quinta-feira, fevereiro 20, 2020

A brincadeira de rasteirinha: muito mimo e pouca educação




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”O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele.” Immanuel Kant

Data feita, eu fiz uma reflexão com meu Facebook por causa de um fato que envolvia minha sobrinha – que tem autismo – e que vai numa escola regular sem ser especial. Porque minha irmã disse que ela não chora, fica na escola sem a mãe e as outras crianças começam a fazer birra, chorar e querer a mãe. Logico, como vimos no mundo de hoje, as mães criam seus filhos como se fossem reis ou rainhas, e que é muito pior, dão a eles o poder que não devem ter. por que? Quando atingem os pais, eu acho que é a lei do retorno, ou seja, você investiu para seu filho ser assim. O problema é quando ele acha que toda a sociedade tem que lhe servir, começam a fazer coisas que não devem, começam a dizer coisas e fazer coisas que tinham do seu conceito distorcido. A questão é: se o conceito de educação é mostrar a realidade, estamos mostrando a realidade aos jovens ou estamos mostrando uma realidade idealizada?

Tenho meus 43 anos e vi a degeneração da cultura gradualmente, com a mídia que queria ou quer, impor tendências. Nunca achei importante seguir uma tendência, nem mesmo, quando eu era adolescente. Quando todos gostavam de lambada – que aliás, a degeneração cultural começa muito antes com o conjunto porto-riquenho Menudo – eu começava a ouvir Guns N' Roses e gostava de rock. Nunca gostei de seguir nenhuma tendência. Por que? Sempre achei que as tendências eram limitadoras porque elas simplificavam uma ideia e depois massificava como se fosse verdade, como se todo mundo gostasse de tal estilo musical. Mas, a tendência também tem a ver com a ideologia e a religiosidade, que limita do mesmo modo. Se você é comunista não vai ver pontos positivos no liberalismo, assim como um liberal, não vai ver pontos positivos dentro do comunismo. Quem é evangélico, nunca vai ver pontos positivos no espiritismo, muito embora, a maioria dos espiritas vem o espiritismo como um espirito consolador que não vê pontos positivos nas religiões cristãs. Tanto nas ideologias tem pontos positivos, como na religiosidade. As ideologias políticas e as religiões, são apenas um meio para um fim, ou seja, acabam sem apenas um instrumento a chegar num resultado final.  O bem da humanidade e o encontro do divino.

Só que tendência é um modo de alienação, porque para o povo ser anestesiado, tem que dar um tipo de anestesia. A massificação – isso aconteceu nos períodos do socialismo soviético, do nazismo alemão e no fascismo italiano, fora o fascismo ibérico e o Estado Novo por aqui – se anula o individual (neutralizando o indivíduo) para dominar a grande massa pelo prazer de uma ideia que ela gosta. As imagens agradáveis e a música que traz alegria e não traz a realidade (não, o funk não traz a realidade) dentro de uma massa que sofre a realidade e não aceita ela. É mais alegre e gostoso ouvi uma música que mostra o amor, porque achamos o amor gostoso graças a ideia romântica do amor eterno, do amor que não tem brigas e os dois namoram sempre. É mais prazeroso ouvi uma musica que explora o sexo, porque o sexo dará prazer e sempre deu, mas, não traz as consequências. A gravidez é as menores delas, porém, não pouco preocupante. Quem quer ouvir musicas que mostram a realidade ou que nos fazem refletir? Ou que, pelo menos, não são degradantes para o ser humano?

A tendência sempre vai nos amarrar a uma realidade fictícia. As sombras platônicas que são só projeções de pessoas que estão por traz do fogo, sempre construindo essas sombras. A atitude não é nem sair de botinão (o conhecido coturno), camiseta preta, ou shortinho curto e miniblusa, e sim, vem da quebra das próprias tendências. Aí voltamos aquela pergunta: o que será a realidade? Será que a minha realidade tem a ver com a realidade do outro? Eu gosto, particularmente, do método cartesiano do “penso, logo eu existo” (no livro que tenho da editora Cultura (Os Pensadores) tem esse “eu”). Se eu estou pensando e a partir do meu pensamento eu percebo o teclado do meu computador, primeiro eu não posso duvidar da minha existência porque sou aquilo que eu existo para ter essa percepção. Eu posso duvidar de tudo ao meu redor, mas, não posso me duvidar. Se posso duvidar de tudo, então, eu posso fazer a seguinte pergunta: por que eu tenho que seguir a tendência tal? Se sou contra o sistema, por que eu colaboro com a grande mídia gostando das mesmas bandas que aparecem na mídia?

Dai entra a filosofia do NÃO. A grande maioria segue tendências, porque não gosta de ser excluído. Nosso povo, em sua maioria, não gosta de cara feia. Isso demonstra desprezo com a pessoa dele.  Então, ele tende em gostar o que a maioria gosta para não confrontar, ser aceito e muitas vezes, nem gosta daquilo. Por exemplo, muitos sertanejos que cantam a música da tendência, gostam de rock. Mas, eles descobriram um nicho – porque o pai colocou para cantar essas músicas dês de cedo – e ganham dinheiro nesse nicho. Isso é se trair, ou seja, trair o seu ser para ter, que não é diferente, de se prostituir sexualmente. Única diferença é que você ganha dinheiro cantando o que gostam, assim, alimentando essa massificação. Muitas pessoas adotaram serem ecléticas, mas, ser eclético é não gostar de nada. Mesmo o porquê, se você for analisar bastante fundo, você gostar de tudo é um modo de não desagradar ninguém. Ou seja, você relativiza o gosto ao ponto de classificar a massificação como benéfica, mas, o oposto a democracia é a massificação e o coletivismo que destrói o individuo como uma pessoa autônoma.

A minha filosofia do NÃO ou a tese do individualismo consciente, é, totalmente, cartesiana. Por que? Porque tem a ver com o gosto e a vontade que expressa no seu consciente para pensar e analisar a realidade. Quando dissemos que NÃO queremos um cachorro quente e sim, um hambúrguer, estamos expressando o nosso querer projetando a nossa vontade. Entre rock e axé, eu prefiro rock, pois, há elementos peculiares que me fazem querer ouvir rock ao invés de axé. Porem, o gosto da maioria está além daquilo que chamamos de gosto individual, porque é repetida varias musicas ate o publico aceitar aquilo. Ou porque é mais fácil ouvi aquilo, porque são frases curtas e não requer o esforço do pensar.

A cada NÃO que você diz, você chega à essência de uma só realidade e chegando a essência de uma só realidade, você chega a seus valores éticos e morais. Não estou falando de moralismo, pois, o moralismo é uma imposição de um conceito religioso que acaba sendo uma massificação do mesmo modo. Mas, estou falando da verdadeira moral, que degrada e degenera o ser humano deixando-o menos crítico, para não questionar os políticos, quem detém o poder. Por que será que deixaram as escolas sem investimento? Tentam tirar filosofia e sociologia do currículo escolar? Para os jovens serem menos críticos? E nem estou falando de governo (Bolsonaro), mesmo o porquê, quanto o PT viu que estavam questionando muito seu governo, também tentou tirar. A questão sempre envolve o poder e o senso critico e o senso crítico é o NÃO que demos. Porque a negação da realidade de modo critico, fará sempre um ser humano mais inteligente.

A modinha da brincadeira de rasteirinha só é a massificação e a constatação que os jovens não sabem brincar, pois, acham que a vida é um grande videogame. Mas, não é, porque se você se machucou ou se matou, não tem como reiniciar a vida, ela se foi. Mesmo quem acredita na reencarnação, como eu, sabe que a vida é uma só, foi uma oportunidade de aprendizado que tivemos. Portanto, a cada indivíduo resta analisar aquilo que gosta e aquilo que não gosta.


Amauri Nolasco Sanches junior
Publicidade, técnico de informática e filosofo