O
inimigo mais perigoso que você poderá encontrar será sempre você
mesmo.
(Friedrich
Nietzsche)
Amauri Nolasco Sanches Junior
Não basta ter pessoas que dão
cloro para crianças autistas iludidos por canalhas (que querem
ganhar dinheiro em cima da dor alheira), mas, tem que mutilar e
arrancar das mulheres com deficiência, seus úteros. No último dia
27 de maio, o blog Vencer Limites – escrito por Luiz Alexandre
Souza Ventura – que faz uma denúncia, que mulheres com deficiência
são obrigadas a fazerem abordo (crime no Brasil, ainda). A Psicóloga
e integrante do Conselho Nacional de Saúde e do coletivo feminista
Helen Keller de mulheres com deficiência, Vitoria Bernardes, disse
ao blog, que a mulher permanece ainda, na invisibilidade, o que
impede de construir mais politicas publicas muito mais abrangentes e
com a participação efetiva para determinar com elas vão funcionar.
Na ultima terça-feira, dia 28 de maio (2019), foi celebrada o Dia
Internacional de Luta Pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional de
Redução da Mortalidade Materna.
No evento, Vitória disse que o
corpo da mulher com deficiência não é entendido como fosse capaz
para reprodução. Mesmo o porquê, a Vitória ficou tetraplégica
após sofrer uma lesão medular, por isso mesmo, ela pode entender o
que acontece com a mulher com deficiência. Ela disse que não
concorda que a função da mulher com deficiência seja restrita só
na maternidade, mas mesmo quando a gravidez não traz nenhum risco a
mulher com deficiência, é comum o médico indicar um aborto, porque
o corpo da mulher com deficiência e suas limitações não são
aptos a cuidar de uma vida (no caso, do bebe). Não é só isso,
segundo ela, há uma politica de esterilização das mulheres com
deficiência e até laqueadura sem o consentimento da mulher. Mas, o
corpo é da própria mulher com deficiência.
Eu sou um grande defensor que o
corpo de cada pessoa é uma propriedade da pessoa, e não é porque
ela tem alguma deficiência, que esse corpo não é seu. Muito pelo
contrario, acho que muitos familiares protegem demais as pessoas com
deficiência e eles se acham confortáveis dentro desse mundo
encantado, um tipo de “deficientelandia” que é um mundo dos
sonhos. Pessoas com deficiência não lê. Não sabem escrever
direito. Não sabem pesquisar no Google. Não querem ler um livro.
Não procurar coisas que vão somar na sua vida. Se não fazem nada
por eles, se não fazem nada para evoluírem, porque raios querem
namorar e fazer sexo? Por que as pessoas primeiramente, procuram os
direitos que lhe cabem – os deveres estão embutidos – depois
cobram dos outros o que deve ser cobrado? Se você não tem um
amor-próprio, não terá ninguém que vai fazer isso por você.
Por outro lado, não podemos
esquecer que estamos num país construído por uma cultura medieval
(absolutista e católica cristã) e que, não s moderniza por causa
de um momento atravancado e que não há modernização. Lá fora, as
pessoas com deficiência vivem como outras pessoas, arranjando
empregos em agências, arranjando namoradas em agências de encontro,
e enfim, tem uma vida como todo mundo tem. Isso se chama,
modernidade. Acontece, que temos uma cultura do século dezenove e
não quer mais sair dessa cultura, não que sair da monarquia, não
quer sair da limitação de um pensamento atrasado. Nós, pessoas com
deficiência, somos tratados como eramos tratados na antiguidade –
mortos em Esparta ou largados ao relento para animais nos comer –
ou tratados como na Idade Media, onde eramos internados em casas de
caridade por causa da “benevolência” cristã.
Mas, a modernidade também – com
sua ciência – nos taxou de loucos, taxou de pessoas que não
tinham utilidade nenhuma. No século passado – o século vinte –
com os regimes totalitários de direita (nazismo e fascismo) e os
regimes totalitários de esquerda (o socialismo bolchevique), eramos
mortos como seres inúteis dentro da sociedade de produção. Não
muito diferente do capitalismo, que reluta em ainda, nos contratar e
nos dar uma chance. As leis de cotas para as minorias –
principalmente, para as pessoas com deficiência – são a resposta
de mostrar que podemos trabalhar como outras pessoas quaisquer.
Porém, vimos uma visão capacitista de uma sociedade que ainda vê
as pessoas com deficiência como pessoas que não temos capacidade,
não temos competência, somos dependentes de uma visão de ficarmos
nas entidades.
Ainda impera a visão capacitista do
assistencialismo do Teleton, uma visão de sofrimento (assim como
pensava Adolf Hitler que até chorou ao assinar o decreto de
eliminação das pessoas com deficiência), um visão de tratar as
pessoas com deficiência como qualquer coisa. Somos humano e não
abrimos mão disso.