terça-feira, abril 05, 2016

O ser em Superman vs Batman (com Spollers)











Para assistir um filme não basta apenas saber da origem nos HQ (História em Quadrinhos), existe toda uma desenvoltura dentro de cada personagem que deve ser analisado numa ótica filosófica (vulgo textão), numa ótica psicológica e uma ótica ontológica. Muitos podem me perguntar: “ué Amauri, ontologia não tem a ver com filosofia? ”. Daí eu respondo: sim, tem a ver. Na verdade, os filósofos existencialistas e os filósofos pós-modernos formaram na base, bases muito solidas ontológicas (o ser que é) para definir a preocupação dentro até do IA (Inteligência Artificial). Mas ainda sim a ontologia nesse caso especifico vai muito além da filosofia, pois o amor (philian), muitas vezes, pela sabedoria esquece o ser em sua maior essência porque enxerga o ser como pressuposto de uma máquina, a existência não tem nenhum significado e as religiões que antes eram metafisicas (tá metá tá phisis, ou seja, “os que está depois da física”), ficaram cada vez mais, materialistas. Daí se comete erros primários dentro até de uma análise de filmes como esse, erros grosseiros que tem a ver com o ser e a ética (ethiké/ethos), como os erros do Nando Moura.

Para começar vamos aos fatos dos dois personagens tem em comum: existem sérios conflitos e traumas que levam Clark Kent e Bruce Wyne procurarem alter egos (o outro eu) para superar essa falta de identidade. Outro aspecto interessante é que os dois firam criados por pais adotivos (Alfred foi um pai para Bruce) e os dois são estereótipos de dupla personalidade muito bem definida que não dará margem a interpretações sobre sua verdadeira personalidade. Personalidade vem de “persona” e eram mascaras que os romanos e gregos usavam nas encenações teatrais, ou seja, cada personalidade é um ser em questão e a essência de todo ser é os valores que se aprendeu. Os valores do Bruce Wyne eram valores completamente, coletivos, pois seu pai mesmo rico, sempre investia na cidade. Mas há traços muito claros da filosofia de Rousseau no Batman (seu alter ego) misturado com filosofias orientais, talvez, herdadas quando estudou com um mestre nas artes marciais. A essência do homem é boa, o sistema que o corrompe, por isso mesmo, ele nunca matou o Coringa ou outro vilão. Mas ele se esconde nas sombras para proteger quem ele ama, o protetor, aquele que tem que fazer justiça, mas tem que proteger os seus. O interessante é que sempre o herói que usa mascara tem sérios conflitos de personalidade, ou proteção excessiva com quem ama. Num outro filme o Batman diz: “(...)usamos máscara para proteger quem nós amamos(...)”, ou seja, ninguém pode saber quem ele namora, que ele tem tal empresa e isso também é uma característica do Superman (Clark Kent). Mas umas das coisas que nuca entendi era o porquê que a diferença de um óculos poderia ocultar a verdadeira identidade do Superman/Kent. Uma hipótese é que ele muda de comportamento, Kent é atrapalhado, bobão, e se faz de ingênuo. Numa outra hipótese e muito mais oculta é que ele pode ter o poder da hipnose, ou seja, ele hipnotiza as pessoas ou pela sua aparecia, ou por causa de algum poder mental.

Outro aspecto é a moral completamente, do imperativo categórico kantiano que consiste em agir com sua máxima tal que ela possa ser usada como lei universal. Não é isso que vimos em suas histórias? Embora Bruce Wyne seja muito mais maquiavélico (os fins justificam os meios) do que o Clark Kent com sua ética de seguir a lei da filosofia socrática, onde em sua essência, nada está acima da justiça verdadeira. Podemos “surfar na maionese” nesse aspecto da justiça verdadeira que só estará nas histórias do Superman. O que é a verdade e o que seria a justiça? A verdade é a realidade dos fatos que alguns, colocam essa mesma realidade como algo inquebrável, pois a verdade é um meio de mostrar uma realidade. Verdade vem do latim VERITAS que por sua vez, veio de VERUS que quer dizer “real ou verdadeiro”, então toda verdade é a realidade, toda a realidade é uma verdade. Eu estar escrevendo esse texto é uma verdade, pois o texto existe e todos que acessam esse blog vão ler e comprovar que ele (o texto) existe. Mas não podemos constatar que a existência do Saci Pererê, por exemplo, seja uma verdade, pois não se tem nenhuma comprovação que existam Sacis por aí a fora.  Mas e se comprovarem que Sacis existem e estão na Amazônia? A verdade muda e se ela muda, junto com ela, a realidade será outra. Nietzsche dizia que não existem fatos eternos e nem verdades absolutas, pois as verdades são mutáveis e já Heráclito, filósofo pré-socrático, já dizia quinhentos anos antes de Cristo, que não existe realidades que não mudam, pois “não pisamos na mesma agua duas vezes”. Einstein só comprovou com a lei da relatividade, que toda realidade é relativa e se é relativa, as verdades ficaram liquidas.

Já justiça veio do latim JUSTITIA que quer dizer “lei, iniquidade, administração da lei” que por sua vez, veio de JUSTUS (correto, justo), que também veio de JUS (lei, correto, direito, legal).  Existe a lei natural e a lei positiva, que dará mais “tempero” ao nosso debate. A Lei Natural é aquela da moral inata dentro da sociedade, como por exemplo, “não mataras” é uma lei moral e, portanto, uma lei de Deus. Reparamos que em todas as histórias do Superman, porque além de conter um explicito imperativo categórico (dar o exemplo), estar bem ciente da sua força supra-humana, está a lei natural de fazer o bem sem quebrar a lei natural do Planeta Terra. Sendo um extraterrestre, seus pais biológicos através de gravações nos cristais que viajaram com ele, disseram que ele não deveria interferir nas leis da Terra, nem as leis naturais, nem as leis positivas (que ficou contraditório quando se soube que talvez, na verdade, ele veio destruir a Terra). No próprio filme (Batman vs Superman), Clark Kent (como Superman), mata o terrorista por causa da Lous Laine. Mas será que ele agiu para um bem particular ou um bem coletivo? A defesa é garantida na lei natural, por exemplo, um servo pode atacar um leão quando for atacado, se matar o leão escapara, se não, vira comida. Mas existe a lei positiva que é imposta pelo ESTADO que analisa os fatos para fazer um julgamento. Portanto, pela lei natural, Superman agiu certo, pela lei positiva do ESTADO, não agiu certo porque o outro era mais fraco e foi uma luta desleal.

Descobrimos que não existe verdade e existe uma justiça que depende muito das circunstâncias que essa justiça é dada. O Batman segue o positivismo da lei (o ESTADO), o Superman a lei natural (a lei moral). Dai dá para entender que o Batman desse filme pelo menos, não foi engando pelo Lex Luthor, o Lex Luthor enganou a lei positiva usando o seu poder monetário para colocar pessoas (a senadora), para enganar a todos e consequentemente, enganar o Batman. Então, não existe lógica para pensar que o Luthor tenha enganado o Batman e sim, enganou todo um sistema ao ponto que quererem lançar uma bomba atômica para matar o Superman. Esse ato utilitarista (doutrina que prega que é melhor matar poucos para um bem maior), do governo não é um ato de engodo diante de uma ameaça só ao ESTADO? O Superman pode impedir uma guerra, pode impedir um ataque ou pode exigir do ESTADO algo mais justo, vimos muito bem isso nos X-Men. Daí nosso debate se torna interessante ao ponto de enxergar que o problema não é Luthor – mesmo o porquê ele só é mais um escravo do sistema – mas o ESTADO que perde seu controle absoluto para o herói, ou seja, o herói demostra que o ESTADO não deu certo e precisa de um herói para salvar o ser humano. E, por outro lado, o ESTADO ficara completamente refém do herói, depende dele, tem medo que o herói destrua ele (o ESTADO), para fazer uma sociedade mais justa, assim como toda política suja, toda oportunidade de destruir o herói é muito bem-vinda. Por que o herói sempre é um “contra lei”? Motivos são óbvios.

Chegamos a “cereja do bolo” do filme e foi o motivo de várias críticas que na minha opinião, foram as mais vazias (coisa obvia se tratando do Nando Moura), quando o Batman está prestes a realmente acabar com o Superman, ele com o pé no pescoço do “homem de aço”, o Superman diz “Martha”. O Batman rapidamente, faz uma retrospectiva de tudo que aconteceu com a sua mãe, pois a mãe de Bruce se chamava Martha, e com uma voz de “Rei Leônidas” que agora virou Seth, diz: “Por que você disse esse nome? ” duas vezes e eis que de repente, aparece Lous Laine e diz: “É a mãe dele!”. É obvio e mais do que obvio que ele olha com rosto de Ben Affreck (ué, vocês não reclamaram na falta de comedia no filme?), e se coloca no lugar do Superman e o “morcegão” esquece seu lado legalista e passa a exercer a lei natural (moral) e vai salvar a mãe do Kent. Isso é o básico, isso é obvio e vai além de qualquer lei positiva que o ESTADO pode construir ou impor, a mãe das pessoas é algo sagrado e o Bruce Wyne sabe disso por perder a sua de modo muito estupido. Isso não é motivo para mudar de ideia e parar e se colocar no lugar dos outros? Nesse caso o Batman mando o ESTADO se fode e foi salvar a mãe do Superman, pois é uma vida e o herói “morcegão” salva vidas e nesse aspecto, na relação do Batman ter mudando de ideia, tem muito a ver com aspecto moral e no HQ não é diferente.

Se você não entra no aspecto do ser e da essência dos personagens sem muito fanatismo – assistir ao filme completamente nu das suas convicções morais e éticas dentro de qualquer coisa – fica aquilo que chamo de transe ideológico que nada tem a ver com os heróis. Sempre vi o herói acima da moral humana e tem a ver sim com a filosofia, tem a ver com o mito e o mito é algo como “se houvesse um ser acima de nós, ele seria como…”, ou seja, não é diferente do “além-do-homem” nietzschiano. Um ser que vê o mundo além da moral e usa a vontade da potência para fazer o que tem vontade de fazer, pois mesmo sendo legalistas, ou naturalistas, tanto Bruce Wyne, como Clark Kent, eles se sentem além do bem e do mal. Afinal, o que é o bem e que é o mal? Aliás, hoje em dia, várias histórias trazem esse conflito, pois o bem e o mal, são relativos e dependem da visão de quem o faz ou recebe.

Esteticamente, o filme é muito mais do Batman do que do Superman (pois Gottam tem uma noite perpetua, ou por ter sérios problemas de combustão de petróleo, ou por ser um mundo em um umbral), não tendo muita história e sim uma leve apresentação para a Liga da Justiça. Agora, a crítica da comedia acho que houve um leve engano, confundiram ironia com comedia e tem ironia sim, tanto que a parte que Luthor apresenta os dois e os dois sabem quem é quem, se você não achou graça, você não entendeu a sutil ironia da história e não leu o HQ. Se você quer rir vai assisti essa “modinha” ridícula de tudo é zumbi que isso sim é comedia, ou vai assisti comédia, pois comédia não pode ser confundida com ironia ou ação. Ou assista o Batman dos anos 60 que fazia corrida de surfe que você ri até “mijar”. Então é isso.


Amauri Nolasco Sanches Jr, 40, escritor. 





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sexta-feira, março 25, 2016

Explicando adjetivos e substantivos no pensamento







Um dos filósofos que mais gosto é o austríaco, Wittgenstein. Ele dizia, que o problema da filosofia era de todo o pensamento era a linguagem, porque todo nosso mundo é construído pela linguagem que dissemos ou nomes que colocamos. Quando falamos que uma maçã é vermelha, nós sabemos que a fruta maçã (portanto um substantivo) é de cor vermelha (que é um adjetivo), então, a maçã ser vermelha é uma figura de linguagem de um objeto que demos um nome e damos uma qualidade. O pensamento de um ser humano é construído dentro da educação que começa dês dos 7 anos de idade, menos que isso, é trabalho perdido. Pois nesse período se começa a construção da linguagem e aos nomes que vai usar a vida inteira. Então, se é construída as associações como da maçã e o vermelho que dará uma ideia o que você vai pedir para o feirante ou olhar e perceber o que está na prateleira no mercado é uma maçã vermelha.

A nossa língua é muito difícil de se aprender, porque existem várias regras e várias palavras com um único significado. Uma hora dessas, meu pai que gosta de escrever no Whattsapp (de maneira correta) perguntou qual a diferença do você com o acento circunflexo e sem, então, eu não soube responder na hora porque ele me pegou de surpresa, então, respondi que não havia diferença. Mas fiquei analisando a questão que tinha um viés interessante e lembrei de duas coisas, que há uma tonalidade nasal que era importante dentro de algumas palavras e que você vem de “vossa senhoria mercê” e transformou em “vossa mercê” até chegar no “você” (alguns teóricos dizem que evoluirá para “vc” que discordo). Esse “cê” acentuado tem a tonalidade de destaque dentro do apontamento onde se apontou o sujeito que se chama, pois quando dissemos “ei você”, estamos apontando alguém que quero falar algo. Esse exemplo é um exemplo para mostrar o quanto devemos estudar para dar sempre respostas objetivas para perguntas objetivas.

Só que temos um vício muito enraizado aqui no Brasil que é colocar um substantivo como se fosse adjetivo ou, transformar adjetivos em substantivos. Por exemplo, dizem os empresários e as instituições governamentais que os deficientes não são qualificados, que é um erro grave, porque qualificar é “dar qualidade de”, ou seja, eu não tenho a “qualidade” de ser publicitário, porque publicitário não é um adjetivo que me dará uma qualidade, mas definir que sou. A publicidade ou ser um publicitário é um substantivo, porque estou dando nome a uma profissão e não uma qualidade que eu tenho, portanto, não tenho a qualidade de ser um publicitário, mas, sou um publicitário. O mesmo acontece com o termo “pessoa com deficiência”, pois a deficiência é um nome de uma disfunção corporal que acomete por várias razões. Então, quando dissermos “pessoa com deficiência” estamos dando um adjetivo a pessoa, mas a pessoa é deficiente e esse termos “deficiência” é um nome de algo concreto dentro de uma limitação da pessoa. Deficiente e “pessoa com deficiência” acaba sendo a mesma coisa.

A inutilidade de termos é muito comum no meio virtual e surgem coisas como “a gente”, “vc”, “vibe” entre outro, que tornam, muitas vezes, o diálogo ou o entendimento, como coisas impossíveis. Não que não pode haver uma evolução no meio de comunicação, ou mudanças na língua escrita, se deve ter uma mudança para abreviar e ficar muito melhor a escrita num modo estético, mas existem coisas que são muito bizarras. Mas existem também muitos termos pejorativos que começam a circular como “petralha” (termo que junta membros do PT com os personagens da Disney, os irmãos Metralha) ou o termo “coxinha” (que é aquele sujeito que se fecha em sua própria opinião sem ouvir outras opiniões), que também se tornam qualidades prós e contra o governo. O que o pessoal fala que são termos pejorativos e que nada acrescentam na discussão, que estão certos, porque você cria uma dicotomia desnecessária para os termos.

  Um adjetivo é uma qualidade que estamos dando a alguma coisa ou a alguém, como no exemplo da maçã que sua qualidade ou aparecia é vermelha, pois sua natureza é ser vermelha. Agora substantivo é o nome que damos aos objetos ou alguém, como maçã (que é um substantivo comum), porque é o nome de uma fruta que tem características únicas e que se chama, maçã. O meu nome é Amauri e todos me conhecem como Amauri ou Junior, pois eu tenho características que sou eu e sou uma pessoa que se chama Amauri, o meu nome é um substantivo próprio porque é algo exclusivo. Um substantivo comum é algo que tem características comuns como uma maçã, mas no próprio, as características são únicas, pois todo mundo não é Amauri, nesse caso, só eu me chamo Amauri. Numa frase isso é algo característico como “O Amauri escreve”, porque “Amauri” é o sujeito e o “escrever” é o predicado. Porque o “escrever” é uma ação que “Amauri” está executando, pois, o ato de escrever coloca o “Amauri” como “aquele que escreve” e aquele que escreve é um escritor, então, o ato não é uma qualidade e sim, um estado. Quem “escreve”? O “Amauri”.

Na filosofia já é muito mais complexo, porque entre na área da lógica e é atribuída a Aristóteles que é o tão conhecido silogismo. Tem toda aquela teorias e termos que nós não decoramos – não decoram mesmo, pois pelo que li até dos professores de filosofia, estamos longe de construir um pensamento filosófico – e não sabemos de onde começar, então, resolvi abreviar. Ora, quando dizemos “Heidegger é filósofo”, estamos nos referindo de uma condição de ser um filósofo, um sujeito que segue o meio filosófico onde faz seu pensamento (daí cai muito diante do “gostar daquilo” e fica algo mais ou menos, subjetivo), mas que não é um estado, mas o ato de pensar. Pois não estamos dizendo que Heidegger estar filósofo e sim, ele é um filósofo do “ser” filósofo, que é um estado em seguir um pensamento, mas não ter uma qualidade. Você não tem uma qualidade de “filósofo”, mas você é um “filósofo” porque você segue (do verbo seguir que é o fenômeno da consciência em ir até algo que a vontade lhe guia), o caminho da filosofia e em tudo que você segue, não é adjetivos e sim, substantivo. Além de substantivo é predicado, pois quem é filósofo? Heidegger.

Agora o problema se torna outro quando colocamos sufixos onde não se devem colocar como “golpismo” ou “petismo”, porque começam a aparecer híbridos muito estranhos. Ou na pior das hipóteses, começam a aparecer adjetivações de substantivos que enchem a discussão de termos pejorativos e ad homine, como “você é fascista” ou “você é comunista” e assim, empobrecendo a discussão. Ora, você dizer “Heidegger é um filósofo” é uma afirmação concreta, como também, você dizer “Heidegger é nazista”, pois é um fato que além dele ser filósofo era seguidor do nazismo. Ele é nazista porque era do partido nazista, apoiava toda a ideologia nazista, acreditava no nazismo. Agora você dizer “a esquerda é comunista” aí é uma afirmação de generalização sem embasamento concreto, assim como, todos que querem que o Partido dos Trabalhadores tenha uma punição é uma “direita fascista” ou um pessoal “bando de golpistas”. Nem toda esquerda é comunista, porque existe a esquerda democrata como o PSDB (cuja a sigla quer dizer Partido da Social Democracia Brasileira que tem o mesmo viés do Partido Democrata norte-americano), existe ainda governo de centro-esquerda como foi do Itamar Franco, que visivelmente, não “fretavam” com o comunismo. Se fomos ver etimologicamente, comunismo, comuna, comunidade, vai logo perceber que vem de comum entre todos, porque todos têm o mesmo intuito, ou seja, tudo que é comum entre as partes se torna algo comunista.  Só que Karl Marx vai usar esse comunismo de comum em várias teses de uma economia social, segundo ele, seria mais justa socialmente e daí forma a teoria Socialista/Comunista. Socialista que vem do social, que não está no poder ou no governo, mas no meio social e assim, se começa socializando os meios da educação para assim haver algo comum, ou seja, comunismo (que não deu certo, por razões subjetivas que com certeza, Marx não contava com isso).

Não podemos dizer também que toda a direita é fascista, pois toda a direita é da democracia conservadora que defende o princípio da propriedade privada e a família tradicional (claro, com uma “pitada” de demagogia e fé cristã, mas que os homens e mulheres, não abrem mão das saidinhas com namorados e namoradas casados ou não). O fascismo vem do italiano fascio que quer dizer feixe e também simboliza uma união, que no caso de Mussolini, união daquilo que ele pregava. Pregava a valorização da cultura italiana, a propriedade e a indústria e a Itália que após a primeira grande guerra mundial, estava destruída e nenhum país queria financiar a reconstrução. Seria mais ou menos, que por causa de uma briga entre vizinhos, explodissem a sua casa por causa que você tomou as dores do vizinho e o vizinho, não quis pagar. Mas isso não justifica o que os fascistas fizeram, muito menos os nazistas, pois a história é quase a mesma.  Aqui no Brasil ninguém é fascista, mesmo o porquê, ninguém acredita que precisamos destruir a democracia para ter um país justo, que claro, respeitando o direito de cada um. Agora, professor de universidade e de filosofia fica com essa de comunista e fascista (até mesmo golpista), é uma ofensa aos fatos que estão acontecendo e que aconteceram no passado, pois o passado pode responder qualquer pretensão de responder o presente.

Dar o “golpe” quer dizer o exército dar o chamado “golpe de Estado”, que os generais descartam veemente e que, por razões obvias, não aconteceu em 64 como contam os livros de história de tendência de apoiar a esquerda. A única razão que posso colocar aqui é que o Congresso aprovou a estrada do exército e depois não conseguiu tirar, hoje sabemos, não existe nenhum perigo comunista, não há nenhum perigo das instituições começarem a entrar em colapso. Então, esse tipo de golpe não terá o Brasil. Agora, se estamos falando de modo eleitoral, se há uma denúncia com questões de corrupção dentro da esfera presidencial e a presidente estava ciente, ela tem que ser impedida sim. Se há crimes do partido dela, tem que ter um afastamento, porque é impossível achar que que ela não sabia, como a oposição também se tiver envolvida, que sejam punidos. Isso não é fascismo, porque o fascismo não entrou em vigor entre golpe (talvez o nazismo, que há controvérsia), e mesmo, ninguém que apoia o impeachment sabe sequer o que é o fascismo e é fascista.

Chamar uma pessoa de comunista ou porque apoia a esquerda ou que veste vermelho (como se o PT tivesse comprado os direitos autorais do vermelho) é colocar o termo “comunista” como um adjetivo, porque o termo “comunista” é um substantivo comum e que dá o nome a aquele que segue a doutrina de Marx. Como sei disso? Só olhar o artigo, a mudança entre gênero acontece ou colocado “a comunista” ou “o comunista”. O mesmo o termo fascista, pois é um substantivo que dará o nome daquele que seguem o fascismo e não vejo dentro daqueles que acreditam em um impedimento (impeachment), que as pessoas em grande maioria querem a derrubada do governo como uma instituição legitima, mas querem a punição por um crime grave que lesou todo o país. Claro, que grande maioria que vai nos protestos (tanto os que apoiam ou os que querem a saída do governo),  nem sabem o que estão fazendo ali e nem sequer contem estudo para isso, pois se tivessem, saberiam essas pequenas coisas. Isso realmente não me assusta, porque o povo sempre foi conduzido  pelos meios de comunicação queiram ou não olham o que repetem, mas os professores universitários começarem a ir para o senso comum, daí é o cumulo. A pergunta é: depois de tudo que escrevi, com tudo que coloquei, há dúvidas que querem colocar a nação em caos total numa guerra ideológica e política, que a maioria não se deu conta? A questão é que temos que ter cuidado, pois o ódio não vem só dos fascistas, o ódio vem de todos os lados. Todos devem defender suas posições políticas e tem esse direito segundo a Constituição, o que não pode é dar atribuições morais dentro do que não existe, pois vão começar sim, agredir pessoas de camiseta vermelha e vão sim, agredir qualquer um que usem cores de partidos diversos e até de preto (os góticos e os rockeiros irão ser chamados de fascistas). Essa dicotomia é perigosa deve ser combatida.

Tanto a esquerda tem o direito de colocar um carro de som na USP ou na PUC, como a direita também tem esse direito, assim é uma democracia e não tem nada a ver com o fascismo, tem a ver de defender uma posição dentro da política. Um povo político faz isso, um povo político devolve o que o oponente dá, um povo político é um povo que debate. Todos têm o direito de defender as posições sem agressões e sem termos pejorativos. Ou não conseguimos isso? É caso de professores reverem melhor o que pensam e pararem de espalhar dicotomias desnecessárias.

Amauri Nolasco Sanches Jr, 40, escritor

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terça-feira, fevereiro 16, 2016

Para que serve o Facebook?

credito: Google
                               







Outro dia um colega me perguntou para que servia o Facebook, meio que no impulso disse que era para ganhar dinheiro. Claro, não estava pensando no sujeito comum que posta suas ideias, esse nem sempre as empresas querem, mas o criador do Facebook Mark Zukerburg. Mark reuniu os seus “coleguinhas” numa noite na universidade, na Harvard, para simplesmente, tirar “uma” dos outros alunos da universidade. Não venham “santificar” Mark sobre suas intenções, verdadeiramente, o Facebook no seu propósito era um bulling imenso dentro de uma universidade, para vingar a sua natureza “nerd” e ganhar dinheiro, o resto, é história para fazer filme. Mas era isso que tinha em mente, mas resumi demais e acabei simplificando a relação entre nós e o Facebook, uma relação entre favores e favorecidos.

Sim. Mark ainda acha que foi um grande favor ter inventado uma rede social para trocar fotos, mas quem quer trocar fotos também troca informação e as informações são importantes para a evolução humana. Acontece que o caminho não foi da troca de informações – como tudo que é humano, ainda carecemos de posturas éticas para trocar informações, coisa que não temos – mas de propaganda deslavada onde o mundo inteiro usa. Você vender um sorvete de chocolate é uma informação ou um meio de favorecimento? Você mostrar seus “glúteos” (sendo educadinho) é uma informação ou é um favorecimento de marketing próprio? Não há nada de errado fazer propaganda e como um publicitário, sei que esse tipo de ferramenta ajuda muito esse tipo de trabalho, mas o perigo é quando essas propagandas têm a ver com propagandas ideológicas. Na verdade, não tenho nada contra ninguém mostrar a própria bunda, ou outras partes, não sou contra fazer propaganda de produtos, o que sou contra é a imensa verdade, estamos numa guerra ideológica e ridiculamente, as pessoas chamam de bem ou mal. Daí eu fico com Sócrates de Atenas, se sou a favor do bem, não preciso combater aquilo que não sou a favor, mas fortalecer aquilo que sou a favor e nesse caso, é o bem. Por que sou contra um regime que não existe? Por que sou a favor de um candidato que usa a esperança popular e fica dizendo bobagem? Essas respostas estão na ética e na moral.

Voltamos ao filosofo Sócrates. O filósofo, talvez, teria gostado do Facebook e teria indagado muitas personalidades, tendo misteriosamente, um câncer de repente, ou ter morrido de infarto (sendo calmo como era). O fato que o Facebook não é lugar para pessoas inteligentes e resolvidas, pois não se enganem das fotos com sorriso, das fotos em baladas caras, luxo e conforto, simplesmente, é mera “mascara” daquilo que não se é. Sócrates chegaria a mesma conclusão que chegou a dois mil e quinhentos anos atrás, as pessoas fazem o bem para parecerem bom, dizem coisas inteligentes para dizerem que sabem, mas que nada sabia e o filósofo sabia que nada sabia. Na essência sabemos que não sabemos nada, mas com as redes sociais sempre pousam de “cult” e tem que ter uma opinião. Tem até jovem discutindo com matérias de revista cientifica que mostram avanços a algumas questões que não querem resolver, somos um povo parado no tempo. Ainda acreditamos que existe o comunismo, ainda acreditamos na bíblia literalmente (nem os religiosos de fora acreditam), ainda gostamos de vinil e fita cassete, ainda acreditamos fielmente, que a intervenção de 64 era para caçar os malditos comunistas, ainda acreditamos que Hitler era marxista (tese que Hitler iria bater com a cabeça na parede). Ainda acreditamos em fatos que só existe aqui no Brasil e fico pasmo quando um personagem de videogame brasileiro aparece muito sensual (no caso da mulher), se faz tanto barulho por nada, só é o reflexo das imagens que vão para lá e é isso que é. Temos presidente que parece mais colega de colégio do que presidente da república, sem postura, sem preparo, sem um curso de retorica, sem nem ao menos, saber falar alguma coisa. Isso não é sinal de humildade, é sinal de ignorância e se isso chegou no meio político, pode ter certeza, é bastante preocupante que nem conseguimos eleger um presidente completamente, preparado. De Jose Sarney a Dilma Rousseff, somos a imagem de um povo que congelou em JK, ficamos ainda lá na inauguração de Brasília e pasmem, nem ditadura sabemos fazer.

Daí está nosso ponto ético, só dizemos o que nos convém e o que nos convém sempre tem a ver com os nossos valores aprendidos. Não adianta achar que temos influência da mídia e tudo isso é culpa da Rede Globo (a maior em épocas passadas), ou é culpa das redes sociais, a culpa é das ideologias e sim, dos valores que passamos aos nossos jovens. Nem é essa coisa velha de pessoas ainda paradas nas eras vitorianas do século dezenove, são valores aprendidos sobre ética e a verdadeira moral, pois a ética vai moldar nosso caráter e a moral vai fortalecer nossos costumes. Se pessoas querem mostrar as partes intimas, seu corpo é seu e faça o que quiser, mas que não vire regras a serem seguidas, não vire algo obrigatório. Talvez, matamos valores e tabus para criarmos outros muito mais ditatoriais e sem personalidade, fazemos porque nos dizem que uma pessoa deve fazer e isso é errado, temos escolhas e isso fazem de nós seres racionais. Mas a nossa racionalidade tem a ver com nossa semântica e Wittgenstein tem razão ao dizer: nosso mundo é o que dizemos, é o que os “esquizotericos” falam em moldar o mundo no nosso pensamento. As palavras expressam sempre o que pensamos, mas nem sempre o que se pensa é o escolhemos como um raciocínio daquilo que observamos. Muitas dessas expressões têm uma leitura ideológica, religiosa, e muitas vezes, é algo que não se sabe de onde vem. Se no tempo do “vinil” tinha isso, a inclusão digital ampliou muito mais isto e deixou ressonar em todo canto do mundo, nosso povo acaba sendo piada no estrangeiro. Ou ainda acham que os elogios ao governo são sérios sem nenhuma ironia? Reles ingenuidade popular de acreditar em um mundo melhor e nesse “acreditar” nesse mundo melhor, acabamos criando a geração “mimimi”. Mark é dessa geração, não conheceu a ética e com certeza, não conheceu o mundo prestes a estourar a terceira guerra mundial, não tinha internet, não tinha comunicação global. Mas ainda colocou sua ética da geração mimimi no seu Facebook – por mais que usamos é dele, uma propriedade dele – e bloqueia quem começa a espalhar ideias contra a sua própria ideologia.

Na teoria o Facebook teria o papel de espalhar ainda mais conhecimento – que o Orkut fez majestosamente por um tempo e a Google num erro tático, pois pensou que todos iriam acabar migrando ao Google +, acabou com a única fonte de conhecimento do mundo – mas não o faz, porque o Facebook pegou uma geração que não deseja conhecer. Sócrates iria dizer que todos eram na verdade, um bando de “idiotike” que na Grécia clássica, queria dizer pessoas egoístas que não queriam participar da vida pública, não tem senso social. Na verdade, o termo idiota vem daí um ser humano que se fecha nele mesmo e não enxerga nada além do seu próprio “umbigo”. Quem enxerga e participa da vida pública é o “politikon”, pois ele decide e debate as resoluções na polis e não do quintal da própria casa, tanto é, que Aristóteles vai dizer sua famosa declaração: “zoo politikon”, ou seja, somos animais sociais. Ser político não é ser ligado no cenário executivo do governo ou nos escândalos de corrupção – que existiam também na época de Sócrates – mas ser uma pessoa que tem e sabe o que acontece dentro da sociedade. Aristóteles, que foi aluno de Platão, entendeu as ideias de Sócrates muito mais do que Platão e disse que o homem é um animal “politikon”, ou seja, um animal que se preocupa com a comunidade onde vive. Não é um dos fundamentos dos gregos clássicos? Não foi isso que levou o mundo grego se defender dos persas e Atenas e Esparta se juntarem para isso?

Nas minhas observações concluir que o Facebook é lugar de gente burra – não por ignorância – porque teimam em achar que o seu conceito deve prevalecer. Mas outra coisa concluir que talvez, se Sócrates vivesse em nossos dias concordasse, é que pessoas inteligentes e que tem certa convicção não estão no Facebook e sim, no Twitter. Sim. Muito embora são apenas frases, as pessoas leem mais os sites no twitter, ler não necessariamente, mostra que entendeu o texto e sim, realmente sintetizar o que leu numa frase. Sabedoria tem a ver com a qualidade e nunca, a quantidade do que você leu.  Você quer ser sábio ou quer ser conhecedor?


Amauri Nolasco Sanches Junior, 39, escritor 


O Site do livro "O Caminho" (aqui)


sábado, fevereiro 13, 2016

A Origem de Tudo




Dias desses eu estava dando uma olhada num dos grupos do Facebook e me deu de cara com mais um religioso que queria provar que suas crenças – que costumam ser sempre a verdade absoluta – trouxe para o grupo uma discussão interessante sobre a origem de tudo e o que fez tudo ter a forma que tem hoje, a realidade não é o que pensamos. Sou uma pessoa que acredito na espiritualidade, mas não descarto as várias teorias cientificas que permeiam os sites e blogs especializados. Tanto as indagações do sujeito religioso me assustaram, quantos muitos textos do blog Universo Racionalista que coloca como “pseudofilosofia”, como se a filosofia tem que ser obrigada a dar um ar cientifico em toda sua estrutura de raciocínio. Já me deixa preocupado quando saem pensamentos como “pseudociência” ou “pseudofilosofia” que dará ao jovem, o mesmo fanatismo que muitas religiões por aí. Mas tentarei responder de uma maneira melhor a pergunta do religioso – porque acabei respondendo de maneira apressada – que talvez responda o que penso desses dois termos que viraram “modinha”.

Zé da Igreja – Qual a origem do primeiro átomo do universo?

Poderíamos responder essa pergunta com um simples: não sei. Mas como temos certos conhecimentos sobre os átomos, podemos seguramente responder que foram os primeiros nêutrons junto com os prótons e também, os elétrons. Mas daí o Zé da Igreja perguntaria: qual a origem dos nêutrons, prótons e elétrons? Responderíamos simplesmente, com as primeiras moléculas. O que os cientistas ainda não conseguiram ensinar – ainda mais com nossa escola medíocre e com a nossa cultura embrurrecedora conservadora – é que o importante não é o átomo, porque o átomo é derivado e não originador, mas as moléculas que assim o fazem, são originadoras. Mas ainda assim, não poderíamos tratar assim uma pergunta tão complexa como essa, porque todos os elementos que conhecemos estavam todos juntos numa singularidade. Mas o que poderia ser uma singularidade? Um ponto. Esse ponto era tão tenso que poderia pensar milhares de toneladas – pensa num número muito grande – porque talvez, tudo tivesse ali. Hoje se trabalha com a hipótese que viemos de um buraco negro e dentro desse buraco negro, segundo teorias da física e astrofísica, há uma singularidade de eventos que pode ter se expandido.

Claro que todos os religiosos vão dizer que tudo vem de Deus e na sua vontade tudo teve um princípio – que segundo o blog Universo Racionalista, isso seria chamado de “pseudofilosofia” só por causa de um filosofo achar que a filosofia tem que ter uma base cientifica – como também não descarto, mas existe critérios para se pensar que Deus pode ter criado mecanismos que governam as leis cósmicas “muito bem, obrigado” por bilhões de anos sem ter que mexer nada. Toda mudança que houve e se houve, foram princípios dentro da evolução de qualquer sistema e em qualquer princípio seja qual for, porque até mesmo dentro de um complexo software, há uma evolução na linguagem que esses softwares são gerados. Mas isso, claro, é muito complexo para mentes fechadas tanto de alguns religiosos fanáticos, quanto alguns ateus militantes que ainda não entenderam esse princípio básico.

Zé da Igreja - Se toda ação tem consequentemente uma reação, como foi formado o primeiro átomo que deu origem ao Big Bang?

Primeiro vamos por partes. O Big Bang não teve um átomo gerador, mas uma singularidade que era muito tensa e por razões que ainda desconhecemos, teve que se expandir. Talvez, a sua intensidade fez a gravidade que estava dentro desse ponto, fazer ele expandir até se tornar o universo que conhecemos. Mas alguns cientistas (físicos e astrofísicos), dizem que não tece o “bang”, ou seja, não houve a explosão tão difundida. Se houve um princípio, se houve de alguma maneira, uma ação de expansão do universo – quando se rompe a singularidade – houve a reação dentro da realidade conhecida que pode ser resumida na ação (karma) e reação (dharma) que tanto os orientais já diziam a cinco mil anos antes de Cristo. Toda a realidade é a realidade que pensamos estar, mas poderemos não estar e isso tudo apenas ser uma galáxia dentro de um buraco negro enorme.

Zé da Igreja - Se Deus não existe, de onde surgiram todos os elementos químicos que deram origem a tudo?

Se Deus existe ou não, isso não mudaria o fato do universo ter vingado ou não, os componentes químicos terem gerado a realidade que vivemos. O princípio cartesiano – que os iluministas numa forma estupida, geraram uma desculpa para gerar um princípio muito contrário ao que Descartes propôs, de negar a crença a partir do cogito, mas o cogito poderia dar uma fé mais racional – que penso e com esse pensamento (cogitam) podemos perceber nossa existência, nessa percepção poderíamos ver a realidade. Mas será que a minha realidade poderia ser igual à do outro? Se todas as coisas fossem criadas, poderíamos ainda sim, formar escolhas? A evolução ou o surgimento do universo a partir de um ponto (singularidade), não prova a existência ou não de Deus, mas prova que há uma origem e essa origem um dia, vamos conhecer.

Só para fazemos uma pseudofilosofia, Deus não pode ser um ente porque não tem uma personalidade, ele é o que é e sua natureza se fecha nele mesmo. No máximo podemos especular o que poderia ser Deus e sua propriedade em ter tido à vontade por ele mesmo, de ter criado o princípio que levou a milhares de singularidades ter originado milhares de universos no cosmos. Então, ele ter uma consciência e perceber por ele mesmo a sua existência, num modo bem especulativo, não quer dizer que o nosso universo entre milhares de universo, seja o universo especial que essa mesma consciência ter feito pessoalmente. Se existem milhares de deuses cuidando desses universos? Se eles se criam a partir de princípios que nem sonhamos? Há muitas possibilidades.

Zé da Igreja -  Se Deus não existe, não há razão para viver. Se Ele não existe, porque então existem princípios morais?

Era o tempo que a razão era algo racional e não uma “muleta” para explicar a sua dependência moral em alguma crença, ideologia ou qualquer “ismo” que exista. Se pessoas precisam de “uma razão de viver” a partir de um ensinamento de qualquer pastor por aí, então, estamos rumando a uma nova idade média e iremos certamente, para a escuridão da ignorância. A existência de uma consciência criadora de todas as coisas deve ser muito mais a razão de se viver sem medo e sem o coração maldoso, do que ao contrário que vimos por aí com as religiões mais separando as pessoas do que juntando, ou seja, o meu “deus” é o verdadeiro e o do outro, é o falso e ele é um “pecador”.

Os princípios morais nada têm a ver com Deus e sim, princípios religiosos humanos. Me parece que há uma confusão entre Deus e Jesus de Nazaré graças a Constantino e seu desejo de transformar a igreja na última salvação do império romano, que no primeiro momento não parece nada, mas no segundo pode ser muita coisa. Jesus foi transformado num deus-homem para satisfazer algumas ambições, porque ele era apenas um espirito que evoluiu muito mais rápido e tinha o poder de aprender as coisas facilmente. Se ele foi para o Egito, se foi para a Índia ou nem tenha existido, não tira a mensagem ética e moral que está dentro de sua mensagem que claro, a igreja se apropriou, destorceu e ainda em algumas partes de uma maneira rasteira, adulterou para responder aos seus interesses escusos.

Vamos a moral. Não confundamos moral com ética, porque há uma grande confusão na nossa língua ainda. Moral vem do latim – língua etrusca-romana – “mos” ou no plural “mores”, que quer dizer “costumes”. A confusão se dá porque os romanos tentaram traduzir a palavra grega “ethos” que queria dizer “caráter” em “mos”, só que para o romano o costume era muito mais importante do que o caráter (talvez herdamos muito esse pensamento). Daí se derivou duas palavras, a moral que é o costume de uma comunidade ou de uma determinada parcela social – como um segmento religioso, por exemplo. Ética quer dizer o caráter de certas características de uma pessoa, um exemplo muito enraizado em nossa sociedade judaico-cristã, é os dez mandamentos. Não cobiçar a mulher do próximo, por exemplo, acaba sendo muito mais ético do que moral, porque tem a ver com o caráter de cada um cobiçar ou não. Mas claro que exigi de bom senso e nesse valor – porque sempre um caráter é feito de valores recebidos – está a moral de termos o costume de não cobiçar essa mulher e assim, a harmonia social prevalecer dentro das regras de uma sociedade inteligente. Mas isso não quer dizer que a moral foi imposta ou passada por Deus, mas é humana e contém muitas falhas que podem – muitas vezes o são – ser burladas com facilidade. Todas as religiões ensinam a viver como irmãos, mas existem as guerras. Todas as religiões pregam que devemos ter compaixão, mas existe a fome, existem pessoas que não tem aonde dormir e nem morar. Todas as religiões pregam que devemos ser justos e não mentir, mas todos os segmentos governamentais mentem ou enganem, roubam o que não é deles, religiões fazem de tudo para pregar o que lhes interessam. Isso é de Deus ou é uma ação humana de seres em evolução? Daí voltamos a ação e reação onde o mundo (nossa realidade) ainda não tem fortes alicerces morais para acabar com esses valores, espíritos voltam para viver as condições dos outros que enganaram, que roubaram e também, aqueles que escravizaram. Mas isso não quer dizer que não tenhamos o dever de querer uma justiça social, porque isso do espirito voltar para viver o que o outro passou, um dia haverá de ter um fim e esse fim é a evolução moral e ética.

Nessa evolução ética e moral, muitas vezes erramos e nesses erros que saem alguns termos interessantes. Na verdade, saltamos numa evolução tecnológica sem precedentes, mas não avançamos no ponto nem moral e muito menos, ético. Vamos aos termos. O que seria um ponto inicial para saber o que é realmente ciência e o que é filosofia? O termo “pseudo” que dizer algo que é falso, que não tem fundamento como tal e alguns etimologistas dizem que o termo veio do grego “pseudein”  e que quer dizer “enganar pelas mentiras”. Mas para se dizer que a ciência é uma pseudociência temos que entender o que o termo quer dizer para construir, por assim dizer, critérios que possamos nos apoiar (isso também acontece dentro da filosofia). Ciência vem do latim “scientia” que quer dizer conhecimento, por sua vez, vem do verbo “scire” que quer dizer “saber” e aí que o negócio fica estreito. Se “pseudo” é “falso” e ciência é conhecimento, qual o critério para dizer que algum pensamento é pseudociência? Chá verde por ser apenas um chá, que por séculos foi um grande remédio para o frio e outros males, não pode ter componentes desconhecidos que fazem emagrecer? Não podemos dizer que um conhecimento seja falso até que esse conhecimento seja demostrado como sendo charlatão, caso contrário, passa a ser um conhecimento ideologizado e de outros interesses. O problema não é o pensamento em si, mas esse pensamento virar uma regra.

O mais preocupante não é os militantes da ciência colocar as curas caseiras como pseudociência (falso conhecimento?), mas cunharem algo do tipo pseudofilosofia. Como poderíamos ter uma falsa amizade ou amor, a sabedoria? Qual o critério para se formar uma pseudofilosofia ou pseudociência? Uma ideia não é o problema, o problema é quando essas ideias viram seitas fanáticas.


Amauri Nolasco Sanches Junior, 39, escritor

quarta-feira, fevereiro 10, 2016

Tutorial editorial





Muitas pessoas vêm perguntando como se edita um livro e como esse processo se realiza dentro da edição. Não sou especialista, mas ao longo desses anos, com a edição do Liberdade e Deficiência, quando editei O Caminho e o novo livro da minha noiva, aprendi algumas coisas importantes que são essenciais para o desenvolvimento de um livro. Vamos a elas:

1º->. Uma edição de livro tem que ter duas coisas básicas, um dicionário e um manual da nova gramatica. Um dicionário para ver os erros de português e o significado real das palavras e não o que o senso comum colocou seu próprio estereotipo, porque muitas vezes, as palavras que pensamos que quer dizer uma coisa, quer dizer outra. No mais, de uma forma indireta, muitos livros são lidos e nessa leitura você acaba, meio, que educando o modo de escrever do seu leitor e ele espelhará em que leu. Eu, por exemplo, além de ver as palavras em seu significado, gosto da origem das palavras que chama etimologia, a origem pode ser muito importante em alguns textos. Um manual de gramatica é importante porque mudou muita coisa, além de ser importante para seu livro, também é importante nos textos de blogs (estou usando).

2º ->. Para montar um livro tem que ter uma sequência – mesmo nas imagens – porque sem ter sequência, sem ter uma lógica, ninguém vai entender nada do livro. A ideia central tem que ser uma coerência, mesmo em poesia, porque o leitor pode ficar perdido e não vai querer mais ter interesse.

3º ->. Para escolher a capa você tem que sempre escolher capas que tem a ver com o livro, mas uma capa neutra (sem cunho religioso, ideológico ou filosofia) fazem que o leitor tenha uma visão unicamente do livro em si e nunca uma visão preestabelecida da capa. Muitas capas têm cunho ideológico e nem sempre, é aceito.

4º -> A topografia tem que ser agradável. Eu gosto, por exemplo, da letra book antiqua que é feita para livros mesmo, mas tem várias letras que podem se adequar melhor a leitura e não cansar a vista.

Como disse, sou muito mais um curioso do que um editor, mas como publicitário sei que se você não tiver uma imagem adequada, uma letra para ler sem cansar, entre outras coisas, não vingará o livro.


Amauri Nolasco Sanches Junior, 39, publicitário, técnico de informática e escritor. 




por Amauri Nolasco Sanches Junior





segunda-feira, fevereiro 01, 2016

Como definir a cultura?








Não há um consenso o que seria cultura entre os antropólogos, mas a definição mais defendida entre eles é que existe fatores sociais, e até mesmo, fatores genéticos para definir o que é cultura. No meu entendimento, cultura é tudo aquilo que agrega o ser humano a uma certa evolução – já que transcendemos o nacionalismo e o ideais socialistas, anarquistas, e outras filosofias afins (isso segundo Luc Ferry graças a globalização que seria uma espécie de supremacia mundial do capitalismo) – pois saímos da condição de nômades e moradores de caverna, graças ao aprimoramento cultural que tomamos como base criar valores que nos é caro. Nem sempre isso foi um condicionamento dentro de um poder, pois cada um pensava como quisesse e talvez, isso foi se sistematizando em criar sistemas que dominavam povos mais fracos. Ou seja, uma cultura poderia ser definida como uma superior ou inferior, porque tinha mais desenvolvimento harmonioso dentro do que é perfeito ou que não é perfeito, sendo muitas vezes, jogados ao aprendizado o que poderia ser aceito e o que não poderia ser aceito. Os gregos são a prova viva como o ocidente nunca foi uma cultura universalista – mesmo com Alexandros Magnos tendo mais tolerância a essas culturas, o grego lhe foi imposto como uma cultura civilizadora – diferente das culturas orientais que já são uma cultura mais ou menos, parecida. Então, cultura vai muito além do que fatores de conhecimento e sim, fatores de interação entre povos irmãos da mesma linhagem. Mas sem dúvida nenhuma, a cultura faz um elo entre a moral e a ética e dentro dessa moral – não estou dizendo moralismo que é outra coisa – se constrói uma evolução positiva não só tecnológica, mas valores para usar mais objetivamente a tecnologia e o ensino.
Antes de aprofundarmos dentro da questão temos que ter bem claro o que é ética e o que é moral, porque há ainda no nosso país uma grande confusão entre ser ético, ser um cara que segue a moral, com pessoas “politicamente corretas” ou moralistas. O politicamente correto não é um sujeito ético, é uma certa religiosidade no que se diz respeito a ética e um cinismo e hipocrisia daqueles que idealizam um ato ético, mas como diria Aristóteles, um ato ético não é só uma teoria ela tem que ter a pratica do bem. O politicamente correto é só uma virtualização daquilo que poderia ser ético, a potencialização é só uma virtualização do ato em si mesmo, ou seja, o politicamente correto é uma ditadura daquilo que cada um acredita ser correto. Mas será que existe o certo e o errado? Será que não pode ter um questionamento daquilo que nos é apresentado? A ética assim como a moral deve ser questionada quando ela passa a ser uma obrigação e não uma consciência, porque as consciências são algo que construirmos com o entendimento daquilo que aprendemos. Mas é, no meu entendimento, uma construção subjetiva da leitura de tudo que conseguimos entender daquilo que é aprendido. Ora, ética veio do grego ethos que era uma tomada de consciência daquilo que se entendia como sendo um cidadão (politikon), homens livres – sem ser escravos, sem ser mulher, sem ser criança ou sem ser defeituoso (eu sou deficiente, só para constar) – que era o habito de estar e pertencer a alguma casta dentro da Polis (cidade-estado). A moral vem do latim (língua etrusca-romana), “mos” que era uma tentativa de traduzir o ethos grego, só que o romano não entendeu ethos como um habito a ser seguido, mas um costume a ser obedecido. Depois, talvez graças ao advento do cristianismo, ética se tornou algo relativo a caráter – uma leitura fiel ao ethos que era o caráter de cada cidadão livre grego – e o mos ou more no plural, ficou moral e é o costume de cada povo ou cada ideologia ou até mesmo, religiosidade.
Ora, se moral é um costume construído a cada momento histórico de cada etnia e ética tem a ver com o caráter de uma sociedade ou de um ente para com os outros membros sociais, então, como definir o que seria cultura? Não podemos defini algo que não existe, pois no nosso país, a cultura é uma “colcha de retalhos” que foi paulatinamente construída por anos de imigração. Quem não sabe ou não percebeu ainda que a américa na verdade, é uma “colcha de retalho” cultural? Mas qual a cultura que não absorveu outras culturas? Como eu coloco, existe a cultura positiva (que constrói um conjunto de conhecimentos para a evolução de certas sociedades) e existe a cultura negativa (que destrói de forma destrutiva e não ajuda o homem a evoluir). Como saber que uma cultura é positiva e negativa? Qual o critério podemos tomar como uma “peneira” para filtrar o que serve e o que nos fara pessoas melhores? Claro que alguns vão dizer que é as religiões cristãs, outros vão dizer que é o conservadorismo, mas não é nada disso, as três peneiras vieram de uma citação que dizem ser de Sócrates de Atenas. A parábola é a seguinte:
“”. Conta-se que certa vez um amigo procurou Sócrates para contar-lhe uma informação que julgava de seu interesse:- Quero contar-te uma coisa a respeito de um amigo teu! - Espera um momento – disse Sócrates – Antes de contar-me, quero saber se fizeste passar essa informação pelas três peneiras. Três peneiras? Que queres dizer?Vamos peneirar aquilo que queres me dizer. Devemos sempre usar as três peneiras. Se não as conheces, presta bem atenção:A primeira é a Peneira da VERDADE. Tens certeza de que isso que queres dizer-me é verdade?Bem, foi o que ouvi outros contarem. Não sei exatamente se é verdade. A segunda peneira é a da BONDADE. Com certeza, deves ter passado a informação pela peneira da bondade. Ou não?Envergonhado, o homem respondeu: - Devo confessar que não. A terceira peneira é a da NECESSIDADE. Pensaste bem se é necessário contar-me esse fato, ou mesmo passá-lo adiante? Vai resolver alguma coisa? Ajudar alguém? Melhorar alguma coisa?Necessário? Na verdade, não. Então, disse-lhe o sábio, se o que queres contar-me não é verdadeiro, nem bom, nem necessário, então é melhor que o guardes apenas para ti.Assim, da próxima vez em que surgir um boato por aí, submeta-o ao crivo das Três Peneiras: Verdade, Bondade, Necessidade, antes de obedecer ao impulso de passá-lo adiante, porque:Pessoas inteligentes falam sobre ideias; Pessoas comuns falam sobre coisas; Pessoas mesquinhas falam sobre pessoas. ””
Como vimos existe a “verdade”, existe a “bondade” e a “necessidade” de tudo aquilo que você vê, que você ouve e o que você diz. A cultura positiva é a cultura que tem como algo que as pessoas acreditam por ser verdade, visa ajudar as pessoas com a bondade, e visa sempre se realmente os membros daquela cultura tem necessidade daquilo. Tudo que nos dizem seria verdade? Tudo que nos fazem como um suposto benefício é realmente, algo bom? Tudo que compramos é algo que necessitamos? Será que tudo que lemos, como por exemplo, livros sobre a política ou religião são verdadeiros? Será que tudo que vimos as pessoas doarem ou as pessoas serem voluntarias, não seria algo muito mais vaidoso do que algo bom? Será que tudo que compramos ou lemos na internet como entretenimento, é uma coisa que realmente necessitamos? Há dúvidas sobre isso, porque nem tudo que nos diverte é algo útil que nos fazem pessoas melhores. Daí chegamos a cultura negativa, pois ele destrói uma unidade cultural para o desenvolvimento daquele determinado povo ou determinada nação. Como as inúmeras teorias da conspiração, o intuito nem sempre é a verdade, não é a bondade e não faz nenhuma diferença se os iluminati, ou reptilianos ou os intraterrestres estão querendo nos dominar, a verdade que somos dominados. Outro exemplo são os “really show”, sabemos que nem sempre existe verdade, nem sempre aquilo vai ser bom para nosso espirito (falo o espirito filosófico), nem sempre será necessária aquela informação que eles estão ali.
Mesmo os entretenimentos – como alguns youtubeers insistem em se colocar – houve e sempre haverá informação que os jovens irão seguir porque pesquisas mostram que o ser humano é um animal imitador, ou seja, ele constrói os conceitos dentro de uma perspectiva do exemplo dado.  Você pode até entreter, não há mal nenhum nisso, mas há uma grande diferença em entreter e dizer milhões de asneiras num vídeo. Embora que há o direito de entreter, também há o direito de criticar (analisar profundamente) os vídeos e os livros de pessoas que realmente não tem nada a passar aos jovens. Lembramos sempre que somos animais que sempre imitamos aquilo que simpatizamos. Somos animais que educamos – educação vem do latim educare que quer dizer “mostrar a verdade ou realidade” – e os únicos que fazemos isso, então devemos sempre jogar dentro da sociedade uma cultura negativa que só destrói os valores que fazem a humanidade evoluir. Aqui prolifera a cultura negativa porque se pensa que com isso iremos romper certos paradigmas que ainda dominam nosso país, ou talvez, pensamos que assim vamos conquistar a liberdade. Mas assim estamos indo cada vez mais ao rumo de certas correntes que não querem a liberdade porque alienam os jovens e fazem deles pessoas fúteis e isso não só no Brasil, isso no mundo inteiro, o exemplo mais conhecido é da Cristiane F. que ainda, colocar a culpa em outros fatores. Será que essa cultura negativa não é uma artimanha para o poder desarticular a população a não união? Só olharmos a cultura hippie, facilmente enxergamos as drogas serem inseridas lá para desarticular o movimento que era uma contestação daquilo que é o poder e o ESTADO. Como foi o rock, como foi o pop, como foi o rap, como foi todas as manifestações de contestação ao que é vigente. Mas o funk não contesta nada, não nos traz nada de bom, não diz a verdade e muito menos o que necessitamos.
O último lançamento funkeiro é a música “Baile de Favela” – que as pessoas insistem que é uma cultura e fazíamos essas músicas quando moleques nas ruas, mas não chega a ser uma cultura positiva – onde há um grande poder de destruição daquilo que foi e é culturalmente evoluído.  Já começa a apologia ao sexo como se o menino que canta – nem sei qual o MC – sai nas “baladas” para transar com uma menina e se essa menina contar para todo mundo, o cara vai e mete seu órgão dentro do órgão dela. Algumas perguntas ficam no ar como: isso não é uma apologia ao estupro? Será que isso não é uma cultura negativa que faz talvez, uma nação se desestabilizar como uma união populacional como cultura? Forçar uma relação sexual é ou não um estupro? Com certeza o que vimos nisso tudo é a cultura negativa, que joga o ser humano contra valores dele mesmo, da própria evolução que nada tem a ver em ser ou não conservador. Aliás, uma pessoa sensata não pula aos extremos e sempre avalia o que é melhor para a sociedade onde vive. A sexualidade não deveria ser um tabu, deveria sim ser ensinada sem culpa, pois assim, não haveria tais “aberrações” musicais que aparecem transvestidos de quebra desses mesmos tabus. A cultura negativa toda dentro da perspectiva do funk pancadão – não sou tão radical de não admitir que existe músicas funks mais amenas - onde se leva o sexo como algo animalesco (quase primitivo), o funk ostentação que só visa ter e não ser, o homem como um ser que é e encontra o ser pensante como algo que constrói um caminho até a evolução da humanidade. O que ainda não acontece.


Amauri Nolasco Sanches Junior, 39, filosofo e escritor

Cliquem na capa:


quarta-feira, janeiro 27, 2016

Filosofia ou repetição?



Temos só papagaios que só repetem?


Numa discussão em um grupo de filosofia no Facebook, um sujeito metido a intelectual disse que o brasileiro gosta de Nietzsche, pulou de Aristóteles para Nietzsche sem perceber toda a história da filosofia. Só que ele é contra a filosofia – porque ainda acha e acredita na lenda que a filosofia só contempla e é um pensamento herdado no iluminismo que a filosofia não poderia ser só contemplativa por causa do platonismo da igreja – acha que a ciência é o melhor modo de explicar o mundo e os fenômenos da natureza. Será mesmo que a ciência é infalível para explicar fenômenos da natureza que não sabemos? Será que até na física não precisamos da física teórica para explicar os fenômenos que ainda não existe explicação? Por exemplo, Stephen Hawking em seu livro Uma Breve História do Tempo fala de Aristóteles e Arquimedes (que para mim era um filosofo também), nas suas colocações sobre o desenvolver da física que não está longe da verdade. O fato de acreditar que uma coisa não tem nada a ver com a outra já mostra a ignorância que existe entre os brasileiros que ainda tem o pensamento que existe diferença entre a ciência e a filosofia, reles engano, uma não existe sem a outra.

Voltamos ao caso de Nietzsche – mesmo que eu quisesse achar em ensinar as distinções, não iriam mesmo entender – que há vários erros. Primeiro que não existe uma cultura na nossa sociedade brasileira para ler filosofia, nossa primeira universidade só existiu por causa do rei de Portugal Dom João VI, nossas escolas só foram construídas graças aos jesuítas que ensinavam e catequizavam, mas foi no século XX que as escolas tiveram um ar de “igualdade” aqui no Brasil. Porém nunca existiu uma igualdade verdadeira aqui no Brasil que nós possamos nos orgulhar, nos fazer valer de uma educação de verdade. Não é à toa que o recorde de vendas de livros fica para a youtubber Kéfera, porque nossa educação sempre foi a do “mais fácil”, estamos numa geração que acostumou ler frases do Twitter. Com essa cultura de frases, aconteceu que a juventude começou só lendo frases soltas, mas isso não quer dizer que você compreende o autor por frases soltas e sim, uma parte desse pensamento. O ídolo na verdade do brasileiro não é Nietzsche, não se enganem, é o Wesley Safadão e outros cantores que não precisam pensar para entender a letra da música, o povo tem preguiça de pensar. Mas também é culpa da educação falha que nosso povo tem de não estimular a leitura dês de cedo e isso, minha mãe sempre fez comigo e com meus irmãos.

Simples assim. Jogar toda a culpa na escola não resolve muita coisa, porque vamos criar uma sociedade que não entendem nem mesmo as letras das músicas em questão. Quem entendeu, por exemplo, que Wesley Safadão está chamando a maioria dos brasileiros de safados? Será que perceberam que nosso povo gosta de ser traído por falar tanto de traição? Temos uma cultura de sempre levar vantagem naquilo que não tem nem o porquê levar vantagem, por isso não se gosta de nada sobre a ética, nada sobre pontos e valores importantes para sermos no mínimo ser um povo civilizado e não querer levar vantagem em cima do outro. Eu, para dar um exemplo, esqueci no banheiro de um shopping uma sacola com shampoo e um remédio de caspa e voltei lá e não estava.  Quem iria querer um shampoo e um remédio de caspa para levar embora? Mesmo o porquê, existe um mito que assim você vai levar vantagem em cima do outro, mas apenas só vai alimentar a corrupção que já é tão gritante dentro do país. Não há interesse também numa leitura, por acharem que quem ler demais só fica em um mundo que não condiz a realidade.

Mas o que realmente é a realidade? Como saber a realidade se não se sabe nem o que uma música significa? A realidade não é ser traído, mesmo o porquê quem trai não ama e muito menos ama a si mesmo, a realidade não é só farra e bagunça, realidade não é uma liberdade que só você acredita. Realidade é muito mais do que um amontoado de dinheiro – o grande mal do mundo – a realidade é muito além do mundo que nos rodeia, a realidade é a transcendência da realidade que nos querem colocar como real. Daí entra a filosofia, mesmo num ponto político (que as pessoas acreditam ser realidade), entra a parte ética e moral da filosofia que é um ponto que cada ser humano deveria ou deve ler. Se você é religioso existe a filosofia dentro da religião que é a teologia que estuda o que é Deus. Inclusive, o certo é o “que é”, porque se colocarmos “quem é” acaba colocando uma personalidade como algo pessoal, mas nós não colocamos personalidade em Deus porque ele á atemporal (além do tempo e o espaço). E outra coisa, ninguém nem ao menos ler sobre o fundador da sua própria religião para saber quem era e porque fundou e pode crer, aprendi muito mais do cristianismo em revistas satânicas do que em revistas propriamente cristãs. Por que isso? Proselitismo dentro de qualquer religião. Na verdade, não existe uma só verdade, existem teorias e coisas que podemos especular e não ter certeza que aquilo é a verdade incontestável.

Nossa visão filosófica ainda é uma visão religiosa demais para sair do cunho metafisico e quando digo religiosa, digo até no pensamento ateu ou agnóstico há religiosidade de acreditar que aquilo é verdade. O que importa se existe ou não Deus e a espiritualidade para quem não acredita que exista? O que importa provar ou não a existência de uma consciência criadora? Claro que não podemos provar, mas podemos argumentar que sem uma consciência criadora não poderia se harmonizar a matéria, não se poderia dar ao universo uma unidade que nos faz enxergar a realidade onde vivemos. Lembramos a passagem bíblica – sem ir muito no campo teológico – que no começo era a escuridão e Deus disse “Haja luz”, ou seja, a tomada de consciência da realidade que nos cerca. Hoje se trabalha com a hipótese que o universo começou num grande buraco negro em um outro universo e que, por razões desconhecidas porque ainda os cientistas não sabem a natureza dos buracos negros, existe uma conexão entre os universos pelos buracos negros. Aqui em qualquer área cientifica, porque infelizmente não temos cientistas e sim professores de ciência assim como não temos filósofos e sim professores de filosofia, ainda estamos embolsando um pensamento sobre o big bang e os que gostam dessa área, por termos um ensino médio muito ruim, não sabem nem argumentar. Aliás, aquele “grande” pensamento que “nem religião e nem política se discute” é um pensamento de quem não tem argumento para defender seu ponto de vista. Quem consegue defender que Deus existe sem ir no escopo religioso? É muita ingenuidade achar que defender um lado a verdade vai prevalecer, pois não há verdades absolutas e nem fatos eternos, porque a vida se renova a cada instante.

Seja em qualquer área que possamos ter uma discussão, não temos estudos o bastante para argumentar. Um biólogo brasileiro, por exemplo, iria ser massacrado por um Richard Dawkins (mesmo eu não gostando dele tenho que reconhecer seu trabalho na área de biologia), porque temos um ensino muito fraco e pouco atualizado. Na área de filosofia, os jovens acabam rechaçando a filosofia porque ficam ensinando a história da filosofia, o pensamento já produzido, não se coloca o aluno para pensar por motivos políticos óbvios. E nem tem a ver com direita ou esquerda, tem a ver com a cultura do coronelismo que ainda impera aqui. O moralismo hipócrita, o esquerdismo hipócrita, nada vai fazer melhorar do que separar uma coisa da outra, ou seja, ser um ser pensante nada tem a ver com um ser que escolhe um lado. Então, não interessa se você é de direita ou de esquerda, não interessa se você defende a existência ou não de Deus, você continua um escravo e os escravos sempre servirão, como dizia o mago Alester Crowley. Se somos escravos de ideologias ou religiões, não podemos nunca ter pensadores porque sempre vão tender para um lado, se tender por um lado, acaba sendo um ato de escravidão. Então, não temos filósofos verdadeiros porque não temos um pensamento próprio, se devo ter uma leitura de qualquer filosofo, eu tenho que ser catedrático sem sai fora o que a maioria nos interpreta. Isso não é ser sistemático como os religiosos são? Fora que leem tanto Nietzsche e é tanto dogmático que chama de fascista quem descorda do que diz, se diz filosofo e é um astrólogo que ainda acha que o partido do governo quer dominar o mundo (fora que acha que a corrupção só está dentro de um só partido), outro que quer desbanalizar o banal e banaliza a filosofia do que acha que ela é (se discordar vai ser bloqueado), fora que você acha aulas de filosofia que o professor parece apresentador de programa infantil. Como vamos ter um pensamento filosófico assim? Como vamos querer estudar os pensadores se nem ensinar o básico sabem? Nesse cenário estamos e pode ter certeza, com o ensino que temos, por muito tempo vamos ficar.


Amauri Nolasco Sanches Junior, 39, escritor e filosofo.