Amauri
Nolasco Sanches Junior
Dias
desses na rede social do Linkedin, li uma manchete em um site
qualquer que um dos membros da rede postou, que o ministro da
economia, Paulo Guedes, queria ter
acesso à parte de
aposentadoria e pensões para pagar o 13º salário
da bolsa
família. Só comentei que nada diferente do PT e do PSDB, que
tiraram de outro lugar o dinheiro para programas sociais. Quantas
vezes lemos que o governo tirava da educação ou da saúde
para pagar a bolsa
família? Quantas vezes lemos e já foi provado, que um dos destinos
do dinheiro tirado das estatais eram para esse tipo de programa
social? Não estou
defendendo o governo Bolsonaro, só estou dizendo que para mim que
sempre li jornais, não há novidade nenhuma. O problema é um
usuário dizer que comparar o PT com o governo Bolsonaro era uma
desonestidade intelectual imensa e era
muito pior por eu ser um filósofo. Em um outro momento, a dona da
postagem aparece e pergunta em que mundo eu estou. Em um outro
momento, disse que não viu nada disso em 38 anos de visão politica.
Lendo
isso uma questão me veio na minha cabeça: por eu ser um filósofo e
comparar todos os governo de alguma medida, fazem igual? Por eu ser
um filósofo, a minha análise é, exatamente, mais ampla e com mais
argumentos do que a maioria. Porque o filósofo é um amante da
sabedoria e está a procura do objeto do seu amor, como Psique ficou
atrás de Eros e nunca lhe encontrou. Cada caminho para achar essa
sabedoria é importante, pois, junto com essa sabedoria está a
verdade e não é qualquer verdade, e sim, o verdadeiro LOGOS
primordial. Então, um filósofo não pode ficar presos em conceitos
determinados ou que o senso comum acha ser a verdade (doxa), mas,
aquilo que é em essência primordial. Não
importa o que está na modinha, não importa se os outros estão
dizendo, as análises devem ser analisadas a partir de um ponto além
da paixão (o apego aos ídolos), além das análises superficiais.
Sempre falo que o filósofo é uma espécie de arqueólogo das
ideias, ele não examina a superfície de tudo e sim, vai examinar as
camadas mais fundas para encontrar elementos para aquilo ter surgido.
Se o filósofo começa a defender uma única posição, ele não é
um filósofo e sim, um simples intelectual que só repete do que lê.
Concordo
com Nietzsche na questão da verdade e da mentira. Dizia o filósofo
alemão, que tanto a verdade e a mentira, são construções que
decorrem de uma vida de rebanho e da linguagem que lhe
correspondesse. Ou seja, as verdades e as mentiras sempre dependem
daquilo que as pessoas acham ser a realidade, os valores que
acreditam e
levam sempre a uma vida de rebanho e o ser humano acaba sendo escravo
de crenças que o alienam a uma verdade maior. Continua dizendo, que
o homem de rebanho chama
de verdade aquilo que o conserva no rebanho e chama de mentira aquilo
que o ameaça ou exclui do rebanho. Portanto, em primeiro lugar, a
verdade é a verdade do rebanho. Assim, a grande maioria tem que
seguir o que a maioria segue para ser aceito, ninguém gosta de ser
excluído porque nos ensinaram uma realidade que alguns duvidam —
aliás, muito poucos vão além das ideologias e as crenças
religiosas — e esses, são excluídos da grande massa.
Os
filósofos não tem nenhuma visão única que não pode ser mudada,
não pode ser repensada ou analisada de forma diferente da maioria.
Mesmo o porquê, um ponto de vista é apenas um ponto , mas, existem
vários outros pontos de vista que podem também ser colocados.
Verdades únicas são
sempre perigosas. Verdades
únicas construiram tiranos, foi a alienação social da idade media,
é a essência de qualquer fanatismo dentro de qualquer sociedade
humana. Seja da direita (fascismo e nazismo), seja de esquerda
(socialismo/comunista). Por isso mesmo as democracias são
democracias, porque existe uma incerteza dentro dela, existem
variedades de ideias e posições e sempre o medo dela sofrer uma
ruptura. Então, um filósofo dentro da área politica, deve ter
bastante cautela cética das análises e sempre jogar outro ponto de
vista além que todo mundo fala e expõem e por causa disso, o
filósofo incomoda. Incomoda porque sabem que não corresponde a
realidade o que dizem ou acreditam saber, mas, insistem porque querem
ter razão. Na Grécia,
nos tempos clássicos
de Sócrates, chamavam ele de “a mosca de Atenas” por ele
incomodar como uma mosca que fica nos rodeando. Tanto é, que ele foi
condenado por uma condenação tola e vil, só para se livrar de
Sócrates e nada adiantou. Seus alunos continuaram seu legado, Atenas
caiu na dominação do reino macedônio, e o nome de Sócrates foi
legado por toda a história.
A
sociedade gosta do
“cobertor quentinho” de ser aceito dentro de qualquer
manifestação
social. Seja virtual ou não, a vaidade impera e não tem como
escapar. Como se fossem tribos, os iguais se articulam entre si e
compartilham do mesmo pensamento, seja com um ritmo musical
especifico, religião
específica ou ideologia específica. Mas
será mesmo que elas são a visão da verdadeira realidade? É de se
pensar e sair da caixinha social.
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