("Quem quer que haja construído um novo céu, só no seu próprio inferno encontrou energia para fazê-lo!" Nietszche)
Morre o ultimo dos Ramones da formação original dia 11 de julho Tommy Ramone, o baterista original do The Ramones. Todos já se foram e deixaram saudade, então já que dia 13 de julho é o dia mundial do rock, me propuseram escrever um tese sobre o epicurismo e o rock. Fiquei pensando o que eu iria escrever sobre e acabei lembrando que o rock tem muito mais a ver com Nietzsche do que outras filosofias. Por que? Se olharmos mais de perto, Nietzsche é um epicurista e seguiu alguns mandamentos do mestre de Samos.
Epicuro
de Samos que viveu entre 341 e 270 antes de Cristo (meus textos
continuarão antes de Cristo porque antes da eram comum é antes de
Cristo), estudou quando criança com o platonista Pânfilo e era
considerado um dos melhores alunos, pois certa vez ouviu falar da
frase de Hesíodo que tudo vem do caos e daí perguntou de onde vem o caos. Mas foi ouvindo um discipulo de Demócrito que encontrou na
filosofia atomista (dos atomos) o seu legado formulando algumas
teses, lecionou em alguns lugares até montar sua própria escola que
foi chamada de “O Jardim” que continha alguns amigos. Ora, sua
filosofia era da ausencia de dor (aponia) e que levava o ser humano
até a felicidade (eudaimonia) pela impertubação
da alma (ataraxia), que aliás, o ele tomou dos atomistas e formulou
a tese que tudo veio do atômos. Mas a sua tese era que o ser humano
tinha medo da morte e dos deuses, porque não teria problema da morte
e os deuses já estavam muito bem e não haveria de teme-los. Além
do mais, deveriamos sempre lembrar de nossas alegrias e fazer da vida
algo muito mais prazeroso sem muito exagero, porque só evitamos a
dor no prazer e só vamos ter prazer se for fazemos o que gostamos e
o que nos dá alegria.
Dois
mil anos mais ou menos depois, aparece o filósofo Nietzsche e diz
que o mundo é ruim, mas vamos ser feliz. Não há diferença nenhuma
do rock in roll que mostra que podemos ser feliz num mundo feliz e
ser rebelde com uma sociedade hipocrita judaica cristã. Para o
filósofo alemão, o cristianismo só é um platonismo para o povo,
porque Platão diria que há um mundo intelegivel que é estudado
pela dialética e o mundo sensível estudado pela opinião (doxa). A
dialética – onde o significado é “o caminho entre as idéias”
- é a contraposição e contraposição de uma ideia que faz a base
sólida por milenios o pensamento ocidental e oriental e a opinião,
foi difundida por Parmenides, é uma ideia confusa acerca da
realidade e se opõem ao conhecimento verdadeiro. Isso fica claro
quando vimos a Alegoria da Caverna onde homens nasciam em uma caverna
acorrentados vendo sombras numa parede, pensam ser verdadeiras, e um
deles se liberda e vai até o a entrada e vê o outro mundo, um mundo
verdadeiro. Na verdade, a filosofia das ideias de Platão não era
espiritualista e sim mostrar que a verdade é encontrada em um viés
dialetico de contraposiçoes e contradições que colocavam dentro do
doxa,
a
ordem necesaria para se traçar um caminho. A igreja católica se
apodera dessa filosofia e coloca como uma explicação do bem e do
mal, que para irmos ao reino de Deus, temos que não ir no caminho da
opinião (doxa) que é a ideia confusa da relidade, pois só existe
uma realidade que é Deus e só através dele que seremos felizes. O
cristianismo sepulta o epicurismo dizendo que não há caminho nesse
mundo a felicidade, o prazer é errado e é um ato de pecado, o que
há nisso tudo é o caminho do bem para sermos felizes no paraiso. O
protestanismo – o verdadeiro de Lutero e Calvino – ainda é mais
radical, porque diz que o ser humano não é bom no sentido de ir no
caminho do bem, ele é pecador e só terá a felicidade renunciando o
mundo humano. O corpo é um ente corruptivel e só há salvação com
a alma que é incorruptivel, com o arrependimento e assim, ter a
graça de Deus e seu caminho ao arrebatamento. Fiz esse caminho para
mostrar que Nietzsche herda o pensamento protestante – por causa de
ser filho de pastor e neto também e estudar para ser um – para
analisar o platonismo e acreditar que Platão estava se referindo ao
mundo espiritual cristão, mas não, ele estava sendo fiel ao mestre
dele Socrates e dizendo que mesmo para saber coisas metafisicas (o
ser como o ser) nós temos que ir no caminho dialético da
contraposição e da contradição (que a ciencia herda). Nietzsche
como filologo (estuda línguas) vai até a origem de bom e não pega
o significado corrente, mas o significado de “bonnus” romano que
era guerreiro, a elite guerreira dos ceturiões romanos e diz que ser
bom não é ser passivo e sim ser guerreiro. Ele volta ainda mais e
vai até aponia
(ausencia
de dor) e diz que o que não matará ele, lhe deixará mais forte,
porque somente em seu próprio inferno, forjaremos nosso paraíso.
Portante, o caminho é sermos dionisianos e fazer o que nos dará
prazer, que nos jogará na ataraxia
(impertubação
da alma) para chegarmos até a eudaimonia
(felicidade). Como ele mesmo disse, quem taxa quem dança de louco é
porque não consegue ouvir a musica, ou seja, somos adestrados a
temos uma só visão racionalista e única.
O
que Nietzsche tem a ver com Epicuro e o rock in roll? Nietzsche
resgata nos filósofos considerados menores, o verdadeiro pensamento
para sair da prisão do cristianismo que moldou o pensamento
maniqueista (bem e mal) no pensamento ocidental. Nessa leva de
resgate coloca o epicurismo e suas bases – o atomismo de Demócrito
e alguns pensamentos do próprio Epicuro porque resgata o pensamento
trágico – porque temos que nos apegar as coisas boas que
aconteceram e transformar essas coisas alegres em prazer. Quem nunca
ouviu uma canção de rock e não sentiu um ar de rebeldia da cultura
vigente? Quebra de valores hipocritas que só eram fachadas para algo
muito mais cruel que estava entre quatro paredes, onde foi denunciado
pela psicanalise como a prisão de conceitos e algo que não poderia
acontecer a vir em publico. O Rock deu ao ser humano um ponto de
reflexão já nas suas duas bases com o Blues e o Jazz – mesmo o
filósofo alemão Adorno, da escola de Frankfurt, dizer que era uma
musica infantilizada – se esses valores eram realmente importantes
para o ser humano. Os negros inventarem o rock, Elvis foi seu
primeiro estouro, os ingleses melhoram e várias variantes foram
criadas a partir do próprio rock. Mas dentro das muitas canções e
bandas, houve muitas mortes prematuras por drogas e por coisas
politicas – principalmente nos ano 60 e nos 80 na guerra fria –
que podemos refletir sobre muitas óticas e nessas óticas, encontrar
uma posição.
Muitos
usavam drogas nos anos 60, para encontrar consigo mesmo e isso é
muito evidente nas musicas. Recentemente li em um site que Jim
Morrison, vocalista do The Doors (nome dado a banda pelo próprio
Morrison baseado no livro de Aldous Huxley, A Porta da Percepção),
teria morrido por acidente com a droga da sua ex-noiva, porque era
uma esperiencia diferente, não é agora que o cara se “dopa” por
não suportar a fama, tem toda uma conotação espiritual. Talvez
seja-se uma maneira de ir muito mais além do que se poderia ir e
alguns não aguentavam, porque isso mexia no subconsciente das
pessoas e as pessoas ficavam com seus medos e seus traumas
“escancarados”. Porque seus recalques eram dos valores que não
mais cabem dentro de um mundo que as pessoas tem muito mais
informação – naquele tempo nem tanto, apenas livros considerados
subversivos que colocavam outro ponto de reflexão – e nessas
informações não deixar que ditaduras tenham força novamente
(mesmo assim muitas se instalaram) e a liberdade foi questionada. Por
que devemos fazer sexo depois de casar? Por que devemos acatar o que
as pessoas nos mostram como importante e por que devemos trabalhar no
que as pessoas nos impõem? Nem tudo mudou – países como o nosso,
pensamento conservador tem suas raizes dentro de sua origem na
colonização onde os países ibericos (Espanha e Portugal) tiveram
sua pior inquisição – porque ainda temos valores conservadores e
que tem uma limitada sequencia de religiosidade materialista. Não
temos uma sociedade epicurista, como alguns insistem, mas temos uma
sociedade hoje, hedonista – emediatista que todo o prazer tem que
ser agora até arrebentar. A vaidade e não preparação das
frutrações que a vida nos coloca, levam muitos para as drogas que
só tem um papel de “analgésico” dessas frutrações. Mesmo
assim, o rock tem a ver com Nietzsche porque trás a coisa de
travalorização dos valores que não são mais importantes, não
como algo que deva ser valorizado como um temor a algo além do nosso
mundo – um deus ou deuses castigadores e violentos – mas fazer as
pessoas a terem uma critica clara de tudo aquilo que não nos é
importante. Pegar, mesmo se o mundo não é legal, ser feliz. Não
muito diferente de Epicuro que a felicidade é as alegrias e o prazer
de fazer aquilo com vontade, vontade de saciar algo e alguma coisas.
Embora
muitos rockeiros usam o moralismo para argumentar coisas irrelevante
como funk carióca, ou o comportamento das meninas funkeiras como se
o rock fosse algo moralista – muitas norte-americanas não podem
ver uma banda que já mostra os peitos – não é via de regra e nem
é o foco do rock. O rock deveria está acima das mazelas humanas,
como o tiozinho do bigode disse, devemos olhar a humanidade de cima e
nem enxergar o que não é importante. E dai que os funkeiros fazem
“putaria”? E daí que sertanejos são mais populares por que a
maioria ouve por gostar de musica de corno? O rock nunca vai morrer,
pode evoluir, mas nunca vai morrer e usa sua magica para ensinar os
jovens a contestar e isso só é feito com a leitura, ler é bom, ler
é o caminho da verdadeira sibvertidade de um sistema sujo que usa o
ser humano para massa de manobra.
Amauri
Nolasco Sanches Junior
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