Amauri Nolasco Sanches Junior
Estávamos discutindo sobre o artigo do
filósofo Luiz Felipe Pondé chamado “A princesa sem sexo” —
que o filósofo fala que a Frozen é chata e é mesmo — e apareceu,
como aparece em qualquer grupo de filosofia, a expressão “filósofo pop”. Como eu sempre fiquei intrigado com essa expressão, resolvi
perguntar: o que seria um filósofo pop? Será que os verdadeiros
filósofos são os acadêmicos que escrevem como se o mundo todo
fosse da academia? Aliás, como aconteceu com várias filosofias,
como aconteceu com vários ensinamentos (como de Jesus e de Buda, por
exemplo), a academia também teve suas distorções desde Platão.
Acho que Platão odiaria o tipo de academia que se tornou hoje as
faculdades e universidades.
Vamos a cerne da questão, porque é
importante deixar bastante claro o que pop. Pop é o diminutivo de
popular — que Platão chamava de “doxa” — então, tudo que é
pop é tudo que o povo conhece e sabe que existe. Madona é pop.
Michael Jackson é pop. Iron Maiden é rock. A diferença é que a
cultura pop é popular e a maioria aceita, ou não, mas, é conhecida
na sua grande maioria. Porém, a expressão “filósofo pop” é
uma expressão ao mesmo tempo, irônica e ao mesmo tempo tem os
mesmos preconceitos que teve Platão com os sofistas. Platão achava
— aliás era uma opinião dele — que o conhecimento deveria ser
passado por amor a sabedoria e não em troca de dinheiro, portanto,
os sofistas eram mercenários (o que chamamos hoje em dia) porque
trocavam seus conhecimentos por alguma quantia. Então, hoje, temos
uma escopo enorme de sofistas que dão aula. O próprio Aristóteles,
que também não gostava dos sofistas, foi professor do imperador
Alexandre Magno (O Grande). Em troca de nada? Só por que o pai dele
era médico da família real?
Então, podemos presumir, que a filosofia
pop é popular e por ser popular ela perde o cerne da sua existência,
ou seja, fazer o ser humano pensar e sair da sua caverna de sombras.
Mas, os acadêmicos escrevem muito complicado como se fosse uma
seita, quem lê um trabalho ou um livro acadêmico, quase não
entende nada. A questão é: para quem escrevem? Para seus pares só?
Ai chegamos as várias criticas sobre quatro filósofos daqui: Mario
Sérgio Cortella, Clóvis de Barros Filho, Luiz Felipe Pondé e
leandro Karnal. Por que só esses quatro filósofos são chamados de
“filósofos pop”? Será que tem a ver com a popularidade que eles
tem nesses últimos tempos? Talvez, a academia ficou com essa estigma
de que tudo que é popular (e não defende um lado ideológico) não
pode ser chamado de filosofia, como trabalhos acadêmicos que criam
verdadeiros androides que só repetem o que os outros filósofos
dizem. Tudo que é original, é pop.
Uma outra questão é: a filósofa
Marilena Chauí é famosa, por que ela não é pop? Por que ela não
faz críticas ao PT e a esquerda? Aliás, Chauí é uma ativista do
PT desde sua fundação, portanto, não é de se estranhar que ele
defenda o ex-presidente Lula e outros membros. Além de ser marxista.
Ora, para não ser pop não basta ter livros cansativos e de pouco
entendimento como uma seita secreta, deve ser marxista e ter uma
pauta progressista. É evidente. Não porque defendo a direita —
que tem o Olavo de Carvalho com suas paranoias — mas, porque estou
refletindo em um julgamento que não passa de uma coisa seletiva. Por
quê? Porque se olha em uma visão ideológica e não uma visão
racional, sem paixões ou crenças dentro dessa análise. Afinal,
crenças não são só pessoas religiosas, mas, pessoas que acreditam
cegamente em alguma coisa. Isso inclui as ideologias.
Quando se julga o Pondé, por exemplo,
por ter escrito que a Frozen é chata porque congela tudo que está a
sua volta, e o chama de filósofo pop, não estão refletindo o texto
como um todo. Ele faz, exatamente, o que o povo disse que fez com a
Frozen, pois, o que interessa se ela é lésbica ou não em um
desenho infantil. Talvez, poderíamos discutir os desenhos dos
Estúdios Wall Disney, como chatos e não seguram minha atenção. O
que a empresa fez com o Star Wars (que começou com George Lucas
tendo surtos de politicamente corretos), foi um crime horrível,
robôs de bolinha, bichinhos fofinhos e a linguagem. Começa com
“lado sombrio da Força”, porque o “lado negro da Força” ofende,
mas, “The Darkside” é o “lado negro da Força”. Isso não
quer dizer que estamos chamando todo negro de mal, que os negros são
do lado malvado, é um lado escuro de cor negra, cor preta, que é a
parte obscura da energia primordial dentro dos seres que a carrega.
Nada tem a ver com pessoas de pele negra, que, aliás, merecem muito
respeito. E por isso mesmo, tenho uma filosofia seria, filmes dos
estúdios Wall Disney, DC e a Marvel não vou ao cinema.
Entre o mundo encantado dos estúdios
Wall Disney e o marxismo, não há diferença nenhuma, um mundo belo,
igual e que visa sempre a felicidade. Nunca vamos ser felizes.