sábado, janeiro 04, 2014

Mantras e Códigos

Por Amauri Nolasco Sanches Junior




Se lê o mantra Mahamrityunjaya:
Maha Mritunjay Mantra:

Om Tryambakam Yajaamahe
Sugandhim Pushti Vardhanam
Urvaarukamiva Bandhanaat
Mrityor Muksheeya Ma-Amritaat
Taittiriya Upanishad 2.7

Adoremos o Senhor Shiva (Quem possui três olhos), quem é sagrado e nutre todos os seres. Do mesmo modo como um pepino maduro se solta do ramo que está ligado tão logo amadureça, que sejamos liberados da morte (do corpo mortal), nos sendo concedido a realização da natureza imortal”.

No panteão hindu Shiva é o deus da criação e da destruição, ou seja, conforme sua dança ele pode destruir e ao mesmo tempo criar. Um dia ele senta no alto de uma montanha (dizem ser o Himalaia), meditou por horas, dias e até séculos sem nenhuma reação, assim os deuses queriam que ele acorda-se, então mandou Pavarti acordar o grande deus e ele ao acordar, dançou a musica da harmonia e da união.

O terceiro olho é o olho da clarividência, o olho que tudo vê. E quando saímos dessa visão ordinária que só enxerga a realidade aparente, quando isso acontece, é como amadurecemos e cairmos do pé. O pé – nossa planta ilusória - é onde ficamos onde estamos desenvolvendo, então um dia nos soltamos dessa realidade ou desse pé. Esse caule que somos presos, são os conceitos morais que a sociedade como uma ilusão, tem como verdades absolutas. As verdades que achamos ter desse mundo aparente, é parte de uma “programação” maior. O engraçado é que só vi isso quando compreendi os códigos binários e os algoritmos computacionais, dai nós compreendemos o mundo do filme Matrix.

Os mesmos hindus chamam tudo que existe de MAYA, ou seja, um prédio de apartamento, por exemplo, existe e pode perfeitamente deixar de existir, segundo o tempo que nada mais é, do que nossa própria visão. Segundo muitas teorias e é um fato, que o tempo é uma ilusão por ser um pensamento condicionado num ESTADO controlado pela indústria capitalista, seja estatal ou privada. Mas estamos falando do intimo humano em querer sempre evoluir, porque é o que o mantra trás, o elo entre o corpo corruptível (biológico) e o corpo incorruptível (espiritual). Shiva representa o mundo e a criação da matéria que podemos chamar de linguagem, códigos contidos nas simples moléculas, Pavarti representa a alma, o sopro divino que está contida no escopo real e único. Mas estamos falando em um estado sutil, quando enxergamos nosso lado intimo, conhecemos nossa natureza do ser. Seria o suprafísica platônico? O “Mundo das Idéias”? O que sabemos que graças ao amor entre Pavarti (o lado feminino é a alma “Cogito”) e Shiva ( o lado masculino é o lado corporal “extensa”), segundo o hinduísmo, a realidade como conhecemos existe. Isso não difere muito com o amor de Deus cristão.

Então podemos dizer que tudo gira em torno do verbo, porque tem a ver com a linguagem infinita do universo e todos seus códigos, todas as suas matérias, todas as suas maneiras de produzir algo. O universo foi criado na linguagem indefinita e dai por diante, evolui como se alto programasse para algo sutil, algo de evolução e termos por nós, ainda desconhecidos. Mas o que seria essas linguagens? Sabedorias milenares sempre disseram que tudo era apenas nosso pensamento, os filósofos que se apegaram a essa maneira de pensar, disseram que a realidade era muito mais profunda e sua essência. Não está no evangelho de João que só havia o verbo e dele se fez carne? Essa “carne” nada mais é – a mesma que Jesus tomou como corpo encarnado e muitos outros avatares – do que carbono e outros minérios que as estrelas produziram graças as supernovas (explosões). A sabedoria bíblica já dizia que “...do pó vieste, do pó voltaste!”, porque viemos do pó produzido pelas estrelas e delas somos filhos; porque essas explosões criaram até mesmo os elementos para a Terra ser um planeta solido e nelas, foram produzidas todos os gazes e substancias. Essas explosões foram fruto de estrelas muitos grandes que não poderiam se estabilizar por causa da sua gravidade, sucumbiram em muitas explosões criando corpos (sistemas planetários) menores e menos densos. Os físicos não entenderam que as alegorias bíblicas e de muitos livros sagrados, são apenas aspectos diferentes dessas pesquisas e desses achados. Pitágoras sempre disse duas coisas que se confirmaram, uma é que todo universo é matemática e que a realidade nada mais era do que vibrações de cordas.

O universo matemático é fácil de ver porque em nossa frente pode ser comprovado, porque existe dentro da natureza, formas geométricas e números matemáticos certos que se for mais ou menos, alterara toda uma estrutura. A água, por exemplo, tem dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio, se isso não tiver os números exatos, não será agua. A natureza da água é em essência esse numero exato de elementos, isso é a formação química da agua, se ela tiver 3 átomos de hidrogênio não será agua, se tiver 1 átomo, não será formada a água. Os números dos elementos podem ser classificados como sendo exatos, senão não há o processo químico e físico necessário para tal. A realidade depende dos números e eles estão contidos dentro de cada átomo que formam toda a realidade. O problema é que os gregos entendiam a matemática como sistemas geométricos e não como entendemos hoje – que veio dos árabes que trouxeram obras que restaram da biblioteca de Alexandria – mas sistemas complexos de planos, pontos e linhas. Não é atoa que aprendemos na escola a teorema de Pitágoras que é em qualquer triangulo retângulo, o quadrado do cumprimento da hipotenusa é igual ao cumprimento dos catetos, ou seja, por definição, a hipotenusa é o lado oposto ao ângulo reto, e os catetos são os dois lados que os formam. Não é isso que podemos ver em toda a natureza? Formas geométricas constroem toda a realidade e fazem dessa realidade algo palpável, algo que possamos ver as formas. Não é a toa que o 3 é considerado em muitas religiões como a trindade divina. No hinduísmo, temos os três olhos de Shiva, mas no terceiro olho que forma a realidade, o universo que conhecemos – no cristianismo existe a santa trindade que é pai, filho e espirito santo – sendo que no budismo, existe as três camadas e estamos na terceira dimensão. Catetos nada mais são, do que ângulos retos em um triangulo retângulo que chegará no cume sempre em linha reta, medido pela hipotenusa e chegando num ponto comum. Se voltarmos a agua temos o 3 novamente, como dois átomos de hidrogênio (h2) e um átomo de oxigênio (O). O 3 em muitas culturas é um numero sagrado e muito mais complexo do que se pensa, porque até nosso corpo tem 3 bases: cabeça, tronco e membros.

Os gregos antigos tinham muito em sua cultura a harmonia como um bem a ser alcançado, tanto que as religiões órficas pregavam a harmonia como sinônimo de perfeição onde Pitágoras herda. Ele dizia – muitos irão dizer que na verdade não temos como saber se essas afirmações eram mesmo dele ou de seus discípulos – que tudo que existe está vibrando como as cordas de uma citara (eram instrumentos musicais parecidos com os alaúdes) e hoje, existe a teoria das cordas. Quando ouvimos as musicas existem tons fortes e tons fracos, por exemplo, o rock existe uma batida forte e três batidas fracas que determina a harmonia do conjunto entre a melodia e a letra, sem isso, a musica praticamente não existe. Mais se repararmos, um conjunto de rock tem 3 acorde e voltamos ao numero que estamos analisando. Reparem que no mantra diz que quando libertamos nossa mente, nos desprendemos da realidade e jogamos a outra realidade, tudo depende da visão de quem está observando. O cacto que está na minha janela é visto por mim de um maneira, quem vê ele de fora enxerga ele por outro ângulo, e assim, toda realidade funciona. A realidade ser vibrações que começaram no Big-Bang – as religiões orientais vão dizer que o OM (AUM) é o som do universo e não difere do verbo do evangelho – e foi descoberto que os átomos vibram graças ao processo de encontro dos elétrons. Provando que é real essa afirmação, pesquisadores encontraram pontos que poderiam ser descritos como vibrações.

O nosso universo – na matemática e em especial na teoria dos conjuntos e nos fundamentos da matemática, um universo é uma classe que contem (como elementos) todas as entidades que se deseja considerar em uma certa situação. Todos os conjuntos teriam subconjuntos de um conjunto maior que é conhecido como conjunto universo que é indicado com a letra U – é completamente vibracional e tem como base o tempo e a massa. Só existimos e a vida existe graças a gravidade que a massa desenvolve dentro do tempo – na verdade, o tempo e espaço, faz uma curvatura graças a gravidade e sem a gravidade não existia o hoje. A vida foi gerada graças a componentes químicos e físico, componentes muito mais sutis, componentes que o mundo ainda não entendeu e se não entendeu, não sabe a essência desse componente. Ao meu entender, o que evolui é o espirito e com o espirito, os corpos biológicos vão evoluindo junto, prova disso é que bem remotamente a Terra era povoada de seres somente irracionais, hoje, há seres racionais e conscientes. Não estou me referindo só do ser humano – muitas vezes irracional – estou falando em seres conscientes como foram provados em pesquisas, os cetáceos são conscientes. Não é uma questão mais sutil?

A evolução não vai cessar só porque o ser humano está no planeta, talvez essa é a razão de tantos animais diferentes encontrados, porque a evolução não para diante a humanidade. Porque o que evolui sempre é o espirito, o ser que desenvolve diante o universo e é a energia cósmica que nos dá uma condição de ser células que evoluímos e nos tornamos seres que podemos ter consciência, esses deuses e suas sagas, nada mais é do que o caminho da construção de uma consciência cósmica. Mas qual o mecanismo que podemos usar para essa consciência? O filosofo grego Sócrates, dizia que tínhamos que conhecer a nós mesmos que ai sim, poderíamos conhecer os deuses e o universo. Os deuses nada mais são do que personalidades de cada fenômeno do universo interpretado por cada cultura, essa interpretação pode significar o símbolo de cada reação cósmica que liga nós com o TODO. Essa ligação que nós fazem sermos “…imagem e semelhança de (Deus?)”.

A FORÇA que está em nós só é liberada quando não nos apegamos a nada material, porque tudo some com o tempo, mas nossa consciência não. Não é à toa que Buda Sakiamuni diz que se enxergar um buda em sua frente mate-o, porque a consciência só é liberada por nós mesmos, só é liberada quando nós é dada a dadiva do não apego. Mestre Mooji disse: “não tente se livrar dos apegos, apenas reconheça-os quando observar”, ou seja, a maneira que observamos um objeto vai ser o significado desse objeto na sua vida. Quando minha noiva e eu começamos a namorar eu ganhei uma caneta com um calendário dela, depois descobri que minha sobrinha tinha desmontado a caneta e fiquei muito chateado. Dias após isso olhei para o rosto dela e compreendi que não era a caneta que importava, mas o afeto que damos um ao outro e a maneira de enxergar meu sentimento por ela. Mestre Mooji fala das muitas maneiras de enxergar um objeto dentro em uma realidade, porque a realidade nada mais é, do que um conjunto com vários subconjuntos. Se não ligamos e não se apegamos, temos plena certeza do hoje, se nos apegarmos, ficamos presos no amanhã e no ontem. O não apego é a liberdade que o mantra diz, porque enxergaremos outro objetivo, da morte simbólica. Essa morte simbólica – muito usada pelos egípcios em sua inicialização de seus segredos espirituais – é a morte do conceito mundano para a vida espiritual, nós em sua essência, não se apegamos a conceitos mundanos. Daí vamos nos desprender dos galhos mundanos como um pepino maduro, ou seja, o amadurecimento espiritual nos dará o caminho a tudo que quisermos.

Não é muito diferente do cristianismo, pois o mestre Yeshua (Jesus), morreu na cruz simbolizando o encontro com a espiritualidade. O corpo pode ser corrompido, mas o espirito nunca será corrompido, porque lá não existe o bem ou o mal e sim, é. Essa cena é muito divulgada é quer dizer que após a dor da liberdade carnal e a dor da tortura (calvário), o espirito se liberta de todo o mundo que nos rodeia. Cruz vem do grego “xylon” que quer dizer “arvore”, “madeira”, podemos dizer – segundo o próprio cristianismo – a cruz é o meio de se libertar do pecado e esse pecado não é a maneira que somos ou a maneira que comemos, enfim, é a nossa quebra com o TODO. Então, segundo a biblia, nós pecamos (saimos da condição de contemplação universal) e sairmos desse pecado graças a arvore? Nisso entra a ciencia como pano de fundo, porque Eva (anima) come o fruto da ciem cia e para tirar essa falsa ciencia, Jesus morre para mostrar que tudo é uma ilusão. Mas que ilusão estamos falando?

Uma planta nunca tem a esperança de sair da terra, porque sua vida e seu momento (realidade) está dentro daquilo que vive, numa terra se alimentando. Lógico, que o ser humano é muito mais consciente do que uma planta – não que uma planta não possa ser consciente, mas ela não tem energia o bastante para ser consciente dentro de uma evolução de percepção de ambiente para perceber sua própria realidade – mas todas as coisas tem em sua áurea, sua energia particular que monta e se faz a realidade de cada ser. Mas terminei o outro paragrafo perguntando o que seria a “realidade”, pois a realidade é um complexo entrelaçamento de inúmeros “agora”. Na verdade, não existe realidade, mas um eterno momento dos inúmeros “agoras” e esses “agoras”, são realizados com sucessivas escolhas que fizemos. Se vou cheirar uma flor, a minha realidade é cheirar a flor porque naquele momento é a flor que vejo e sinto seu perfume, não tem outra flor ou outro perfume, o “agora” é feito daquela ação. Aquela ação vai me ensinar que aquela flor tem aquele certo perfume que é um conhecimento, com o vasto conhecimento de perfumes e flores, fará que entre a sabedoria e a felicidade de descobrir várias fragrâncias que poço adquirir. A evolução espiritual-intima é mais ou menos isso – daí vem o nirvana que é o prazer eterno pelo conhecimento – o conhecimento de cada ação que fazemos e com acertos e erros, podemos saber o que fazemos ou não, isso é o verdadeiro amadurecimento.

Esse amadurecimento nos fazem como que Neo do filme Matrix se fez, para entender a Matrix (o programa que está acoplado a cada ser humano em ter o sonho de um eterno século XX) se deve entender o algoritmo do software. O algoritmo são linhas de raciocínio lógico que devemos seguir para uma dada tarefa, como o que escrevi ali em cima, eu pego a flor e sinto o perfume da flor e essa flor me dará o conhecimento para o aroma desse perfume. Essa ação lógica nos leva a uma reação lógica e se há uma reação lógica, devemos ao algoritmo daquele momento. Um software é feito de várias linhas que dão a instrução o que o computador deve fazer, por exemplo, esse programa que estou escrevendo esse texto é feito de várias linhas que o programador escreveu e o copilador (são como tradutores entre a linguagem de programação que o programador usou e transforma em números binários que o computador entende), traduz na linguagem que a maquina entende para realizar a tarefa. Neo apenas leu e entendeu o códigos do software para apagar o defeito que o vírus deixou (Agentes Smiths) e restabelecer o sistema, alguns humanos foram libertados e Neo morre. O universo é feito sob códigos, a realidade pode ser manipulada se entendermos como esses códigos funcionam. Foi assim que muitos entenderam esses códigos e passaram esses ensinamentos para nós aprendermos.

Como explicar que mesmo sem enxergar o cego pode sonhar com aquilo que não viu? Será que são niveis evidentes de consciência? Quando nós sabemos como os algoritmos processam, fica muito mais facil entender o software que estamos usando e isso também vale para o universo. Será que a teoria dos arquivos akashicos não deveria ser melhor analisada? Os arquivo akashicos nada são do que os algoritmos que ficam diante do tempo e do espaço, porque nada é perdido e sim, sempre aproveitável. Uma planta não morre e cai no solo para outras plantas se alimentarem de seu humo? As ideias são assim, elas não morrem e sim, ficam em níveis de camadas de consciência mais elevados que talvez, daqui séculos ou milênios, possamos confirmar esses niveis.

O amadurecimento que o mantra fala é o amadurecimento espiritual de entendermos o cosmo como um todo, como Yashua (Jesus) disse um dia, para conhecermos a verdade, pois ela nos libertaria. Mas qual verdade estava falando? Qual da verdade ultima devemos perceber?


Hara Shiva! 





domingo, dezembro 29, 2013

O que é educação?



Aristóteles de Estagira 






Amauri Nolasco Sanches Junior


Os gregos antigos entendiam a educação como paideia ou, “criação de meninos”. Era a educação familiar e moral – a moralidade nesse caso não se refere em certo ou errado, mas como se comportar diante da sociedade e seus cidadãos – e os bons modos de respeito e civilidade. Foi na mesma Grécia que o problema da educação se fez presente com questionamentos dos maiores pensadores como Socrates, Platão, Isócrates, os sofistas e finalmente, Aristóteles. Dois termos nesse processo se fizeram importantes, aretê que era a virtude e a civilidade e a eudaimonia que é a felicidade. Mas essa eudaimonia só seria alcançada com o conhecimento e com a sabedoria, a bondade plena em não fazer com o outro o que não gostariamos que nos fizessem. Aristóteles irá dizer que a natureza humana era conhecer e esse conhecimento só era alcançado com a prática, pois não adianta levar o conhecimente e a virtude sem ao menos prática-lo.

Isso foi um marco na civilização ocidental porque até então, nenhuma civilização mencionou essa preocupação com os meninos que herdariam as diversas posições. Claro que nesta época, não havia educação para meninas porque quem fazia todo escopo politico-cultural era o homem, a mulher era provedora da casa e cuidava dos filhos. Por isso nada sabemos de filosofas, matematicas e etc, porque era uma sociedade partriarcal, mas mesmo assim, a mulher era educada em casa com os pricipios da época porque era exigencia até mesmo do Estado. Talvez o mais estranho é que a sociedade espartana com toda sua cultura militarista e guerreira tenha respeitado muito mais suas mulheres e mesmo elas não sendo soldados, elas eram treinadas para defender suas casas e sua prole, sendo seu lema “as mulheres espartanas dão a luz a homens de verdade” quando algum mensageiro indagava elas estarem no meio. Os espartanos tinham seu agogé onde os meninos eram educados severamente – embora muito superficialmente, o filme 300 mostra essa educação como um meio de criar soldados fortes, patriotas e que buscam honra e glória – onde tinham meninos que até morriam em seus treinamento. Lembramos que olhamos sempre na época e no momento de cada civilização, naquele momento não se poderia ter homens fracos ou soldados fracos, doentes e deformados, assim, Esparta ficaria sem suas defesas. Voltarei a esse tema em outro texto.

Talvez os gregos tenham sido influenciados pelos egipcios onde tinham um relaionamento comercial muito intenso. Mas sua força tambem por muito tempo, dominou o mar mediterraneo e o pensamento ocidental e toda sua filosofia e ética (Ethos), passaram no crivo da lógica e da razão (logos) grega. Quem nunca estudou o Teorema de Pitagoras? Quem nunca ouviu algo sobre Euclides? Nem vou dizer que o pensamento cientifico e educacional é fruto de Socrates, Platão e Aristóteles. Na verdade, a lógica começa com o slogismo de Aristóteles, muito famoso por sinal, que dizia: “O homem é racional, Sócrates é homem, então, Sócrates é racional”, parece simples, pois não é e nem era na época tão simples. Ele colocava que se o homem é um ser racional, Sócrates por ser um homem, ele pertencia a classe dos seres racionais e até hoje temos essa separação como a pedra é um mineral, o leão é um animal, um cacto é um vegetal e por ai vai. Na lógica ou algo é verdadeiro ou algo é falso, não tem meio falso ou meio verdadeiro e isso, Aristóteles inova além, claro, de dizer que todo homem tem o “desejo” de saber. Esse desejo do saber é a busca cada vez mais da eudaimonia porque com o saber, nós podemos enxergar muito além do que nos é mostrado e esse deveria ser o papel da educação.

Educação, na verdade do termo, vem do latim educare que seria para os romanos uma maneira de mostrar para a criança a realidade. Como os gregos – dizem alguns historiadores que os romanos são gregos de Troia fugidos e há alguns indicios e teorias que eles tinham uma espada que provavam isso e seria do rei Priamo, mas é assunto para outro post futuro – os romanos gostavam de ensinar como um cidadão romano deveria se comportar como cidadão. O que os romanos tinham como realidadade era o vasto império que todo cidadão livre, deveria de saber para ser um homem informado e saber do destino do império. Sempre lembrando que até a revolução francesa os pobres não tinham acesso a educação. Então, essa “realidade” eram previlégios dos patricios que eram uma especie de classe média romana, porque deles dependiam o apoio ou a queda de um imperador e para um apoio, esses cidadãos deveriam ser instruidos. Era um ato civil que nada tem a ver com um ato de alienação, mas um ato de escolha em ser um cidadão do império instruido e ser um cidadão do império que será escravo de atos politicos que não concorda. Além do mais, um romano tinha orgulho de ser romano e não era “sacrificio” estudar o que era a matéria da época – muitas vezes as mesmas que os gregos impunham em sua paideia. Enquanto os populares se apegavam a religião e aos deuses estrangeiros – lembrando sempre que nesse tempo a maioria era inculta e só se interessavam aos cultos aos deuses e na maioria dos casos, aos shows de gradiadores que se chamava de “pane in circus” porque nesses eventos se distribuia pães – os cultos se interessavam a filosofia e essa flosofia era o estoicismo, que era a ascese civica (era mais ou menos, um culto ao civinismo romano e a ordem civica) e a politica como algo importante, o epicurismo, era a busca da ataraxia (tranquilidade da alma) e da aponia (ausencia da dor). O epicurismo é a busca da tranquilidade pela ausencia da dor – essa “dor” para Epicuro era o sofrimento e para o sofrimento não acontecer era importante a busca do prazer, mas o prazer moderado porque se comer demais, por exemplo, você sofrera a mesma coisa – pela tranquilidade da alma que hoje chamamos de calma, tanto é, que a arte retórica era levada como um argumento tranquilo para passar convencimento e convencer seu opositor ao convencimento. A arché (origem) de todo discurso é o convencimento – o filósofo latino Sêneca era muito bom nisso – em ter o termo certo no momento certo diante de um discurso e isso que a tranquilidade da alma vai trazer para o cidadão culto romano. Isso vai até a Idade Média onde toda a cultura é destruida e até mesmo os nobres são presos pela crença doentia de uma igreja dominadora de todo o conhecimento até a chegada dos mouros que introduzem as obras gregas antigas e se estabelecem novamente a cultura grega. Fenômeno esse chamado de renascença.


Segundo Jeager em seu livro “Paidéia – A Formação de um Homem Grego” (edição da Martin Fontes), paideia era um conceito muito mais espiritual que mostrava o espirito grego na época. Se nesse tempo temos na China o confucionismo, na India o Dharma, na Grécia tinhamos a paideia como algo além do termo nos mostra como “formação de meninos”. Porque nessa formação era a formação de um espirito grego que surgia como ponto cuminante nos Balcãs como cultura dominante, uma cultura que evoluiu graças a entrada da escrita fenicia, onde se forma toda a gama de termos até hoje usada como na medicina e por muito tempo, usada para até difundir culturas e impérios. Mas com toda aquela dominação da igreja cristã e toda aquele “sufocamento” das verdades contidas no afã das novas descobertas, se criou uma separação entre o homem enquanto ser biológico (res estensa) com o ser que acredita que há algo além dos nossos sentidos, o espirito da descoberta de um mundo que pode ser pesquisado. Ora, o que tem a ver o mundo ser descoberto pelos avanços cientificos e ter um ponto espiritual como teve os gregos e romanos e muito além, teve todas as sociedades humanas? A Renascença erra em colocar o homem como um ser mecanico e o Iluminismo dá o aval disso, um ser que não sente, que apenas aprende sua cultura mecanicamente. Isso começa com a diturpação do principio cartesiano (de René Descartes cuja o nome em latim é Renatus Cartesius) onde ele resgata o principio platônico e coloca a duvida como um método único para a certeza. Seu único erro – o mais grave por sinal – foi fazer do ser humano um ser mecanico sem a menor condição de sentir. Ora, se somos seres que temos um corpo biológico (res extensa) e temos a racionalidade e a percepção das coisas (res cogitans), tambem temos sentimentos e desejos que os antigos já sabiam. O lado espiritual – não de forma religiosa como vimos nesse momento como algo irreal – humano, contem todos nossos desejos e sentimentos que podemos expressar ao longo de nossas vidas. Não é só perceber e dividar, é perceber e perguntar o “porque” daquilo, é entender como aquilo é ou como aquele processo funciona. Talvez foi isso que Descartes demonstrou para os ceticos e os póprios céticos se apossaram de sua filosofia – como acontece com Nicolau Maquiavel na ordem politica e outros que tiveram suas filosofias detubardas para atender interesses – porque quando ele diz: “eu penso, eu logo existo”, ele quis dizer que a única certeza que tenho é o meu pensamento, é o meu existir. Posso ver uma nuvem e duvidar que me disseram ou me ensinaram que as nuvens são feitas de algodão, com isso, muitas pesquisas foram feitas e se concluiu que as nuvens são vapores d´água. Eu aprendi porque duvidei e pesquisei, também me foi ensinado assim. Mas, segundo o método cartesiano, eu tambem posso duvidar que a nuvem é um vapor d´água e não ser aquilo que me ensinaram na escola, pode ser que a nuvem seja de um material sutil, pode ser particulas da água tão sutis que não podemos detectar.

Acontece que Platão uns mil e quihentos anos antes – no tempo de Descartes era mais ou menos o tempo dos escritos do filosofo anteniense – tinha escrito que nossos sentidos podem não mostrar a realidade, porque podemos estar vendo “sombras” e que somente com o conhecimento – daí vem o termo Iluminismo que seu maior filosofo é Immanuel Kant – poderemos sair dessas correntes. As “sombras” são a realidade que nos ensinam que muitas vezes não é a realidade e as “correntes” são os conceitos e crenças ensinadas para nos prender em uma realidade dominadora, isso vimos muito quando pessoas ficam “cegas” por crenças infundadas e conceitos que só interessam aos partidos poiticos que querem essa dominação. É provavel, que esse “Mito da Caverna” muito famoso de Platão que está no sétimo livro da obra A Republica, seja um protesto e um alerta pela morte do seu mestre Sócrates que foi, e isso é evidente, uma vingança por ele desmascarar os sábios que não eram sábios e por ele ter pertencido a assembleia dos 13 tiranos. Então, além de alertar que não somos libertos, ainda nos coloca em duvida da realidade que nos é ensinada e que nada tem a ver com “bondade” ou “maldade” e sim tem a ver com “dominação” pelos sentidos e pelas ideias. Descartes vendo o Renascimento buscar toda a cultura greco-romana e resgatar obras de arte (estética), obras literárias (poética) e filosófica (sophia), viu que estavam duvidando somente das verdades cristãs que a igreja impunha e disse se temos que duvidar, que duvidemos de verdade, duvidemos de tudo. Também Descartes estava travando uma batalha com os céticos, então disse que sob o crivo da duvida poderia provar a existencia da Consciencia Universal. Eu penso e percebo a minha existencia e é a única coisa que tenho certeza, pois o resto pode não existir e pode existir não da forma que nos foi ensinada, pode existir oculta aos nossos sentidos e não percebemos. A duvida é o método mais eficaz para se aprender pesquisando, o aprender investigando e não com formas mecânicas como depois com a diturpação da filosofia cartesiana e a filosofia de outros, nos impuseram. Poderiamos ser diferentes com o duvidar cartesiano (verdadeiro) e o ousar kantiano em forma de educar como os romanos e antes deles os gregos, poderiam mostrar a realidade e não a realidade ilusoria que somos fadados a engolir. A realidade que somos seres que sentimos, desejamos, queremos e buscamos como peça principal de uma nação e de uma sociedade.

Dai temos que voltar em Aristóteles onde nós somos animais politicos (zoon politikon) por sermos seres com a necesidade de sermos sociáveis(koinonia) por causa de nossas carências, assim, ele dará o exemplo da união do homem e da mulher que há necessidade da reprodução – ainda sim analisemos o tempo onde Aristóteles viveu para entender o seu pensamento – e assim, satisfazer essa carência. Mas que carencias são essas? O homem é um animal social que procura no outro o que te falta – não interessa se isso moralmente é errado, é a única certeza biologica que temos da especie homo sapiens – e essas carecias são os desejos que vimos no mundo e dentro do mundo. A realidade é a satisfação desses desejos que há um certo equilibrio – esse equilibrio grego é muito importante como uma harmonia que era o intuito principal do cidadão da polis – porque a filosofia aristotelica visava a vida prática (bios pratiktikós), a vida produtiva (bios politikos) e a vida teórica (bios theoretikós) e isso que se fez – até novos métodos de repente – construir todo o alicerce da cultura do pensamento ocidental. Assim, se o homem por natureza (definição onde o homem tem a necessidade de saber, do conhecimento, em Aristóteles isso é quase algo inato dentro do ser humano) então teriamos que retomar a verdadeira condção do saber pela necessidade desse saber e pela procura por ele. Saber não é “forçar” a aprender, ninguém aprende “forçando” o aluno a ter aquele conhecimento e sim, resgatar esse saber estmulando a necesdade inata do ser humano e isso é quase uma verdade irrevogavel. Quem leu livros porque “tem que” ler aqueles livros sabem disso, agora se você sugere e estimula o aluno a ler esses livros por curiosidade e tempo – o Sertão de Euclides da Cunha é dificil, quase ilegivel, imagina força uma pessoa a ler aquilo é tomar água de arroz e ainda dá uma semana, é quase enviar o indivíduo a forca – porque o tempo faz a pessoa aos poucos se interessar e estimular essa curiosidade, talvez, contando um pouco a história da guerra de Canudos numa linguagem acessivel e atual.

O método atual ficou muito defasado, ficou muito aquela “história” de treinamento para o jovem enfrentar o mercado de trabalho e isso é fruto da romantica revolução burguesa chamada de Revolução Francesa – onde se consolida com o impérios dos Bonaparte – onde a burguesia tinha que tirar a ignorancia deles (porque a maioria dos burgueses não sabiam nem escrever seus nomes) e tirar a massa da condição de seres neoliticos (literalmente). E após isso o automaticismo de Henry Ford, ganhou força a suplemacia dos ganhos sem se importar com e como e o que está por trás desses ganhos, então, se cria uma educação automatizada para o povo não pensar. Nem pensar e muito menos – isso Freud denuncia como um “mal” da humanidade – sentir como desejos inatos dentro do corpo e a vontade que vem lá dentro da alma. Criamos algo automatizado que ficasse a merce do material e esquecemos do espiritual – como sentimentos e vontades que nos regem espiritualmente – que nos faça sempre procurar a felicidade (eudaimonia) e a vontade de ir além do que se limitamos a estar. Quando Aristóteles disse que o homem por natureza procura o saber, ele procura esse saber para se embrenhar a felicidade – ao contrario que muitos pensam que quando temos o conhecimento e sofremos com as supostas “verdades” do mundo (civilização), o saber (sophia) faz que enchergamos a verdade e como diz Yashua “conheceis a verdade e ela vos libertarás” - porque ao saber temos a “porta aberta” para o conhecimento e o desenvolvimento intelectual e espiritual. Esquecemos o real significado da paideia, que era muito além do que criar meninos, e damos ao jovens uma criação de “automátos” que não pensam e não sentem. Enquanto no mundo grego espiritualizamos o ethos, no mundo pós moderno, fazemos de nossa ética algo automático, algo que precisamos como “tutores” sociais intimos. A essência do ethos- seu significado é o costume e a base social por tradição – é o que nossos atepassados descobriram com erros e acertaram com essas tradições que remontam milhares de anos de esperiencia.

Quando fazemos um trabalho acadêmico – na verdade acadêmico vem da Academia platônica, que tenho certeza, Platão choraria em ver o que fizeram com sua filosofia – temos que ter um rigor cientifico como norma dos órgãos responsaveis (ou irresponsaveis), não deixando o aluno deixar algo do que pensa, é a cultura do “ctrl-c” e “ctrl-v” que criam engenheiros não criativos, médicos que não sabem perceber as doenças, profissionais que só sabem seguir as normas (não mais a intuição). Prédios caem, pessoas morrem por remedios errados e toda a gama de coisas acontecem porque ainda estamos atrelados em “normas” e ensinamos nas escolas e nas universidades, pessoas automáizadas que não sabem usar a intuição e não fazem o que realmente gostam. Querem status e querem dinheiro, só. Lógico que não há nada de errado em ter bens que Aristóteles chamará de ousia – esse termo Aristóteles não vê problema em ter bens, só tem que haver moderação – que é ter bens através de seus conhecimentos, porque o conheimento pode nos mostrar um oficio, um trabalho. Não esses “trabalhos” que eles pedem nos cursos, que pensam estarem ensinando, mas o trabalho que nós temos como oficio aprendido. Tanto é, que o filósofo de Estagira, disse que era muito melhor treinar as pessoas com deficiência do que sustenta-las a vida toda – é uma coisa que os governos deveriam seguir um pouco – porque todos deveriam procurar o conhecimento que lhe é natural.


Esquecemos mesmo na essencia da paideia, esquecemos do verdadeiro sentido de se educar e de ser educado, não como se fossemos maquinas, mas como se fossemos seres humanos.