quarta-feira, janeiro 15, 2020

Na ‘Filosofia Pop’ a Marilena Chauí fica de fora




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Amauri Nolasco Sanches Junior


Estávamos discutindo sobre o artigo do filósofo Luiz Felipe Pondé chamado “A princesa sem sexo” — que o filósofo fala que a Frozen é chata e é mesmo — e apareceu, como aparece em qualquer grupo de filosofia, a expressão “filósofo pop”. Como eu sempre fiquei intrigado com essa expressão, resolvi perguntar: o que seria um filósofo pop? Será que os verdadeiros filósofos são os acadêmicos que escrevem como se o mundo todo fosse da academia? Aliás, como aconteceu com várias filosofias, como aconteceu com vários ensinamentos (como de Jesus e de Buda, por exemplo), a academia também teve suas distorções desde Platão. Acho que Platão odiaria o tipo de academia que se tornou hoje as faculdades e universidades.
Vamos a cerne da questão, porque é importante deixar bastante claro o que pop. Pop é o diminutivo de popular — que Platão chamava de “doxa” — então, tudo que é pop é tudo que o povo conhece e sabe que existe. Madona é pop. Michael Jackson é pop. Iron Maiden é rock. A diferença é que a cultura pop é popular e a maioria aceita, ou não, mas, é conhecida na sua grande maioria. Porém, a expressão “filósofo pop” é uma expressão ao mesmo tempo, irônica e ao mesmo tempo tem os mesmos preconceitos que teve Platão com os sofistas. Platão achava — aliás era uma opinião dele — que o conhecimento deveria ser passado por amor a sabedoria e não em troca de dinheiro, portanto, os sofistas eram mercenários (o que chamamos hoje em dia) porque trocavam seus conhecimentos por alguma quantia. Então, hoje, temos uma escopo enorme de sofistas que dão aula. O próprio Aristóteles, que também não gostava dos sofistas, foi professor do imperador Alexandre Magno (O Grande). Em troca de nada? Só por que o pai dele era médico da família real?
Então, podemos presumir, que a filosofia pop é popular e por ser popular ela perde o cerne da sua existência, ou seja, fazer o ser humano pensar e sair da sua caverna de sombras. Mas, os acadêmicos escrevem muito complicado como se fosse uma seita, quem lê um trabalho ou um livro acadêmico, quase não entende nada. A questão é: para quem escrevem? Para seus pares só? Ai chegamos as várias criticas sobre quatro filósofos daqui: Mario Sérgio Cortella, Clóvis de Barros Filho, Luiz Felipe Pondé e leandro Karnal. Por que só esses quatro filósofos são chamados de “filósofos pop”? Será que tem a ver com a popularidade que eles tem nesses últimos tempos? Talvez, a academia ficou com essa estigma de que tudo que é popular (e não defende um lado ideológico) não pode ser chamado de filosofia, como trabalhos acadêmicos que criam verdadeiros androides que só repetem o que os outros filósofos dizem. Tudo que é original, é pop.
Uma outra questão é: a filósofa Marilena Chauí é famosa, por que ela não é pop? Por que ela não faz críticas ao PT e a esquerda? Aliás, Chauí é uma ativista do PT desde sua fundação, portanto, não é de se estranhar que ele defenda o ex-presidente Lula e outros membros. Além de ser marxista. Ora, para não ser pop não basta ter livros cansativos e de pouco entendimento como uma seita secreta, deve ser marxista e ter uma pauta progressista. É evidente. Não porque defendo a direita — que tem o Olavo de Carvalho com suas paranoias — mas, porque estou refletindo em um julgamento que não passa de uma coisa seletiva. Por quê? Porque se olha em uma visão ideológica e não uma visão racional, sem paixões ou crenças dentro dessa análise. Afinal, crenças não são só pessoas religiosas, mas, pessoas que acreditam cegamente em alguma coisa. Isso inclui as ideologias.
Quando se julga o Pondé, por exemplo, por ter escrito que a Frozen é chata porque congela tudo que está a sua volta, e o chama de filósofo pop, não estão refletindo o texto como um todo. Ele faz, exatamente, o que o povo disse que fez com a Frozen, pois, o que interessa se ela é lésbica ou não em um desenho infantil. Talvez, poderíamos discutir os desenhos dos Estúdios Wall Disney, como chatos e não seguram minha atenção. O que a empresa fez com o Star Wars (que começou com George Lucas tendo surtos de politicamente corretos), foi um crime horrível, robôs de bolinha, bichinhos fofinhos e a linguagem. Começa com “lado sombrio da Força”, porque o “lado negro da Força” ofende, mas, “The Darkside” é o “lado negro da Força”. Isso não quer dizer que estamos chamando todo negro de mal, que os negros são do lado malvado, é um lado escuro de cor negra, cor preta, que é a parte obscura da energia primordial dentro dos seres que a carrega. Nada tem a ver com pessoas de pele negra, que, aliás, merecem muito respeito. E por isso mesmo, tenho uma filosofia seria, filmes dos estúdios Wall Disney, DC e a Marvel não vou ao cinema.
Entre o mundo encantado dos estúdios Wall Disney e o marxismo, não há diferença nenhuma, um mundo belo, igual e que visa sempre a felicidade. Nunca vamos ser felizes.

terça-feira, janeiro 14, 2020

Carlos Bolsonaro acha que é conservador



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Amauri Nolasco Sanches Junior


Uma vez, meu pai, perguntou para serve a filosofia porque estávamos discutindo sobre o governo e ele, que votou no Bolsonaro, estava defendendo o governo. Eu, como um filósofo, defendi uma visão mais crítica e muito mais realista de algumas relações dentro dos ministérios. Mas, tirando as nossas divergências sobre o governo Bolsonaro, acho que meu pai é um conservador de verdade. Porque ele não tem ídolos, ele pode gostar de Beatles, por exemplo, mas, ele pode achar que Lennon era um drogado filho da puta. Ele pode apoiar o Bolsonaro em algumas coisas e em outras, pode fazer críticas e achar que ele deveria ser muito mais radical. Essa visão cética — meu pai não gosta de ler coisas grandes — mostra que meu pai é um conservador de verdade. Não é uma pessoa religiosa porque acha que a maioria vai para a igreja por interesse. Ele apoia a família tradicional, mas, acha que os gays devem ser respeitados e eles deveriam respeitar também. E ele sempre disse e fomos educados assim, você não tem direito nenhum de tocar em uma mulher que não te deu permissão, nem mesmo, se ela tiver pelada no meio da rua.
Por que eu digo isso? Porque o pessoal confunde moralismo com conservadorismo, porque uma visão moral é, completamente, subjetiva a partir de valores que foram construídas suas ideias éticas. Por outro lado, não podemos dizer que só podemos obter valores morais no seio familiar, mas também, em socializações como as religiões. Exato. A diferença de uma pessoa conservadora e uma pessoa que é moralista é que, a pessoa conservadora respeita o individualismo e a liberdade democrática em um respeito multo. A título de exemplo, o modo de pensar do meu pai, que respeita como as pessoas são e respeitou sempre a liberdade dos próprios filhos, em escolher a religião ou ideologia — aliás, meu pai também gosta de alguns pontos da esquerda, mas, vê com cautela mudanças bruscas — sempre falou que deveríamos estudar sempre (ele sempre diz que você não tem que ser bom e sim, ótimo), que você tem que respeitar do mesmo modo que você quer que te respeitem. Mesmo não sendo religioso, adora dizer que os seres humanos deveriam seguir o decálogo de Moisés (aliás, dissemos que são Os Dez Mandamentos, mas, é muito mais do que só dez).
Duas coisas me fizeram escrever sobre o conservadorismo verdadeiro — não o nutella de fundamentalista evangélico sunyta (sim, os radicais não são os xiitas e sim, os sunytas) — são a morte de Róger Scruton e mais uma postagem do Carlos Bolsonaro que deu polêmica. O grande nome do conservadorismo britânico era Scruton, que tinha uma crítica feroz a esquerda mundial. Quando fui ler o último livro dele — em PDF — ele colocou Nietzsche como um filósofo de esquerda, fechei o livro. Não houve filósofo mais elitista do que Nietzsche. Esse paralelo que a esquerda (pelo menos a brasileira) de colocar Nietzsche detector da liberdade e contra o sistema, é de uma estupidez gritante. Aliás, a academia em matéria de filosofia, faz uns paralelos que não tem muito a ver com que os filósofos disseram ou fizeram. Além, claro, não gostar do socialismo que dizia ser uma ideologia para ressentidos, como se fosse uma religião. O Scruton não se atentou é que nem toda mudança é revolucionaria, porque uma hora, culturas e leis começam a ter regras que não servem mais para determinadas épocas e o além homem de Nietzsche, é uma teoria não de revolução e sim, por mudança. Quem conhece história sabe, que sem as mudanças necessárias, o ser humano estava ainda nas savanas como eram nossos ancestrais.
Os seres humanos sempre vão apoiar teorias que colaboram com sua visão de mundo, se um sujeito de esquerda ler Nietzsche, ele vai olhar para sua filosofia como uma quebra do sistema. Se um sujeito lê Nietzsche, vai colocar no rol da meritocracia. Cabe descobrir que Nietzsche achava que o ser humano tinha matado os melhores valores e se corrompido a valores ressentidos, valores que os que se magoam por qualquer coisa. Como ele previu, ficamos uma sociedade niilista que não acredita em nada além daquilo que é ressentido, pobre e primata. Numa passagem interessante, Nietzsche dizia que se você olhar muito para o abismo, o abismo começa olhar para você. Ou seja, você se torna tudo aquilo que você crítica, porque você começa a imitar aquilo que lhe limita, você vê no outro o que você não tem coragem de assumir. Freud dizia isso. Isso até mesmo, é verificável dentro da própria sociedade. Ai chegamos na linguagem, porque toda a realidade tem a ver com a linguagem.
Aristóteles colocou a filosofia cono uma ciência — sim, a filosofia é uma ciência no sentido de conhecimento — teorética, ou seja, a filosofia é uma ciência que usa a imaginação. Porém, na filosofia aristotélica, se divide em três formas de pensamento: primeiro, a filosofia é teorética que tem a ver com a física, matemática e a filosofia primeira (a metafísica); segundo, a filosofia é prática que tem a ver com a ética e a politica; terceiro, a filosofia é poética que tem a ver com a estética e técnica. Claro, que hoje sabemos que a física tem a ver com objetos e não é tão teorética assim e que a tradução de “politikon” não é politica e sim, cidadão. Aristóteles não se importava muito com o problema o que era a vida e sim, o problema do ser. Talvez por isso, tenha se preocupado em questões da ética e questões metafísicas no significado de ontologia. Na abertura da obra Politica, Aristóteles dizia que o ser humano era um animal cívico, porque ele é o único animal que tem a linguagem. Os outros animais têm voz (phoné) e com ela pode expressar dor e também prazer, mas o ser humano pode expressar a palavra (léxico) e com ela, pode expressar aquilo que é bom ou mau, justo e injusto. Mas, o que seria o justo ou o injusto, bom e o mau dentro de uma sociedade?
O bem ou o mau, a justiça e a injustiça, depende da construção dos valores morais da sociedade onde o julgamento está sendo feito. Para os russos ser homossexual é, talvez, uma ofensa a maioria ou, o governo interpretou que na cultura russa, não caberia o homossexualismo. Outros povos enxergam como uma represália, mas, se fomos analisar num contexto histórico, a Eurásia foi colonizada por povos tanto nórdicos, quanto os eslavos e assim, foi construída a cultura da região. No mais, o presidente (leia-se: ditador), Vladimir Putin, era agente da KGB (Polícia do regime socialista soviético) e para os socialistas, o homossexualismo é uma construção burguesa. No mais, os russos são ortodoxos e a ortodoxia é bem rigorosa e tradicional e o povo, que gosta das tradições, são contra. Religiões tem a ver ou fanáticos, com algumas dessas leis, como no mundo islâmico (pelo menos, no mundo fanático), que matam homossexuais, deficientes e tudo que se mostra diferente daquilo que se costuma ser normalizado.
O “bom” em Nietzsche é um sujeito nobre, valoroso, aquilo que na idade media, se chamou de cavalheiro. Ser gentil sem ser fraco, ressentido, e que as pessoas te vejam como uma vítima, que ache que as coisas e as pessoas tem que lhe servir. Por exemplo, que aliás, era uma grande crítica ao cristianismo de Nietzsche — que chamava de platonismo para as massas — você escolheu ser cristão porque quer um mundo justo para você usufruir daquilo que acha que merece. Mas, você sabe que não vai mudar o mundo que vive e acha que um outro mundo metafisico vai ser melhor. O ressentimento de ter feito escolhas erradas e até mesmo, não ter tido as mesmas oportunidades dos que tem alguma coisa, te fazem pensar que eles não entrarão nesse mundo. Esse é o bom fraco de Nietzsche, o bom que acha que o nobre, aquilo que é o real valor da vida (como viver ela em plena harmonia consigo mesmo) e não negar a vida, para ter essa paz de espirito só na outra vida.
Sabemos, porque presumo que meus leitores sejam inteligentes, que os ensinamentos de Jesus eram, totalmente, espirituais e o cristianismo é romano e quem construiu foi o imperador Constantino I de Roma. Portanto, seja católico ou protestante, os desígnios do cristianismo são estoicos, aristotélicos e platônicos, além, claro, dos próprios da cultura romana. Todas as imagens são romanas. A bíblia foi montada pelos romanos. A moral que tanto defendem os conservadores, é a moral medieval romana. Mas, existe a mora de Paulo, uma moral dentro da sua cultura, onde os homossexuais eram chamados de pederasta e era proibido nos países do oriente médio que seguia religiões monoteístas. Então, quando o Carlos Bolsonaro — que acha ser conservador — posta uma foto do Thammy Miranda e o seu filho, ele segue a moral do passado, uma moral de 2 mil anos atrás. Uma moral ressentida por não assumir o que é verdadeiramente, não que seja homossexual, mas, de fazer aquilo que quer. Valo lembrar, que até mesmo na idade media, existiam hipocrisias, padres sendo pedófilos, coroinhas sendo molestados, homossexuais que se escondia nos corredores dos castelos.
O mundo não mudou de lá para cá, onde as pessoas nem sabem direito o que defendem e sabem para entender duas convicções.