
essência. Não está no evangelho de João que só havia o verbo
e
dele se fez carne? Essa “carne” nada mais é – a mesma que
Jesus tomou como corpo encarnado e muitos outros avatares – do que
carbono e outros minérios que as estrelas produziram graças as
supernovas (explosões). A sabedoria bíblica já dizia que “...do
pó vieste, do pó voltaste!”, porque viemos do pó produzido pelas
estrelas e delas somos filhos; porque essas explosões criaram até
mesmo os elementos para a Terra ser um planeta solido e nelas, foram
produzidas todos os gazes e substancias. Essas explosões foram fruto
de estrelas muitos grandes que não poderiam se estabilizar por causa
da sua gravidade, sucumbiram em muitas explosões criando corpos
(sistemas planetários) menores e menos densos. Os físicos não
entenderam que as alegorias bíblicas e de muitos livros sagrados,
são apenas aspectos diferentes dessas pesquisas e desses achados.
Pitágoras sempre disse duas coisas que se confirmaram, uma é que
todo universo é matemática e que a realidade nada mais era do que
vibrações de cordas.
O
universo matemático é fácil de ver porque em nossa frente pode ser
comprovado, porque existe dentro da natureza, formas geométricas e
números matemáticos certos que se for mais ou menos, alterara toda
uma estrutura. A água, por exemplo, tem dois átomos de hidrogênio e
um átomo de oxigênio, se isso não tiver os números exatos, não
será agua. A natureza da água é em essência esse numero exato de
elementos, isso é a formação química da agua, se ela tiver 3
átomos de hidrogênio não será agua, se tiver 1 átomo, não será
formada a água. Os números dos elementos podem ser classificados
como sendo exatos, senão não há o processo químico e físico
necessário para tal. A realidade depende dos números e eles estão
contidos dentro de cada átomo que formam toda a realidade. O
problema é que os gregos entendiam a matemática como sistemas
geométricos e não como entendemos hoje – que veio dos árabes que
trouxeram obras que restaram da biblioteca de Alexandria – mas
sistemas complexos de planos, pontos e linhas. Não é atoa que
aprendemos na escola a teorema de Pitágoras que é em qualquer
triangulo retângulo, o quadrado do cumprimento da hipotenusa é
igual ao cumprimento dos catetos, ou seja, por definição, a
hipotenusa é o lado oposto ao ângulo reto, e os catetos são os
dois lados que os formam. Não é isso que podemos ver em toda a
natureza? Formas geométricas constroem toda a realidade e fazem
dessa realidade algo palpável, algo que possamos ver as formas. Não
é a toa que o 3 é considerado em muitas religiões como a trindade
divina. No hinduísmo, temos os três olhos de Shiva, mas no terceiro
olho que forma a realidade, o universo que conhecemos – no
cristianismo existe a santa trindade que é pai,
filho e espirito santo –
sendo que no budismo, existe as três camadas e estamos na terceira
dimensão. Catetos nada mais são, do que ângulos retos em um
triangulo retângulo que chegará no cume sempre em linha reta,
medido pela hipotenusa e chegando num ponto comum. Se voltarmos a
agua temos o 3 novamente, como dois átomos de hidrogênio (h2) e um
átomo de oxigênio (O). O 3 em muitas culturas é um numero sagrado
e muito mais complexo do que se pensa, porque até nosso corpo tem 3
bases: cabeça, tronco e membros.
Os
gregos antigos tinham muito em sua cultura a harmonia como um bem a
ser alcançado, tanto que as religiões órficas pregavam a harmonia
como sinônimo de perfeição onde Pitágoras herda. Ele dizia –
muitos irão dizer que na verdade não temos como saber se essas
afirmações eram mesmo dele ou de seus discípulos – que tudo que
existe está vibrando como as cordas de uma citara (eram instrumentos
musicais parecidos com os alaúdes) e hoje, existe a teoria das
cordas. Quando ouvimos as musicas existem tons fortes e tons fracos,
por exemplo, o rock existe uma batida forte e três batidas fracas
que determina a harmonia do conjunto entre a melodia e a letra, sem
isso, a musica praticamente não existe. Mais se repararmos, um
conjunto de rock tem 3 acorde e voltamos ao numero que estamos
analisando. Reparem que no mantra diz que quando libertamos nossa
mente, nos desprendemos da realidade e jogamos a outra realidade,
tudo depende da visão de quem está observando. O cacto que está na
minha janela é visto por mim de um maneira, quem vê ele de fora
enxerga ele por outro ângulo, e assim, toda realidade funciona. A
realidade ser vibrações que começaram no Big-Bang – as religiões
orientais vão dizer que o OM (AUM) é o som do universo e não
difere do verbo
do
evangelho – e foi descoberto que os átomos vibram graças ao
processo de encontro dos elétrons. Provando que é real essa
afirmação, pesquisadores encontraram pontos que poderiam ser
descritos como vibrações.
O
nosso universo – na matemática e em especial na teoria dos
conjuntos e nos fundamentos da matemática, um universo é uma classe
que contem (como elementos) todas as entidades que se deseja
considerar em uma certa situação. Todos os conjuntos teriam
subconjuntos de um conjunto maior que é conhecido como conjunto
universo que é indicado com a letra U – é completamente
vibracional e tem como base o tempo e a massa. Só existimos e a vida
existe graças a gravidade que a massa desenvolve dentro do tempo –
na verdade, o tempo e espaço, faz uma curvatura graças a gravidade
e sem a gravidade não existia o hoje. A vida foi gerada graças a
componentes químicos e físico, componentes muito mais sutis,
componentes que o mundo ainda não entendeu e se não entendeu, não
sabe a essência desse componente. Ao meu entender, o que evolui é o
espirito e com o espirito, os corpos biológicos vão evoluindo
junto, prova disso é que bem remotamente a Terra era povoada de
seres somente irracionais, hoje, há seres racionais e conscientes.
Não estou me referindo só do ser humano – muitas vezes irracional
– estou falando em seres conscientes como foram provados em
pesquisas, os cetáceos são conscientes. Não é uma questão mais
sutil?
A
evolução não vai cessar só porque o ser humano está no planeta,
talvez essa é a razão de tantos animais diferentes encontrados,
porque a evolução não para diante a humanidade. Porque o que
evolui sempre é o espirito, o ser que desenvolve diante o universo e
é a energia cósmica que nos dá uma condição de ser células que
evoluímos e nos tornamos seres que podemos ter consciência, esses
deuses e suas sagas, nada mais é do que o caminho da construção de
uma consciência cósmica. Mas qual o mecanismo que podemos usar para
essa consciência? O filosofo grego Sócrates, dizia que tínhamos
que conhecer a nós mesmos que ai sim, poderíamos conhecer os deuses
e o universo. Os deuses nada mais são do que personalidades de cada
fenômeno do universo interpretado por cada cultura, essa
interpretação pode significar o símbolo de cada reação cósmica
que liga nós com o TODO. Essa ligação que nós fazem sermos
“…imagem e semelhança de (Deus?)”.
A
FORÇA que está em nós só é liberada quando não nos apegamos a
nada material, porque tudo some com o tempo, mas nossa consciência
não. Não é à toa que Buda Sakiamuni diz que se enxergar um buda
em sua frente mate-o, porque a consciência só é liberada por nós
mesmos, só é liberada quando nós é dada a dadiva do não apego.
Mestre Mooji disse: “não tente se livrar dos apegos, apenas
reconheça-os quando observar”, ou seja, a maneira que observamos
um objeto vai ser o significado desse objeto na sua vida. Quando
minha noiva e eu começamos a namorar eu ganhei uma caneta com um
calendário dela, depois descobri que minha sobrinha tinha desmontado
a caneta e fiquei muito chateado. Dias após isso olhei para o rosto
dela e compreendi que não era a caneta que importava, mas o afeto
que damos um ao outro e a maneira de enxergar meu sentimento por ela.
Mestre Mooji fala das muitas maneiras de enxergar um objeto dentro em
uma realidade, porque a realidade nada mais é, do que um conjunto
com vários subconjuntos. Se não ligamos e não se apegamos, temos
plena certeza do hoje, se nos apegarmos, ficamos presos no amanhã e
no ontem. O não apego é a liberdade que o mantra diz, porque
enxergaremos outro objetivo, da morte simbólica. Essa morte
simbólica – muito usada pelos egípcios em sua inicialização de
seus segredos espirituais – é a morte do conceito mundano para a
vida espiritual, nós em sua essência, não se apegamos a conceitos
mundanos. Daí vamos nos desprender dos galhos mundanos como um
pepino maduro, ou seja, o amadurecimento espiritual nos dará o
caminho a tudo que quisermos.
Não
é muito diferente do cristianismo, pois o mestre Yeshua (Jesus),
morreu na cruz simbolizando o encontro com a espiritualidade. O corpo
pode ser corrompido, mas o espirito nunca será corrompido, porque lá
não existe o bem ou o mal e sim, é. Essa cena é muito divulgada é
quer dizer que após a dor da liberdade carnal e a dor da tortura
(calvário), o espirito se liberta de todo o mundo que nos rodeia.
Cruz vem do grego “xylon” que quer dizer “arvore”, “madeira”,
podemos dizer – segundo o próprio cristianismo – a cruz é o
meio de se libertar do pecado e esse pecado não é a maneira que
somos ou a maneira que comemos, enfim, é a nossa quebra com o TODO.
Então, segundo a biblia, nós pecamos (saimos da condição de
contemplação universal) e sairmos desse pecado graças a arvore?
Nisso entra a ciencia como pano de fundo, porque Eva (anima) come o
fruto da ciem cia e para tirar essa falsa ciencia, Jesus morre para
mostrar que tudo é uma ilusão. Mas que ilusão estamos falando?
Uma
planta nunca tem a esperança de sair da terra, porque sua vida e seu
momento (realidade) está dentro daquilo que vive, numa terra se
alimentando. Lógico, que o ser humano é muito mais consciente do
que uma planta – não que uma planta não possa ser consciente, mas
ela não tem energia o bastante para ser consciente dentro de uma
evolução de percepção de ambiente para perceber sua própria
realidade – mas todas as coisas tem em sua áurea, sua energia
particular que monta e se faz a realidade de cada ser. Mas terminei o outro paragrafo perguntando o que seria a “realidade”, pois a
realidade é um complexo entrelaçamento de inúmeros “agora”. Na
verdade, não existe realidade, mas um eterno momento dos inúmeros “agoras” e esses “agoras”, são realizados com sucessivas
escolhas que fizemos. Se vou cheirar uma flor, a minha realidade é
cheirar a flor porque naquele momento é a flor que vejo e sinto seu
perfume, não tem outra flor ou outro perfume, o “agora” é feito
daquela ação. Aquela ação vai me ensinar que aquela flor tem
aquele certo perfume que é um conhecimento, com o vasto conhecimento
de perfumes e flores, fará que entre a sabedoria e a felicidade de
descobrir várias fragrâncias que poço adquirir. A evolução
espiritual-intima é mais ou menos isso – daí vem o nirvana que é
o prazer eterno pelo conhecimento – o conhecimento de cada ação
que fazemos e com acertos e erros, podemos saber o que fazemos ou
não, isso é o verdadeiro amadurecimento.
Esse
amadurecimento nos fazem como que Neo do filme Matrix se fez, para
entender a Matrix (o programa que está acoplado a cada ser humano em
ter o sonho de um eterno século XX) se deve entender o algoritmo do
software. O algoritmo são linhas de raciocínio lógico que devemos
seguir para uma dada tarefa, como o que escrevi ali em cima, eu pego
a flor e sinto o perfume da flor e essa flor me dará o conhecimento
para o aroma desse perfume. Essa ação lógica nos leva a uma reação
lógica e se há uma reação lógica, devemos ao algoritmo daquele
momento. Um software é feito de várias linhas que dão a instrução
o que o computador deve fazer, por exemplo, esse programa que estou
escrevendo esse texto é feito de várias linhas que o programador
escreveu e o copilador (são como tradutores entre a linguagem de
programação que o programador usou e transforma em números binários
que o computador entende), traduz na linguagem que a maquina entende
para realizar a tarefa. Neo apenas leu e entendeu o códigos do
software para apagar o defeito que o vírus deixou (Agentes Smiths) e
restabelecer o sistema, alguns humanos foram libertados e Neo morre.
O universo é feito sob códigos, a realidade pode ser manipulada se
entendermos como esses códigos funcionam. Foi assim que muitos
entenderam esses códigos e passaram esses ensinamentos para nós
aprendermos.
Como
explicar que mesmo sem enxergar o cego pode sonhar com aquilo que não
viu? Será que são niveis evidentes de consciência? Quando nós
sabemos como os algoritmos processam, fica muito mais facil entender
o software que estamos usando e isso também vale para o universo.
Será que a teoria dos arquivos akashicos não deveria ser melhor
analisada? Os arquivo akashicos nada são do que os algoritmos que
ficam diante do tempo e do espaço, porque nada é perdido e sim,
sempre aproveitável. Uma planta não morre e cai no solo para outras
plantas se alimentarem de seu humo? As ideias são assim, elas não
morrem e sim, ficam em níveis de camadas de consciência mais
elevados que talvez, daqui séculos ou milênios, possamos confirmar
esses niveis.
O
amadurecimento que o mantra fala é o amadurecimento espiritual de
entendermos o cosmo como um todo, como Yashua (Jesus) disse um dia,
para conhecermos a verdade, pois ela nos libertaria. Mas qual verdade
estava falando? Qual da verdade ultima devemos perceber?
Hara
Shiva!