segunda-feira, março 25, 2024

1883 - sangue e América




 Povos livres, lembrai-vos desta máxima: A liberdade pode ser conquistada, mas nunca recuperada.

Jean-Jacques Rousseau

Com toda certeza, os povos europeus que vieram para a América - seja qualquer ponto do continente americano - procurando liberdade das guerras e batalhas que tinham em todo momento. Diferente do Brasil - que foi uma nação de extração e não uma colônia - os Estados Unidos foram colonizados por famílias irlandesas, escocesas que fugiram de seus países e da dominação inglesa. É depois disso que acontece o seriado 1883 na plataforma de streams Paramont Pictures. Alias, o seriado aconteceu logo após a guerra civil americana - por causa da abolição da escravatura - onde veteranos de guerra tinham que levar uma diligência de carruagem  para Oregon de alemães. O seriado é sobre a existência de seres humanos de lado opostos, mas que existem no mundo como seres que sofrem, pensam e podem sentir sua existência. 

Filósofos não afirmam nada e logo perguntam <e se?>, para sobrepor aquilo que estão mostrando. Ao que parece, a cerne do problema da narrativa se passa no convívio do diferente, além claro, da questão de um mundo plural e moral. Os bandidos eram mortos por causa dos colonos, porém, muitos se rebelaram e foram mortos por causa que iam em direções diferentes. Ou seja, o ser humano na ignorância é infantilizado porque não podem fazer escolhas, os alemães não sabiam fazer escolhas porque tinham aqueles para dizer que aquilo não pode ou pode. Isso é mais do que lógico. povos com mais liberdade tendem a tomar as decisões muito mais tranquilamente. Elza - filha de um ex-capitão e de uma dona de casa - sempre teve essa liberdade e sempre mostrou respeito pelos pais e mais velhos. 

A questão não é a série em si - que veio de uma outra chamada  YellowStone - mas, o que seria a liberdade? Somos libertos realmente?  Com a promessa da “terra da liberdade” muitas pessoas desbravaram as américas, digamos assim, para encontrar ouro e riquezas e essas riquezas eram a própria liberdade. Aqui no Brasil, foi colonizado por membros da nobreza que não eram sucedidos em seus territórios. A urbanização que vimos no século dezenove, era uma urbanização graças a revolução industrial que aconteceu no século dezoito. Antes disso, a Europa - na sua essência - era ainda feudal em muitos lugares e com a guerra, a pobreza era extrema. Poderemos ver isso em Victor Hugo com o livro Os Miseráveis (que vou fazer um texto sobre). Haviam favelas em Dublin, e se recuarmos muito tempo atrás, tinham favelas até mesmo na Atena clássica. Parece que as classes - que foi Adam Smith que começou a falar - existiam muito antes do capitalismo e continua existindo. 

Nem sempre as pessoas podem refletir sobre a liberdade, trabalham toda a semana e nos finais de semana tendem a cair no divertimento.  A meu ver - diante do que eu vi na vida - as pessoas tem medo de ficar consigo mesmo e descobrir algo dentro de si que não vai aguentar, e tem uma outra coisa, as pessoas não conseguem ficar sozinhas. O grande mal do nosso tempo é, sem dúvida nenhuma, a solidão. Por que as pessoas se sentem sozinhas? Há no pensamento socrático - depois adotado por outros filósofos - que deveríamos, ates de tudo, conhecer a nós mesmos. É, inclusive (para quem estuda um pensamento mais metafísico místico), um pensamento de conhecer nossa origem divina. Conhecer os deuses e o universo tem a ver com nossa origem divina (alma/espírito) e nossa origem biológica (primata/mamífera). Ora, mesmo que biologicamente, poderíamos dizer que somos animais gregários (aceitamos clãs), não tem nenhuma base lógica, temos que seguir um Estado ao ponto de saber que eles podem nos ferrar, mas, temos que aceitar que eles ditem o que deveríamos fazer. 

Rothbard - grande defensor das ideias libertárias - disse que quem libertou os Estados Unidos da Gran Bretanha foram os libertários, de onde vem a ideia que a liberdade era a essência da América, mas, os conservadores tomaram para si o governo. Exércitos foram criados. Instituições de regulações. Todas as coisas que os norte-americanos (favoráveis a liberdade) queriam abolir.  Resultado? Em vários filmes e seriados sobre o Oeste americano, poderemos ver e refletir sobre a ideia o que aconteceu. Ou melhor, a liberdade tende a fazer as pessoas obedecerem certos conceitos morais porque elas acreditam que aquilo é certo, não achar que devemos doutrinar as pessoas a seguir aquilo que elas não querem seguir. Do mesmo modo poderemos ver no próprio seriado - que eu já expus antes - onde a liberdade não teve nada a ver em desrespeitar os mais velhos.


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