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Por Amauri Nolasco
Sanches Junior
Essas palavras
foram referidas pelo “filosofo” Olavo de Carvalho em seu perfil
do Facebook:
Perguntar se um computador pode pensar é tão idiota quanto perguntar se um ábaco pode fazer contas ou se um lápis pode escrever. Todo instrumento faz aquilo que foi construído para fazer, com a condição de que um ser humano o construa e coloque em ação. Mas pior ainda é perguntar se um computador pode pensar MELHOR do que nós. Se pensasse pior, seria melhor não usá-lo. Os computadores pensam melhor que nós pela mesma razão que os carros são mais velozes que nós e que é melhor pregar um prego com um martelo do que com o dedo. Ninguém jamais construiu um equipamento para fazer o que quer que fosse pior do que fazia sem ele.
O
computador pensa e essa não é uma pergunta idiota como Olavo de
Carvalho diz, erra, erra feio porque não fez o que Nietzsche disse
que temos que filosofar como filólogos, porque temos saber a origem
do termo usado. O computador pensa porque ele tem a instrução, o
ábaco também, mas faz de uma forma mecânica porque não julga a
informação que recebe, porque não reflete. A consciência é feita
a partir do refletir, nosso cérebro reflete por causa do nosso
julgar, nossa maneira sentimental/espiritual que nos remete a
questionar o porque daquilo, o computador não faz isso. Pensar é
mecânico, o refletir é a consciência.
No
dicionario Aulete, o pensar é um sinônimo de refletir, mas não se
enganem. Por exemplo, uma calculadora não precisa saber o que é o 1
da operação e se esse 1 é um numero de algum objeto, ela
mecanicamente faz a operação e pronto. Mas existe o algoritmo que
dará o comando para esse e outros cálculos, cálculos esses que são comandos automáticos. Só que também somos levados a comandos
lógicos que são os algoritmos, por exemplo, se quero escrever esse
texto, tenho que ligar o computador, ligar o programa de texto e só
depois escrevo minhas ideias. Até o ligar o redator de texto foi uma
atitude automática, mas a partir que estou escrevendo o texto já
não é mais uma atitude automática e sim um julgamento das ideias
que li e refletir sobre essas ideias. Por que isso? Um calculo é uma
informação que damos a calculadora e ela retorna com o resultado, o
resultado é a resposta e é outra informação que é automática. O
nosso cérebro depende de vários comandos para enxergar qualquer tipo
de reação, se pegamos uma bola, temos que saber que aquela bola é
real. A informação que vem de alguém não é o bastante – há
pessoas que vão pegar porque “pensam” que a pessoa lhe dá essa
informação de boa fé – mas o refletir e o julgamento lógico,
vai explorar as possibilidade e vai fazer as escolhas.
A
diferença é essa, não é pensar de modo automático, pensar de
modo a fazer escolhas e perceber a existência do agente pensante. Não
importa muito se o passarinho que estou vendo na minha janela voando
existe ou não, ele está voando envolta de um abacateiro por causa
da chuva, essa realidade pode ser uma ilusão, mas eu fiz a escolha
de olhar o passarinho e olhar seu voou. Um computador com uma câmera acoplada, pode analisar e fazer uma analise digital da mesma
realidade, mas essa analise é automática e não tem uma analise
mais de escolha e liberdade. O cogito
cartesiano
não é automático como muitos dizem, mas ele reflete sobre meu
existir, porque eu percebo a mim como uma unidade dentro dessa
realidade, não é só uma analise automática da mesma. Essa é a
questão, fazemos uma leitura da realidade graças a adaptação que
o nosso cérebro nos faz dessa realidade. Eu vejo a realidade conforme
meu consciente é melhor adaptado – para mim o consciente é a
mascara social e o inconsciente é os nossos desejos reprimidos por
essa máscara social que Jung diz ser nossa sombra – e essa
adaptação faz o ser humano ver a realidade que somos condicionados,
porque eu admiro a visão do passarinho voando envolta do abacateiro
porque aprendi que aquela visão é bela, é um julgamento a partir
de conceitos que fui exposto.
Temos
também um pensar mecânico e muitas vezes não reflexivo, mas o que
nos difere é tomar em si as escolhas que façamos nossas realidade.
Mas podemos também não achar que o passarinho voando envolta do
abacateiro bonito, posso achar esse momento não prazeroso e até
chato. Daí fiz a reflexão que aquele momento não serviria para meu
desejo de sentir algum prazer, alguma beleza. Essa é a diferença,
as escolhas que fazemos que fazem de nós seres que racionamos, seres
que podemos escolher a partir de nossos conceitos, crenças,
ideologias e etc, porque foi assim que nossa mente se adaptou a
realidade no qual vivemos. Nós temos cultura, nós construirmos
conceitos morais, nós programamos e damos ordens aos computadores.
Talvez esse é o paradigma, o computador pode fazer cálculos, pode
obedecer ordens, mas não pode escolher e ter essa escolha uma reação
sentimental, uma reação até espiritual que fazem de nós, seres
que interagimos com o ambiente. Mas ao fazer certas operações, ele
pensa e pensar tem um caminho lógico que refaz uma trajetória de
caminhos a um fim, esse fim é o efeito dessa causa. Mas de maneira
nenhuma – não ainda nessa 4º geração que ainda estamos
engatinhando na informática – os computadores não fazem escolhas
no intuito de refletir a essas tarefas, não há uma reflexão com o
melhor caminho a faze-la.
O
que o Olavo nos colocou na verdade – como sempre sem perceber – é
um paradoxo que muitos já o colocaram em pauta. Será que o
computador com seu software, poderá algum dia pensar? Se trilharmos
o caminho cartesiano do cogito então chegaremos ao impasse
que o computador não percebe sua existência e portanto não pensa,
mas – porque nessas horas sempre tem um “mas” - o computador
pode trilhar caminhos lógico sem ter um “duende” para mostrar a
ele a cada operação que ele tiver que fazer dentro do seu gabinete.
O software tem milhões de linhas algorítmicas que vão fazer ele
saber o caminho daquela tarefa, se isso não for um argumento sustentável, não saberei dizer o que é, porque assim desse modo,
ele pensa e faz as suas tarefas. Mas o que o Olavo talvez se
confundiu foi em torno na consciência, em torno da liberdade de
escolha, em torna da capacidade de escolher o melhor caminho. Como
sei programação, sei que um bom programador pode sim fazer muitos
caminhos para uma mesma tarefa. E ai ficamos como? Se o computador
tem vários caminhos a trilhar para fazer aquela tarefa, então, ele
pode ser programado para fazer essa escolha; existe até algoritmos
que a variável pode ser escolhida em duas tarefas, mas que sempre
haverá uma linha mostrando como fazer isso. Assim o computador
pensa, faz a tarefa, só que ele não discute sobre essa tarefa.
A
reflexão que estou querendo expor, começa com essa discussão,
discuti qual o papel util dessa tarefa e isso que faz uma
consciência, ela julga o papel real e produtivo dessa e de outras
tarefas. Por que que 1+1=2? Qual é o valor de b e por que devo dar
valor ao b? Por que que existe o ângulo reto se posso fazer curvas?
Como o Olavo mesmo disse, um carro é mais veloz que o ser humano e
isso é obvio e essa tecnologia construirmos para melhor nos servir
para carregar objetos e nos carregar com maior conforto e é mais
veloz porque implica em ter mais energia. Espera ai! O carro anda
mais rapido que um ser humano porque contem mais energia? Sim e não
é só isso, porque um leopardo pode atigir até 80 km h e ser um
animal, existe o fator energia e aderência que o sr poderia ter
estudado antes de falar bobagem. Um leopardo pode andar 80 km porque
ele tem patas dianteiras que dão o impulso necessário e energia o
bastante para impulsionar essa força e andar até 80 km h. Um carro
tem um motor que contém energia de combustão de maior proporção
que é medida por cavalos – graças as carruagens que eram puxadas
por cavalos e continha energia animal – que dará maior impulso na
hora de andar no trajeto escolhido. O carro e nem o leopardo é
superior ou inferior, eles são a medida que acumulam energia centrípeta o bastante para ter energia de manter a velocidade
inercial para alcançar o objetivo. O ser humano talvez não tenha
energia o suficiente para manter essa velocidade – teríamos que
acumular enormes estoques de carboidratos e teríamos que andar em
quatro patas para acelerar e colocar essa energia somente para ter
essa velocidade para caça ou outro fim – mas essa energia é usada
para inventar e construir formas artificiais que nos dão essa
velocidade para alcançarmos esse fim. A criatividade nos faz os
únicos animais que fazem instrumentos para esse fim, para adaptarmos
e irmos a grandes distancias. Será que essa diferença é na parte
da criatividade?
A
criatividade faz a diferença e foi graças a ela que saímos da
caverna, criamos culturas e instrumentos para melhor vivemos. Isso
ninguém vai negar e isso talvez faça diferença entre o pensar do
computador e o nosso pensar, porque ele não cria nenhum meio para
fazer algo que difere daquilo que ele foi programado a fazer. Os
meios produtivos, seja qual for, foram inventados para melhor nos
alimentar, melhor nos carregar, melhor nos fazer as nossas
necessidades. O computador e seu software só é mais um instrumento
dessa criatividade que, talvez, poderá fazer escolhas e poderá
criar outros cérebros artificiais. Mas não quer dizer que ele hoje
não pense, só não refrete ou crie, e isso só nós temos o poder.