quinta-feira, fevereiro 01, 2024

Escravos da TV

 



<<Outro grave defeito que vejo no mundo é a televisão e como ela tem sido usada. É certo que a tv exerce uma

influência poderosa na mente das pessoas. Enquanto permitirmos que a tv seja usada para ganho e

entretenimento perderemos a oportunidade de instruir a humanidade da maneira mais eficaz que já imaginei.>>

(O Livro: Do que o mundo precisa) 




Comprei do meu colega Douglas Martins Vilela um livro que ele escreveu e dei meu primeiro parecer no messenger do Facebook. Uma delas é que não tem como um livro não ter capítulo - mesmo o porque, um leitor não vai ler em um dia só - porque além de separar por tópicos, ainda dará um descanso para o leitor. Depois temos outras questões que abordaremos nesse texto que é: existe filosofia no Brasil? Poderemos dizer que transcendendo o Paradigma Uspiano (da USP) onde uma cultura só pode filosofar se produziu ou analisou obras filosóficas e aí perguntamos: qual o critério? A Universidade de São Paulo, no núcleo de Filosofia, está há 70 anos estudando as obras de grandes filósofos, mas, pode ter criado vários especialistas e não filósofos. Por que? Por que ao escrever essas linhas do livro do meu colega, eu não posso se dominar filósofo como os nossos grandes “mestres” do passado?

Não acredito que o parágrafo do Douglas acima - que qualquer filósofo contemporâneo poderia usar como análise de uma cultura mais recente brasileira - não é diferente de um Foucault ou um Adorno da cultura norte-americana, por exemplo. Daí vem a crítica mais que sensata dos dias de hoje: temos pensadores que podem fazer uma crítica a nossa cultura sem se prender ao outro? Será que Sócrates e Platão se prenderam em outros filósofos? Sabemos que Platão - além de Sócrates - teve contato com os pitagóricos e de Parmênides. Mas, sempre (pelo menos na sua maturidade) fez uma filosofia autoral. Parece que existem várias críticas de vários erros  que ao longo dessa linha, tem acabado inibindo a produção filosófica brasileira. 

Como toda invenção, a TV foi idealizada para levar a educação a várias pessoas e de um modo mais eficaz, sendo até cogitada, como uma escola portátil. Parece que, como os governos tinham o monopólio e as TVs teriam que pedir autorização para operar (a conhecida concessão) foi usada, descaradamente, para agradar os “amigos do rei”. No Brasil como um país estratégico militarmente e que fornece a maior parte da comida mundial, sempre não tivemos “permissão” de ter uma educação de qualidade e sempre a televisão foi usada como forma de alienar. O que meu colega diz como <<Outro grave defeito que vejo no mundo é a televisão e como ela tem sido usada.>> tem muito a ver com o modo onde ela se encaixa dentro do que o povo sempre aceita. Enquanto na França, por exemplo, tinha debates de grandes pensadores, ou nos Estados Unidos grandes talk shows (que o Jô Soares vai trazer para o Brasil), aqui só tinha novela, futebol, humor e programa para vender brinquedos transvestidos de programas infantis. 

Fora programas como Silvio Santos, Chacrinha etc, faziam o “gosto” brasileiro como um mundo paralelo onde faziam o papel de analgesicos (remedio de dor) para vidas que, num contexto medievalista, não teriam novidades. A questão é: o que agregaria tudo isso? O emburrecimento faria parte da cultura escravagista brasileira onde pobre não precisaria estudar? Será que nesse contexto, a USP não caiu no erro de acreditar que não tínhamos nenhuma obra filosófica? A questão é que, por causa da nossa mania do jeitinho e a questão da corrupção, todas as opções de não crescimento e não educação são válidas. O carnaval sempre foi putaria, por que o regime militar tolerou? Grana. Jogos, contrabando, putaria e desprezo por tudo que é belo e bom, sempre foi o lema em uma nação onde a ignorância é preponderante. A meu ver, chamaria de um medievalismo moderno. Mesmo porque, nas periferias as igrejas caça níqueis tomavam por alienação uma parcela ignorante e que era fácil de manipular. Tudo era do “mundo”, ou tudo era o demônio. Ora, com poderosos a solta por aí, o demônio iria aparecer em uma igreja em uma periferia qualquer? 

Como diria Kant, não se ensina filosofia e sim, o filosofar. Douglas filosofa sobre sua realidade porque sua realidade foi construída no momento agora, não no século dezoito ou no séculos atrás, não faz sentido nenhum. Então, o ato de filosofar é um ato livre e não pode ser alvo de regulação


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