Bustos de Platão (direita), Sócrates (centro) e Aristóteles (Esquerda) |
Quando ganhei meu primeiro livro de filosofia realmente me encantei,
pois quando eu li o julgamento de Sócrates de Atenas, escrito pelos
seus discípulos Platão e Xenofonte, vi um contexto muito mais
profundo do que podemos pensar. As bases do conhecimento humano se
deram dentro da filosofia e isso não se pode negar, pois dentro da
filosofia se fez a teologia, se fez a politica, se fez o pensamento e
a investigação cientifica, mesmo que alguns neguem. Mas o
pensamento filosófico depende muito da cultura que ele está
inserido e nunca ao contrário, porque se fosse assim, novos
pensamentos ressurgiriam a todo momento. Platão e Aristóteles, por
exemplo, defendiam a escravidão e a inferioridade da mulher como uma
coisa natural, tanto é, que os gregos helênicos tinham prazer com
jovens e não com as mulheres que achavam que foram feitas só para
procriar e o escravo, haveria raças humanas superiores que
naturalmente, subjugavam as inferiores. Hoje temos uma filosofia mais
voltada a ética enquanto o homem ser ou não um ser social que não
mais vê o ser humano como um ser que pensa e sente, mas um ser que
apenas pensa como idealizou Descartes e que o ser humano comprou a
ideia – considero esse o primeiro ato da industria cultural –
para melhor adaptar a suas mazelas interesseiras hipócritas. O ato
cartesiano foi um ato burro e de extrema insanidade.
O humanismo iluminista errou em colocar o homem como um ser que pensa
porque colocaram o ser humano como um ser que não sente, e hoje em
dia, os políticos e as industrias trabalham nesse patamar de colocar
o ser humano como um ser apenas pensante. Apenas houve um momento de
breve alivio quando aparece a criticas de Kant colocando o homem como
um ser moral, um ser que poderia de fato tomar os rumos de sua vida
como ele mesmo objetivasse. Mas no século dezenove tomamos um novo
golpe, Karl Marx disse que o homem como ser que trabalha é apenas um
ser que pensa e como ser que pensa, é alienado pelo dono da fabrica
para não questionar e fazer seu serviço como um ser obediente e
servil. Mas será que Marx fez a pergunta objetiva que o homem como
um conjunto de subjetividade que dentro do seu âmago existe o senso
moral e ético, não escolheria isso para sustentar os que necessitam
ou que se submetem? Fica a historia que somos sempre vitimas e nunca
somos seres que fazemos escolhas para melhor vivemos – como um
ponto de sobrevivência – para nosso próprio conforto, foi isso
que Kant colocou, o homem não está alienado porque é enganado para
melhor trabalhar e ser servil. Graças a filosofia cartesiana que o
homem é um ser mecânico e não um ser moral e ético – como um
ser que pensa e também sente e faz suas próprias escolhas – ele
não pode sair de sua linha de vida, como um ser bom (a bondade como
um ser submetido a ser dócil) e o mau (que sai da linha serviçal e
dócil como deve ser). Até mesmo Marx teve a sutileza de ser escravo
de sua época e colocar a liberdade como um bem material e não é
bem assim, a liberdade não é racional como dizem os cartesianos e
nem uma coisificação do consumo, mas um bem da alma enquanto a sua
percepção e subjetividade, um bem sutil que é um estado do ser
enquanto vontade. Talvez, como Kant nos aponta, a liberdade seja uma
escolha enquanto movida no ponto moral ou simplesmente, a moral seja
uma das escolhas movida pela vontade potencializada em liberdade de
romper as correntes ideológicas do ser enquanto ser que sente e
pensa. Materialismo também falhou e só nos resta o niilismo que
sobrou desse lixo moral e insano que o século XX, transformou em
duas guerras mundiais.
Como vimos em muitas manifestações no meio filosófico aqui no
Brasil – infelizmente temos professores de filosofia e pseudos
filósofos e não filósofos na essência do termo – que tem duas
correntes (ou pensam ter), entre o marxismo light que prega que todos
tem o direito de ter tudo – mesmo não trabalhando ou fazendo uma
atividade decente – e os liberais que defendem que todos devem ter
liberdade, dês que tenhamos uma índole dócil, ame os animais e
sejam uma especie de seres angelicais para o bem e prosperidade. E
tem o PSDB que não sabe que rumo tomar, pois vão conforme estará
seus interesses, prega a liberdade, mas quando criticamos sua
politica nos bloqueiam no Facebook das suas secretarias, senta a
porrada em alunos, senta porrada nos professores e se fazem de
santinho. As mazelas filosóficas chegam ao ponto de pessoas que se
declaram nietzschianas, tomarem a posição de esquerda e fazer um
discurso rotulador (chamar as pessoas de fascistas) ou uma posição
ressentida abaixo da dignidade humana. Talvez por só ter professores
de filosofia, que repetem tudo que já foi dito, chegamos ao ponto
dessas pessoas acharem que somos alunos e não ouvintes, não pessoas
com o potencial de sim de indagar aquele pensamento e criamos uma
especie de área protetora que essas pessoas não podem serem
contrariadas, que essas pessoas estão com a verdade. Ora, nem Jesus
nos disse a verdade – afinal ela esta dentro de nós mesmo – como
algo concreto que podemos ver, imagina um professor de filosofia que
só repete o que os filósofos disseram? Dai, não chega ser chamado
de fascista, ser chamado de burro, ser chamado de neófito, ainda
temos que ver a decadência filosófica quando um astrólogo ser
chamado de filósofo e ainda por cima, de professor.
O iluminismo vai colocar o homem como um ser que raciocina – um
ser que pensa – e não vai olhar um conjunto de regras que fizeram
do ser humano, o único animal que tem afeto e desejos também. Por
que disse que herdamos o iluminismo? Porque não somos sentimentais,
só olhar que se preocupamos mais nas coisas do que no outro, porque
não vimos o outro como algo que podemos ter afeto. Não se
preocupamos de ser traídos, se preocupamos com o dinheiro que
gastamos com o outro, por isso, muitos homens vão negar a
paternidade, muitos homens e mulheres, vão negar o amor como
compromisso serio. Tudo gira em torno do dinheiro e em ter e não,
ser alguém e tem que ser num modo fácil, num modo que não tenhamos
trabalho. Por isso que criou-se a regra de todo jovem querer ser
servidor publico, porque há
estabilidade, há
proteção e não se precisa de muito esforço para ganham tanto
dinheiro. Ora, se criou também muita coisa que não existe, como que
brasileiro é gentil, brasileiro é educado, brasileiro tem o
espirito de igualdade e sabemos que não é verdade, sempre
raciocinamos demais os sentimentos e nossas ações e até mesmo,
transmitimos nas nossas próprias crenças essa raciocinação em
demasia. Deus como construtor do universo precisou não ter vontade e
sim, raciocinar para criar o mundo e ser o governador (se não o
supremo rei do universo) para deixar-nos viver nesse paraíso,
acabamos de destruí-lo com esse materialismo desmedido e o
sentimento de que não somos dignos dele. Você não está preocupado
com o direito do outro que tem deficiência pegar o ônibus, você
esta preocupado em chegar atrasado no seu compromisso. Você não
está preocupado com o idoso que está de pé e pode desenvolver uma
trombose e perder as pernas, mas está preocupado na sua própria
comodidade. Não se está preocupado se aquele ou aquele outro ser ou
não corrupto, está preocupado com quanto que ele deu para seu bem
estar e sua própria comodidade. A cordialidade do brasileiro é uma
mentira, ele é bonzinho para tirar vantagem da situação.
O problema não é os pontos filosóficos do Olavo de Carvalho, o
problema é dar enfase nos pontos de sua filosofia como se fossem
grande coisa e não são. Chamar o PT (Partido dos Trabalhadores) de
comunista é uma ofensa até mesmo a Karl Marx que nunca ofendeu
ninguém, porque ele (Olavo) sabe muito bem – usa esse discurso de
boteco de periferia – que nunca na historia da humanidade se teve
um governo comunista, nem na URSS. Já que ele se coloca na alcunha
de professor de filosofia – não acho que um filósofo tenha que
ter diploma – deveria saber que há
dois ponto a ser esclarecidos: primeiro que socialismo não é o
mesmo que comunismo, já que socialismo é uma ditadura antes de
implantar o comunismo em uma nação (que na maioria das vezes não
passou disso); o comunismo não é uma igualdade para baixo e sim,
uma retirada da mais valia que é o trabalhador poder comprar o que
produz, sendo assim, a igualdade justa onde os povos tenha dignidade.
Claro que há
muito coisa imbecil que Marx escreveu como a matança de dez por
cento da população e a eliminação daqueles que não pode produzir
– como idosos, deficientes, pessoas que não querem estudar e
etc...que o nazismo e o socialismo stalinista fez com primazia –
mas dizer que aquilo que existiu é comunismo é uma brutalidade e
uma desonestidade intelectual imensa.
O ponto principal do olavismo é o ponto cartesiano do espirito
maligno (o comunismo) e o espirito benigno (o liberalismo) como se
toda a esquerda fosse comunista e toda direita seja liberal. Os
democratas dos Estados Unidos são comunistas? Existe uma enorme
diferença entre populismo trabalhista e o comunismo, que logicamente
com a educação que temos, não se sabe e nunca se soube. De quem é
a culpa disso tudo? Será que um sujeito que diz que não existe
petróleo, que não há
provas que a Terra é redonda, que o Barack Obama não é
norte-americano merece crédito? Isso não cheira a marketing para vender livros? Nem
tudo é o poder, pois o ser humano como ser racional é um ser que
pode fazer escolhas e nem sempre o poder tem tanto o poder de
convencer essa decisão. Há
muito mais questões por trás de todo esquema, do que a redução do
esquema de tratar o debate uma decisão ideológica como se o bem
fosse a direita (que o tradicionais adoram achar que são donos de
uma moral que não tem) e a esquerda e o mal (como se toda a esquerda
é comunista e stalinista) e não é, porque ainda insistimos que o
Brasil não pode se modernizar. O olavismo é um reflexo mais do que
claro que a humanidade evolui na tecnologia, mas não evolui na moral
e aqui, nem um e nem o outro.
Amauri Nolasco Sanches Junior, 39, escritor e filósofo.
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