terça-feira, janeiro 30, 2024

Libras em show gera discussões na web




 "Favor prefeitura, retirem essa mulher traduzindo a linguagem de surdo mudos bem na nossa cara????? Pelo amor de Deus tá ferrando o show. Não há surdos e mudos suficientes na cidade pra Ela aparecer em todos tel?es!! Sem noção, sem necessidade e ela atrapalha sim, pq ocupa 1/3 do telao", escreveu a médica sobre o recurso de acessibilidade durante o show da banda Jota Quest neste domingo, 28, em Santos, no litoral de São Paulo. A apresentação na praia do Gonzaga celebrou o aniversário da cidade, que completou 478 anos no último dia 26.” 

(Blog: Viver Sem Limites)



Uma médica reclamou do tradutor de libras em um show já errou em gostar de Jota Quest, pois, uma pessoa que tem o conhecimento universitário ouvi “extremamente fácil”, não aprendeu nada na universidade. Nesse ponto, concordo com Platão, o conhecimento são degraus até a verdade e ao bem que cada um tem dentro das suas capacidades de aprender, assimilar e ter mais apurado gosto de o que é bom e belo. Nada de moralismo, porque algo pode ser erótico e belo, falar dos desejos íntimos e não ser volúvel. Tem várias formas de não ser nojento e escroto (quase voltando às nossas origens primitivas) de falar de forma alegre e sabia. O preconceito nasce da escrotice e da ignorância, e nesse caso, não acredito que uma médica seja ignorante. 

Ter o gosto mais seletivo (sem a massificação como o professor fã de Joelma) é ter a capacidade de escolher o que gosta sem a mídia e sem a grande maioria tende a impor, como tocar nas rádios sem parar (como se, supostamente, essas músicas devessem viralizarem). Isso mostra a facilidade que a maioria do nosso povo pode ser manipulada por causa do seu romantismo de um amor familiar, que na maioria das vezes, não acontece. Das inúmeras idealizações de um passado que nunca existiu. De uma nação que fracassou na educação universitária, pois, se existem universitários preconceituosos, que conhecimentos essas universidades estão oferecendo de curso? Ou não gosta daquilo que faz, só é médica por causa do pai e da mãe que não teve nenhuma coragem de ser o que obrigou a ser. Conheci um médico que era ótimo administrador - queria ser administrador - mas, o pai queria que ele fosse médico e foi um péssimo médico. O brasileiro sempre teve afinidade com o fascismo. Pensa: “ah, estou pagando, você vai ser o que eu quiser” e aí, o resultado é desastroso, uma péssima médica e uma péssima cidadã. Mas, são só hipóteses. 

O ser humano usa as universidades como “trampolim” de profissão e, na maioria das vezes, nem gostam do que fazem porque são pressionados a escolherem no mundo capitalista e imediatista. Daí não podem ter nenhum comportamento universitário se não se identificam com aquilo que cursam, são só escravos de um sistema automatizado que você tem que escolher o curso de prestígio. Por que eu vou deixar de gostar de reality show se eu não sou mais do que ninguém? Por outro lado, ser um universitário faz repensarmos nosso papel na sociedade, um papel de tratar doenças (no caso dos médicos) e seguir o juramento de Hipócrates. Ou seja, aqueles que nasceram com deficiência ou se tornaram deficientes ao longo da vida.  Mais ainda, os universitários seguem leis e sabem a importância de se ter um tradutor de libras (mesmo no show do Jota Quest) para pessoas surdas (não surdo-mudo como ela disse). 

E tem um outro fator: o paradigma uspiano. O paradigma uspiano - que tem a ver com a questão da filosofia, mas a meu ver, tem a ver com a questão universitária de um modo geral - sempre pregou que não poderemos ser estudados porque os grandes sábios eram os escritores e pensadores europeus (ainda são eurocentristas). Ou seja, um trabalho universitário, tem que ser (quase) uma cópia de um escritor renomado europeu, porque não “somos dignos” de pensar e chegarmos às nossas próprias conclusões. Por que se deve se comportar como um universitário se eu não posso ter um pensamento crítico? 

Por não ter um pensamento crítico, os universitários brasileiros não deixam de ser mais um na multidão e não deixam seus preconceitos. Seria a “síndrome de vira-lata” do Nelson Rodrigues, que ele mesmo dizia ser “uma vaidade às avessas”. A meu ver, pode ser uma simples birrinha por causa das mudanças pelo mundo afora. Porém, uma pergunta fica no ar: se todo preconceito e discriminação é crime, por que ela não foi presa? 

É sério, se fosse alguém que dissesse algo racista, algo homofônico, algo de uma chancela mais radical, uma hora dessas essa médica estava em todos os jornais em todo o país. Mas, foi contra pessoas com deficiência (não surdo-mudo, vale lembrar que é surdo apenas) e deve ser tolerado, deve ser amenizado. Afinal, não podemos namorar em paz, não podemos trabalhar (porque temos uma lei de cotas vagabunda), não podemos casar. Porque se tem um pensamento medievo religioso hipócrita, afinal, é só uma médica expressando sua opinião, briga de irmãos que acomete em assédio moral, bricadeirinha de motorista que acontece o assédio sexual. Imposições de família culminam em ataques de ansiedade, acomete a uma doença qualquer psicológica. 

. O nosso problema maior é um segmento inócuo e sem nenhuma vontade de mudar, só se faz vídeo sobre capacitismo iguais a papagaios velhos.


Nenhum comentário: